Guiné > Bissorã > CCAÇ 13 (1969/71) > O ex-furriel miliciano de transmissões Carlos Fortunato, o autor da página da CCAÇ 13 > Os Leões Negros, talvez a página da Net mais bem documentada sobre uma companhia ou unidade de intervenção e o seu historial, desde a sua formação e mobilização para o TO da Guiné até à sua actividade operacional no terreno.
Foto: © Carlos Fortunato (2005)
Luís Graça
Já sei que a nossa tertúlia não te deixa um momento livre, mas ainda bem, é sinal que este excelente blogue que tu criaste, continua vivo e cheio de força.
Tenho feito alguns melhoramentos no site da CCAÇ 13 e agora estou a preparar uma nova página. Esta nova página é dedicada aos momentos mais importantes que ocorreram deste o início da luta do PAIGC e, contrariamente ao que tenho feito até agora, que é criar links para o nosso blogue, queria fazer a sua transcrição, colocando apenas o blogue como fonte, caso tu concordasses, claro.
O meu objectivo é dar algum enquadramento global aos textos sobre a CCAÇ 13, para se perceber o que era a Guiné, incluindo um pouco da sua história, geografia, economia, cultura, etc.
Os relatos a copiar eram os do Mário Dias, sobre Pidjiguiti e a ilha do Como, e eventualmente mais algum.
Um grande abraço
Carlos Fortunato
Comentário de L.G.
Carlos:
(i) Obrigado pelas tuas notícias.
(ii) Os meus parabéns pelo melhoramento da página sobre os teus Leões Negros, que tão tão carinhosamente alimentas...
(iii) Quanto ao teu pedido, encantado, meu!
(iv) Julgo que o Mário (ou outros tertulianos, autores de textos) terá todo o gosto em autorizar-te a reprodução dos seus importantíssimos depoimentos sobre os primeiros anos da guerra da Guiné. Ele foi uma testemunha privilegiada dos acontecimentos desse tempo, incluindo os trágicos acontecimentos de 1959.
(v) O Mário foi, além disso, um dos fundadores dos comandos. E não deve estar a ser fácil, para ele, acompanhar estas revelações, feitas aqui recentemente, sobre a ascensão e a queda dos comandos africanos, incluindo o fuzilamento de alguns dos seus antigos camaradas e amigos dos velhso comandos de Brá, de 1965/66...
(vi) Se queres a minha opinião, deves mandar-lhe, gentilmente, um pedido por e-mail; os direitos de autor são dele, não são meus;
(vii) Eu aqui não mando nada, sou um mero controlador do tráfego das blogarias que passam pela nossa tertúlia, às vezes a uma velocidade estonteante...
(viii) Os artistas principais são vocês, tu, o Mário e tantos outros que fizeram deste blogue um ponto de referência obrigatório para quem esteve na Guiné, na guerra colonial, como combatente, ou na guerra de libertação, como guerrilheiro...
(ix) Recebe também um grande abraço meu. L.G.
blogue-fora-nada. homo socius ergo blogus [sum]. homem social logo blogador. em sociobloguês nos entendemos. o port(ug)al dos (por)tugas. a prova dos blogue-fora-nada. a guerra colonial. a guiné. do chacheu ao boe. de bissau a bambadinca. os cacimbados. o geba. o corubal. os rios. o macaréu da nossa revolta. o humor nosso de cada dia nos dai hoje.lá vamos blogando e rindo. e venham mais cinco (camaradas). e vieram tantos que isto se transformou numa caserna. a maior caserna virtual da Net!
27 maio 2006
Guiné 63/74 - DCCCVII: Notícias dos Leões Negros (Carlos Fortunato, CCAÇ 13)
Guiné > Bissorã > CCAÇ 13 (1969/71) > O ex-furriel miliciano de transmissões Carlos Fortunato, o autor da página da CCAÇ 13 > Os Leões Negros, talvez a página da Net mais bem documentada sobre uma companhia ou unidade de intervenção e o seu historial, desde a sua formação e mobilização para o TO da Guiné até à sua actividade operacional no terreno.
Foto: © Carlos Fortunato (2005)
Luís Graça
Já sei que a nossa tertúlia não te deixa um momento livre, mas ainda bem, é sinal que este excelente blogue que tu criaste, continua vivo e cheio de força.
Tenho feito alguns melhoramentos no site da CCAÇ 13 e agora estou a preparar uma nova página. Esta nova página é dedicada aos momentos mais importantes que ocorreram deste o início da luta do PAIGC e, contrariamente ao que tenho feito até agora, que é criar links para o nosso blogue, queria fazer a sua transcrição, colocando apenas o blogue como fonte, caso tu concordasses, claro.
O meu objectivo é dar algum enquadramento global aos textos sobre a CCAÇ 13, para se perceber o que era a Guiné, incluindo um pouco da sua história, geografia, economia, cultura, etc.
Os relatos a copiar eram os do Mário Dias, sobre Pidjiguiti e a ilha do Como, e eventualmente mais algum.
Um grande abraço
Carlos Fortunato
Comentário de L.G.
Carlos:
(i) Obrigado pelas tuas notícias.
(ii) Os meus parabéns pelo melhoramento da página sobre os teus Leões Negros, que tão tão carinhosamente alimentas...
(iii) Quanto ao teu pedido, encantado, meu!
(iv) Julgo que o Mário (ou outros tertulianos, autores de textos) terá todo o gosto em autorizar-te a reprodução dos seus importantíssimos depoimentos sobre os primeiros anos da guerra da Guiné. Ele foi uma testemunha privilegiada dos acontecimentos desse tempo, incluindo os trágicos acontecimentos de 1959.
(v) O Mário foi, além disso, um dos fundadores dos comandos. E não deve estar a ser fácil, para ele, acompanhar estas revelações, feitas aqui recentemente, sobre a ascensão e a queda dos comandos africanos, incluindo o fuzilamento de alguns dos seus antigos camaradas e amigos dos velhso comandos de Brá, de 1965/66...
(vi) Se queres a minha opinião, deves mandar-lhe, gentilmente, um pedido por e-mail; os direitos de autor são dele, não são meus;
(vii) Eu aqui não mando nada, sou um mero controlador do tráfego das blogarias que passam pela nossa tertúlia, às vezes a uma velocidade estonteante...
(viii) Os artistas principais são vocês, tu, o Mário e tantos outros que fizeram deste blogue um ponto de referência obrigatório para quem esteve na Guiné, na guerra colonial, como combatente, ou na guerra de libertação, como guerrilheiro...
(ix) Recebe também um grande abraço meu. L.G.
Foto: © Carlos Fortunato (2005)
Luís Graça
Já sei que a nossa tertúlia não te deixa um momento livre, mas ainda bem, é sinal que este excelente blogue que tu criaste, continua vivo e cheio de força.
Tenho feito alguns melhoramentos no site da CCAÇ 13 e agora estou a preparar uma nova página. Esta nova página é dedicada aos momentos mais importantes que ocorreram deste o início da luta do PAIGC e, contrariamente ao que tenho feito até agora, que é criar links para o nosso blogue, queria fazer a sua transcrição, colocando apenas o blogue como fonte, caso tu concordasses, claro.
O meu objectivo é dar algum enquadramento global aos textos sobre a CCAÇ 13, para se perceber o que era a Guiné, incluindo um pouco da sua história, geografia, economia, cultura, etc.
Os relatos a copiar eram os do Mário Dias, sobre Pidjiguiti e a ilha do Como, e eventualmente mais algum.
Um grande abraço
Carlos Fortunato
Comentário de L.G.
Carlos:
(i) Obrigado pelas tuas notícias.
(ii) Os meus parabéns pelo melhoramento da página sobre os teus Leões Negros, que tão tão carinhosamente alimentas...
(iii) Quanto ao teu pedido, encantado, meu!
(iv) Julgo que o Mário (ou outros tertulianos, autores de textos) terá todo o gosto em autorizar-te a reprodução dos seus importantíssimos depoimentos sobre os primeiros anos da guerra da Guiné. Ele foi uma testemunha privilegiada dos acontecimentos desse tempo, incluindo os trágicos acontecimentos de 1959.
(v) O Mário foi, além disso, um dos fundadores dos comandos. E não deve estar a ser fácil, para ele, acompanhar estas revelações, feitas aqui recentemente, sobre a ascensão e a queda dos comandos africanos, incluindo o fuzilamento de alguns dos seus antigos camaradas e amigos dos velhso comandos de Brá, de 1965/66...
(vi) Se queres a minha opinião, deves mandar-lhe, gentilmente, um pedido por e-mail; os direitos de autor são dele, não são meus;
(vii) Eu aqui não mando nada, sou um mero controlador do tráfego das blogarias que passam pela nossa tertúlia, às vezes a uma velocidade estonteante...
(viii) Os artistas principais são vocês, tu, o Mário e tantos outros que fizeram deste blogue um ponto de referência obrigatório para quem esteve na Guiné, na guerra colonial, como combatente, ou na guerra de libertação, como guerrilheiro...
(ix) Recebe também um grande abraço meu. L.G.
Guiné 63/74 - DCCCVI: O colaboracionismo sempre teve uma paga (6) (João Parreira)
Post nº 808 (DCCCVI). Texto do João Parreira (ex-furriel miliciano comando, Brá, 1965/66)
Caro Luís Graça:
Simplesmente enviei a lista de alguns dos executados depois da independência (1), sem tecer quaisquer comentários.
Julgo que os Guineenses no nosso tempo só tinham três opções:
(i) ou fugiam da Província;
(ii) ou se juntavam às nossas tropas, voluntariamente;
(iii) ou eram forçados a combater ao lado dos guerrilheiros.
Duvido que muitos deles pensassem em ideologias naquela altura, a não ser olharem para o seu bem estar.
Brevemente irei enviar mais nomes de outros fuzilados já depois da guerra terminar, que não assassinos dos comandos.
Um abraço.
João Parreira
____________
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 23 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)
Caro Luís Graça:
Simplesmente enviei a lista de alguns dos executados depois da independência (1), sem tecer quaisquer comentários.
Julgo que os Guineenses no nosso tempo só tinham três opções:
(i) ou fugiam da Província;
(ii) ou se juntavam às nossas tropas, voluntariamente;
(iii) ou eram forçados a combater ao lado dos guerrilheiros.
Duvido que muitos deles pensassem em ideologias naquela altura, a não ser olharem para o seu bem estar.
Brevemente irei enviar mais nomes de outros fuzilados já depois da guerra terminar, que não assassinos dos comandos.
Um abraço.
João Parreira
____________
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 23 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)
Guiné 63/74 - DCCCVI: O colaboracionismo sempre teve uma paga (6) (João Parreira)
Post nº 808 (DCCCVI). Texto do João Parreira (ex-furriel miliciano comando, Brá, 1965/66)
Caro Luís Graça:
Simplesmente enviei a lista de alguns dos executados depois da independência (1), sem tecer quaisquer comentários.
Julgo que os Guineenses no nosso tempo só tinham três opções:
(i) ou fugiam da Província;
(ii) ou se juntavam às nossas tropas, voluntariamente;
(iii) ou eram forçados a combater ao lado dos guerrilheiros.
Duvido que muitos deles pensassem em ideologias naquela altura, a não ser olharem para o seu bem estar.
Brevemente irei enviar mais nomes de outros fuzilados já depois da guerra terminar, que não assassinos dos comandos.
Um abraço.
João Parreira
____________
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 23 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)
Caro Luís Graça:
Simplesmente enviei a lista de alguns dos executados depois da independência (1), sem tecer quaisquer comentários.
Julgo que os Guineenses no nosso tempo só tinham três opções:
(i) ou fugiam da Província;
(ii) ou se juntavam às nossas tropas, voluntariamente;
(iii) ou eram forçados a combater ao lado dos guerrilheiros.
Duvido que muitos deles pensassem em ideologias naquela altura, a não ser olharem para o seu bem estar.
Brevemente irei enviar mais nomes de outros fuzilados já depois da guerra terminar, que não assassinos dos comandos.
Um abraço.
João Parreira
____________
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 23 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)
Guiné 63/74 - DCCCV: O 'turra' Luandino Vieira recusa Prémio Camões (João Tunes)
Luandino Vieira, escritor angolano, nascido em Vila Nova de Ourém, em 1935. Prémio Camões da Língua Portuguesa 2006.
Foto: Editorial Caminho (2006) (com a devida vénia...)
1. Desafiei há dias o João Tunes para escrever um pequeno texto sobre a atribuição do Prémio Camões de Língua Portuguesa 2006 ao escritor angolano, de origem portuguesa, Luandino Vieira, o terceiro atribuído a um escritor africano... O prémio, no valor de 100 mil euros, é patrocinado em partes iguais pelos ministérios da cultura de Portugal e Brasil... Luandino Vieira, um reinventor da língua portuguesa (sem o qual possivelmente não teria sido possível o aparecimento de um Mia Couto, moçambicano, ou de Ondjaki, angolano) é hoje praticamente desconhecido por parte dos nossos jovens.
Recorde-se que em 1965, em plena guerra colonial, e quando o escritor estava preso no Tarrafal, foi-lhe atribuído o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Autores pelo seu livro Luuanda, facto que foi considerado uma grande afronta pelo regime de Salazar, o que levou ao assalto e destruição da sede daquela Sociedade por legionários e por pides e à sua posterior ilegalização. Recordo-me perfeitamente destes acontecimentos: Estávamos em plena guerra colonial. Em 1965, eu tinha 18 anos. Aos 22, em 1969, eu estava na Guiné. (LG)
Eis a resposta, célere, do nosso sempre bem informado, acutilante, frontal, João Tunes:
"Quanto ao repto sobre um texto sobre o turra Luandino Vieira e o seu Prémio Camões, aqui vai ele (em exclusivo para o nosso blogue):
"Um Turra, chamado Luandino Vieira, que também foi e é escritor, foi premiado com o Prémio Camões, o Poeta Maior da expansão do nosso Império. O Turra não aceitou o Prémio dado pelos Tugas. Ou os Turras são ingratos ou os Tugas atrasaram-se na reparação dos estragos feitos em 1965 quando o Turra estava no Tarrafal e a Pide dos Tugas destruíu a Sociedade Portuguesa de Escritores.
"Um grande abraço e outros tantos para todos os estimados camaradas tertulianos".
João Tunes
Sobre a recusa do prémio, vd. também post do João Tunes, no seu blogue Água Lisa 6, de 25 de Maio de 2006.
2. O que disseram os jornais (LG):
"Luandino Vieira: o resistente
"José Luandino Vieira, ou melhor, José Vieira Mateus da Graça, nasceu em Portugal em 1935 e foi aos três anos para Angola. Envolvido em movimentos nacionalistas, é preso pela PIDE em 1959 e depois em 1961.
"É no Tarrafal, prisão em Cabo Verde para onde é transferido em 1964, que descobre Guimarães Rosa, o escritor que mais o influenciou. A maioria da sua obra é escrita antes de 1975, ano em que regressa a Luanda, depois de passar por Lisboa.
"A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1961), Luuanda (1963), No Antigamente, na Vida (1974) e Nós, os do Makulusu (1975) são algumas das suas obras mais conhecidas.
"As suas ideias obrigaram-no a passar mais de dez anos no Tarrafal e a ter residência fixa depois de libertado, em 1972. Vinte anos depois, diria ao escritor Agualusa, a propósito da guerra em Angola: 'Hoje de manhã vi, no meio de um tiroteio infernal, um homem a atravessar a rua numa cadeira de rodas. É isto que nós somos, um país de cadeira de rodas no meio dos tiros.'
"Vive em Portugal desde o início dos anos 1990" (Fonte: Público, 27 de maio de 2006)
3. Obras de Luandino Vieira publicadas, em Portugal, pela Editorial Caminho :
Nosso Musseque (1.ª edição, 2003) «Outras Margens», n.º 13
A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1.ª edição, 2003) «Outras Margens», n.º 18
Nós, os do Makulusu (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 26
João Vêncio: os Seus Amores (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 29
Luuanda (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 36
No Antigamente, na Vida (1.ª edição, 2005) «Outras Margens», n.º 39
Macandumba (1.ª edição, 2005) «Outras Margens», n.º 43
Velhas Estórias (1.ª edição, 2006) «Outras Margens», n.º 51
Foto: Editorial Caminho (2006) (com a devida vénia...)
1. Desafiei há dias o João Tunes para escrever um pequeno texto sobre a atribuição do Prémio Camões de Língua Portuguesa 2006 ao escritor angolano, de origem portuguesa, Luandino Vieira, o terceiro atribuído a um escritor africano... O prémio, no valor de 100 mil euros, é patrocinado em partes iguais pelos ministérios da cultura de Portugal e Brasil... Luandino Vieira, um reinventor da língua portuguesa (sem o qual possivelmente não teria sido possível o aparecimento de um Mia Couto, moçambicano, ou de Ondjaki, angolano) é hoje praticamente desconhecido por parte dos nossos jovens.
Recorde-se que em 1965, em plena guerra colonial, e quando o escritor estava preso no Tarrafal, foi-lhe atribuído o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Autores pelo seu livro Luuanda, facto que foi considerado uma grande afronta pelo regime de Salazar, o que levou ao assalto e destruição da sede daquela Sociedade por legionários e por pides e à sua posterior ilegalização. Recordo-me perfeitamente destes acontecimentos: Estávamos em plena guerra colonial. Em 1965, eu tinha 18 anos. Aos 22, em 1969, eu estava na Guiné. (LG)
Eis a resposta, célere, do nosso sempre bem informado, acutilante, frontal, João Tunes:
"Quanto ao repto sobre um texto sobre o turra Luandino Vieira e o seu Prémio Camões, aqui vai ele (em exclusivo para o nosso blogue):
"Um Turra, chamado Luandino Vieira, que também foi e é escritor, foi premiado com o Prémio Camões, o Poeta Maior da expansão do nosso Império. O Turra não aceitou o Prémio dado pelos Tugas. Ou os Turras são ingratos ou os Tugas atrasaram-se na reparação dos estragos feitos em 1965 quando o Turra estava no Tarrafal e a Pide dos Tugas destruíu a Sociedade Portuguesa de Escritores.
"Um grande abraço e outros tantos para todos os estimados camaradas tertulianos".
João Tunes
Sobre a recusa do prémio, vd. também post do João Tunes, no seu blogue Água Lisa 6, de 25 de Maio de 2006.
2. O que disseram os jornais (LG):
"Luandino Vieira: o resistente
"José Luandino Vieira, ou melhor, José Vieira Mateus da Graça, nasceu em Portugal em 1935 e foi aos três anos para Angola. Envolvido em movimentos nacionalistas, é preso pela PIDE em 1959 e depois em 1961.
"É no Tarrafal, prisão em Cabo Verde para onde é transferido em 1964, que descobre Guimarães Rosa, o escritor que mais o influenciou. A maioria da sua obra é escrita antes de 1975, ano em que regressa a Luanda, depois de passar por Lisboa.
"A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1961), Luuanda (1963), No Antigamente, na Vida (1974) e Nós, os do Makulusu (1975) são algumas das suas obras mais conhecidas.
"As suas ideias obrigaram-no a passar mais de dez anos no Tarrafal e a ter residência fixa depois de libertado, em 1972. Vinte anos depois, diria ao escritor Agualusa, a propósito da guerra em Angola: 'Hoje de manhã vi, no meio de um tiroteio infernal, um homem a atravessar a rua numa cadeira de rodas. É isto que nós somos, um país de cadeira de rodas no meio dos tiros.'
"Vive em Portugal desde o início dos anos 1990" (Fonte: Público, 27 de maio de 2006)
3. Obras de Luandino Vieira publicadas, em Portugal, pela Editorial Caminho :
Nosso Musseque (1.ª edição, 2003) «Outras Margens», n.º 13
A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1.ª edição, 2003) «Outras Margens», n.º 18
Nós, os do Makulusu (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 26
João Vêncio: os Seus Amores (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 29
Luuanda (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 36
No Antigamente, na Vida (1.ª edição, 2005) «Outras Margens», n.º 39
Macandumba (1.ª edição, 2005) «Outras Margens», n.º 43
Velhas Estórias (1.ª edição, 2006) «Outras Margens», n.º 51
Guiné 63/74 - DCCCV: O 'turra' Luandino Vieira recusa Prémio Camões (João Tunes)
Luandino Vieira, escritor angolano, nascido em Vila Nova de Ourém, em 1935. Prémio Camões da Língua Portuguesa 2006.
Foto: Editorial Caminho (2006) (com a devida vénia...)
1. Desafiei há dias o João Tunes para escrever um pequeno texto sobre a atribuição do Prémio Camões de Língua Portuguesa 2006 ao escritor angolano, de origem portuguesa, Luandino Vieira, o terceiro atribuído a um escritor africano... O prémio, no valor de 100 mil euros, é patrocinado em partes iguais pelos ministérios da cultura de Portugal e Brasil... Luandino Vieira, um reinventor da língua portuguesa (sem o qual possivelmente não teria sido possível o aparecimento de um Mia Couto, moçambicano, ou de Ondjaki, angolano) é hoje praticamente desconhecido por parte dos nossos jovens.
Recorde-se que em 1965, em plena guerra colonial, e quando o escritor estava preso no Tarrafal, foi-lhe atribuído o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Autores pelo seu livro Luuanda, facto que foi considerado uma grande afronta pelo regime de Salazar, o que levou ao assalto e destruição da sede daquela Sociedade por legionários e por pides e à sua posterior ilegalização. Recordo-me perfeitamente destes acontecimentos: Estávamos em plena guerra colonial. Em 1965, eu tinha 18 anos. Aos 22, em 1969, eu estava na Guiné. (LG)
Eis a resposta, célere, do nosso sempre bem informado, acutilante, frontal, João Tunes:
"Quanto ao repto sobre um texto sobre o turra Luandino Vieira e o seu Prémio Camões, aqui vai ele (em exclusivo para o nosso blogue):
"Um Turra, chamado Luandino Vieira, que também foi e é escritor, foi premiado com o Prémio Camões, o Poeta Maior da expansão do nosso Império. O Turra não aceitou o Prémio dado pelos Tugas. Ou os Turras são ingratos ou os Tugas atrasaram-se na reparação dos estragos feitos em 1965 quando o Turra estava no Tarrafal e a Pide dos Tugas destruíu a Sociedade Portuguesa de Escritores.
"Um grande abraço e outros tantos para todos os estimados camaradas tertulianos".
João Tunes
Sobre a recusa do prémio, vd. também post do João Tunes, no seu blogue Água Lisa 6, de 25 de Maio de 2006.
2. O que disseram os jornais (LG):
"Luandino Vieira: o resistente
"José Luandino Vieira, ou melhor, José Vieira Mateus da Graça, nasceu em Portugal em 1935 e foi aos três anos para Angola. Envolvido em movimentos nacionalistas, é preso pela PIDE em 1959 e depois em 1961.
"É no Tarrafal, prisão em Cabo Verde para onde é transferido em 1964, que descobre Guimarães Rosa, o escritor que mais o influenciou. A maioria da sua obra é escrita antes de 1975, ano em que regressa a Luanda, depois de passar por Lisboa.
"A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1961), Luuanda (1963), No Antigamente, na Vida (1974) e Nós, os do Makulusu (1975) são algumas das suas obras mais conhecidas.
"As suas ideias obrigaram-no a passar mais de dez anos no Tarrafal e a ter residência fixa depois de libertado, em 1972. Vinte anos depois, diria ao escritor Agualusa, a propósito da guerra em Angola: 'Hoje de manhã vi, no meio de um tiroteio infernal, um homem a atravessar a rua numa cadeira de rodas. É isto que nós somos, um país de cadeira de rodas no meio dos tiros.'
"Vive em Portugal desde o início dos anos 1990" (Fonte: Público, 27 de maio de 2006)
3. Obras de Luandino Vieira publicadas, em Portugal, pela Editorial Caminho :
Nosso Musseque (1.ª edição, 2003) «Outras Margens», n.º 13
A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1.ª edição, 2003) «Outras Margens», n.º 18
Nós, os do Makulusu (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 26
João Vêncio: os Seus Amores (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 29
Luuanda (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 36
No Antigamente, na Vida (1.ª edição, 2005) «Outras Margens», n.º 39
Macandumba (1.ª edição, 2005) «Outras Margens», n.º 43
Velhas Estórias (1.ª edição, 2006) «Outras Margens», n.º 51
Foto: Editorial Caminho (2006) (com a devida vénia...)
1. Desafiei há dias o João Tunes para escrever um pequeno texto sobre a atribuição do Prémio Camões de Língua Portuguesa 2006 ao escritor angolano, de origem portuguesa, Luandino Vieira, o terceiro atribuído a um escritor africano... O prémio, no valor de 100 mil euros, é patrocinado em partes iguais pelos ministérios da cultura de Portugal e Brasil... Luandino Vieira, um reinventor da língua portuguesa (sem o qual possivelmente não teria sido possível o aparecimento de um Mia Couto, moçambicano, ou de Ondjaki, angolano) é hoje praticamente desconhecido por parte dos nossos jovens.
Recorde-se que em 1965, em plena guerra colonial, e quando o escritor estava preso no Tarrafal, foi-lhe atribuído o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Autores pelo seu livro Luuanda, facto que foi considerado uma grande afronta pelo regime de Salazar, o que levou ao assalto e destruição da sede daquela Sociedade por legionários e por pides e à sua posterior ilegalização. Recordo-me perfeitamente destes acontecimentos: Estávamos em plena guerra colonial. Em 1965, eu tinha 18 anos. Aos 22, em 1969, eu estava na Guiné. (LG)
Eis a resposta, célere, do nosso sempre bem informado, acutilante, frontal, João Tunes:
"Quanto ao repto sobre um texto sobre o turra Luandino Vieira e o seu Prémio Camões, aqui vai ele (em exclusivo para o nosso blogue):
"Um Turra, chamado Luandino Vieira, que também foi e é escritor, foi premiado com o Prémio Camões, o Poeta Maior da expansão do nosso Império. O Turra não aceitou o Prémio dado pelos Tugas. Ou os Turras são ingratos ou os Tugas atrasaram-se na reparação dos estragos feitos em 1965 quando o Turra estava no Tarrafal e a Pide dos Tugas destruíu a Sociedade Portuguesa de Escritores.
"Um grande abraço e outros tantos para todos os estimados camaradas tertulianos".
João Tunes
Sobre a recusa do prémio, vd. também post do João Tunes, no seu blogue Água Lisa 6, de 25 de Maio de 2006.
2. O que disseram os jornais (LG):
"Luandino Vieira: o resistente
"José Luandino Vieira, ou melhor, José Vieira Mateus da Graça, nasceu em Portugal em 1935 e foi aos três anos para Angola. Envolvido em movimentos nacionalistas, é preso pela PIDE em 1959 e depois em 1961.
"É no Tarrafal, prisão em Cabo Verde para onde é transferido em 1964, que descobre Guimarães Rosa, o escritor que mais o influenciou. A maioria da sua obra é escrita antes de 1975, ano em que regressa a Luanda, depois de passar por Lisboa.
"A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1961), Luuanda (1963), No Antigamente, na Vida (1974) e Nós, os do Makulusu (1975) são algumas das suas obras mais conhecidas.
"As suas ideias obrigaram-no a passar mais de dez anos no Tarrafal e a ter residência fixa depois de libertado, em 1972. Vinte anos depois, diria ao escritor Agualusa, a propósito da guerra em Angola: 'Hoje de manhã vi, no meio de um tiroteio infernal, um homem a atravessar a rua numa cadeira de rodas. É isto que nós somos, um país de cadeira de rodas no meio dos tiros.'
"Vive em Portugal desde o início dos anos 1990" (Fonte: Público, 27 de maio de 2006)
3. Obras de Luandino Vieira publicadas, em Portugal, pela Editorial Caminho :
Nosso Musseque (1.ª edição, 2003) «Outras Margens», n.º 13
A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1.ª edição, 2003) «Outras Margens», n.º 18
Nós, os do Makulusu (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 26
João Vêncio: os Seus Amores (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 29
Luuanda (1.ª edição, 2004) «Outras Margens», n.º 36
No Antigamente, na Vida (1.ª edição, 2005) «Outras Margens», n.º 39
Macandumba (1.ª edição, 2005) «Outras Margens», n.º 43
Velhas Estórias (1.ª edição, 2006) «Outras Margens», n.º 51
26 maio 2006
Guiné 63774 - DCCCIV: David Guimarães e Marques Lopes: no Porto, manga de ronco
Porto > 24 de Maio de 2006 > O David e o António, da nossa tertúlia do Porto... Pois é, amigos e camaradas, a nossa caserna, porque é virtual, não tem limites físicos, tal como o universo está em permanente expansão...Por isso, é bom saber notícias dos amigos e camaradas que se juntam para beber um copo, matar saudades, tabaquear o caso (como dizem os alentejanos), seja no Porto ou em Bissau... Eles foram dos primeiros a arranjar lugar na nossa caserna virtual, por mão do Sousa de Castro (se a antiguidade fosse um posto, entre nós, o Sous de Castro hopje era marechal)... Entretanto, vamos continuando a marcar encontro, todos os dias, no Luís Graçºa & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada... Até um dia a gente decidir enocntrar-se, mesmo de verdade, olhos nos olhos, para beber um copo, matar saudades, tabaquear o caso, incluindo o Zé Neto que é o veterano dos veteranos mas que, neste momento, anda a travar uma luta danada contra o cigarro: por favor, não lhe falem em tabaquear... coisa nenhuma! (LG).
Foto: © David J. Guimarães (2006)
Olha, Luís, dois mangas de cabeça grande... Aí, antes de ontem, a saborearem chavéu de galinha e frutas tropicais...
Aí, na conversa, foi manga manga de ronco neste restaurante guineense.
Um abraço. Um bom fim de semana.
Foto: © David J. Guimarães (2006)
Olha, Luís, dois mangas de cabeça grande... Aí, antes de ontem, a saborearem chavéu de galinha e frutas tropicais...
Aí, na conversa, foi manga manga de ronco neste restaurante guineense.
Um abraço. Um bom fim de semana.
Guiné 63774 - DCCCIV: David Guimarães e Marques Lopes: no Porto, manga de ronco
Porto > 24 de Maio de 2006 > O David e o António, da nossa tertúlia do Porto... Pois é, amigos e camaradas, a nossa caserna, porque é virtual, não tem limites físicos, tal como o universo está em permanente expansão...Por isso, é bom saber notícias dos amigos e camaradas que se juntam para beber um copo, matar saudades, tabaquear o caso (como dizem os alentejanos), seja no Porto ou em Bissau... Eles foram dos primeiros a arranjar lugar na nossa caserna virtual, por mão do Sousa de Castro (se a antiguidade fosse um posto, entre nós, o Sous de Castro hopje era marechal)... Entretanto, vamos continuando a marcar encontro, todos os dias, no Luís Graçºa & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada... Até um dia a gente decidir enocntrar-se, mesmo de verdade, olhos nos olhos, para beber um copo, matar saudades, tabaquear o caso, incluindo o Zé Neto que é o veterano dos veteranos mas que, neste momento, anda a travar uma luta danada contra o cigarro: por favor, não lhe falem em tabaquear... coisa nenhuma! (LG).
Foto: © David J. Guimarães (2006)
Olha, Luís, dois mangas de cabeça grande... Aí, antes de ontem, a saborearem chavéu de galinha e frutas tropicais...
Aí, na conversa, foi manga manga de ronco neste restaurante guineense.
Um abraço. Um bom fim de semana.
Foto: © David J. Guimarães (2006)
Olha, Luís, dois mangas de cabeça grande... Aí, antes de ontem, a saborearem chavéu de galinha e frutas tropicais...
Aí, na conversa, foi manga manga de ronco neste restaurante guineense.
Um abraço. Um bom fim de semana.
Guiné 63/74 - DCCCIII: Saudações ao Barreto Pires (Afonso M. F. Sousa, CART 2412, 1968/70)
Guiné-Bissau > Binta > Novembro de 2000 > Companhia que passou por Binta em 1966. Lema: Justiça e Glória... Alguém sabe o número desta unidade ? Outra que por lá passou foi a CART 2412 (1968/70), do Afonso Sousa e do Barreto Pires.
Foto: © Albano M. Costa (2005)
Texto do Afonso M. F. Sousa , ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)
Olá, José Pires!
Fico satisfeito por saber que teve uma boa viagem desde a Trofa até à Rua Dr. Sá Carneiro, em Penedos de Alenquer (Ventosa).
Obrigado pelo seu testemunho, que é importante e essencial num conjunto de subsídios para a história da guerra colonial.
Deduzo que, através da sua caixa de correio electrónico, esteja a ser assediado por muita informação. Mas como se trata de um tertuliano recém-chegado, será para obter uma rápida endurance e para entrar neste forum, sempre que ache oportuno. A história da guerra colonial na Guiné fica muito mais enriquecida com o testemunho daqueles que foram os seus protagonistas.
Permita-me sugerir-lhe a visita ao maior repositório existente na Net, sobre a Guerra Colonial, na Guiné: o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada, um espaço já visitado por quase 80.000 internautas.
Dê uma vista de olhos nos conteúdos. Uma atenção ao mapa de Barro - Bigene (com a localicalização de quase todas as tabancas e sítios que calcorreou) e à galeria fotográfica memória dos lugares
Não sei se já falou com o ex-alferes Gonçalves, da CCAÇ 3, que esteve connosco em Guidage.
Um abraço, caro José Pires.
Afonso Sousa
Foto: © Albano M. Costa (2005)
Texto do Afonso M. F. Sousa , ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)
Olá, José Pires!
Fico satisfeito por saber que teve uma boa viagem desde a Trofa até à Rua Dr. Sá Carneiro, em Penedos de Alenquer (Ventosa).
Obrigado pelo seu testemunho, que é importante e essencial num conjunto de subsídios para a história da guerra colonial.
Deduzo que, através da sua caixa de correio electrónico, esteja a ser assediado por muita informação. Mas como se trata de um tertuliano recém-chegado, será para obter uma rápida endurance e para entrar neste forum, sempre que ache oportuno. A história da guerra colonial na Guiné fica muito mais enriquecida com o testemunho daqueles que foram os seus protagonistas.
Permita-me sugerir-lhe a visita ao maior repositório existente na Net, sobre a Guerra Colonial, na Guiné: o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada, um espaço já visitado por quase 80.000 internautas.
Dê uma vista de olhos nos conteúdos. Uma atenção ao mapa de Barro - Bigene (com a localicalização de quase todas as tabancas e sítios que calcorreou) e à galeria fotográfica memória dos lugares
Não sei se já falou com o ex-alferes Gonçalves, da CCAÇ 3, que esteve connosco em Guidage.
Um abraço, caro José Pires.
Afonso Sousa
Guiné 63/74 - DCCCIII: Saudações ao Barreto Pires (Afonso M. F. Sousa, CART 2412, 1968/70)
Guiné-Bissau > Binta > Novembro de 2000 > Companhia que passou por Binta em 1966. Lema: Justiça e Glória... Alguém sabe o número desta unidade ? Outra que por lá passou foi a CART 2412 (1968/70), do Afonso Sousa e do Barreto Pires.
Foto: © Albano M. Costa (2005)
Texto do Afonso M. F. Sousa , ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)
Olá, José Pires!
Fico satisfeito por saber que teve uma boa viagem desde a Trofa até à Rua Dr. Sá Carneiro, em Penedos de Alenquer (Ventosa).
Obrigado pelo seu testemunho, que é importante e essencial num conjunto de subsídios para a história da guerra colonial.
Deduzo que, através da sua caixa de correio electrónico, esteja a ser assediado por muita informação. Mas como se trata de um tertuliano recém-chegado, será para obter uma rápida endurance e para entrar neste forum, sempre que ache oportuno. A história da guerra colonial na Guiné fica muito mais enriquecida com o testemunho daqueles que foram os seus protagonistas.
Permita-me sugerir-lhe a visita ao maior repositório existente na Net, sobre a Guerra Colonial, na Guiné: o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada, um espaço já visitado por quase 80.000 internautas.
Dê uma vista de olhos nos conteúdos. Uma atenção ao mapa de Barro - Bigene (com a localicalização de quase todas as tabancas e sítios que calcorreou) e à galeria fotográfica memória dos lugares
Não sei se já falou com o ex-alferes Gonçalves, da CCAÇ 3, que esteve connosco em Guidage.
Um abraço, caro José Pires.
Afonso Sousa
Foto: © Albano M. Costa (2005)
Texto do Afonso M. F. Sousa , ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)
Olá, José Pires!
Fico satisfeito por saber que teve uma boa viagem desde a Trofa até à Rua Dr. Sá Carneiro, em Penedos de Alenquer (Ventosa).
Obrigado pelo seu testemunho, que é importante e essencial num conjunto de subsídios para a história da guerra colonial.
Deduzo que, através da sua caixa de correio electrónico, esteja a ser assediado por muita informação. Mas como se trata de um tertuliano recém-chegado, será para obter uma rápida endurance e para entrar neste forum, sempre que ache oportuno. A história da guerra colonial na Guiné fica muito mais enriquecida com o testemunho daqueles que foram os seus protagonistas.
Permita-me sugerir-lhe a visita ao maior repositório existente na Net, sobre a Guerra Colonial, na Guiné: o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada, um espaço já visitado por quase 80.000 internautas.
Dê uma vista de olhos nos conteúdos. Uma atenção ao mapa de Barro - Bigene (com a localicalização de quase todas as tabancas e sítios que calcorreou) e à galeria fotográfica memória dos lugares
Não sei se já falou com o ex-alferes Gonçalves, da CCAÇ 3, que esteve connosco em Guidage.
Um abraço, caro José Pires.
Afonso Sousa
Guiné 63/74- DCCCII: Um novo tertuliano, o José Barreto Pires (CART 2412)
Mensagem de José Barreto Pires, da CART 2412, dirigida ao Afonso M.F. Sousa, com conhecimento ao editor do blogue (entre outros) :
Amigos Tertulianos, é com grande satisfação que, doravante, me considero aderente à nossa Congregação e, em sequência, recebo e darei todas as informações possíveis e disponíveis.
Texto do
Na sequência do almoço-confraternização [do pessoal da CART 2412] de sábado p.p. [20 de Maio último], após ter vadiado algum tempo por terras transmontanas, viajei para Alenquer, onde resido, e a viagem foi agradável, porquanto a boa disposição, decorrente de algum descanso e boas recordações, dificilmente poderia ter outro desfecho.
Obrigado pelas demais informações, que confirmo na sua generalidade. De facto, de Binta para Guidage apenas conheci a picada mencionada. Julgo estar certo que se outra existiu e/ou existia, corresponderia aos designados corredores que os Nativos ( dos quais, alguns... ditos Turras...) utilizavam para o transporte das suas mercadorias, essencialmente no sentido
Norte-Sul.
Quanto à célebre península do Sambuiá, porque as pisei, sempre em circunstâncias especiais, porquanto tratava-se de terreno considerado deles (Nativos), não subsiste dúvida da existência das picadas referenciadas.
Mas, sobre esta problemática, gostaria de questionar: Como será hoje? Circular-se-à, embora com dificuldade, claro, entre as diversas localidades, através das referidas picadas? Como seria interessante ver e saber como se apresentam esses locais e os respectivos meios de circulação, nos dias que correm!!!
Estou certo, por razões óbvias, que o momento certo e adequado já expirou há muito tempo...De qualquer forma, eis-me totalmente disponível para, integrando um grupo fixe, dar umas voltas por essas bandas.
Com saudações tertulianas.
Um grande abraço.
Barreto Pires
Amigos Tertulianos, é com grande satisfação que, doravante, me considero aderente à nossa Congregação e, em sequência, recebo e darei todas as informações possíveis e disponíveis.
Texto do
Na sequência do almoço-confraternização [do pessoal da CART 2412] de sábado p.p. [20 de Maio último], após ter vadiado algum tempo por terras transmontanas, viajei para Alenquer, onde resido, e a viagem foi agradável, porquanto a boa disposição, decorrente de algum descanso e boas recordações, dificilmente poderia ter outro desfecho.
Obrigado pelas demais informações, que confirmo na sua generalidade. De facto, de Binta para Guidage apenas conheci a picada mencionada. Julgo estar certo que se outra existiu e/ou existia, corresponderia aos designados corredores que os Nativos ( dos quais, alguns... ditos Turras...) utilizavam para o transporte das suas mercadorias, essencialmente no sentido
Norte-Sul.
Quanto à célebre península do Sambuiá, porque as pisei, sempre em circunstâncias especiais, porquanto tratava-se de terreno considerado deles (Nativos), não subsiste dúvida da existência das picadas referenciadas.
Mas, sobre esta problemática, gostaria de questionar: Como será hoje? Circular-se-à, embora com dificuldade, claro, entre as diversas localidades, através das referidas picadas? Como seria interessante ver e saber como se apresentam esses locais e os respectivos meios de circulação, nos dias que correm!!!
Estou certo, por razões óbvias, que o momento certo e adequado já expirou há muito tempo...De qualquer forma, eis-me totalmente disponível para, integrando um grupo fixe, dar umas voltas por essas bandas.
Com saudações tertulianas.
Um grande abraço.
Barreto Pires
Guiné 63/74- DCCCII: Um novo tertuliano, o José Barreto Pires (CART 2412)
Mensagem de José Barreto Pires, da CART 2412, dirigida ao Afonso M.F. Sousa, com conhecimento ao editor do blogue (entre outros) :
Amigos Tertulianos, é com grande satisfação que, doravante, me considero aderente à nossa Congregação e, em sequência, recebo e darei todas as informações possíveis e disponíveis.
Texto do
Na sequência do almoço-confraternização [do pessoal da CART 2412] de sábado p.p. [20 de Maio último], após ter vadiado algum tempo por terras transmontanas, viajei para Alenquer, onde resido, e a viagem foi agradável, porquanto a boa disposição, decorrente de algum descanso e boas recordações, dificilmente poderia ter outro desfecho.
Obrigado pelas demais informações, que confirmo na sua generalidade. De facto, de Binta para Guidage apenas conheci a picada mencionada. Julgo estar certo que se outra existiu e/ou existia, corresponderia aos designados corredores que os Nativos ( dos quais, alguns... ditos Turras...) utilizavam para o transporte das suas mercadorias, essencialmente no sentido
Norte-Sul.
Quanto à célebre península do Sambuiá, porque as pisei, sempre em circunstâncias especiais, porquanto tratava-se de terreno considerado deles (Nativos), não subsiste dúvida da existência das picadas referenciadas.
Mas, sobre esta problemática, gostaria de questionar: Como será hoje? Circular-se-à, embora com dificuldade, claro, entre as diversas localidades, através das referidas picadas? Como seria interessante ver e saber como se apresentam esses locais e os respectivos meios de circulação, nos dias que correm!!!
Estou certo, por razões óbvias, que o momento certo e adequado já expirou há muito tempo...De qualquer forma, eis-me totalmente disponível para, integrando um grupo fixe, dar umas voltas por essas bandas.
Com saudações tertulianas.
Um grande abraço.
Barreto Pires
Amigos Tertulianos, é com grande satisfação que, doravante, me considero aderente à nossa Congregação e, em sequência, recebo e darei todas as informações possíveis e disponíveis.
Texto do
Na sequência do almoço-confraternização [do pessoal da CART 2412] de sábado p.p. [20 de Maio último], após ter vadiado algum tempo por terras transmontanas, viajei para Alenquer, onde resido, e a viagem foi agradável, porquanto a boa disposição, decorrente de algum descanso e boas recordações, dificilmente poderia ter outro desfecho.
Obrigado pelas demais informações, que confirmo na sua generalidade. De facto, de Binta para Guidage apenas conheci a picada mencionada. Julgo estar certo que se outra existiu e/ou existia, corresponderia aos designados corredores que os Nativos ( dos quais, alguns... ditos Turras...) utilizavam para o transporte das suas mercadorias, essencialmente no sentido
Norte-Sul.
Quanto à célebre península do Sambuiá, porque as pisei, sempre em circunstâncias especiais, porquanto tratava-se de terreno considerado deles (Nativos), não subsiste dúvida da existência das picadas referenciadas.
Mas, sobre esta problemática, gostaria de questionar: Como será hoje? Circular-se-à, embora com dificuldade, claro, entre as diversas localidades, através das referidas picadas? Como seria interessante ver e saber como se apresentam esses locais e os respectivos meios de circulação, nos dias que correm!!!
Estou certo, por razões óbvias, que o momento certo e adequado já expirou há muito tempo...De qualquer forma, eis-me totalmente disponível para, integrando um grupo fixe, dar umas voltas por essas bandas.
Com saudações tertulianas.
Um grande abraço.
Barreto Pires
Guiné 63/74 - DCCCI: Onde ficava Sare Tuto ? (Afonso M.F. Sousa)
Fonte: Multimap
Mensagem de Afonso M. F. Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões, CART 2412, 1968/70):
Não resisto a orientar-me geograficamente.
Nesta imensidão de tabancas - quantas delas com sobreposição de nomes ! - gosto sempre de olhar o mapa !
Tabancas mais próximas de Sare Tuto (1) (nota-se que fica junto a um grande rio !)
Rio de Bafata (4.9 km) - Rio Bamala (6.7 km) - Buba (4.9 km) - Buba Tombo (4.0 km) - Rio Bulal (5.8 km) - Rio Bulufolandiu (6.7 km) - Rio Bumidi (1.9 km) - Rio Bunhanare (7.4 km) - Rio Cabaia (3.7 km) - Rio Cabiro (1.6 km) - Rio Cambofula (5.2 km) - Cantanha (7.6 km) - Rio de Caranquecunda (3.7 km) - Rio Chinconhe (6.7 km) - Rio Cudubo (4.9 km) - Rio Dumbali (4.9 km) - Rio Furobolom (4.0 km) - Galo Buba (4.0 km) - Rio Jabala (5.6 km) - Rio Jassonca (4.9 km) - Rio Jidinca (5.8 km) - Madina (6.1 km) - Rio de Mancama (6.1 km) - Rio Mancoto (4.8 km) - Rio Numangali (6.1 km) - Penha (6.5 km) - Penhacunda (6.5 km) - Rio de Penhacunda (6.5 km) - Ponta Tenente Coronel (5.8 km) - Sambafim (5.2 km) - Sambelsim (5.2 km) - Santana (6.5 km) - Sare Bamba (6.7 km) - Rio Senesira (7.4 km) - Rio Sibija (6.7 km) - Rio de Tenente Coronel (4.0 km) - Tuate (0.0 km) - Rio Uaja (4.8 km) - Viriato (6.5 km)
____________
Nota de L.G.
(1) Vd. posts de:
26 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCVII: O Sadiu Camará de Saré Tuto, aliás, tabanca Lisboa (Zé Teixeira)
18 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXI: Do Porto a Bissau (18): Sadiu Camará, um sobrevivente (A. Marques Lopes)
Mensagem de Afonso M. F. Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões, CART 2412, 1968/70):
Não resisto a orientar-me geograficamente.
Nesta imensidão de tabancas - quantas delas com sobreposição de nomes ! - gosto sempre de olhar o mapa !
Tabancas mais próximas de Sare Tuto (1) (nota-se que fica junto a um grande rio !)
Rio de Bafata (4.9 km) - Rio Bamala (6.7 km) - Buba (4.9 km) - Buba Tombo (4.0 km) - Rio Bulal (5.8 km) - Rio Bulufolandiu (6.7 km) - Rio Bumidi (1.9 km) - Rio Bunhanare (7.4 km) - Rio Cabaia (3.7 km) - Rio Cabiro (1.6 km) - Rio Cambofula (5.2 km) - Cantanha (7.6 km) - Rio de Caranquecunda (3.7 km) - Rio Chinconhe (6.7 km) - Rio Cudubo (4.9 km) - Rio Dumbali (4.9 km) - Rio Furobolom (4.0 km) - Galo Buba (4.0 km) - Rio Jabala (5.6 km) - Rio Jassonca (4.9 km) - Rio Jidinca (5.8 km) - Madina (6.1 km) - Rio de Mancama (6.1 km) - Rio Mancoto (4.8 km) - Rio Numangali (6.1 km) - Penha (6.5 km) - Penhacunda (6.5 km) - Rio de Penhacunda (6.5 km) - Ponta Tenente Coronel (5.8 km) - Sambafim (5.2 km) - Sambelsim (5.2 km) - Santana (6.5 km) - Sare Bamba (6.7 km) - Rio Senesira (7.4 km) - Rio Sibija (6.7 km) - Rio de Tenente Coronel (4.0 km) - Tuate (0.0 km) - Rio Uaja (4.8 km) - Viriato (6.5 km)
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Nota de L.G.
(1) Vd. posts de:
26 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCVII: O Sadiu Camará de Saré Tuto, aliás, tabanca Lisboa (Zé Teixeira)
18 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXI: Do Porto a Bissau (18): Sadiu Camará, um sobrevivente (A. Marques Lopes)
Guiné 63/74 - DCCCI: Onde ficava Sare Tuto ? (Afonso M.F. Sousa)
Fonte: Multimap
Mensagem de Afonso M. F. Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões, CART 2412, 1968/70):
Não resisto a orientar-me geograficamente.
Nesta imensidão de tabancas - quantas delas com sobreposição de nomes ! - gosto sempre de olhar o mapa !
Tabancas mais próximas de Sare Tuto (1) (nota-se que fica junto a um grande rio !)
Rio de Bafata (4.9 km) - Rio Bamala (6.7 km) - Buba (4.9 km) - Buba Tombo (4.0 km) - Rio Bulal (5.8 km) - Rio Bulufolandiu (6.7 km) - Rio Bumidi (1.9 km) - Rio Bunhanare (7.4 km) - Rio Cabaia (3.7 km) - Rio Cabiro (1.6 km) - Rio Cambofula (5.2 km) - Cantanha (7.6 km) - Rio de Caranquecunda (3.7 km) - Rio Chinconhe (6.7 km) - Rio Cudubo (4.9 km) - Rio Dumbali (4.9 km) - Rio Furobolom (4.0 km) - Galo Buba (4.0 km) - Rio Jabala (5.6 km) - Rio Jassonca (4.9 km) - Rio Jidinca (5.8 km) - Madina (6.1 km) - Rio de Mancama (6.1 km) - Rio Mancoto (4.8 km) - Rio Numangali (6.1 km) - Penha (6.5 km) - Penhacunda (6.5 km) - Rio de Penhacunda (6.5 km) - Ponta Tenente Coronel (5.8 km) - Sambafim (5.2 km) - Sambelsim (5.2 km) - Santana (6.5 km) - Sare Bamba (6.7 km) - Rio Senesira (7.4 km) - Rio Sibija (6.7 km) - Rio de Tenente Coronel (4.0 km) - Tuate (0.0 km) - Rio Uaja (4.8 km) - Viriato (6.5 km)
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Nota de L.G.
(1) Vd. posts de:
26 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCVII: O Sadiu Camará de Saré Tuto, aliás, tabanca Lisboa (Zé Teixeira)
18 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXI: Do Porto a Bissau (18): Sadiu Camará, um sobrevivente (A. Marques Lopes)
Mensagem de Afonso M. F. Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões, CART 2412, 1968/70):
Não resisto a orientar-me geograficamente.
Nesta imensidão de tabancas - quantas delas com sobreposição de nomes ! - gosto sempre de olhar o mapa !
Tabancas mais próximas de Sare Tuto (1) (nota-se que fica junto a um grande rio !)
Rio de Bafata (4.9 km) - Rio Bamala (6.7 km) - Buba (4.9 km) - Buba Tombo (4.0 km) - Rio Bulal (5.8 km) - Rio Bulufolandiu (6.7 km) - Rio Bumidi (1.9 km) - Rio Bunhanare (7.4 km) - Rio Cabaia (3.7 km) - Rio Cabiro (1.6 km) - Rio Cambofula (5.2 km) - Cantanha (7.6 km) - Rio de Caranquecunda (3.7 km) - Rio Chinconhe (6.7 km) - Rio Cudubo (4.9 km) - Rio Dumbali (4.9 km) - Rio Furobolom (4.0 km) - Galo Buba (4.0 km) - Rio Jabala (5.6 km) - Rio Jassonca (4.9 km) - Rio Jidinca (5.8 km) - Madina (6.1 km) - Rio de Mancama (6.1 km) - Rio Mancoto (4.8 km) - Rio Numangali (6.1 km) - Penha (6.5 km) - Penhacunda (6.5 km) - Rio de Penhacunda (6.5 km) - Ponta Tenente Coronel (5.8 km) - Sambafim (5.2 km) - Sambelsim (5.2 km) - Santana (6.5 km) - Sare Bamba (6.7 km) - Rio Senesira (7.4 km) - Rio Sibija (6.7 km) - Rio de Tenente Coronel (4.0 km) - Tuate (0.0 km) - Rio Uaja (4.8 km) - Viriato (6.5 km)
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Nota de L.G.
(1) Vd. posts de:
26 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCVII: O Sadiu Camará de Saré Tuto, aliás, tabanca Lisboa (Zé Teixeira)
18 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXI: Do Porto a Bissau (18): Sadiu Camará, um sobrevivente (A. Marques Lopes)
Guiné 63/74 - DCCC: O colaboracionismo sempre teve uma paga ( 5) (Carlos Vinhal)
Post nº 800 (DCCC). Texto do Carlos Vinhal, ex-furriel miliciano da CART 2732 (Mansabá, 1970/72):
Ainda sobre o tema O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Tenho acompanhado atentamente a troca de impressões entre os colegas que mais de perto conviveram ou comandaram tropas nativas da Guiné e que por isso mais sentiram os fuzilamentos perpetrados. Admiro os sentimentos expressos.
Queria dar a minha opinião, talvez coincidente com outros camaradas de blogue, sobre os acontecimentos pós-independência. Assim sou a expor:
(i) Foi mais fácil perdoar a Alpoim Galvão e outras personalidades portuguesas congéneres do que aos próprios guineenses. Porquê? Em causa esteve a cor da pele e a rivalidade existente entre etnias. Uma coisa foi ter-se combatido contra um inimigo branco considerado estrangeiro, ocupante e opressor. O abandono da luta e regresso ao país de origem, como foi o nosso caso, foi considerado para os guineenses uma vitória e isso bastou. Outra coisa foi combater contra um irmão da mesma cor, natural do mesmo chão e falando a mesma língua - pondo de parte o português que só oficialmente é língua da Guiné - que no pós guerra continuou a ocupar o mesmo espaço – no caso a Guiné-Bissau. O desejo de vingança foi naturalmente mais forte e o inimigo continuava ali mesmo à mão. Não esqueçamos também as rivalidades ancestrais entre as diversas etnias. Olhai, a propósito, para o triste exemplo de Timor, hoje [24 de Maio de 2006] mesmo notícia nos telejornais.
(ii) Os Comandos africanos seriam os principais alvos, porque eles foram os mais sanguinários. Mataram a torto e a direito os seus verdadeiros compatriotas, indistintamente mulheres e crianças, civis ou militares. Não se pode desmentir ou branquear esta verdade. Lembro-me de uma operação helitransportada feita a partir de Mansabá, era Comandante o então Major Almeida Bruno. Aquilo demorou dois ou três dias e, na volta, um dos militares, que trazia pendurada a tiracolo uma lata, dizia cheio de orgulho e apontando para ela: Manga de orelhas, manga de orelhas. Nunca percebi se aquilo eram troféus de caça ou se se destinava a fazer algum petisco.
(iii) Pergunto: Aqueles que combateram pelo nosso lado, fizeram-no por convicção política e/ou patriótica ou, pelo dinheiro e condições de vida que a luta lhes proporcionava a eles e às respectivas famílias? Estariam eles convencidos que a guerra era interminável e por isso nunca se preocuparam com o seu futuro?
(iv) Foi notória a dificuldade que o país teve para receber e integrar todos os retornados e refugiados -filhos de colonos lá nascidos - vindos das ex-colónias. Como se integrariam cá os ex-combatentes que só sabiam de guerra, porque nunca tinham feito outra coisa na vida?
(v) Finalmente, com a devida vénia, faço minhas as palavras do nosso colega João Tunes no Post 777 (2) do nosso Blogue.
Carlos Vinhal
_________
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 25 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCV: O colaboracionismo sempre teve uma paga (1) (A. Marques Lopes)
(2) Vd. pots de 24 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXVII: Fazer a catarse antes de vestir a toga de juiz (João Tunes)
Ainda sobre o tema O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Tenho acompanhado atentamente a troca de impressões entre os colegas que mais de perto conviveram ou comandaram tropas nativas da Guiné e que por isso mais sentiram os fuzilamentos perpetrados. Admiro os sentimentos expressos.
Queria dar a minha opinião, talvez coincidente com outros camaradas de blogue, sobre os acontecimentos pós-independência. Assim sou a expor:
(i) Foi mais fácil perdoar a Alpoim Galvão e outras personalidades portuguesas congéneres do que aos próprios guineenses. Porquê? Em causa esteve a cor da pele e a rivalidade existente entre etnias. Uma coisa foi ter-se combatido contra um inimigo branco considerado estrangeiro, ocupante e opressor. O abandono da luta e regresso ao país de origem, como foi o nosso caso, foi considerado para os guineenses uma vitória e isso bastou. Outra coisa foi combater contra um irmão da mesma cor, natural do mesmo chão e falando a mesma língua - pondo de parte o português que só oficialmente é língua da Guiné - que no pós guerra continuou a ocupar o mesmo espaço – no caso a Guiné-Bissau. O desejo de vingança foi naturalmente mais forte e o inimigo continuava ali mesmo à mão. Não esqueçamos também as rivalidades ancestrais entre as diversas etnias. Olhai, a propósito, para o triste exemplo de Timor, hoje [24 de Maio de 2006] mesmo notícia nos telejornais.
(ii) Os Comandos africanos seriam os principais alvos, porque eles foram os mais sanguinários. Mataram a torto e a direito os seus verdadeiros compatriotas, indistintamente mulheres e crianças, civis ou militares. Não se pode desmentir ou branquear esta verdade. Lembro-me de uma operação helitransportada feita a partir de Mansabá, era Comandante o então Major Almeida Bruno. Aquilo demorou dois ou três dias e, na volta, um dos militares, que trazia pendurada a tiracolo uma lata, dizia cheio de orgulho e apontando para ela: Manga de orelhas, manga de orelhas. Nunca percebi se aquilo eram troféus de caça ou se se destinava a fazer algum petisco.
(iii) Pergunto: Aqueles que combateram pelo nosso lado, fizeram-no por convicção política e/ou patriótica ou, pelo dinheiro e condições de vida que a luta lhes proporcionava a eles e às respectivas famílias? Estariam eles convencidos que a guerra era interminável e por isso nunca se preocuparam com o seu futuro?
(iv) Foi notória a dificuldade que o país teve para receber e integrar todos os retornados e refugiados -filhos de colonos lá nascidos - vindos das ex-colónias. Como se integrariam cá os ex-combatentes que só sabiam de guerra, porque nunca tinham feito outra coisa na vida?
(v) Finalmente, com a devida vénia, faço minhas as palavras do nosso colega João Tunes no Post 777 (2) do nosso Blogue.
Carlos Vinhal
_________
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 25 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCV: O colaboracionismo sempre teve uma paga (1) (A. Marques Lopes)
(2) Vd. pots de 24 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXVII: Fazer a catarse antes de vestir a toga de juiz (João Tunes)
Guiné 63/74 - DCCC: O colaboracionismo sempre teve uma paga ( 5) (Carlos Vinhal)
Post nº 800 (DCCC). Texto do Carlos Vinhal, ex-furriel miliciano da CART 2732 (Mansabá, 1970/72):
Ainda sobre o tema O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Tenho acompanhado atentamente a troca de impressões entre os colegas que mais de perto conviveram ou comandaram tropas nativas da Guiné e que por isso mais sentiram os fuzilamentos perpetrados. Admiro os sentimentos expressos.
Queria dar a minha opinião, talvez coincidente com outros camaradas de blogue, sobre os acontecimentos pós-independência. Assim sou a expor:
(i) Foi mais fácil perdoar a Alpoim Galvão e outras personalidades portuguesas congéneres do que aos próprios guineenses. Porquê? Em causa esteve a cor da pele e a rivalidade existente entre etnias. Uma coisa foi ter-se combatido contra um inimigo branco considerado estrangeiro, ocupante e opressor. O abandono da luta e regresso ao país de origem, como foi o nosso caso, foi considerado para os guineenses uma vitória e isso bastou. Outra coisa foi combater contra um irmão da mesma cor, natural do mesmo chão e falando a mesma língua - pondo de parte o português que só oficialmente é língua da Guiné - que no pós guerra continuou a ocupar o mesmo espaço – no caso a Guiné-Bissau. O desejo de vingança foi naturalmente mais forte e o inimigo continuava ali mesmo à mão. Não esqueçamos também as rivalidades ancestrais entre as diversas etnias. Olhai, a propósito, para o triste exemplo de Timor, hoje [24 de Maio de 2006] mesmo notícia nos telejornais.
(ii) Os Comandos africanos seriam os principais alvos, porque eles foram os mais sanguinários. Mataram a torto e a direito os seus verdadeiros compatriotas, indistintamente mulheres e crianças, civis ou militares. Não se pode desmentir ou branquear esta verdade. Lembro-me de uma operação helitransportada feita a partir de Mansabá, era Comandante o então Major Almeida Bruno. Aquilo demorou dois ou três dias e, na volta, um dos militares, que trazia pendurada a tiracolo uma lata, dizia cheio de orgulho e apontando para ela: Manga de orelhas, manga de orelhas. Nunca percebi se aquilo eram troféus de caça ou se se destinava a fazer algum petisco.
(iii) Pergunto: Aqueles que combateram pelo nosso lado, fizeram-no por convicção política e/ou patriótica ou, pelo dinheiro e condições de vida que a luta lhes proporcionava a eles e às respectivas famílias? Estariam eles convencidos que a guerra era interminável e por isso nunca se preocuparam com o seu futuro?
(iv) Foi notória a dificuldade que o país teve para receber e integrar todos os retornados e refugiados -filhos de colonos lá nascidos - vindos das ex-colónias. Como se integrariam cá os ex-combatentes que só sabiam de guerra, porque nunca tinham feito outra coisa na vida?
(v) Finalmente, com a devida vénia, faço minhas as palavras do nosso colega João Tunes no Post 777 (2) do nosso Blogue.
Carlos Vinhal
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Nota de L.G.
(1) Vd. post de 25 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCV: O colaboracionismo sempre teve uma paga (1) (A. Marques Lopes)
(2) Vd. pots de 24 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXVII: Fazer a catarse antes de vestir a toga de juiz (João Tunes)
Ainda sobre o tema O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Tenho acompanhado atentamente a troca de impressões entre os colegas que mais de perto conviveram ou comandaram tropas nativas da Guiné e que por isso mais sentiram os fuzilamentos perpetrados. Admiro os sentimentos expressos.
Queria dar a minha opinião, talvez coincidente com outros camaradas de blogue, sobre os acontecimentos pós-independência. Assim sou a expor:
(i) Foi mais fácil perdoar a Alpoim Galvão e outras personalidades portuguesas congéneres do que aos próprios guineenses. Porquê? Em causa esteve a cor da pele e a rivalidade existente entre etnias. Uma coisa foi ter-se combatido contra um inimigo branco considerado estrangeiro, ocupante e opressor. O abandono da luta e regresso ao país de origem, como foi o nosso caso, foi considerado para os guineenses uma vitória e isso bastou. Outra coisa foi combater contra um irmão da mesma cor, natural do mesmo chão e falando a mesma língua - pondo de parte o português que só oficialmente é língua da Guiné - que no pós guerra continuou a ocupar o mesmo espaço – no caso a Guiné-Bissau. O desejo de vingança foi naturalmente mais forte e o inimigo continuava ali mesmo à mão. Não esqueçamos também as rivalidades ancestrais entre as diversas etnias. Olhai, a propósito, para o triste exemplo de Timor, hoje [24 de Maio de 2006] mesmo notícia nos telejornais.
(ii) Os Comandos africanos seriam os principais alvos, porque eles foram os mais sanguinários. Mataram a torto e a direito os seus verdadeiros compatriotas, indistintamente mulheres e crianças, civis ou militares. Não se pode desmentir ou branquear esta verdade. Lembro-me de uma operação helitransportada feita a partir de Mansabá, era Comandante o então Major Almeida Bruno. Aquilo demorou dois ou três dias e, na volta, um dos militares, que trazia pendurada a tiracolo uma lata, dizia cheio de orgulho e apontando para ela: Manga de orelhas, manga de orelhas. Nunca percebi se aquilo eram troféus de caça ou se se destinava a fazer algum petisco.
(iii) Pergunto: Aqueles que combateram pelo nosso lado, fizeram-no por convicção política e/ou patriótica ou, pelo dinheiro e condições de vida que a luta lhes proporcionava a eles e às respectivas famílias? Estariam eles convencidos que a guerra era interminável e por isso nunca se preocuparam com o seu futuro?
(iv) Foi notória a dificuldade que o país teve para receber e integrar todos os retornados e refugiados -filhos de colonos lá nascidos - vindos das ex-colónias. Como se integrariam cá os ex-combatentes que só sabiam de guerra, porque nunca tinham feito outra coisa na vida?
(v) Finalmente, com a devida vénia, faço minhas as palavras do nosso colega João Tunes no Post 777 (2) do nosso Blogue.
Carlos Vinhal
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Nota de L.G.
(1) Vd. post de 25 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCV: O colaboracionismo sempre teve uma paga (1) (A. Marques Lopes)
(2) Vd. pots de 24 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXVII: Fazer a catarse antes de vestir a toga de juiz (João Tunes)
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Guiné 63/74 - DCCXCIX: O colaboracionismo sempre teve uma paga (4) (Pepito)
Post nº 799 (DCCXCIX).
Caro Paulo:
Uma muito breve resposta:
1. Dificilmente compreenderei que não se queira matar uma pessoa, bombardeando a sua casa. O Mar Verde fez isso e só a posteriori é que souberam que Cabral não estava lá.
2. Aceito sem nenhuma dificuldade que, mais tarde, o Spinola tenha alterado a estratégia e preferido ter Cabral vivo como troféu de guerra, do que morto e sem serventia para ele. Daí que aceite sem reservas a sua afirmação quando tomou conhecimento do assassinato de Cabral: "Lá me mataram o homem".
3. Acredito que o plano era o de prenderem Cabral, aliás como fizeram ao Aristides Pereira, e trazê-los para Bissau. Para um chefe militar seria uma vitória rotunda. Só que os executantes ou porque apavorados (explicação para a qual mais me inclino) ou porque mandatados, não aguentaram a pressão do momento e mataram-no.
4. O tiro saiu pela culatra. Os aliados de dentro do PAIGC ficaram, uns sem margem de manobra, outros foram passados pelas armas. Nessa ocasião foram feitos muitos ajustes de contas dos quais ainda hoje estamos a pagar a factura e que leva grande parte dos combatentes a não ousar tirar cá para fora os segredos de então. Mas isto é outra conversa, para outra altura. O resultado do assassinato fez a luta endurecer e acelerar o 25 de Abril.
5. Com sinceridade, no caso vertente, não procuro saber de que lado está a razão (o acesso à independência é hoje um direito reconhecido por todos, independentemente do que se fez, ou não, com ela). Gostaria de continuar a conhecer toda a história e tenho uma pena enorme de ver partir compatriotas meus com tantas estórias para contar que nos ajudariam a perceber melhor o que hoje se passa.
abraços
pepito
Caro Paulo:
Uma muito breve resposta:
1. Dificilmente compreenderei que não se queira matar uma pessoa, bombardeando a sua casa. O Mar Verde fez isso e só a posteriori é que souberam que Cabral não estava lá.
2. Aceito sem nenhuma dificuldade que, mais tarde, o Spinola tenha alterado a estratégia e preferido ter Cabral vivo como troféu de guerra, do que morto e sem serventia para ele. Daí que aceite sem reservas a sua afirmação quando tomou conhecimento do assassinato de Cabral: "Lá me mataram o homem".
3. Acredito que o plano era o de prenderem Cabral, aliás como fizeram ao Aristides Pereira, e trazê-los para Bissau. Para um chefe militar seria uma vitória rotunda. Só que os executantes ou porque apavorados (explicação para a qual mais me inclino) ou porque mandatados, não aguentaram a pressão do momento e mataram-no.
4. O tiro saiu pela culatra. Os aliados de dentro do PAIGC ficaram, uns sem margem de manobra, outros foram passados pelas armas. Nessa ocasião foram feitos muitos ajustes de contas dos quais ainda hoje estamos a pagar a factura e que leva grande parte dos combatentes a não ousar tirar cá para fora os segredos de então. Mas isto é outra conversa, para outra altura. O resultado do assassinato fez a luta endurecer e acelerar o 25 de Abril.
5. Com sinceridade, no caso vertente, não procuro saber de que lado está a razão (o acesso à independência é hoje um direito reconhecido por todos, independentemente do que se fez, ou não, com ela). Gostaria de continuar a conhecer toda a história e tenho uma pena enorme de ver partir compatriotas meus com tantas estórias para contar que nos ajudariam a perceber melhor o que hoje se passa.
abraços
pepito
Guiné 63/74 - DCCXCIX: O colaboracionismo sempre teve uma paga (4) (Pepito)
Post nº 799 (DCCXCIX).
Caro Paulo:
Uma muito breve resposta:
1. Dificilmente compreenderei que não se queira matar uma pessoa, bombardeando a sua casa. O Mar Verde fez isso e só a posteriori é que souberam que Cabral não estava lá.
2. Aceito sem nenhuma dificuldade que, mais tarde, o Spinola tenha alterado a estratégia e preferido ter Cabral vivo como troféu de guerra, do que morto e sem serventia para ele. Daí que aceite sem reservas a sua afirmação quando tomou conhecimento do assassinato de Cabral: "Lá me mataram o homem".
3. Acredito que o plano era o de prenderem Cabral, aliás como fizeram ao Aristides Pereira, e trazê-los para Bissau. Para um chefe militar seria uma vitória rotunda. Só que os executantes ou porque apavorados (explicação para a qual mais me inclino) ou porque mandatados, não aguentaram a pressão do momento e mataram-no.
4. O tiro saiu pela culatra. Os aliados de dentro do PAIGC ficaram, uns sem margem de manobra, outros foram passados pelas armas. Nessa ocasião foram feitos muitos ajustes de contas dos quais ainda hoje estamos a pagar a factura e que leva grande parte dos combatentes a não ousar tirar cá para fora os segredos de então. Mas isto é outra conversa, para outra altura. O resultado do assassinato fez a luta endurecer e acelerar o 25 de Abril.
5. Com sinceridade, no caso vertente, não procuro saber de que lado está a razão (o acesso à independência é hoje um direito reconhecido por todos, independentemente do que se fez, ou não, com ela). Gostaria de continuar a conhecer toda a história e tenho uma pena enorme de ver partir compatriotas meus com tantas estórias para contar que nos ajudariam a perceber melhor o que hoje se passa.
abraços
pepito
Caro Paulo:
Uma muito breve resposta:
1. Dificilmente compreenderei que não se queira matar uma pessoa, bombardeando a sua casa. O Mar Verde fez isso e só a posteriori é que souberam que Cabral não estava lá.
2. Aceito sem nenhuma dificuldade que, mais tarde, o Spinola tenha alterado a estratégia e preferido ter Cabral vivo como troféu de guerra, do que morto e sem serventia para ele. Daí que aceite sem reservas a sua afirmação quando tomou conhecimento do assassinato de Cabral: "Lá me mataram o homem".
3. Acredito que o plano era o de prenderem Cabral, aliás como fizeram ao Aristides Pereira, e trazê-los para Bissau. Para um chefe militar seria uma vitória rotunda. Só que os executantes ou porque apavorados (explicação para a qual mais me inclino) ou porque mandatados, não aguentaram a pressão do momento e mataram-no.
4. O tiro saiu pela culatra. Os aliados de dentro do PAIGC ficaram, uns sem margem de manobra, outros foram passados pelas armas. Nessa ocasião foram feitos muitos ajustes de contas dos quais ainda hoje estamos a pagar a factura e que leva grande parte dos combatentes a não ousar tirar cá para fora os segredos de então. Mas isto é outra conversa, para outra altura. O resultado do assassinato fez a luta endurecer e acelerar o 25 de Abril.
5. Com sinceridade, no caso vertente, não procuro saber de que lado está a razão (o acesso à independência é hoje um direito reconhecido por todos, independentemente do que se fez, ou não, com ela). Gostaria de continuar a conhecer toda a história e tenho uma pena enorme de ver partir compatriotas meus com tantas estórias para contar que nos ajudariam a perceber melhor o que hoje se passa.
abraços
pepito
Guiné 63/74 - DCCXCVIII: O colaboracionismo sempre teve uma paga (3): Paulo Raposo
Post nº 798 (DCCXCVIII).
Caro Pepito:
Daquilo que eu sei, Spínola foi para a Guiné com a missão de entregar o governo do território a Amílcar Cabral e em consequência desviar o esforço de guerra da Guiné para Moçambique, e assim o nosso problema em África ficava resolvido.
A eliminação de Amílcar não nos interessava, bem antes pelo contrário. Com a assassinato dos três Majores que estavam em negociações com o PAIGC, é que veio a deitar por terra a ponte que se estava a estabelecer.
Com esta porta de saída fechada os militares do quadro na Guiné começam a revoltarem-se pois não havia solução da crise à vista. Revolta ou onda que se começou a crescer levou ao 25 de Abril.
A ida de Alpoim a Conacri foi numa de última tentativa de aí tentar um golpe de Estado, para colocar um governo que não nos fosse hostil. Tudo correu mal.
Vieram os nossos rapazes que ali estavam presos e destrui-se muito material de guerra, que trouxe um pouco de acalmia às nossas tropas, mas por pouco tempo.
Sobre esta matéria ainda há muita história para se escrever. Há muita matéria que nós não conhecemos. Mas a razão fica sempre do lado do vencedor.
Um abraço para todo o pessoal
Paulo Lage Raposo
Caro Pepito:
Daquilo que eu sei, Spínola foi para a Guiné com a missão de entregar o governo do território a Amílcar Cabral e em consequência desviar o esforço de guerra da Guiné para Moçambique, e assim o nosso problema em África ficava resolvido.
A eliminação de Amílcar não nos interessava, bem antes pelo contrário. Com a assassinato dos três Majores que estavam em negociações com o PAIGC, é que veio a deitar por terra a ponte que se estava a estabelecer.
Com esta porta de saída fechada os militares do quadro na Guiné começam a revoltarem-se pois não havia solução da crise à vista. Revolta ou onda que se começou a crescer levou ao 25 de Abril.
A ida de Alpoim a Conacri foi numa de última tentativa de aí tentar um golpe de Estado, para colocar um governo que não nos fosse hostil. Tudo correu mal.
Vieram os nossos rapazes que ali estavam presos e destrui-se muito material de guerra, que trouxe um pouco de acalmia às nossas tropas, mas por pouco tempo.
Sobre esta matéria ainda há muita história para se escrever. Há muita matéria que nós não conhecemos. Mas a razão fica sempre do lado do vencedor.
Um abraço para todo o pessoal
Paulo Lage Raposo
Guiné 63/74 - DCCXCVIII: O colaboracionismo sempre teve uma paga (3): Paulo Raposo
Post nº 798 (DCCXCVIII).
Caro Pepito:
Daquilo que eu sei, Spínola foi para a Guiné com a missão de entregar o governo do território a Amílcar Cabral e em consequência desviar o esforço de guerra da Guiné para Moçambique, e assim o nosso problema em África ficava resolvido.
A eliminação de Amílcar não nos interessava, bem antes pelo contrário. Com a assassinato dos três Majores que estavam em negociações com o PAIGC, é que veio a deitar por terra a ponte que se estava a estabelecer.
Com esta porta de saída fechada os militares do quadro na Guiné começam a revoltarem-se pois não havia solução da crise à vista. Revolta ou onda que se começou a crescer levou ao 25 de Abril.
A ida de Alpoim a Conacri foi numa de última tentativa de aí tentar um golpe de Estado, para colocar um governo que não nos fosse hostil. Tudo correu mal.
Vieram os nossos rapazes que ali estavam presos e destrui-se muito material de guerra, que trouxe um pouco de acalmia às nossas tropas, mas por pouco tempo.
Sobre esta matéria ainda há muita história para se escrever. Há muita matéria que nós não conhecemos. Mas a razão fica sempre do lado do vencedor.
Um abraço para todo o pessoal
Paulo Lage Raposo
Caro Pepito:
Daquilo que eu sei, Spínola foi para a Guiné com a missão de entregar o governo do território a Amílcar Cabral e em consequência desviar o esforço de guerra da Guiné para Moçambique, e assim o nosso problema em África ficava resolvido.
A eliminação de Amílcar não nos interessava, bem antes pelo contrário. Com a assassinato dos três Majores que estavam em negociações com o PAIGC, é que veio a deitar por terra a ponte que se estava a estabelecer.
Com esta porta de saída fechada os militares do quadro na Guiné começam a revoltarem-se pois não havia solução da crise à vista. Revolta ou onda que se começou a crescer levou ao 25 de Abril.
A ida de Alpoim a Conacri foi numa de última tentativa de aí tentar um golpe de Estado, para colocar um governo que não nos fosse hostil. Tudo correu mal.
Vieram os nossos rapazes que ali estavam presos e destrui-se muito material de guerra, que trouxe um pouco de acalmia às nossas tropas, mas por pouco tempo.
Sobre esta matéria ainda há muita história para se escrever. Há muita matéria que nós não conhecemos. Mas a razão fica sempre do lado do vencedor.
Um abraço para todo o pessoal
Paulo Lage Raposo
Guiné 63/74 - DCCXCVII: O Sadiu Camará de Saré Tuto, aliás, tabanca Lisboa (Zé Teixeira)
Post nº 797 (DCCXCVII).
Caro Marques Lopes:
Se me permites, uma pequena correção.
Tive o prazer de encontrar o Sadiu Camará (1) em Abril de 2005 em Sare Tuto, a cinco Km. de Buba, mais conhecida por Tabanca Lisboa, desde que ele praticamente assumiu a gestão desta tabanca.
Ou seja, Tabanca Sare Tuto e tabanca Lisboa são a mesma coisa. Da existência de Sare Tuto sabia eu, do tempo em que passei em Buba, embora pensasse que ficava muito mais longe. Afinal fica a cinco Km por picada.
Esta tabanca fica na picada de Buba para Fulacunda, à data considerada zona vermelha, pelo que a tropa não ia para essas bandas. Era de lá que vinham atacar Buba, as colunas para Aldeia Formosa e a tropa que protegia o pelotão de engenharia que construiu a estrada de Buba para Aldeia.
Foi um homem com sorte, o Sadiu Camará. Fala português correctamente e teve de facto a sorte ou a manha de apoiar os habitantes de Sare Tuto, afectos ao PAIGC, na fase em que a desordem era muita e concerteza a população de Sare Tuto ficou desamparada, pois os guerrilheiros naturalmente abandonaram a Tabanca para se juntar às forças vitoriosas nos quartéis abandonados pelos portugueses.
Foi em Sare Tuto/Lisboa que tive o meu encontro pacifico com antigos guerrilheiros, que só falam crioulo ou francês. Momento fantástico para mim e para eles.
Creio que o Sadiu ainda vive em Sare Tuto, que ficará perto de Saltinho, pelo mato. O Fernando, gerente do clube de caça do Saltinho, contrata-o ou contratava-o como pisteiro no período de caça.
Um abraço
Zé Teixeira
_______
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 18 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXI: Do Porto a Bissau (18): Sadiu Camará, um sobrevivente (A. Marques Lopes)
Caro Marques Lopes:
Se me permites, uma pequena correção.
Tive o prazer de encontrar o Sadiu Camará (1) em Abril de 2005 em Sare Tuto, a cinco Km. de Buba, mais conhecida por Tabanca Lisboa, desde que ele praticamente assumiu a gestão desta tabanca.
Ou seja, Tabanca Sare Tuto e tabanca Lisboa são a mesma coisa. Da existência de Sare Tuto sabia eu, do tempo em que passei em Buba, embora pensasse que ficava muito mais longe. Afinal fica a cinco Km por picada.
Esta tabanca fica na picada de Buba para Fulacunda, à data considerada zona vermelha, pelo que a tropa não ia para essas bandas. Era de lá que vinham atacar Buba, as colunas para Aldeia Formosa e a tropa que protegia o pelotão de engenharia que construiu a estrada de Buba para Aldeia.
Foi um homem com sorte, o Sadiu Camará. Fala português correctamente e teve de facto a sorte ou a manha de apoiar os habitantes de Sare Tuto, afectos ao PAIGC, na fase em que a desordem era muita e concerteza a população de Sare Tuto ficou desamparada, pois os guerrilheiros naturalmente abandonaram a Tabanca para se juntar às forças vitoriosas nos quartéis abandonados pelos portugueses.
Foi em Sare Tuto/Lisboa que tive o meu encontro pacifico com antigos guerrilheiros, que só falam crioulo ou francês. Momento fantástico para mim e para eles.
Creio que o Sadiu ainda vive em Sare Tuto, que ficará perto de Saltinho, pelo mato. O Fernando, gerente do clube de caça do Saltinho, contrata-o ou contratava-o como pisteiro no período de caça.
Um abraço
Zé Teixeira
_______
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 18 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXI: Do Porto a Bissau (18): Sadiu Camará, um sobrevivente (A. Marques Lopes)
Guiné 63/74 - DCCXCVII: O Sadiu Camará de Saré Tuto, aliás, tabanca Lisboa (Zé Teixeira)
Post nº 797 (DCCXCVII).
Caro Marques Lopes:
Se me permites, uma pequena correção.
Tive o prazer de encontrar o Sadiu Camará (1) em Abril de 2005 em Sare Tuto, a cinco Km. de Buba, mais conhecida por Tabanca Lisboa, desde que ele praticamente assumiu a gestão desta tabanca.
Ou seja, Tabanca Sare Tuto e tabanca Lisboa são a mesma coisa. Da existência de Sare Tuto sabia eu, do tempo em que passei em Buba, embora pensasse que ficava muito mais longe. Afinal fica a cinco Km por picada.
Esta tabanca fica na picada de Buba para Fulacunda, à data considerada zona vermelha, pelo que a tropa não ia para essas bandas. Era de lá que vinham atacar Buba, as colunas para Aldeia Formosa e a tropa que protegia o pelotão de engenharia que construiu a estrada de Buba para Aldeia.
Foi um homem com sorte, o Sadiu Camará. Fala português correctamente e teve de facto a sorte ou a manha de apoiar os habitantes de Sare Tuto, afectos ao PAIGC, na fase em que a desordem era muita e concerteza a população de Sare Tuto ficou desamparada, pois os guerrilheiros naturalmente abandonaram a Tabanca para se juntar às forças vitoriosas nos quartéis abandonados pelos portugueses.
Foi em Sare Tuto/Lisboa que tive o meu encontro pacifico com antigos guerrilheiros, que só falam crioulo ou francês. Momento fantástico para mim e para eles.
Creio que o Sadiu ainda vive em Sare Tuto, que ficará perto de Saltinho, pelo mato. O Fernando, gerente do clube de caça do Saltinho, contrata-o ou contratava-o como pisteiro no período de caça.
Um abraço
Zé Teixeira
_______
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 18 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXI: Do Porto a Bissau (18): Sadiu Camará, um sobrevivente (A. Marques Lopes)
Caro Marques Lopes:
Se me permites, uma pequena correção.
Tive o prazer de encontrar o Sadiu Camará (1) em Abril de 2005 em Sare Tuto, a cinco Km. de Buba, mais conhecida por Tabanca Lisboa, desde que ele praticamente assumiu a gestão desta tabanca.
Ou seja, Tabanca Sare Tuto e tabanca Lisboa são a mesma coisa. Da existência de Sare Tuto sabia eu, do tempo em que passei em Buba, embora pensasse que ficava muito mais longe. Afinal fica a cinco Km por picada.
Esta tabanca fica na picada de Buba para Fulacunda, à data considerada zona vermelha, pelo que a tropa não ia para essas bandas. Era de lá que vinham atacar Buba, as colunas para Aldeia Formosa e a tropa que protegia o pelotão de engenharia que construiu a estrada de Buba para Aldeia.
Foi um homem com sorte, o Sadiu Camará. Fala português correctamente e teve de facto a sorte ou a manha de apoiar os habitantes de Sare Tuto, afectos ao PAIGC, na fase em que a desordem era muita e concerteza a população de Sare Tuto ficou desamparada, pois os guerrilheiros naturalmente abandonaram a Tabanca para se juntar às forças vitoriosas nos quartéis abandonados pelos portugueses.
Foi em Sare Tuto/Lisboa que tive o meu encontro pacifico com antigos guerrilheiros, que só falam crioulo ou francês. Momento fantástico para mim e para eles.
Creio que o Sadiu ainda vive em Sare Tuto, que ficará perto de Saltinho, pelo mato. O Fernando, gerente do clube de caça do Saltinho, contrata-o ou contratava-o como pisteiro no período de caça.
Um abraço
Zé Teixeira
_______
Nota de L.G.
(1) Vd. post de 18 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXI: Do Porto a Bissau (18): Sadiu Camará, um sobrevivente (A. Marques Lopes)
Guiné 63/74 - DCCXCVI: Estórias do Zé Teixeira (8): Do tan-tan ao pum-pum, um casamento em Mampatá
Post nº 796 (DCCXCVI). Texto do Zé Teixeira, ex- 1º cabo enfermeiro, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70.
Luís
Saúde, paz e felicidade para todos os camaradas bloguistas
Ao reler uma carta que enviei à minha namorada em 1 de Setembro de 1968, não resisti a dar-te mais um pouco de trabalho, se assim o entenderes.
O humor e a boa disposição também imperava, mesmo nos momentos, ou após os momentos difíceis que por lá passamos, senão repara:
"Ontem, houve (aqui em Mampatá ) um casamento. Durante todo o dia se cantou e dançou ao som do tan tan característico do batuque. Que grande Festa !
"Toda a gente entrou na dança. Até eu que sou pé de chumbo, como tu dizes.
"Às 20.20h virou o disco e o tan tan, foi substituido pelo pum, pum das granadas turras. É lógico e compreensível que também quizessem participar nos festejos. O soldado da milícia que casou merecia festa.
"Desta vez, com seis canhões sem recuo e um morteiro 81, enviaram-nos 112 canhoadas que, como de costume, até parece mentira, caíram todas fora do arame farpadp que cerca a tabanca.
Após cerca de dez minutos, o fogo cessou e pouco depois recomeçõu o batuque, porque a festa ainda não tinha terminado.
"Um furriel que fazia anos, tinha trazido alguns convidados de Aldeia Formosa para jantar. Estavam a saborear um bom uísque quando começou o fado da canhoada, o que provocou uma confusão bestial. Descontentes com esta brusca interrupção da jantarada, os nossos homens resolveram vingar-se e mal acabou o ataque foram à procura dos tocadores e das guitarras. Parece que os artistas não gostaram da partida e da assistência que, em vez de palmas lhe enviaram outro tipo de música de acompanhamento, do Obuz que partiu de Aldeia Formosa e do nosso 81.
"Puseram-se no cabanço rapidamente, ao ponto de minutos depois a nossa gente, só encontrar o sítio ainda quente, dezoito granadas de morteiro e os 112 invólucros de granadas de canhão.
Até sabem bem, uma festa destas para quebar a monotonia e ajudar o tempo a passar."
Um abraço e bom fim de semana
© José Teixeira (2006)
Luís
Saúde, paz e felicidade para todos os camaradas bloguistas
Ao reler uma carta que enviei à minha namorada em 1 de Setembro de 1968, não resisti a dar-te mais um pouco de trabalho, se assim o entenderes.
O humor e a boa disposição também imperava, mesmo nos momentos, ou após os momentos difíceis que por lá passamos, senão repara:
"Ontem, houve (aqui em Mampatá ) um casamento. Durante todo o dia se cantou e dançou ao som do tan tan característico do batuque. Que grande Festa !
"Toda a gente entrou na dança. Até eu que sou pé de chumbo, como tu dizes.
"Às 20.20h virou o disco e o tan tan, foi substituido pelo pum, pum das granadas turras. É lógico e compreensível que também quizessem participar nos festejos. O soldado da milícia que casou merecia festa.
"Desta vez, com seis canhões sem recuo e um morteiro 81, enviaram-nos 112 canhoadas que, como de costume, até parece mentira, caíram todas fora do arame farpadp que cerca a tabanca.
Após cerca de dez minutos, o fogo cessou e pouco depois recomeçõu o batuque, porque a festa ainda não tinha terminado.
"Um furriel que fazia anos, tinha trazido alguns convidados de Aldeia Formosa para jantar. Estavam a saborear um bom uísque quando começou o fado da canhoada, o que provocou uma confusão bestial. Descontentes com esta brusca interrupção da jantarada, os nossos homens resolveram vingar-se e mal acabou o ataque foram à procura dos tocadores e das guitarras. Parece que os artistas não gostaram da partida e da assistência que, em vez de palmas lhe enviaram outro tipo de música de acompanhamento, do Obuz que partiu de Aldeia Formosa e do nosso 81.
"Puseram-se no cabanço rapidamente, ao ponto de minutos depois a nossa gente, só encontrar o sítio ainda quente, dezoito granadas de morteiro e os 112 invólucros de granadas de canhão.
Até sabem bem, uma festa destas para quebar a monotonia e ajudar o tempo a passar."
Um abraço e bom fim de semana
© José Teixeira (2006)
Guiné 63/74 - DCCXCVI: Estórias do Zé Teixeira (8): Do tan-tan ao pum-pum, um casamento em Mampatá
Post nº 796 (DCCXCVI). Texto do Zé Teixeira, ex- 1º cabo enfermeiro, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70.
Luís
Saúde, paz e felicidade para todos os camaradas bloguistas
Ao reler uma carta que enviei à minha namorada em 1 de Setembro de 1968, não resisti a dar-te mais um pouco de trabalho, se assim o entenderes.
O humor e a boa disposição também imperava, mesmo nos momentos, ou após os momentos difíceis que por lá passamos, senão repara:
"Ontem, houve (aqui em Mampatá ) um casamento. Durante todo o dia se cantou e dançou ao som do tan tan característico do batuque. Que grande Festa !
"Toda a gente entrou na dança. Até eu que sou pé de chumbo, como tu dizes.
"Às 20.20h virou o disco e o tan tan, foi substituido pelo pum, pum das granadas turras. É lógico e compreensível que também quizessem participar nos festejos. O soldado da milícia que casou merecia festa.
"Desta vez, com seis canhões sem recuo e um morteiro 81, enviaram-nos 112 canhoadas que, como de costume, até parece mentira, caíram todas fora do arame farpadp que cerca a tabanca.
Após cerca de dez minutos, o fogo cessou e pouco depois recomeçõu o batuque, porque a festa ainda não tinha terminado.
"Um furriel que fazia anos, tinha trazido alguns convidados de Aldeia Formosa para jantar. Estavam a saborear um bom uísque quando começou o fado da canhoada, o que provocou uma confusão bestial. Descontentes com esta brusca interrupção da jantarada, os nossos homens resolveram vingar-se e mal acabou o ataque foram à procura dos tocadores e das guitarras. Parece que os artistas não gostaram da partida e da assistência que, em vez de palmas lhe enviaram outro tipo de música de acompanhamento, do Obuz que partiu de Aldeia Formosa e do nosso 81.
"Puseram-se no cabanço rapidamente, ao ponto de minutos depois a nossa gente, só encontrar o sítio ainda quente, dezoito granadas de morteiro e os 112 invólucros de granadas de canhão.
Até sabem bem, uma festa destas para quebar a monotonia e ajudar o tempo a passar."
Um abraço e bom fim de semana
© José Teixeira (2006)
Luís
Saúde, paz e felicidade para todos os camaradas bloguistas
Ao reler uma carta que enviei à minha namorada em 1 de Setembro de 1968, não resisti a dar-te mais um pouco de trabalho, se assim o entenderes.
O humor e a boa disposição também imperava, mesmo nos momentos, ou após os momentos difíceis que por lá passamos, senão repara:
"Ontem, houve (aqui em Mampatá ) um casamento. Durante todo o dia se cantou e dançou ao som do tan tan característico do batuque. Que grande Festa !
"Toda a gente entrou na dança. Até eu que sou pé de chumbo, como tu dizes.
"Às 20.20h virou o disco e o tan tan, foi substituido pelo pum, pum das granadas turras. É lógico e compreensível que também quizessem participar nos festejos. O soldado da milícia que casou merecia festa.
"Desta vez, com seis canhões sem recuo e um morteiro 81, enviaram-nos 112 canhoadas que, como de costume, até parece mentira, caíram todas fora do arame farpadp que cerca a tabanca.
Após cerca de dez minutos, o fogo cessou e pouco depois recomeçõu o batuque, porque a festa ainda não tinha terminado.
"Um furriel que fazia anos, tinha trazido alguns convidados de Aldeia Formosa para jantar. Estavam a saborear um bom uísque quando começou o fado da canhoada, o que provocou uma confusão bestial. Descontentes com esta brusca interrupção da jantarada, os nossos homens resolveram vingar-se e mal acabou o ataque foram à procura dos tocadores e das guitarras. Parece que os artistas não gostaram da partida e da assistência que, em vez de palmas lhe enviaram outro tipo de música de acompanhamento, do Obuz que partiu de Aldeia Formosa e do nosso 81.
"Puseram-se no cabanço rapidamente, ao ponto de minutos depois a nossa gente, só encontrar o sítio ainda quente, dezoito granadas de morteiro e os 112 invólucros de granadas de canhão.
Até sabem bem, uma festa destas para quebar a monotonia e ajudar o tempo a passar."
Um abraço e bom fim de semana
© José Teixeira (2006)
25 maio 2006
Guiné 63/74 - DCCXCV: O colaboracionismo sempre teve uma paga (1) (A. Marques Lopes)
Post nº 795 (DCCXCV)
Guiné >Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Um prisioneiro do PAIGC.
Foto: © A. Marques Lopes (2005)
Texto de A. Marques Lopes, coronel DFA, na reforma, ex-alferes miliciano na Guiné (1967/68) (CART 1690, Geba, 1967/68; e CCAÇ 3, Barro, 1968)...
O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Caros camaradas e amigos:
Tenho lido tudo o que têm escrito sobre os fuzilamentos e outras mortes dos comandos africanos e outros guineenses que estiveram a combater do lado da tropa portuguesa durante a luta de libertação na Guiné. Já escrevi, em tempos, sobre isso para o blogue. Porque o tema está aceso, vou ver se me lembro do que disse na altura e acrescentar mais algumas coisas.
Também sei de alguns dos meus jagudis que foram mortos após a independência, e de outros que tiveram de fugir para o Senegal. Falei-vos já, no blogue, do Braima Seidi, o meu guia em Barro, conhecedor dos trilhos e das zonas do tarrafe por onde os guerrilheiros passavam, tendo resultado da sua colaboração muitas e pesadas baixas para o outro lado.
Contei-vos que, em 1998, quando perguntei ao Cacuto Seidi por ele, este chefe da tabanca de Barro me disse, um pouco atrapalhado:
- Mataram ele depois da independência...
Também vos falei da filosofia de vida dos meus soldados da CCAÇ 3, da sua atitude perante os feridos que o PAIGC deixava no terreno, e que era:
- Deixa estar, alfero, vem jagudi e come...
O Braima Seidi, caçador conhecedor da zona, recebia 2.000 escudos por mês por essa sua colaboração, vivia bem na tabanca, com quatro mulheres. Um cabo daquela companhia recebia 1.400 escudos mensalmente (não me lembro quanto recebiam os soldados) (2), com comida, bebidas sempre à disposição, e assistência médica em Bigene, quando necessário. Apesar de também andarem na guerra, uma vida muito diferente do pessoal da guerrilha que vivia no mato.
No final da segunda grande guerra, a resistência francesa matou muitos colaboracionistas, a italiana assim fez, no Vietname, após a vitória, fizeram o mesmo, os franquistas fuzilaram muitos republicanos...
- Vae victis! Ai dos vencidos! - já os romanos diziam.
Não estou a fazer a apologia desses procedimentos, estou a dizer que eles sempre fizeram parte da história dos vencedores. Claro que também houve os Nurembergas em que os vencedores, muitos também com culpas no cartório, fizeram o julgamento daqueles que venceram. Mas foi diferente, evidentemente.
Tenho pena e gostava que as coisas não se tivessem passado assim na Guiné, porque, como vós, vivi e convivi com aqueles guineenses que lutaram ao meu lado. Não sei dos meandros das conversações em Londres para formalizar a independência, espero que o Paulo Reis um dia me esclareça sobre isso. Mas parece-me que a solução desse problema, o futuro dos que estiveram do nosso lado, não teria sido tarefa fácil.
Num país saído de uma revolução, como foi nosso, em ebulição em 1974, perto da guerra civil em 1975, que poderia ter sido feito? Embarcar toda essa tropa guineense, habituada à guerra e a matar, misturá-los com os muitos milhares de retornados que cá estavam já, acasalá-los com os vários grupos políticos que se degladiavam, às vezes de forma violenta, encostá-los ao MDLP...? Tentar que fossem para outro país africano, tentar passar a batata quente? Mas qual dos países africanos, já com gente da mesma estirpe, os aceitaria?
Outra hipótese, que me disseram ter existido, seria negociar a integração deles nas Forças Armadas da nova Guiné-Bissau. Mas, há que admitir, isto também terá sido demasiado complicado conseguir. Com os ódios todos ao de cima (que é natural que houvesse entre guineenses que se combateram mutuamente, embora connosco isso não sucedesse), não os estou a ver em conjunto numa caserna, não estou a ver um capitão dos comandos africanos a comandar uma companhia de ex-guerrilheiros... Não estou a ver o Marcelino da Mata em convívio com o comandante Lúcio Soares.
Gostaria que tivesse havido uma solução. Mas não foi fácil, acredito. Não por cobardia, nem pusilanimismo, nem por abandono dos responsáveis portugueses da altura, governo, MFA ou Conselho da Revolução. Num país em agitação revolucionária, mesmo em polvorosa, com militares politicamente inexperientes, terá sido extremamente difícil manobrar de forma ardilosa e segura, havendo tantas coisas de difícil tratamento por cá.
Está visto que o problema teve que ficar nas mãos dos vencedores, donos da Guiné. Estes poderiam, se com uma mão firme e esclarecida a dirigi-los, ter optado pelo menos chocante e, na situação, aceitável até para nós: deixá-los estar, remetendo-os ao abandono. O tempo traria outra soluções (ou outros problemas, sabe-se lá...). Mas o caboverdeano Luís Cabral, como me disse o ex-paraquedista Camará, não conseguiu ter pulso e foi ultrapassado pelas iniciativas dos ex-comandantes das guerrilhas locais, pelas iniciativas das figuras históricas do PAIGC naturais da Guiné, como o Nino Vieira, o Gazela e o Chico Té. E foram estes que incentivaram à vingança dos vencedores... a outra paga. E, como se sabe, o próprio Luís Cabral teve de ir embora.
Mas cada um tem a sua visão pessoal desta questão, é claro. Acontece em tudo. Sobre o outro lado da moeda, isto é, as atrocidades cometidas pelos comandos africanos, pela PIDE e outros que tais, não vou acrescentar mais ao que o João Tunes e o Pepito já disseram. Estou completamente de acordo com eles.
Um abraço
A. Marques Lopes
__________
Notas de L.G.:
(1) Colaboracionismo: Actividade, comportamento, atitude ou interesse de colaboracionista, ou seja, de pessoa que colabora com ou apoia o inimigo que ocupa, total ou parcialmente, o território do seu país (Dicionário Houaiss da Lígua Portuguesa, 2002).
O termo fancês collaborationniste surgiu em 1940, na sequência da ocupação da França pelo exército alemão e a constituição do Governo de Vichy, presidido pelo Marechal Pétain (1851-1951), o herói de Verdun na I Guerra Mundial. Depois da libertação, Pétain foi condenado à morte por alta traição, sentença comutada em prisão perpétua. HGouve outrois governos colaboracionistas durante a II Guerra Mundial: Bélgica, Holanda, Noruega (com o famigerado Vidkun Quisling, abertamente favorável aos nazis), Croácia, Hungría bem como noutras partes da Europa de Leste...
(2) Vd. pst de 1 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXII: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (2)
"(...) E os nossos soldados africanos, que eram praças de 2ª ? Tenho ideia que ganhavam seiscentos pesos, mais outro tanto (25 pesos / dia) por serem desarranchados... Como eram islamizados, não podiam comer a comida do tuga, pelo que foram mais tarde autorizados a receber o subsídio de alimentação... Mandaram-me isso à cara, no Xime, quando morreu o Cunha e o restante pessoal da CART 2715... Os sacanas tiveram um momento de hesitação, antes de aceitarem ir comigo resgatar os corpos dos nossos camaradas mortos, à cabeça da coluna (vd post de 25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970):- Pessoal africano só ganha seiscentos pesos! - Que é como quem diz: vai lá tu, que os mortos são do vosso sangue, são do vosso chão, são da vossa terra, são tugas... Foi o único momento, em toda a minha comissão, em que vi os nossos soldados terem medo"...
Guiné >Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Um prisioneiro do PAIGC.
Foto: © A. Marques Lopes (2005)
Texto de A. Marques Lopes, coronel DFA, na reforma, ex-alferes miliciano na Guiné (1967/68) (CART 1690, Geba, 1967/68; e CCAÇ 3, Barro, 1968)...
O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Caros camaradas e amigos:
Tenho lido tudo o que têm escrito sobre os fuzilamentos e outras mortes dos comandos africanos e outros guineenses que estiveram a combater do lado da tropa portuguesa durante a luta de libertação na Guiné. Já escrevi, em tempos, sobre isso para o blogue. Porque o tema está aceso, vou ver se me lembro do que disse na altura e acrescentar mais algumas coisas.
Também sei de alguns dos meus jagudis que foram mortos após a independência, e de outros que tiveram de fugir para o Senegal. Falei-vos já, no blogue, do Braima Seidi, o meu guia em Barro, conhecedor dos trilhos e das zonas do tarrafe por onde os guerrilheiros passavam, tendo resultado da sua colaboração muitas e pesadas baixas para o outro lado.
Contei-vos que, em 1998, quando perguntei ao Cacuto Seidi por ele, este chefe da tabanca de Barro me disse, um pouco atrapalhado:
- Mataram ele depois da independência...
Também vos falei da filosofia de vida dos meus soldados da CCAÇ 3, da sua atitude perante os feridos que o PAIGC deixava no terreno, e que era:
- Deixa estar, alfero, vem jagudi e come...
O Braima Seidi, caçador conhecedor da zona, recebia 2.000 escudos por mês por essa sua colaboração, vivia bem na tabanca, com quatro mulheres. Um cabo daquela companhia recebia 1.400 escudos mensalmente (não me lembro quanto recebiam os soldados) (2), com comida, bebidas sempre à disposição, e assistência médica em Bigene, quando necessário. Apesar de também andarem na guerra, uma vida muito diferente do pessoal da guerrilha que vivia no mato.
No final da segunda grande guerra, a resistência francesa matou muitos colaboracionistas, a italiana assim fez, no Vietname, após a vitória, fizeram o mesmo, os franquistas fuzilaram muitos republicanos...
- Vae victis! Ai dos vencidos! - já os romanos diziam.
Não estou a fazer a apologia desses procedimentos, estou a dizer que eles sempre fizeram parte da história dos vencedores. Claro que também houve os Nurembergas em que os vencedores, muitos também com culpas no cartório, fizeram o julgamento daqueles que venceram. Mas foi diferente, evidentemente.
Tenho pena e gostava que as coisas não se tivessem passado assim na Guiné, porque, como vós, vivi e convivi com aqueles guineenses que lutaram ao meu lado. Não sei dos meandros das conversações em Londres para formalizar a independência, espero que o Paulo Reis um dia me esclareça sobre isso. Mas parece-me que a solução desse problema, o futuro dos que estiveram do nosso lado, não teria sido tarefa fácil.
Num país saído de uma revolução, como foi nosso, em ebulição em 1974, perto da guerra civil em 1975, que poderia ter sido feito? Embarcar toda essa tropa guineense, habituada à guerra e a matar, misturá-los com os muitos milhares de retornados que cá estavam já, acasalá-los com os vários grupos políticos que se degladiavam, às vezes de forma violenta, encostá-los ao MDLP...? Tentar que fossem para outro país africano, tentar passar a batata quente? Mas qual dos países africanos, já com gente da mesma estirpe, os aceitaria?
Outra hipótese, que me disseram ter existido, seria negociar a integração deles nas Forças Armadas da nova Guiné-Bissau. Mas, há que admitir, isto também terá sido demasiado complicado conseguir. Com os ódios todos ao de cima (que é natural que houvesse entre guineenses que se combateram mutuamente, embora connosco isso não sucedesse), não os estou a ver em conjunto numa caserna, não estou a ver um capitão dos comandos africanos a comandar uma companhia de ex-guerrilheiros... Não estou a ver o Marcelino da Mata em convívio com o comandante Lúcio Soares.
Gostaria que tivesse havido uma solução. Mas não foi fácil, acredito. Não por cobardia, nem pusilanimismo, nem por abandono dos responsáveis portugueses da altura, governo, MFA ou Conselho da Revolução. Num país em agitação revolucionária, mesmo em polvorosa, com militares politicamente inexperientes, terá sido extremamente difícil manobrar de forma ardilosa e segura, havendo tantas coisas de difícil tratamento por cá.
Está visto que o problema teve que ficar nas mãos dos vencedores, donos da Guiné. Estes poderiam, se com uma mão firme e esclarecida a dirigi-los, ter optado pelo menos chocante e, na situação, aceitável até para nós: deixá-los estar, remetendo-os ao abandono. O tempo traria outra soluções (ou outros problemas, sabe-se lá...). Mas o caboverdeano Luís Cabral, como me disse o ex-paraquedista Camará, não conseguiu ter pulso e foi ultrapassado pelas iniciativas dos ex-comandantes das guerrilhas locais, pelas iniciativas das figuras históricas do PAIGC naturais da Guiné, como o Nino Vieira, o Gazela e o Chico Té. E foram estes que incentivaram à vingança dos vencedores... a outra paga. E, como se sabe, o próprio Luís Cabral teve de ir embora.
Mas cada um tem a sua visão pessoal desta questão, é claro. Acontece em tudo. Sobre o outro lado da moeda, isto é, as atrocidades cometidas pelos comandos africanos, pela PIDE e outros que tais, não vou acrescentar mais ao que o João Tunes e o Pepito já disseram. Estou completamente de acordo com eles.
Um abraço
A. Marques Lopes
__________
Notas de L.G.:
(1) Colaboracionismo: Actividade, comportamento, atitude ou interesse de colaboracionista, ou seja, de pessoa que colabora com ou apoia o inimigo que ocupa, total ou parcialmente, o território do seu país (Dicionário Houaiss da Lígua Portuguesa, 2002).
O termo fancês collaborationniste surgiu em 1940, na sequência da ocupação da França pelo exército alemão e a constituição do Governo de Vichy, presidido pelo Marechal Pétain (1851-1951), o herói de Verdun na I Guerra Mundial. Depois da libertação, Pétain foi condenado à morte por alta traição, sentença comutada em prisão perpétua. HGouve outrois governos colaboracionistas durante a II Guerra Mundial: Bélgica, Holanda, Noruega (com o famigerado Vidkun Quisling, abertamente favorável aos nazis), Croácia, Hungría bem como noutras partes da Europa de Leste...
(2) Vd. pst de 1 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXII: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (2)
"(...) E os nossos soldados africanos, que eram praças de 2ª ? Tenho ideia que ganhavam seiscentos pesos, mais outro tanto (25 pesos / dia) por serem desarranchados... Como eram islamizados, não podiam comer a comida do tuga, pelo que foram mais tarde autorizados a receber o subsídio de alimentação... Mandaram-me isso à cara, no Xime, quando morreu o Cunha e o restante pessoal da CART 2715... Os sacanas tiveram um momento de hesitação, antes de aceitarem ir comigo resgatar os corpos dos nossos camaradas mortos, à cabeça da coluna (vd post de 25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970):- Pessoal africano só ganha seiscentos pesos! - Que é como quem diz: vai lá tu, que os mortos são do vosso sangue, são do vosso chão, são da vossa terra, são tugas... Foi o único momento, em toda a minha comissão, em que vi os nossos soldados terem medo"...
Guiné 63/74 - DCCXCV: O colaboracionismo sempre teve uma paga (1) (A. Marques Lopes)
Post nº 795 (DCCXCV)
Guiné >Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Um prisioneiro do PAIGC.
Foto: © A. Marques Lopes (2005)
Texto de A. Marques Lopes, coronel DFA, na reforma, ex-alferes miliciano na Guiné (1967/68) (CART 1690, Geba, 1967/68; e CCAÇ 3, Barro, 1968)...
O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Caros camaradas e amigos:
Tenho lido tudo o que têm escrito sobre os fuzilamentos e outras mortes dos comandos africanos e outros guineenses que estiveram a combater do lado da tropa portuguesa durante a luta de libertação na Guiné. Já escrevi, em tempos, sobre isso para o blogue. Porque o tema está aceso, vou ver se me lembro do que disse na altura e acrescentar mais algumas coisas.
Também sei de alguns dos meus jagudis que foram mortos após a independência, e de outros que tiveram de fugir para o Senegal. Falei-vos já, no blogue, do Braima Seidi, o meu guia em Barro, conhecedor dos trilhos e das zonas do tarrafe por onde os guerrilheiros passavam, tendo resultado da sua colaboração muitas e pesadas baixas para o outro lado.
Contei-vos que, em 1998, quando perguntei ao Cacuto Seidi por ele, este chefe da tabanca de Barro me disse, um pouco atrapalhado:
- Mataram ele depois da independência...
Também vos falei da filosofia de vida dos meus soldados da CCAÇ 3, da sua atitude perante os feridos que o PAIGC deixava no terreno, e que era:
- Deixa estar, alfero, vem jagudi e come...
O Braima Seidi, caçador conhecedor da zona, recebia 2.000 escudos por mês por essa sua colaboração, vivia bem na tabanca, com quatro mulheres. Um cabo daquela companhia recebia 1.400 escudos mensalmente (não me lembro quanto recebiam os soldados) (2), com comida, bebidas sempre à disposição, e assistência médica em Bigene, quando necessário. Apesar de também andarem na guerra, uma vida muito diferente do pessoal da guerrilha que vivia no mato.
No final da segunda grande guerra, a resistência francesa matou muitos colaboracionistas, a italiana assim fez, no Vietname, após a vitória, fizeram o mesmo, os franquistas fuzilaram muitos republicanos...
- Vae victis! Ai dos vencidos! - já os romanos diziam.
Não estou a fazer a apologia desses procedimentos, estou a dizer que eles sempre fizeram parte da história dos vencedores. Claro que também houve os Nurembergas em que os vencedores, muitos também com culpas no cartório, fizeram o julgamento daqueles que venceram. Mas foi diferente, evidentemente.
Tenho pena e gostava que as coisas não se tivessem passado assim na Guiné, porque, como vós, vivi e convivi com aqueles guineenses que lutaram ao meu lado. Não sei dos meandros das conversações em Londres para formalizar a independência, espero que o Paulo Reis um dia me esclareça sobre isso. Mas parece-me que a solução desse problema, o futuro dos que estiveram do nosso lado, não teria sido tarefa fácil.
Num país saído de uma revolução, como foi nosso, em ebulição em 1974, perto da guerra civil em 1975, que poderia ter sido feito? Embarcar toda essa tropa guineense, habituada à guerra e a matar, misturá-los com os muitos milhares de retornados que cá estavam já, acasalá-los com os vários grupos políticos que se degladiavam, às vezes de forma violenta, encostá-los ao MDLP...? Tentar que fossem para outro país africano, tentar passar a batata quente? Mas qual dos países africanos, já com gente da mesma estirpe, os aceitaria?
Outra hipótese, que me disseram ter existido, seria negociar a integração deles nas Forças Armadas da nova Guiné-Bissau. Mas, há que admitir, isto também terá sido demasiado complicado conseguir. Com os ódios todos ao de cima (que é natural que houvesse entre guineenses que se combateram mutuamente, embora connosco isso não sucedesse), não os estou a ver em conjunto numa caserna, não estou a ver um capitão dos comandos africanos a comandar uma companhia de ex-guerrilheiros... Não estou a ver o Marcelino da Mata em convívio com o comandante Lúcio Soares.
Gostaria que tivesse havido uma solução. Mas não foi fácil, acredito. Não por cobardia, nem pusilanimismo, nem por abandono dos responsáveis portugueses da altura, governo, MFA ou Conselho da Revolução. Num país em agitação revolucionária, mesmo em polvorosa, com militares politicamente inexperientes, terá sido extremamente difícil manobrar de forma ardilosa e segura, havendo tantas coisas de difícil tratamento por cá.
Está visto que o problema teve que ficar nas mãos dos vencedores, donos da Guiné. Estes poderiam, se com uma mão firme e esclarecida a dirigi-los, ter optado pelo menos chocante e, na situação, aceitável até para nós: deixá-los estar, remetendo-os ao abandono. O tempo traria outra soluções (ou outros problemas, sabe-se lá...). Mas o caboverdeano Luís Cabral, como me disse o ex-paraquedista Camará, não conseguiu ter pulso e foi ultrapassado pelas iniciativas dos ex-comandantes das guerrilhas locais, pelas iniciativas das figuras históricas do PAIGC naturais da Guiné, como o Nino Vieira, o Gazela e o Chico Té. E foram estes que incentivaram à vingança dos vencedores... a outra paga. E, como se sabe, o próprio Luís Cabral teve de ir embora.
Mas cada um tem a sua visão pessoal desta questão, é claro. Acontece em tudo. Sobre o outro lado da moeda, isto é, as atrocidades cometidas pelos comandos africanos, pela PIDE e outros que tais, não vou acrescentar mais ao que o João Tunes e o Pepito já disseram. Estou completamente de acordo com eles.
Um abraço
A. Marques Lopes
__________
Notas de L.G.:
(1) Colaboracionismo: Actividade, comportamento, atitude ou interesse de colaboracionista, ou seja, de pessoa que colabora com ou apoia o inimigo que ocupa, total ou parcialmente, o território do seu país (Dicionário Houaiss da Lígua Portuguesa, 2002).
O termo fancês collaborationniste surgiu em 1940, na sequência da ocupação da França pelo exército alemão e a constituição do Governo de Vichy, presidido pelo Marechal Pétain (1851-1951), o herói de Verdun na I Guerra Mundial. Depois da libertação, Pétain foi condenado à morte por alta traição, sentença comutada em prisão perpétua. HGouve outrois governos colaboracionistas durante a II Guerra Mundial: Bélgica, Holanda, Noruega (com o famigerado Vidkun Quisling, abertamente favorável aos nazis), Croácia, Hungría bem como noutras partes da Europa de Leste...
(2) Vd. pst de 1 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXII: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (2)
"(...) E os nossos soldados africanos, que eram praças de 2ª ? Tenho ideia que ganhavam seiscentos pesos, mais outro tanto (25 pesos / dia) por serem desarranchados... Como eram islamizados, não podiam comer a comida do tuga, pelo que foram mais tarde autorizados a receber o subsídio de alimentação... Mandaram-me isso à cara, no Xime, quando morreu o Cunha e o restante pessoal da CART 2715... Os sacanas tiveram um momento de hesitação, antes de aceitarem ir comigo resgatar os corpos dos nossos camaradas mortos, à cabeça da coluna (vd post de 25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970):- Pessoal africano só ganha seiscentos pesos! - Que é como quem diz: vai lá tu, que os mortos são do vosso sangue, são do vosso chão, são da vossa terra, são tugas... Foi o único momento, em toda a minha comissão, em que vi os nossos soldados terem medo"...
Guiné >Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Um prisioneiro do PAIGC.
Foto: © A. Marques Lopes (2005)
Texto de A. Marques Lopes, coronel DFA, na reforma, ex-alferes miliciano na Guiné (1967/68) (CART 1690, Geba, 1967/68; e CCAÇ 3, Barro, 1968)...
O colaboracionismo sempre teve uma paga (1)
Caros camaradas e amigos:
Tenho lido tudo o que têm escrito sobre os fuzilamentos e outras mortes dos comandos africanos e outros guineenses que estiveram a combater do lado da tropa portuguesa durante a luta de libertação na Guiné. Já escrevi, em tempos, sobre isso para o blogue. Porque o tema está aceso, vou ver se me lembro do que disse na altura e acrescentar mais algumas coisas.
Também sei de alguns dos meus jagudis que foram mortos após a independência, e de outros que tiveram de fugir para o Senegal. Falei-vos já, no blogue, do Braima Seidi, o meu guia em Barro, conhecedor dos trilhos e das zonas do tarrafe por onde os guerrilheiros passavam, tendo resultado da sua colaboração muitas e pesadas baixas para o outro lado.
Contei-vos que, em 1998, quando perguntei ao Cacuto Seidi por ele, este chefe da tabanca de Barro me disse, um pouco atrapalhado:
- Mataram ele depois da independência...
Também vos falei da filosofia de vida dos meus soldados da CCAÇ 3, da sua atitude perante os feridos que o PAIGC deixava no terreno, e que era:
- Deixa estar, alfero, vem jagudi e come...
O Braima Seidi, caçador conhecedor da zona, recebia 2.000 escudos por mês por essa sua colaboração, vivia bem na tabanca, com quatro mulheres. Um cabo daquela companhia recebia 1.400 escudos mensalmente (não me lembro quanto recebiam os soldados) (2), com comida, bebidas sempre à disposição, e assistência médica em Bigene, quando necessário. Apesar de também andarem na guerra, uma vida muito diferente do pessoal da guerrilha que vivia no mato.
No final da segunda grande guerra, a resistência francesa matou muitos colaboracionistas, a italiana assim fez, no Vietname, após a vitória, fizeram o mesmo, os franquistas fuzilaram muitos republicanos...
- Vae victis! Ai dos vencidos! - já os romanos diziam.
Não estou a fazer a apologia desses procedimentos, estou a dizer que eles sempre fizeram parte da história dos vencedores. Claro que também houve os Nurembergas em que os vencedores, muitos também com culpas no cartório, fizeram o julgamento daqueles que venceram. Mas foi diferente, evidentemente.
Tenho pena e gostava que as coisas não se tivessem passado assim na Guiné, porque, como vós, vivi e convivi com aqueles guineenses que lutaram ao meu lado. Não sei dos meandros das conversações em Londres para formalizar a independência, espero que o Paulo Reis um dia me esclareça sobre isso. Mas parece-me que a solução desse problema, o futuro dos que estiveram do nosso lado, não teria sido tarefa fácil.
Num país saído de uma revolução, como foi nosso, em ebulição em 1974, perto da guerra civil em 1975, que poderia ter sido feito? Embarcar toda essa tropa guineense, habituada à guerra e a matar, misturá-los com os muitos milhares de retornados que cá estavam já, acasalá-los com os vários grupos políticos que se degladiavam, às vezes de forma violenta, encostá-los ao MDLP...? Tentar que fossem para outro país africano, tentar passar a batata quente? Mas qual dos países africanos, já com gente da mesma estirpe, os aceitaria?
Outra hipótese, que me disseram ter existido, seria negociar a integração deles nas Forças Armadas da nova Guiné-Bissau. Mas, há que admitir, isto também terá sido demasiado complicado conseguir. Com os ódios todos ao de cima (que é natural que houvesse entre guineenses que se combateram mutuamente, embora connosco isso não sucedesse), não os estou a ver em conjunto numa caserna, não estou a ver um capitão dos comandos africanos a comandar uma companhia de ex-guerrilheiros... Não estou a ver o Marcelino da Mata em convívio com o comandante Lúcio Soares.
Gostaria que tivesse havido uma solução. Mas não foi fácil, acredito. Não por cobardia, nem pusilanimismo, nem por abandono dos responsáveis portugueses da altura, governo, MFA ou Conselho da Revolução. Num país em agitação revolucionária, mesmo em polvorosa, com militares politicamente inexperientes, terá sido extremamente difícil manobrar de forma ardilosa e segura, havendo tantas coisas de difícil tratamento por cá.
Está visto que o problema teve que ficar nas mãos dos vencedores, donos da Guiné. Estes poderiam, se com uma mão firme e esclarecida a dirigi-los, ter optado pelo menos chocante e, na situação, aceitável até para nós: deixá-los estar, remetendo-os ao abandono. O tempo traria outra soluções (ou outros problemas, sabe-se lá...). Mas o caboverdeano Luís Cabral, como me disse o ex-paraquedista Camará, não conseguiu ter pulso e foi ultrapassado pelas iniciativas dos ex-comandantes das guerrilhas locais, pelas iniciativas das figuras históricas do PAIGC naturais da Guiné, como o Nino Vieira, o Gazela e o Chico Té. E foram estes que incentivaram à vingança dos vencedores... a outra paga. E, como se sabe, o próprio Luís Cabral teve de ir embora.
Mas cada um tem a sua visão pessoal desta questão, é claro. Acontece em tudo. Sobre o outro lado da moeda, isto é, as atrocidades cometidas pelos comandos africanos, pela PIDE e outros que tais, não vou acrescentar mais ao que o João Tunes e o Pepito já disseram. Estou completamente de acordo com eles.
Um abraço
A. Marques Lopes
__________
Notas de L.G.:
(1) Colaboracionismo: Actividade, comportamento, atitude ou interesse de colaboracionista, ou seja, de pessoa que colabora com ou apoia o inimigo que ocupa, total ou parcialmente, o território do seu país (Dicionário Houaiss da Lígua Portuguesa, 2002).
O termo fancês collaborationniste surgiu em 1940, na sequência da ocupação da França pelo exército alemão e a constituição do Governo de Vichy, presidido pelo Marechal Pétain (1851-1951), o herói de Verdun na I Guerra Mundial. Depois da libertação, Pétain foi condenado à morte por alta traição, sentença comutada em prisão perpétua. HGouve outrois governos colaboracionistas durante a II Guerra Mundial: Bélgica, Holanda, Noruega (com o famigerado Vidkun Quisling, abertamente favorável aos nazis), Croácia, Hungría bem como noutras partes da Europa de Leste...
(2) Vd. pst de 1 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXII: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (2)
"(...) E os nossos soldados africanos, que eram praças de 2ª ? Tenho ideia que ganhavam seiscentos pesos, mais outro tanto (25 pesos / dia) por serem desarranchados... Como eram islamizados, não podiam comer a comida do tuga, pelo que foram mais tarde autorizados a receber o subsídio de alimentação... Mandaram-me isso à cara, no Xime, quando morreu o Cunha e o restante pessoal da CART 2715... Os sacanas tiveram um momento de hesitação, antes de aceitarem ir comigo resgatar os corpos dos nossos camaradas mortos, à cabeça da coluna (vd post de 25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970):- Pessoal africano só ganha seiscentos pesos! - Que é como quem diz: vai lá tu, que os mortos são do vosso sangue, são do vosso chão, são da vossa terra, são tugas... Foi o único momento, em toda a minha comissão, em que vi os nossos soldados terem medo"...
Guiné 63/74 - DCCXCIV: Antologia (39): O massacre dos soldados africanos da CCAÇ 13 (Carlos Fortunato)
Extracto de Leões Negros (Página pessoal do Carlos Fortunato, CCAÇ 13, 1969/71)
Guiné > Bissorã > CCAÇ 13 > O furriel miliciano Fortunato e o soldado Calaboche Tchudá, babalanta, natural da região Bissorã, apontador de LGFog, Prémio Governador da Guiné, em 1970 (0u 1971)...Foto: No regresso de uma patrulha, ao atravessar um riacho, perto de Bissorã, Colaboche agarra o furriel Fortunati e grita: "Tira uma fotografia e manda para a família a dizer que o furriel Fortunato foi apanhado por um turra".
Foto: © Carlos Fortunato (2006)
Guiné > O massacre dos soldados africanos (extractos)
A guerra era algo que os soldados africanos lamentavam constantemente, o seu desejo era que fosse feita a paz.
A aspiração dos soldados africanos da CCAÇ 13 era apenas a de terem uma vida melhor, e o empenho de alguns deles para se desenvolverem era extraordinário. Apesar de apenas falarem balanta e algumas palavras de crioulo, dedicavam-se afincadamente ao auto-estudo, pegando em livros de leitura que decoravam, numa tentativa de aprender a ler.
Com uma ajuda inicial minha e depois do Furriel Varela, conseguiram a proeza de tirar a 3ª classe, nos 2 anos que estiveram connosco.
Apresento a seguir um extracto de uma carta do soldado Calaboche, é apenas um exemplo de um homem simples que lutou leal e dignamente na procura de um futuro melhor, acreditando que ele seria ao lado de Portugal.
Calaboche nunca conseguiria ver os seus sonhos realizados, pois ele, tal como muitos outros, foi abandonado à sua sorte e fuzilado pelo PAIGC.
Contrariamente ao que por vezes tem sido dito, não foram apenas os comandos africanos que foram mortos, muitos outros foram perseguidos e mortos.
Houve quem fugisse para o Senegal, para salvar a vida, mas ai foram muitas as dificuldades por que passaram, alguns acabariam por morrer ai, ao serem apanhados a roubar.
(...) Embora todas as informações indiquem, que os fuzilamentos foram um triste episódio que já terminou à muito, num país pobre como a Guiné, existem muitas maneiras de colocar em causa a sobrevivência.
Uma das coisas que os antigos combatentes africanos se queixavam é que não conseguiam trabalho, a terra agora era de todos, mas os que eram identificados como antigos combatentes, eram excluídos da comunidade, não podendo cultivar a terra, e sem poderem trabalhar como poderiam sobreviver ...
Transcrevo a seguir dois extractos de duas cartas relatando um pouco o que se passou em Bissorã:
Julho de 1982
Quirido amigo Fortunato.
Eu ficou bastante contente com sua carta.
Eu ficou com grande alegria com piqueno informação.
O amigo se voce fala com teu irmão sobre minha problema se ele disse que precisa de qualquer ducumento voce manda-me escrever.
Por favor amigo.
Hora bem eu vou-te esplicar poucina en pouco (1) de independencia da Guiné Bissau.
O que se passou depois de independencia da Guiné, partido mata muitas pessoas na nossa grupo, mata Tenha Taga, Calabos Tchuda, Furrel Sora Nando, só na nossa grupo, também Caba Santiago, Sitofa Quebá, Bacai, José de mesa oficiais, cozinheiro Nhinde de Olossato (2).
Olha Fortunato eu não tem trabalho depois de independencia partido não deija nos(3) trabalhar junto com eles partido disse que nosso tropa portuguesa luta contra eles. Se voce vem cá na Guiné com cooperante voce capaz de arranjar trabalho por favor amigo Fortunato(...).
Notas corrigindo alguns dos erros da carta para melhor compreensão:
(1) Pretende escrever: explicar um pouco
(2) Pontuei este parágrafo para ser compreensível.
(3) Pretende escrever: deixa nós.
1988
(...) Os teus soldados chamados Jorge, Barra, Tancana (1) foi matados em furto em Senegal. (...)
(1) O 2º e 3º nomes estão mal escritos, correctamente é: Birra e Tangana.
Na primeira carta de 1982, é referido o nome de Cabá Santiago. Conheci o Cabá Santiago e posso contar um pouco da sua história, tendo por base aquilo que ele me contou, e o que eu conhecia a seu respeito.
Cabá Santiago era um individuo inteligente e com alguma cultura, tinha sido professor até aderir ao PAIGC, aí passou a ser professor e guerrilheiro. Após muitos anos de luta, sem ver um fim à vista para esta, e percebendo que o PAIGC mentia nas suas mensagens de propaganda, acreditou que o melhor caminho a seguir era o apontado por Portugal, e aproveitou as campanhas de aliciação para os guerrilheiros abandonarem a luta, para se entregar.
Como a todos os que se entregavam, as questões que lhes eram colocadas eram: qual a possibilidade de outros guerrilheiros se entregarem, onde estavam os depósitos de armas, qual a possibilidade de eliminação de guerrilheiros, Cabá com tudo colaborou.
Cabá Santiago foi contudo mais longe, regressou à sua zona contactou os guerrilheiros que estavam junto da população, mandou-os ir buscar as suas armas (cada um tinha escondido a sua no mato), e quando estes chegavam armados eliminava-os.
Escusado será dizer que Cabá Santiago, ficou com a cabeça a prémio, e por isso ele era sempre o último da coluna de milícias que comandava, pois tinha medo de ser morto pelas costas pelos seus próprios homens.
Pergunto aos leitores:
- O que acham que iria acontecer ao Cabá Santiago quando fosse entregue o poder em Bissorã ao PAIGC ?
(...)
Guiné > Bissorã > CCAÇ 13 > O furriel miliciano Fortunato e o soldado Calaboche Tchudá, babalanta, natural da região Bissorã, apontador de LGFog, Prémio Governador da Guiné, em 1970 (0u 1971)...Foto: No regresso de uma patrulha, ao atravessar um riacho, perto de Bissorã, Colaboche agarra o furriel Fortunati e grita: "Tira uma fotografia e manda para a família a dizer que o furriel Fortunato foi apanhado por um turra".
Foto: © Carlos Fortunato (2006)
Guiné > O massacre dos soldados africanos (extractos)
A guerra era algo que os soldados africanos lamentavam constantemente, o seu desejo era que fosse feita a paz.
A aspiração dos soldados africanos da CCAÇ 13 era apenas a de terem uma vida melhor, e o empenho de alguns deles para se desenvolverem era extraordinário. Apesar de apenas falarem balanta e algumas palavras de crioulo, dedicavam-se afincadamente ao auto-estudo, pegando em livros de leitura que decoravam, numa tentativa de aprender a ler.
Com uma ajuda inicial minha e depois do Furriel Varela, conseguiram a proeza de tirar a 3ª classe, nos 2 anos que estiveram connosco.
Apresento a seguir um extracto de uma carta do soldado Calaboche, é apenas um exemplo de um homem simples que lutou leal e dignamente na procura de um futuro melhor, acreditando que ele seria ao lado de Portugal.
Calaboche nunca conseguiria ver os seus sonhos realizados, pois ele, tal como muitos outros, foi abandonado à sua sorte e fuzilado pelo PAIGC.
Contrariamente ao que por vezes tem sido dito, não foram apenas os comandos africanos que foram mortos, muitos outros foram perseguidos e mortos.
Houve quem fugisse para o Senegal, para salvar a vida, mas ai foram muitas as dificuldades por que passaram, alguns acabariam por morrer ai, ao serem apanhados a roubar.
(...) Embora todas as informações indiquem, que os fuzilamentos foram um triste episódio que já terminou à muito, num país pobre como a Guiné, existem muitas maneiras de colocar em causa a sobrevivência.
Uma das coisas que os antigos combatentes africanos se queixavam é que não conseguiam trabalho, a terra agora era de todos, mas os que eram identificados como antigos combatentes, eram excluídos da comunidade, não podendo cultivar a terra, e sem poderem trabalhar como poderiam sobreviver ...
Transcrevo a seguir dois extractos de duas cartas relatando um pouco o que se passou em Bissorã:
Julho de 1982
Quirido amigo Fortunato.
Eu ficou bastante contente com sua carta.
Eu ficou com grande alegria com piqueno informação.
O amigo se voce fala com teu irmão sobre minha problema se ele disse que precisa de qualquer ducumento voce manda-me escrever.
Por favor amigo.
Hora bem eu vou-te esplicar poucina en pouco (1) de independencia da Guiné Bissau.
O que se passou depois de independencia da Guiné, partido mata muitas pessoas na nossa grupo, mata Tenha Taga, Calabos Tchuda, Furrel Sora Nando, só na nossa grupo, também Caba Santiago, Sitofa Quebá, Bacai, José de mesa oficiais, cozinheiro Nhinde de Olossato (2).
Olha Fortunato eu não tem trabalho depois de independencia partido não deija nos(3) trabalhar junto com eles partido disse que nosso tropa portuguesa luta contra eles. Se voce vem cá na Guiné com cooperante voce capaz de arranjar trabalho por favor amigo Fortunato(...).
Notas corrigindo alguns dos erros da carta para melhor compreensão:
(1) Pretende escrever: explicar um pouco
(2) Pontuei este parágrafo para ser compreensível.
(3) Pretende escrever: deixa nós.
1988
(...) Os teus soldados chamados Jorge, Barra, Tancana (1) foi matados em furto em Senegal. (...)
(1) O 2º e 3º nomes estão mal escritos, correctamente é: Birra e Tangana.
Na primeira carta de 1982, é referido o nome de Cabá Santiago. Conheci o Cabá Santiago e posso contar um pouco da sua história, tendo por base aquilo que ele me contou, e o que eu conhecia a seu respeito.
Cabá Santiago era um individuo inteligente e com alguma cultura, tinha sido professor até aderir ao PAIGC, aí passou a ser professor e guerrilheiro. Após muitos anos de luta, sem ver um fim à vista para esta, e percebendo que o PAIGC mentia nas suas mensagens de propaganda, acreditou que o melhor caminho a seguir era o apontado por Portugal, e aproveitou as campanhas de aliciação para os guerrilheiros abandonarem a luta, para se entregar.
Como a todos os que se entregavam, as questões que lhes eram colocadas eram: qual a possibilidade de outros guerrilheiros se entregarem, onde estavam os depósitos de armas, qual a possibilidade de eliminação de guerrilheiros, Cabá com tudo colaborou.
Cabá Santiago foi contudo mais longe, regressou à sua zona contactou os guerrilheiros que estavam junto da população, mandou-os ir buscar as suas armas (cada um tinha escondido a sua no mato), e quando estes chegavam armados eliminava-os.
Escusado será dizer que Cabá Santiago, ficou com a cabeça a prémio, e por isso ele era sempre o último da coluna de milícias que comandava, pois tinha medo de ser morto pelas costas pelos seus próprios homens.
Pergunto aos leitores:
- O que acham que iria acontecer ao Cabá Santiago quando fosse entregue o poder em Bissorã ao PAIGC ?
(...)
Guiné 63/74 - DCCXCIV: Antologia (39): O massacre dos soldados africanos da CCAÇ 13 (Carlos Fortunato)
Extracto de Leões Negros (Página pessoal do Carlos Fortunato, CCAÇ 13, 1969/71)
Guiné > Bissorã > CCAÇ 13 > O furriel miliciano Fortunato e o soldado Calaboche Tchudá, babalanta, natural da região Bissorã, apontador de LGFog, Prémio Governador da Guiné, em 1970 (0u 1971)...Foto: No regresso de uma patrulha, ao atravessar um riacho, perto de Bissorã, Colaboche agarra o furriel Fortunati e grita: "Tira uma fotografia e manda para a família a dizer que o furriel Fortunato foi apanhado por um turra".
Foto: © Carlos Fortunato (2006)
Guiné > O massacre dos soldados africanos (extractos)
A guerra era algo que os soldados africanos lamentavam constantemente, o seu desejo era que fosse feita a paz.
A aspiração dos soldados africanos da CCAÇ 13 era apenas a de terem uma vida melhor, e o empenho de alguns deles para se desenvolverem era extraordinário. Apesar de apenas falarem balanta e algumas palavras de crioulo, dedicavam-se afincadamente ao auto-estudo, pegando em livros de leitura que decoravam, numa tentativa de aprender a ler.
Com uma ajuda inicial minha e depois do Furriel Varela, conseguiram a proeza de tirar a 3ª classe, nos 2 anos que estiveram connosco.
Apresento a seguir um extracto de uma carta do soldado Calaboche, é apenas um exemplo de um homem simples que lutou leal e dignamente na procura de um futuro melhor, acreditando que ele seria ao lado de Portugal.
Calaboche nunca conseguiria ver os seus sonhos realizados, pois ele, tal como muitos outros, foi abandonado à sua sorte e fuzilado pelo PAIGC.
Contrariamente ao que por vezes tem sido dito, não foram apenas os comandos africanos que foram mortos, muitos outros foram perseguidos e mortos.
Houve quem fugisse para o Senegal, para salvar a vida, mas ai foram muitas as dificuldades por que passaram, alguns acabariam por morrer ai, ao serem apanhados a roubar.
(...) Embora todas as informações indiquem, que os fuzilamentos foram um triste episódio que já terminou à muito, num país pobre como a Guiné, existem muitas maneiras de colocar em causa a sobrevivência.
Uma das coisas que os antigos combatentes africanos se queixavam é que não conseguiam trabalho, a terra agora era de todos, mas os que eram identificados como antigos combatentes, eram excluídos da comunidade, não podendo cultivar a terra, e sem poderem trabalhar como poderiam sobreviver ...
Transcrevo a seguir dois extractos de duas cartas relatando um pouco o que se passou em Bissorã:
Julho de 1982
Quirido amigo Fortunato.
Eu ficou bastante contente com sua carta.
Eu ficou com grande alegria com piqueno informação.
O amigo se voce fala com teu irmão sobre minha problema se ele disse que precisa de qualquer ducumento voce manda-me escrever.
Por favor amigo.
Hora bem eu vou-te esplicar poucina en pouco (1) de independencia da Guiné Bissau.
O que se passou depois de independencia da Guiné, partido mata muitas pessoas na nossa grupo, mata Tenha Taga, Calabos Tchuda, Furrel Sora Nando, só na nossa grupo, também Caba Santiago, Sitofa Quebá, Bacai, José de mesa oficiais, cozinheiro Nhinde de Olossato (2).
Olha Fortunato eu não tem trabalho depois de independencia partido não deija nos(3) trabalhar junto com eles partido disse que nosso tropa portuguesa luta contra eles. Se voce vem cá na Guiné com cooperante voce capaz de arranjar trabalho por favor amigo Fortunato(...).
Notas corrigindo alguns dos erros da carta para melhor compreensão:
(1) Pretende escrever: explicar um pouco
(2) Pontuei este parágrafo para ser compreensível.
(3) Pretende escrever: deixa nós.
1988
(...) Os teus soldados chamados Jorge, Barra, Tancana (1) foi matados em furto em Senegal. (...)
(1) O 2º e 3º nomes estão mal escritos, correctamente é: Birra e Tangana.
Na primeira carta de 1982, é referido o nome de Cabá Santiago. Conheci o Cabá Santiago e posso contar um pouco da sua história, tendo por base aquilo que ele me contou, e o que eu conhecia a seu respeito.
Cabá Santiago era um individuo inteligente e com alguma cultura, tinha sido professor até aderir ao PAIGC, aí passou a ser professor e guerrilheiro. Após muitos anos de luta, sem ver um fim à vista para esta, e percebendo que o PAIGC mentia nas suas mensagens de propaganda, acreditou que o melhor caminho a seguir era o apontado por Portugal, e aproveitou as campanhas de aliciação para os guerrilheiros abandonarem a luta, para se entregar.
Como a todos os que se entregavam, as questões que lhes eram colocadas eram: qual a possibilidade de outros guerrilheiros se entregarem, onde estavam os depósitos de armas, qual a possibilidade de eliminação de guerrilheiros, Cabá com tudo colaborou.
Cabá Santiago foi contudo mais longe, regressou à sua zona contactou os guerrilheiros que estavam junto da população, mandou-os ir buscar as suas armas (cada um tinha escondido a sua no mato), e quando estes chegavam armados eliminava-os.
Escusado será dizer que Cabá Santiago, ficou com a cabeça a prémio, e por isso ele era sempre o último da coluna de milícias que comandava, pois tinha medo de ser morto pelas costas pelos seus próprios homens.
Pergunto aos leitores:
- O que acham que iria acontecer ao Cabá Santiago quando fosse entregue o poder em Bissorã ao PAIGC ?
(...)
Guiné > Bissorã > CCAÇ 13 > O furriel miliciano Fortunato e o soldado Calaboche Tchudá, babalanta, natural da região Bissorã, apontador de LGFog, Prémio Governador da Guiné, em 1970 (0u 1971)...Foto: No regresso de uma patrulha, ao atravessar um riacho, perto de Bissorã, Colaboche agarra o furriel Fortunati e grita: "Tira uma fotografia e manda para a família a dizer que o furriel Fortunato foi apanhado por um turra".
Foto: © Carlos Fortunato (2006)
Guiné > O massacre dos soldados africanos (extractos)
A guerra era algo que os soldados africanos lamentavam constantemente, o seu desejo era que fosse feita a paz.
A aspiração dos soldados africanos da CCAÇ 13 era apenas a de terem uma vida melhor, e o empenho de alguns deles para se desenvolverem era extraordinário. Apesar de apenas falarem balanta e algumas palavras de crioulo, dedicavam-se afincadamente ao auto-estudo, pegando em livros de leitura que decoravam, numa tentativa de aprender a ler.
Com uma ajuda inicial minha e depois do Furriel Varela, conseguiram a proeza de tirar a 3ª classe, nos 2 anos que estiveram connosco.
Apresento a seguir um extracto de uma carta do soldado Calaboche, é apenas um exemplo de um homem simples que lutou leal e dignamente na procura de um futuro melhor, acreditando que ele seria ao lado de Portugal.
Calaboche nunca conseguiria ver os seus sonhos realizados, pois ele, tal como muitos outros, foi abandonado à sua sorte e fuzilado pelo PAIGC.
Contrariamente ao que por vezes tem sido dito, não foram apenas os comandos africanos que foram mortos, muitos outros foram perseguidos e mortos.
Houve quem fugisse para o Senegal, para salvar a vida, mas ai foram muitas as dificuldades por que passaram, alguns acabariam por morrer ai, ao serem apanhados a roubar.
(...) Embora todas as informações indiquem, que os fuzilamentos foram um triste episódio que já terminou à muito, num país pobre como a Guiné, existem muitas maneiras de colocar em causa a sobrevivência.
Uma das coisas que os antigos combatentes africanos se queixavam é que não conseguiam trabalho, a terra agora era de todos, mas os que eram identificados como antigos combatentes, eram excluídos da comunidade, não podendo cultivar a terra, e sem poderem trabalhar como poderiam sobreviver ...
Transcrevo a seguir dois extractos de duas cartas relatando um pouco o que se passou em Bissorã:
Julho de 1982
Quirido amigo Fortunato.
Eu ficou bastante contente com sua carta.
Eu ficou com grande alegria com piqueno informação.
O amigo se voce fala com teu irmão sobre minha problema se ele disse que precisa de qualquer ducumento voce manda-me escrever.
Por favor amigo.
Hora bem eu vou-te esplicar poucina en pouco (1) de independencia da Guiné Bissau.
O que se passou depois de independencia da Guiné, partido mata muitas pessoas na nossa grupo, mata Tenha Taga, Calabos Tchuda, Furrel Sora Nando, só na nossa grupo, também Caba Santiago, Sitofa Quebá, Bacai, José de mesa oficiais, cozinheiro Nhinde de Olossato (2).
Olha Fortunato eu não tem trabalho depois de independencia partido não deija nos(3) trabalhar junto com eles partido disse que nosso tropa portuguesa luta contra eles. Se voce vem cá na Guiné com cooperante voce capaz de arranjar trabalho por favor amigo Fortunato(...).
Notas corrigindo alguns dos erros da carta para melhor compreensão:
(1) Pretende escrever: explicar um pouco
(2) Pontuei este parágrafo para ser compreensível.
(3) Pretende escrever: deixa nós.
1988
(...) Os teus soldados chamados Jorge, Barra, Tancana (1) foi matados em furto em Senegal. (...)
(1) O 2º e 3º nomes estão mal escritos, correctamente é: Birra e Tangana.
Na primeira carta de 1982, é referido o nome de Cabá Santiago. Conheci o Cabá Santiago e posso contar um pouco da sua história, tendo por base aquilo que ele me contou, e o que eu conhecia a seu respeito.
Cabá Santiago era um individuo inteligente e com alguma cultura, tinha sido professor até aderir ao PAIGC, aí passou a ser professor e guerrilheiro. Após muitos anos de luta, sem ver um fim à vista para esta, e percebendo que o PAIGC mentia nas suas mensagens de propaganda, acreditou que o melhor caminho a seguir era o apontado por Portugal, e aproveitou as campanhas de aliciação para os guerrilheiros abandonarem a luta, para se entregar.
Como a todos os que se entregavam, as questões que lhes eram colocadas eram: qual a possibilidade de outros guerrilheiros se entregarem, onde estavam os depósitos de armas, qual a possibilidade de eliminação de guerrilheiros, Cabá com tudo colaborou.
Cabá Santiago foi contudo mais longe, regressou à sua zona contactou os guerrilheiros que estavam junto da população, mandou-os ir buscar as suas armas (cada um tinha escondido a sua no mato), e quando estes chegavam armados eliminava-os.
Escusado será dizer que Cabá Santiago, ficou com a cabeça a prémio, e por isso ele era sempre o último da coluna de milícias que comandava, pois tinha medo de ser morto pelas costas pelos seus próprios homens.
Pergunto aos leitores:
- O que acham que iria acontecer ao Cabá Santiago quando fosse entregue o poder em Bissorã ao PAIGC ?
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