28 março 2005

O tripaliu(m) que mata a gente - VII: A morte volta, de novo, ao estaleiro

1. "Queda de grua em Almornos mata três trabalhadores", leio no Publico 'on line', de hoje. A morte de trabalhadores da construção volta a ser notícia de jornal. É estranho. Pensava que tinha deixado de ser notícia. Ou que tinham deixado de morrer trabalhadores no local de trabalho e por causa do trabalho. Enganei-me. Afinal, continuam a morrer trabalhadores em Portugal no ano da graça de 2005... Com uma particularidade: começa a banalizar-se a morte de trabalhadores estrangeiros, imigrantes, ucranianos, brasileiros, africanos...

Esporadicamente, um jornal ou outro dá o fait-divers, dependendo do número de vítimas e das cicunstâncias, mais ou menos espectaculares, do acidente. A Inspecção Geral do Trabalho deixou, entretanto, de fornecer estatísticas on line: alguém deve ter entendido que era muito terceiro-mundista publicitar os acidentes de trabalho. Era capaz de dar mau aspecto. Ora não convém chocar o estrangeiro, em geral, incluindo turista, o investidor directo e os eurocratas de Bruxelas que regulamentam, tutelam, supervisionam e fiscalizam a cada vez mais difícil e pobre vida dos portugueses.

2. Eis um extracto da notícia, para registo (do) presente e memória (do) futura(o):

"Três trabalhadores morreram hoje na queda de uma grua num estaleiro de materiais de construção em Almornos, Belas, no concelho de Sintra.

"Segundo a GNR de Pêro Pinheiro, um dos lados da grua que sustentava os contrapesos partiu-se, provocando a queda dos três trabalhadores (dois portugueses e um ucraniano).

"O acidente ocorreu às 12h08 no estaleiro da empresa Soenvil (...). Quando as equipas médicas chegaram ao local, os três operários já estavam sem vida, adiantou a mesma fonte.

"Em 2004, a Inspecção-Geral do Trabalho (IGT) levou a cabo uma série de inspecções no âmbito da Campanha Europeia de Segurança na Construção. A IGT detectou mais de 500 empresas que não cumpriam ou cumpriam de forma muito deficiente as regras respeitantes à avaliação dos riscos das quedas em altura. As normas de prevenção nesta área são respeitadas em menos de metade (40 por cento) dos casos.

3. A notícia que é da Lusa, acrescenta ainda, sem citar a fonte, que "em 2001, registaram-se 280 mortes em acidentes de trabalho, das quais 156 na construção. Em 2002, o total de acidentes mortais foi de 219 (103 na construção) e em 2003 há registo de 181 mortes (88 na construção)".

O tripaliu(m) que mata a gente - VII: A morte volta, de novo, ao estaleiro

1. "Queda de grua em Almornos mata três trabalhadores", leio no Publico 'on line', de hoje. A morte de trabalhadores da construção volta a ser notícia de jornal. É estranho. Pensava que tinha deixado de ser notícia. Ou que tinham deixado de morrer trabalhadores no local de trabalho e por causa do trabalho. Enganei-me. Afinal, continuam a morrer trabalhadores em Portugal no ano da graça de 2005... Com uma particularidade: começa a banalizar-se a morte de trabalhadores estrangeiros, imigrantes, ucranianos, brasileiros, africanos...

Esporadicamente, um jornal ou outro dá o fait-divers, dependendo do número de vítimas e das cicunstâncias, mais ou menos espectaculares, do acidente. A Inspecção Geral do Trabalho deixou, entretanto, de fornecer estatísticas on line: alguém deve ter entendido que era muito terceiro-mundista publicitar os acidentes de trabalho. Era capaz de dar mau aspecto. Ora não convém chocar o estrangeiro, em geral, incluindo turista, o investidor directo e os eurocratas de Bruxelas que regulamentam, tutelam, supervisionam e fiscalizam a cada vez mais difícil e pobre vida dos portugueses.

2. Eis um extracto da notícia, para registo (do) presente e memória (do) futura(o):

"Três trabalhadores morreram hoje na queda de uma grua num estaleiro de materiais de construção em Almornos, Belas, no concelho de Sintra.

"Segundo a GNR de Pêro Pinheiro, um dos lados da grua que sustentava os contrapesos partiu-se, provocando a queda dos três trabalhadores (dois portugueses e um ucraniano).

"O acidente ocorreu às 12h08 no estaleiro da empresa Soenvil (...). Quando as equipas médicas chegaram ao local, os três operários já estavam sem vida, adiantou a mesma fonte.

"Em 2004, a Inspecção-Geral do Trabalho (IGT) levou a cabo uma série de inspecções no âmbito da Campanha Europeia de Segurança na Construção. A IGT detectou mais de 500 empresas que não cumpriam ou cumpriam de forma muito deficiente as regras respeitantes à avaliação dos riscos das quedas em altura. As normas de prevenção nesta área são respeitadas em menos de metade (40 por cento) dos casos.

3. A notícia que é da Lusa, acrescenta ainda, sem citar a fonte, que "em 2001, registaram-se 280 mortes em acidentes de trabalho, das quais 156 na construção. Em 2002, o total de acidentes mortais foi de 219 (103 na construção) e em 2003 há registo de 181 mortes (88 na construção)".