20 dezembro 2003

Car@s ciberamig@s - III: Cibersaudações natalícias

1. Este ano, ante o assédio pornográfico do Pai Natal, deu-me na veneta mandar imagens de grutas para @s ciberamig@s da minha mailing lista de gente gira (leia-se: bem humorada). Imagens que transmitissem um sentimento de pureza, silêncio, quietude, poesia, natureza, liberdade livre...



Imagens para gente esquecer: (i) o lado feio deste mundo, (ii) o Bush, o Saddam e os seus clones, (iii) o consumo compulsivo, (iv) a poluição estética dos nossos antros comerciais, (v) etc., etc., incluindo a tristeza dos subúrbios onde a gente dorme. Imagens para a gente reconciliar-se com o verdadeiro Natal. O da nossa infância. Ou pelo menos o da minha infância... O Natal simples das pessoas simples, a que eu sempre associo a imagem da gruta, da lapinha, do presépio...



Esqueçamos por uns breves segundos a lista das compras que ainda falta fazer até à véspera da consoada-do-bacalhau-com-grelhos-e-bolo-rei e o stresse festivaleiro destes dias... Ah!, e cuidado com o castrol!!!



Se o corpo aguentar e o cibertráfico não entupir (o Clix já me está está a clixar com ameaças de ciberrengarrafamentos nestes próximos dias...), aqui ficam, de reserva, para o que der e vier, as minhas melhores cibersaudações natalícias. É da praxe, e eu gosto de cumprir a tradição. Afinal sou um gajo minimamente civilizado.



Car@s Ciberamig@s: Qualquer que seja o vosso Natal (cristão, pagão, ateu, consumista, materialista dialéctico, neoliberal, capitalista, conservador, judeu, muçulmano, budista ou ene-ista qualquer coisa), que ele nos purifique, tonifique e inspire a todos.



A tod@s vocês, car@s ciberamig@s, onde quer que estejam no ciberespaço eu desejo que continuem, ao longo de 2004, a serem @s ciberamig@s que eu sempre conheci: activ@s, produtiv@s, saudáveis, bem dispost@s, razoavelmente bem humorad@s, irreverentes q.b., crític@s (sempre) mas também amig@s (vez em quando) deste ciberamigo.



A Paula merece um brinde especial por que é uma fornecedora especial da minha ciberloja... E o Pena Luís não lhe fica atrás. Mas também o Anacleto, a Marta, os Manéis (Madeira, Salselas), os Mários (Madureira, Faria), o Paulo, a Mariana, a Susana, a Sandra... E ainda a AIG, o Álvaro, a Antónia, o Carlos, o Filipe, o Hugo, o Jaime, a Joana, o (Padre) Jakim, a Zezinha, o Zé Cardoso, tudo moiros & morcões do melhor. Portugas, acima de tudo e de todos. Façam o favor de serem felizes!



2. E depois há os querid@s amig@s com criancinhas! Ora, para todos vocês que têm criancinhas, incluindo os pais das criancinhas que ainda não pararam de crescer, mais @s man@s das criancinhas que se recusam a crescer...



A gente deseja-vos tudo o que há de bom neste mundo, desde que não vos faça mal, a vocês e às criancinhas... Façam o favor de, no mínimo, se divertirem, as criancinhas, os manos e os pais... A gente vai tentar e depois diz como foi. Muitos bjs e chicorações, que a quadra natalícia é propícia para estes doces eflúvios emocionais. (Mensagem de família).



http://web.icq.com/shockwave/0,,4845,00.swf





PS - Isto não é um assalto, é uma orquestra adhoc... É favor de clicar na rapaziada toda. Sem som, não tem piada nenhuma...

Car@s ciberamig@s - III: Cibersaudações natalícias

1. Este ano, ante o assédio pornográfico do Pai Natal, deu-me na veneta mandar imagens de grutas para @s ciberamig@s da minha mailing lista de gente gira (leia-se: bem humorada). Imagens que transmitissem um sentimento de pureza, silêncio, quietude, poesia, natureza, liberdade livre...

Imagens para gente esquecer: (i) o lado feio deste mundo, (ii) o Bush, o Saddam e os seus clones, (iii) o consumo compulsivo, (iv) a poluição estética dos nossos antros comerciais, (v) etc., etc., incluindo a tristeza dos subúrbios onde a gente dorme. Imagens para a gente reconciliar-se com o verdadeiro Natal. O da nossa infância. Ou pelo menos o da minha infância... O Natal simples das pessoas simples, a que eu sempre associo a imagem da gruta, da lapinha, do presépio...

Esqueçamos por uns breves segundos a lista das compras que ainda falta fazer até à véspera da consoada-do-bacalhau-com-grelhos-e-bolo-rei e o stresse festivaleiro destes dias... Ah!, e cuidado com o castrol!!!

Se o corpo aguentar e o cibertráfico não entupir (o Clix já me está está a clixar com ameaças de ciberrengarrafamentos nestes próximos dias...), aqui ficam, de reserva, para o que der e vier, as minhas melhores cibersaudações natalícias. É da praxe, e eu gosto de cumprir a tradição. Afinal sou um gajo minimamente civilizado.

Car@s Ciberamig@s: Qualquer que seja o vosso Natal (cristão, pagão, ateu, consumista, materialista dialéctico, neoliberal, capitalista, conservador, judeu, muçulmano, budista ou ene-ista qualquer coisa), que ele nos purifique, tonifique e inspire a todos.

A tod@s vocês, car@s ciberamig@s, onde quer que estejam no ciberespaço eu desejo que continuem, ao longo de 2004, a serem @s ciberamig@s que eu sempre conheci: activ@s, produtiv@s, saudáveis, bem dispost@s, razoavelmente bem humorad@s, irreverentes q.b., crític@s (sempre) mas também amig@s (vez em quando) deste ciberamigo.

A Paula merece um brinde especial por que é uma fornecedora especial da minha ciberloja... E o Pena Luís não lhe fica atrás. Mas também o Anacleto, a Marta, os Manéis (Madeira, Salselas), os Mários (Madureira, Faria), o Paulo, a Mariana, a Susana, a Sandra... E ainda a AIG, o Álvaro, a Antónia, o Carlos, o Filipe, o Hugo, o Jaime, a Joana, o (Padre) Jakim, a Zezinha, o Zé Cardoso, tudo moiros & morcões do melhor. Portugas, acima de tudo e de todos. Façam o favor de serem felizes!

2. E depois há os querid@s amig@s com criancinhas! Ora, para todos vocês que têm criancinhas, incluindo os pais das criancinhas que ainda não pararam de crescer, mais @s man@s das criancinhas que se recusam a crescer...

A gente deseja-vos tudo o que há de bom neste mundo, desde que não vos faça mal, a vocês e às criancinhas... Façam o favor de, no mínimo, se divertirem, as criancinhas, os manos e os pais... A gente vai tentar e depois diz como foi. Muitos bjs e chicorações, que a quadra natalícia é propícia para estes doces eflúvios emocionais. (Mensagem de família).

http://web.icq.com/shockwave/0,,4845,00.swf


PS - Isto não é um assalto, é uma orquestra adhoc... É favor de clicar na rapaziada toda. Sem som, não tem piada nenhuma...

19 dezembro 2003

Portugal sacro-profano - XIII: O Alentejo, os ficalheiros, o cante, a viola campaniça, um CD

Não é propriamente por causa da blogaria do Natal e da estranha pulsão das compras que ataca o portuga por esta ocasião do ano... Mas já agora que tens que gastar a guita que não tens, aqui fica uma sugestão do Blogador. Se tu gostas do Alentejo, das suas gentes, do seu cante, da viola campaniça, oferece neste Natal aos teus amigos o CD Serões do Alentejo (Editora - Edições Convite à Música).

Trata-se de um trabalho singelo, modesto, mas sério e escorreito de recolha de música e poesia de gente talentosa e generosa. Um grupo de amigos de Vila Verde de Ficalho, a aldeia raiana da margem esquerda do Guadiana, também conhecida como a aldeia sem tabaco... Uma terra de gente boa e hospitaleira, onde o cante alentejano ainda se cultiva nas tabernas, resistindo ao rolo compressor da globalização (cultural)... Bonita capa do pintor Roberto Chichorro.

Quanto à editora (ECM), que tem sede em Santa Comba Dão (!), ponham um olho nela e façam uma visita ao seu sítio! Sobretudo aqueles que se interessam pelo ensino e formação na área da música

Portugal sacro-profano - XIII: O Alentejo, os ficalheiros, o cante, a viola campaniça, um CD

Não é propriamente por causa da blogaria do Natal e da estranha pulsão das compras que ataca o portuga por esta ocasião do ano... Mas já agora que tens que gastar a guita que não tens, aqui fica uma sugestão do Blogador. Se tu gostas do Alentejo, das suas gentes, do seu cante, da viola campaniça, oferece neste Natal aos teus amigos o CD Serões do Alentejo (Editora - Edições Convite à Música).

Trata-se de um trabalho singelo, modesto, mas sério e escorreito de recolha de música e poesia de gente talentosa e generosa. Um grupo de amigos de Vila Verde de Ficalho, a aldeia raiana da margem esquerda do Guadiana, também conhecida como a aldeia sem tabaco... Uma terra de gente boa e hospitaleira, onde o cante alentejano ainda se cultiva nas tabernas, resistindo ao rolo compressor da globalização (cultural)... Bonita capa do pintor Roberto Chichorro.

Quanto à editora (ECM), que tem sede em Santa Comba Dão (!), ponham um olho nela e façam uma visita ao seu sítio! Sobretudo aqueles que se interessam pelo ensino e formação na área da música

18 dezembro 2003

Portugal sacro-profano - XII: Cem anos de solidão

Pergunta um velhote alentejano ao seu médico de família, no primeiro exame de saúde que este lhe fez:

- Sô doutor, acha que eu ainda terei a sorte de viver até aos cem anos ?

- Bom, depende das asneiras que o meu amigo tem feito... Ora, diga-me lá: você fuma ?

- Ná, nunca me puxou prá aí.

- E beber, bebe o seu copo ?!...

- Ná, na gosto de álcool.

- E o comer ?

- Só o que a terra dá, pão, azeite, alho e coentros... Carne, pouca!

- O senhor é casado ? Tem filhos ?

- Ná, nunca tive.

- Então... e não tem mais nenhum vício ? Quero eu dizer: jogo, mulheres... ?

- Ná, sô doutor. Nada disso! Fui pastor, ‘tou reformado, vivo sozinho no monte...



O médico ficou uns largos segundos pensativo, e depois perguntou, em tom de brincadeira:

- Diga-me cá uma coisa: o senhor quer viver até aos cem anos... para quê??



O alentejano, quase ofendido, muito sério, deu uma resposta que fez corar o jovem clínico geral, acabado de chegar há pouco tempo ao centro de saúde:

- Atão porque a vida é a única coisa que pertence a um home e que um home pode tirar a ele próprio...

Portugal sacro-profano - XII: Cem anos de solidão

Pergunta um velhote alentejano ao seu médico de família, no primeiro exame de saúde que este lhe fez:
- Sô doutor, acha que eu ainda terei a sorte de viver até aos cem anos ?
- Bom, depende das asneiras que o meu amigo tem feito... Ora, diga-me lá: você fuma ?
- Ná, nunca me puxou prá aí.
- E beber, bebe o seu copo ?!...
- Ná, na gosto de álcool.
- E o comer ?
- Só o que a terra dá, pão, azeite, alho e coentros... Carne, pouca!
- O senhor é casado ? Tem filhos ?
- Ná, nunca tive.
- Então... e não tem mais nenhum vício ? Quero eu dizer: jogo, mulheres... ?
- Ná, sô doutor. Nada disso! Fui pastor, ‘tou reformado, vivo sozinho no monte...

O médico ficou uns largos segundos pensativo, e depois perguntou, em tom de brincadeira:
- Diga-me cá uma coisa: o senhor quer viver até aos cem anos... para quê??

O alentejano, quase ofendido, muito sério, deu uma resposta que fez corar o jovem clínico geral, acabado de chegar há pouco tempo ao centro de saúde:
- Atão porque a vida é a única coisa que pertence a um home e que um home pode tirar a ele próprio...

15 dezembro 2003

Saúde & Segurança do Trabalho – XIV: Medicina do trabalho à peça e ao acto

O modelo do relatório anual da actividade dos serviços de SH&ST, aprovado pela Portaria n.º 1184/2002, de 29 de Agosto de 2002, dedica uma página inteira à discriminação e à contabilidade do número de exames de admissão, periódicos e ocasionais, desagregados por escalão etário.

Pede-se além disso a discriminação dos exames complementares realizados por tipo de exame (sangue, urina, raio X ao tórax, audiograma, etc.), incluindo o número de exames exigidos por legislação específica (por ex., trabalhadores expostos a determinados substâncias perigosas como o chumbo ou o cloreto de vinilo monómero).

É legítimo (e sobretudo é relevante) interrogarmo-nos sobre a utilidade desta informação, aparentemente só de interesse estatístico-administrativo para a tutela (a administração do trabalho e da saúde). Quem vai fazer uso desta informação e para que efeitos ? A Inpecção geral do Trabalho, a Direcção Geral de Saúde, o Departamento de Estudos, Estatísticas e Planeamento (DEEP) do Ministério da Segurança Social e do Trabalho ? Que garantias de validade e fiabilidade são dadas pelas empresas e estabelecimentos em relação a este e outros itens de informação ?

Além disso, há um crescente consenso na literatura científica sobre (i) o alcance e os limites deste tipo de exames médicos periódicos massificados e (ii) as vantagens da realização de exames mais personalizados e selectivos dos trabalhadores, em função não apenas dos riscos profissionais específicos a que estão expostos mas também dos seus estilos de vida e de trabalho (workstyles & lifestyles), história clínica e profissional, estado de saúde, etc.

A hipervalorização dos exames médicos representa uma armadilha para o próprio médico do trabalho e para a equipa de saúde ocupacional, no caso de esta existir. De facto, corre-se o risco de se limitar, entre nós, o exercício da medicina do trabalho à realização dos exames médicos (não confundir com exames de saúde), com todas as consequências perversas que isso implica.

Uma delas é a desvalorização de outras actividades (nobres) do médico do trabalho (por ex., visita aos locais de trabalho, reuniões com os representantes dos empregadores e dos trabalhadores, direcção técnica e/ou gestão do serviço de saúde/medicina do trabalho, envolvimento na concepção, planeamento, implementação e avaliação da política de saúde no trabalho); outra, não menos perversa, é o pagamento ao acto, à peça ou à hora, tendência que de resto se está a impor no mercado, devido à concorrência (desleal) entre muitas das empresas prestadoras de serviços externos de saúde/medicina do trabalho e/ou de segurança e higiene do trabalho...

É a total mercantilização da medicina do trabalho, a que se seguirá (se é que não está já em marcha...) um processo de racionalização técnico-burocrática da prática dos médicos do trabalho.

Uma terceira consequência, talvez ainda mais grave, é o risco de liquidação de toda e qualquer tentativa de organização e funcionamento da equipa de saúde ocupacional, multidisciplinar e multiprofissional, onde devem ter lugar, de pleno direito, o técnico e o técnico superior de segurança e higiene do trabalho, a par de outro profissionais como o enfermeiro do trabalho. É sobretudo a liquidação do futuro (que deveria ser radioso e promissor...) da saúde e segurança no trabalho neste país.

É bom que os profissionais de SH&ST pensem nisto...

Saúde & Segurança do Trabalho – XIV: Medicina do trabalho à peça e ao acto

O modelo do relatório anual da actividade dos serviços de SH&ST, aprovado pela Portaria n.º 1184/2002, de 29 de Agosto de 2002, dedica uma página inteira à discriminação e à contabilidade do número de exames de admissão, periódicos e ocasionais, desagregados por escalão etário.

Pede-se além disso a discriminação dos exames complementares realizados por tipo de exame (sangue, urina, raio X ao tórax, audiograma, etc.), incluindo o número de exames exigidos por legislação específica (por ex., trabalhadores expostos a determinados substâncias perigosas como o chumbo ou o cloreto de vinilo monómero).

É legítimo (e sobretudo é relevante) interrogarmo-nos sobre a utilidade desta informação, aparentemente só de interesse estatístico-administrativo para a tutela (a administração do trabalho e da saúde). Quem vai fazer uso desta informação e para que efeitos ? A Inpecção geral do Trabalho, a Direcção Geral de Saúde, o Departamento de Estudos, Estatísticas e Planeamento (DEEP) do Ministério da Segurança Social e do Trabalho ? Que garantias de validade e fiabilidade são dadas pelas empresas e estabelecimentos em relação a este e outros itens de informação ?

Além disso, há um crescente consenso na literatura científica sobre (i) o alcance e os limites deste tipo de exames médicos periódicos massificados e (ii) as vantagens da realização de exames mais personalizados e selectivos dos trabalhadores, em função não apenas dos riscos profissionais específicos a que estão expostos mas também dos seus estilos de vida e de trabalho (workstyles & lifestyles), história clínica e profissional, estado de saúde, etc.

A hipervalorização dos exames médicos representa uma armadilha para o próprio médico do trabalho e para a equipa de saúde ocupacional, no caso de esta existir. De facto, corre-se o risco de se limitar, entre nós, o exercício da medicina do trabalho à realização dos exames médicos (não confundir com exames de saúde), com todas as consequências perversas que isso implica.

Uma delas é a desvalorização de outras actividades (nobres) do médico do trabalho (por ex., visita aos locais de trabalho, reuniões com os representantes dos empregadores e dos trabalhadores, direcção técnica e/ou gestão do serviço de saúde/medicina do trabalho, envolvimento na concepção, planeamento, implementação e avaliação da política de saúde no trabalho); outra, não menos perversa, é o pagamento ao acto, à peça ou à hora, tendência que de resto se está a impor no mercado, devido à concorrência (desleal) entre muitas das empresas prestadoras de serviços externos de saúde/medicina do trabalho e/ou de segurança e higiene do trabalho...

É a total mercantilização da medicina do trabalho, a que se seguirá (se é que não está já em marcha...) um processo de racionalização técnico-burocrática da prática dos médicos do trabalho.

Uma terceira consequência, talvez ainda mais grave, é o risco de liquidação de toda e qualquer tentativa de organização e funcionamento da equipa de saúde ocupacional, multidisciplinar e multiprofissional, onde devem ter lugar, de pleno direito, o técnico e o técnico superior de segurança e higiene do trabalho, a par de outro profissionais como o enfermeiro do trabalho. É sobretudo a liquidação do futuro (que deveria ser radioso e promissor...) da saúde e segurança no trabalho neste país.

É bom que os profissionais de SH&ST pensem nisto...