08 novembro 2003

Humor com humor se paga - VIII: O inferno ? O melhor ainda é o português!...

Tenho de agradecer à minha amiga AIG que me mandou esta peça de humor tão patriótica quanto a artística louça das Caldas, a qual por sua vez corre o sério risco de se tornar um dos raros produtos handmade in Portugal e de vir até a destronar o viril galo de Barcelos (A propósito, nunca soube se o galo era capão...). O Mestre Bordalo (MB) deu-lhe, à peça, o toque artístico que convinha a um blogue minimamente sério, respeitável e com pretensões a ser lidos colarinhos barncos pela classe média B, como este blogue (A classe média A, os colarinhos dourados, essa, não bloga, faz coisas mais interessantes: por ex., joga ténis para se manter em forma, coisa que os blogadores não fazem). Ao mestre e à aluna os meus agradecimenos. LG

__________



Um desgraçado e impenitente pecador, de apelido Pipi por parte do pai, portuga de nascimento, libertino de condição, morreu e foi parar ao inferno. Ao chegar perguntou-lhe um diabinho, de nome Bibi por parte da mãe:

- Bem vindo ao inferno, ó picha d'aço! Queres ir para o bloco P ou para o bloco E ? O P é o português; o E é o espanhol...



A pobre alma danada perguntou se, independentemente da nacionalidade, havia alguma diferença, se havia algum bloco com mais estrelas do que outro, chavalas, suite, piscina, Lux à noite...

-Bom, inferno só há um e mais nenhum (tirando o da Casa Pia, lá na desgraçada da tua terra)... Mesmo assim o Diabo nosso pai achou que sempre era melhor separar, através de um muro, os portugas e os espanholitos... Amigos, amigos, vizinhos à parte, sabes como é... Resumindo: No inferno dos teus patrícios terás que comer uma lata de 5 kg de merda a todas as refeições.... Estamos a reciclar a merda que vocês cagam em vida. À noite dormes em cima dum braseiro infernal, alimentado a sobro e a azinho dos montados de Portugal que arderam no último verão. Gajas, poucas, que a maior parte das portugas vão para o purgatório ou para o céu... Quanto ao inferno dos espanholitos, a única diferença é que só comes castanholas e pandeiretas... Quanto a estrelas, é uma classificação que não usamos; além disso, meu filho, tira o cavalinho da chuva que do inferno nunca poderás olhar as estrelas do céu nem muito menos espreitar as cricas que tu comeste lá na terra...



Mal por mal, e pensando bem, o Pipi acabou por optar pelo inferno espanhol. Para ele, a Espanha sempre fora a fiesta, as touradas, a movida, a sangria, as conaças andaluzas, muita fruta para um homem só numa só vida... De certo que lá ainda haveria umas ratas em bom estado de conservação, a avaliar pelo rácio pipi/cricas por mil almas penadas que tinha visto no folheto do turismo sexual antes de partir para a última morada.



Mas quando lá chegou, encontrou tod@s @s espanholit@s cabisbaix@s e tristes, de pipis e cricas murchas. Em contrapartida, do outro lado do muro chegavam sons de farra, gargalhadas, fogo de artifício, orgasmos futebolísticos, capas e batinas a esvoaçar, festivais de cantorias, com apenas um ou outro soluço afadistado pelo meio, uma ou outra ave-maria arrependida...



- Hei, pessoal! Como é que vocês, apesar de tudo, conseguem mostrar que são pobretes mas alegretes ? perguntou o Pipi, desolado. Vocês têm de comer uma lata de 5 kg. de merda à refeição e mesmo assim não andam fodidos!... Sinceramente não percebo!

- Bom, ó Vasconcelos de Ayamonte, ó Don Juan de Badajoz, aqui é, sempre foi e há-de ser Portugal.... Se não, repara: Um dia falta a lata, no outro falha o abastecimento da merda, no outro é o diabo que não vem porque tem uma reunião importante ou manda o Bibi que é amnésico... Ou então é feriado e depois fazemos ponte e no dia seguinte os bombeiros voluntários não entregam a lenha para o braseiro... E assim se vai andando, às vezes gemendo e chorando, e outras cantando e rindo... Em boa verdade, ainda está para nascer o caralho que nos foda a todos.



AIG/MB

Humor com humor se paga - VIII: O inferno ? O melhor ainda é o português!...

Tenho de agradecer à minha amiga AIG que me mandou esta peça de humor tão patriótica quanto a artística louça das Caldas, a qual por sua vez corre o sério risco de se tornar um dos raros produtos handmade in Portugal e de vir até a destronar o viril galo de Barcelos (A propósito, nunca soube se o galo era capão...). O Mestre Bordalo (MB) deu-lhe, à peça, o toque artístico que convinha a um blogue minimamente sério, respeitável e com pretensões a ser lidos colarinhos barncos pela classe média B, como este blogue (A classe média A, os colarinhos dourados, essa, não bloga, faz coisas mais interessantes: por ex., joga ténis para se manter em forma, coisa que os blogadores não fazem). Ao mestre e à aluna os meus agradecimenos. LG
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Um desgraçado e impenitente pecador, de apelido Pipi por parte do pai, portuga de nascimento, libertino de condição, morreu e foi parar ao inferno. Ao chegar perguntou-lhe um diabinho, de nome Bibi por parte da mãe:
- Bem vindo ao inferno, ó picha d'aço! Queres ir para o bloco P ou para o bloco E ? O P é o português; o E é o espanhol...

A pobre alma danada perguntou se, independentemente da nacionalidade, havia alguma diferença, se havia algum bloco com mais estrelas do que outro, chavalas, suite, piscina, Lux à noite...
-Bom, inferno só há um e mais nenhum (tirando o da Casa Pia, lá na desgraçada da tua terra)... Mesmo assim o Diabo nosso pai achou que sempre era melhor separar, através de um muro, os portugas e os espanholitos... Amigos, amigos, vizinhos à parte, sabes como é... Resumindo: No inferno dos teus patrícios terás que comer uma lata de 5 kg de merda a todas as refeições.... Estamos a reciclar a merda que vocês cagam em vida. À noite dormes em cima dum braseiro infernal, alimentado a sobro e a azinho dos montados de Portugal que arderam no último verão. Gajas, poucas, que a maior parte das portugas vão para o purgatório ou para o céu... Quanto ao inferno dos espanholitos, a única diferença é que só comes castanholas e pandeiretas... Quanto a estrelas, é uma classificação que não usamos; além disso, meu filho, tira o cavalinho da chuva que do inferno nunca poderás olhar as estrelas do céu nem muito menos espreitar as cricas que tu comeste lá na terra...

Mal por mal, e pensando bem, o Pipi acabou por optar pelo inferno espanhol. Para ele, a Espanha sempre fora a fiesta, as touradas, a movida, a sangria, as conaças andaluzas, muita fruta para um homem só numa só vida... De certo que lá ainda haveria umas ratas em bom estado de conservação, a avaliar pelo rácio pipi/cricas por mil almas penadas que tinha visto no folheto do turismo sexual antes de partir para a última morada.

Mas quando lá chegou, encontrou tod@s @s espanholit@s cabisbaix@s e tristes, de pipis e cricas murchas. Em contrapartida, do outro lado do muro chegavam sons de farra, gargalhadas, fogo de artifício, orgasmos futebolísticos, capas e batinas a esvoaçar, festivais de cantorias, com apenas um ou outro soluço afadistado pelo meio, uma ou outra ave-maria arrependida...

- Hei, pessoal! Como é que vocês, apesar de tudo, conseguem mostrar que são pobretes mas alegretes ? perguntou o Pipi, desolado. Vocês têm de comer uma lata de 5 kg. de merda à refeição e mesmo assim não andam fodidos!... Sinceramente não percebo!
- Bom, ó Vasconcelos de Ayamonte, ó Don Juan de Badajoz, aqui é, sempre foi e há-de ser Portugal.... Se não, repara: Um dia falta a lata, no outro falha o abastecimento da merda, no outro é o diabo que não vem porque tem uma reunião importante ou manda o Bibi que é amnésico... Ou então é feriado e depois fazemos ponte e no dia seguinte os bombeiros voluntários não entregam a lenha para o braseiro... E assim se vai andando, às vezes gemendo e chorando, e outras cantando e rindo... Em boa verdade, ainda está para nascer o caralho que nos foda a todos.

AIG/MB

Blogantologia(s) - I: Provérbios do mundo

O meu amigo J. Dupret tem a sabedoria daqueles que nasceram do ventre da Mãe África, cresceram com os embondeiros, acalentaram os mais belos sonhos do mundo e nunca desistiram de os contar e de os viver, mesmo quando o pesadelo da realidade às vezes parecia querer esmagar tudo e todos, homens, mulheres, crianças, bichos e árvores...



Esta pequena antologia de provérbios do mundo foi ele que me mandou, num gesto simples de amizade. Estamos longe, mas mesmo assim à distância de um clique. Acho que ela merece ser partilhada com @s demais car@s ciberamig@s deste blogador. Limitei-me a ordená-los de A a Z:



A boca de uma mulher nunca tira férias (Provérbio crioulo).

A mais alta das torres começa no solo (Provérbio chinês).

A terra atrai tanto que os velhos andam curvados (Provérbio arménio).

Amor de jovem é água no cesto (Provérbio espanhol).

Antes de começares o trabalho de mudar o mundo, dá três voltas dentro da tua casa(Provérbio chinês).

Caia a faca no melão ou o melão na faca, o melão sofre (Provérbio chinês).

Casa e serás feliz uma semana; mata um porco e serás feliz um mês; sê padre e serás feliz a vida toda (Provérbio polaco).

Casar-se uma vez é um dever, duas vezes é uma tolice e três vezes uma loucura (Provérbio holandês).

Começar já é metade de toda a acção (Provérbio grego).

Cuidado com as mulheres barbudas e com os homens imberbes (Provérbio basco).

Fevereiro tem 28 dias; é neste mês que as mulheres falam menos (Provérbio brasileiro/mineiro).

Há três tipos de homens que não entendem nada de mulheres: os jovens, os velhos e os que estão entre os dois (Provérbio irlandês).

Já que o amor é cego, o importante é apalpar (Provérbio brasileiro).

Melhor bem enforcado do que mal casado (Provérbio alemão).

Melhor uma vara curta do que dormir sozinha (Provérbio feminino africano).

Não cases por dinheiro, podes conseguir empréstimo mais barato (Provérbio escocês).

Não há remédio para o medo (Provérbio escocês).

Não podes fazer uma omelete sem partir os ovos (Provérbio francês).

O casamento é como uma armadilha para enguias: as que estão fora querem entrar e as que estão dentro querem sair (Provérbio norueguês).

Quando estás certo, ninguém se lembra; quando estás errado, ninguém esquece(Provérbio irlandês).

Quando uma mulher não sabe o que responder é porque não há mais água no mar (Provérbio grego).

Quem gasta tudo o que tem, muitas vezes diz o que não convém, faz o que não deve, julga o que não vê e gasta o que não pode (Provérbio árabe).

Quer os elefantes lutem, quer façam amor, quem se lixa é sempre o capim (Provérbio africano).

Saber demasiado é envelhecer precocemente (Provérbio russo).

Um solteiro pode ser tão idiota quanto um homem casado, mas ele ouve isso menos vezes (Provérbio francês).

Urubu, na guerra, é galinha (Provérbio brasileiro).

Blogantologia(s) - I: Provérbios do mundo

O meu amigo J. Dupret tem a sabedoria daqueles que nasceram do ventre da Mãe África, cresceram com os embondeiros, acalentaram os mais belos sonhos do mundo e nunca desistiram de os contar e de os viver, mesmo quando o pesadelo da realidade às vezes parecia querer esmagar tudo e todos, homens, mulheres, crianças, bichos e árvores...

Esta pequena antologia de provérbios do mundo foi ele que me mandou, num gesto simples de amizade. Estamos longe, mas mesmo assim à distância de um clique. Acho que ela merece ser partilhada com @s demais car@s ciberamig@s deste blogador. Limitei-me a ordená-los de A a Z:

A boca de uma mulher nunca tira férias (Provérbio crioulo).
A mais alta das torres começa no solo (Provérbio chinês).
A terra atrai tanto que os velhos andam curvados (Provérbio arménio).
Amor de jovem é água no cesto (Provérbio espanhol).
Antes de começares o trabalho de mudar o mundo, dá três voltas dentro da tua casa(Provérbio chinês).
Caia a faca no melão ou o melão na faca, o melão sofre (Provérbio chinês).
Casa e serás feliz uma semana; mata um porco e serás feliz um mês; sê padre e serás feliz a vida toda (Provérbio polaco).
Casar-se uma vez é um dever, duas vezes é uma tolice e três vezes uma loucura (Provérbio holandês).
Começar já é metade de toda a acção (Provérbio grego).
Cuidado com as mulheres barbudas e com os homens imberbes (Provérbio basco).
Fevereiro tem 28 dias; é neste mês que as mulheres falam menos (Provérbio brasileiro/mineiro).
Há três tipos de homens que não entendem nada de mulheres: os jovens, os velhos e os que estão entre os dois (Provérbio irlandês).
Já que o amor é cego, o importante é apalpar (Provérbio brasileiro).
Melhor bem enforcado do que mal casado (Provérbio alemão).
Melhor uma vara curta do que dormir sozinha (Provérbio feminino africano).
Não cases por dinheiro, podes conseguir empréstimo mais barato (Provérbio escocês).
Não há remédio para o medo (Provérbio escocês).
Não podes fazer uma omelete sem partir os ovos (Provérbio francês).
O casamento é como uma armadilha para enguias: as que estão fora querem entrar e as que estão dentro querem sair (Provérbio norueguês).
Quando estás certo, ninguém se lembra; quando estás errado, ninguém esquece(Provérbio irlandês).
Quando uma mulher não sabe o que responder é porque não há mais água no mar (Provérbio grego).
Quem gasta tudo o que tem, muitas vezes diz o que não convém, faz o que não deve, julga o que não vê e gasta o que não pode (Provérbio árabe).
Quer os elefantes lutem, quer façam amor, quem se lixa é sempre o capim (Provérbio africano).
Saber demasiado é envelhecer precocemente (Provérbio russo).
Um solteiro pode ser tão idiota quanto um homem casado, mas ele ouve isso menos vezes (Provérbio francês).
Urubu, na guerra, é galinha (Provérbio brasileiro).

07 novembro 2003

Portugas que merecem as nossas palmas – I: Centro Regional de Saúde Pública de Coimbra

O Centro Regional de Saúde Pública de Coimbra tem um serviço de saúde ocupacional para os cerca de 2800 trabalhadores da Sub-região de Saúde de Coimbra. 3 médicos, 2 enfermeiras, 1 técnico de cardiopneumografia, 1 técnico de optometria e 1 assistente administrativa. Os médicos (de saúde pública e do trabalho) são voluntários, disponibilizando 5 manhãs por semana.



O programa não se limita a fazer os exames de saúde, periódicos e não periódicos, dos trabalhadores da SRS de Coimbra, tem também preocupações com a promoção da saúde no local de trabalho, incluindo a sensibilização, informação e educação para a saúde dos trabalhadores (por ex., posturas de trabalho, pausas, exposição a ecrãs, riscos físicos, químicos, biológicos e psicossociais).



Este é um exemplo, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de como se podem fazer boas omeletes com os poucos ovos das galinhas da nossa capoeira. O CRSP de Coimbra não ficou à espera da resposta à pergunta: Quem cuida de nós, prestadores de cuidados de saúde ?



Muitas vezes esquecemo-nos, nós, portugas que estamos do outro lado do balcão do centro de saúde ou na sala de espera da urgência do hospital, que os prestadores de cuidados de saúde e o pessoal de apoio dos serviços de saúde também têm problemas de saúde: patologia osteomuscular, síndroma ansioso-depressiva, alterações da visão, obesidade, patologia cardiovascular, patologia alergológica e por aí fora.



Quando o empregador (o SNS) não dá o exemplo (neste caso, não cumpre as suas obrigações legais, de acordo com a legislação em vigor, e que são: (i) prevenir os riscos profissionais e (ii) promover a saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde...), pequenas/grandes iniciativas como estas merecem o nosso aplauso. Assisti ontem, no âmbito do I Encontro Sistémica e Cuidados de Saúde (Coimbra, 6-8 de Novembro de 2003), à apresentação deste programa que já está em marcha há alguns anos.



Parabéns ao Dr. José Tereso, que coordena o CRSP de Coimbra, e à equipa que está envolvida nos programas de saúde ocupacional e de promoção da saúde no local de trabalho (incluindo os Drs. J.C. Borges, F. Lopes e A. Morais).



Estes portugas merecem as nossas palmas!

Portugas que merecem as nossas palmas – I: Centro Regional de Saúde Pública de Coimbra

O Centro Regional de Saúde Pública de Coimbra tem um serviço de saúde ocupacional para os cerca de 2800 trabalhadores da Sub-região de Saúde de Coimbra. 3 médicos, 2 enfermeiras, 1 técnico de cardiopneumografia, 1 técnico de optometria e 1 assistente administrativa. Os médicos (de saúde pública e do trabalho) são voluntários, disponibilizando 5 manhãs por semana.

O programa não se limita a fazer os exames de saúde, periódicos e não periódicos, dos trabalhadores da SRS de Coimbra, tem também preocupações com a promoção da saúde no local de trabalho, incluindo a sensibilização, informação e educação para a saúde dos trabalhadores (por ex., posturas de trabalho, pausas, exposição a ecrãs, riscos físicos, químicos, biológicos e psicossociais).

Este é um exemplo, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de como se podem fazer boas omeletes com os poucos ovos das galinhas da nossa capoeira. O CRSP de Coimbra não ficou à espera da resposta à pergunta: Quem cuida de nós, prestadores de cuidados de saúde ?

Muitas vezes esquecemo-nos, nós, portugas que estamos do outro lado do balcão do centro de saúde ou na sala de espera da urgência do hospital, que os prestadores de cuidados de saúde e o pessoal de apoio dos serviços de saúde também têm problemas de saúde: patologia osteomuscular, síndroma ansioso-depressiva, alterações da visão, obesidade, patologia cardiovascular, patologia alergológica e por aí fora.

Quando o empregador (o SNS) não dá o exemplo (neste caso, não cumpre as suas obrigações legais, de acordo com a legislação em vigor, e que são: (i) prevenir os riscos profissionais e (ii) promover a saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde...), pequenas/grandes iniciativas como estas merecem o nosso aplauso. Assisti ontem, no âmbito do I Encontro Sistémica e Cuidados de Saúde (Coimbra, 6-8 de Novembro de 2003), à apresentação deste programa que já está em marcha há alguns anos.

Parabéns ao Dr. José Tereso, que coordena o CRSP de Coimbra, e à equipa que está envolvida nos programas de saúde ocupacional e de promoção da saúde no local de trabalho (incluindo os Drs. J.C. Borges, F. Lopes e A. Morais).

Estes portugas merecem as nossas palmas!

05 novembro 2003

Humor com humor se paga - VII: Por uma boa causa

Protesta a trabalhadora do sexo à porta de um conhecido bar de alterne em Bragança, cujo proprietário é suspeito de lenocínio:

- Não estou a transar, nada disso!

Insiste o polícia:

- Então se não andas a coisar, andas a fazer o quê ?

- Ó cara, estou só a promover a venda de preservativos, fazendo uma demonstração grátis!

- Mas isso cá na nossa terra chama-se marketing directo!

- E olha, senhor agente, que é por uma boa causa, a luta contra a AIDS...



AM/LG

Humor com humor se paga - VII: Por uma boa causa

Protesta a trabalhadora do sexo à porta de um conhecido bar de alterne em Bragança, cujo proprietário é suspeito de lenocínio:
- Não estou a transar, nada disso!
Insiste o polícia:
- Então se não andas a coisar, andas a fazer o quê ?
- Ó cara, estou só a promover a venda de preservativos, fazendo uma demonstração grátis!
- Mas isso cá na nossa terra chama-se marketing directo!
- E olha, senhor agente, que é por uma boa causa, a luta contra a AIDS...

AM/LG

Humor com humor se paga - VI: O relativo e o absoluto

Um amigo meu (judeu, não crente) mandou-me esta anedota, a mim que devo ter sido, noutras vidas, primeiro tranquilo moçárabe e depois perseguido cristão-novo (nunca o soube ao certo, daí também nunca ter posto este detalhe no meu currículo). Diz ele que houve cinco Judeus que Mudaram o Mundo ou, pelo menos, a Maneira de Ver o Mundo... E por isso são justamente famosos, entre judeus e gentios:



1. Moisés que proclamou: "A lei é TUDO."



2. Jesus Cristo que pregou: "O amor é TUDO."



3. Marx que escreveu: "O capital é TUDO."



4. Freud que psicanalisou: "O sexo é TUDO".



5. E, finalmente, Einstein que consagrou em fórmula matemática: "TUDO é relativo, meus senhores."



Eu que não sou judeu, mas devo ter costela de mouro ou berbere, acrescento da minha lavra: "TUDO é relativo, meus amigos, excepto a morte que é definitiva e absoluta!"...



O meu amigo (judeu, não-crente) discorda de mim: quando morrer, quer entregar o cadáver à ciência na esperança (o mais relativo dos nossos sentimentos) de ainda vir a conseguir uma boleia para a eternidade...

Humor com humor se paga - VI: O relativo e o absoluto

Um amigo meu (judeu, não crente) mandou-me esta anedota, a mim que devo ter sido, noutras vidas, primeiro tranquilo moçárabe e depois perseguido cristão-novo (nunca o soube ao certo, daí também nunca ter posto este detalhe no meu currículo). Diz ele que houve cinco Judeus que Mudaram o Mundo ou, pelo menos, a Maneira de Ver o Mundo... E por isso são justamente famosos, entre judeus e gentios:

1. Moisés que proclamou: "A lei é TUDO."

2. Jesus Cristo que pregou: "O amor é TUDO."

3. Marx que escreveu: "O capital é TUDO."

4. Freud que psicanalisou: "O sexo é TUDO".

5. E, finalmente, Einstein que consagrou em fórmula matemática: "TUDO é relativo, meus senhores."

Eu que não sou judeu, mas devo ter costela de mouro ou berbere, acrescento da minha lavra: "TUDO é relativo, meus amigos, excepto a morte que é definitiva e absoluta!"...

O meu amigo (judeu, não-crente) discorda de mim: quando morrer, quer entregar o cadáver à ciência na esperança (o mais relativo dos nossos sentimentos) de ainda vir a conseguir uma boleia para a eternidade...

Saúde & Segurança no Trabalho - VII: O relatório anual dos serviços (4)

O país do viva-o-pipi, morra-o-bibi!



É porventura um sinal dos tempos a atitude de descrença, de desânimo, de frustação ou tão só de cinismo com que muitas pessoas (e algumas até com responsabilidade na administração da saúde e do trabalho) olham para o famigerado relatório anual da actividade dos serviços de SH&ST.



Tenho ouvido as mais variadas expressões, em geral carregadas de negatividade crítica. Não estou nada preocupada. Penso, enquanto blogo, que é bom, é higiénico, é saudável e sobretudo é mais seguro que fiquem aqui registadas. Aqui, no blog(ue)-fora-nada... Um dia destes vão parar ao grande caixote do lixo do ciberespaço que no planeta azul já não cabe tanta merda.



Para a petit histoire das lusitanas gentes e das suas lusitaníssimas mentalidades. E ao cuidado, pois claro, dos sociológos de serviço, a quem compete observar, medir, analisar, comparar e, se possível (velha utopia desta corporação de ofício!), mudar a espuma que escorre deste(s) dia(s):



- "É um aborto, o relatório!"

- "O melhor é esquecê-lo!"

- "Uma nova fonte de negócio para os especialistas de vão de escada que vivem das sobras da burocracia, preenchendo a papelada às pessoas"

- "Ninguém sabe para que serve"

- "O que é que o delegado de saúde da minha zona vai fazer com centenas ou milhares de relatórios em cima da secretária ?"

- "Fizeram sair a portaria, mas esqueceram-se do sistema de informação"

- "As estatísticas são uma máquina de fazer chouriços"

- "Já tínhamos três fontes de informação administrativa sobre os acidentes de trabalho: a do Ministério do Trabalho, a dos tribunais e a dos seguros; agora passamos a ter uma quarta"

- "Quem controla a veracidade das declarações ? Os trabalhadores não são ouvidos nem chamados"

- "O defunto IDICT não foi capaz de fazer o processo de acreditação das empresas prestadoras de serviços externos de segurança, higiene e saúde no trabalho, como é que vai agora tratar as centenas de milhares de relatórios que aí vêm?"

- "É um absurdo exigir às 300 e tal autarquias (das quais só 10% cumprem as prescrições mínimas em matéria de higiene e segurança no trabalho) que entrregam tantos relatórios quantos os estabelecimentos ou locais de trabalho existentes"

- "O Serviço Nacional de Saúde vai fazer o relatório dos pescadores em regime de companha, dos agricultores, dos artesãos, dos trabalhadores independentes, das micro-empresas ?"

- "As empresas vão fazer show off"

- "Deixem o mercado funcionar"

- "A Inspecção do Trabalho não vai chatear ninguém"

- "Desde quando a saúde pública se interessou pela saúde ocupacional?", etc.



Não sei se isto é uma reacção (imunopatológica) dos portugas quando são confrontadas com pequenas ou grandes mudanças que vão mexer nas suas pequenas ou grandes certezas... O problema, se calhar, nem é tanto esse: eu vejo sobretudo nestas atitudes o reflexo das consequências perversas das frustação das expectativas alimentadas desde 1991 em relação à área da SH&ST... E tu, ciberleitor deste blogue ? Não pensas nem blogas ? Se não blogas, não existes, neste país do viva-o-pipi, morra-o-bibi!

Saúde & Segurança no Trabalho - VII: O relatório anual dos serviços (4)

O país do viva-o-pipi, morra-o-bibi!

É porventura um sinal dos tempos a atitude de descrença, de desânimo, de frustação ou tão só de cinismo com que muitas pessoas (e algumas até com responsabilidade na administração da saúde e do trabalho) olham para o famigerado relatório anual da actividade dos serviços de SH&ST.

Tenho ouvido as mais variadas expressões, em geral carregadas de negatividade crítica. Não estou nada preocupada. Penso, enquanto blogo, que é bom, é higiénico, é saudável e sobretudo é mais seguro que fiquem aqui registadas. Aqui, no blog(ue)-fora-nada... Um dia destes vão parar ao grande caixote do lixo do ciberespaço que no planeta azul já não cabe tanta merda.

Para a petit histoire das lusitanas gentes e das suas lusitaníssimas mentalidades. E ao cuidado, pois claro, dos sociológos de serviço, a quem compete observar, medir, analisar, comparar e, se possível (velha utopia desta corporação de ofício!), mudar a espuma que escorre deste(s) dia(s):

- "É um aborto, o relatório!"
- "O melhor é esquecê-lo!"
- "Uma nova fonte de negócio para os especialistas de vão de escada que vivem das sobras da burocracia, preenchendo a papelada às pessoas"
- "Ninguém sabe para que serve"
- "O que é que o delegado de saúde da minha zona vai fazer com centenas ou milhares de relatórios em cima da secretária ?"
- "Fizeram sair a portaria, mas esqueceram-se do sistema de informação"
- "As estatísticas são uma máquina de fazer chouriços"
- "Já tínhamos três fontes de informação administrativa sobre os acidentes de trabalho: a do Ministério do Trabalho, a dos tribunais e a dos seguros; agora passamos a ter uma quarta"
- "Quem controla a veracidade das declarações ? Os trabalhadores não são ouvidos nem chamados"
- "O defunto IDICT não foi capaz de fazer o processo de acreditação das empresas prestadoras de serviços externos de segurança, higiene e saúde no trabalho, como é que vai agora tratar as centenas de milhares de relatórios que aí vêm?"
- "É um absurdo exigir às 300 e tal autarquias (das quais só 10% cumprem as prescrições mínimas em matéria de higiene e segurança no trabalho) que entrregam tantos relatórios quantos os estabelecimentos ou locais de trabalho existentes"
- "O Serviço Nacional de Saúde vai fazer o relatório dos pescadores em regime de companha, dos agricultores, dos artesãos, dos trabalhadores independentes, das micro-empresas ?"
- "As empresas vão fazer show off"
- "Deixem o mercado funcionar"
- "A Inspecção do Trabalho não vai chatear ninguém"
- "Desde quando a saúde pública se interessou pela saúde ocupacional?", etc.

Não sei se isto é uma reacção (imunopatológica) dos portugas quando são confrontadas com pequenas ou grandes mudanças que vão mexer nas suas pequenas ou grandes certezas... O problema, se calhar, nem é tanto esse: eu vejo sobretudo nestas atitudes o reflexo das consequências perversas das frustação das expectativas alimentadas desde 1991 em relação à área da SH&ST... E tu, ciberleitor deste blogue ? Não pensas nem blogas ? Se não blogas, não existes, neste país do viva-o-pipi, morra-o-bibi!

04 novembro 2003

Saúde & Segurança do Trabalho - VI: O relatório anual dos serviços (3)

Não à balcanização!

Desta vez a Direcção Geral da Saúde, através da sua Divisão de Saúde Ocupacional, bateu o IDICT. Um a zero. Refiro-me à disponibilização, em Junho de 2003, de informação on line sobre o preenchimento do Relatório Anual da Actividade do(s) Serviço(s) de SH&ST.

Trata-se de informação prestada às empresas, embora dizendo apenas respeito à área da saúde e incluindo itens como: (i) Pessoal dos serviços de SH&ST – Médicos do trabalho e enfermeiros; (ii) Actividades dos serviços de SH&ST – Formação do pessoal; (iii) Actividades desenvolvidas no âmbito da saúde no trabalho – exames de admissão, periódicos e ocasionais; (iv) Actividades desenvolvidas no âmbito da saúde no trabalho – exames complementares; (v) Promoção da saúde e educação para a saúde no trabalho; (vi) Doenças profissionais de declaração obrigatória.

Sobre a promoção e a educação para saúde o escriva de serviço exarou a seguinte doutrina: “A educação para a saúde refere-se à transmissão de conhecimentos e ao processo de aprendizagem em saúde que permita a cada pessoa melhorar o seu estado de saúde e o dos outros”. Quanto à promoção da saúde, ela é entendida como “um processo que permite aos trabalhadores, e às pessoas em geral, melhorar o controlo sobre sua saúde”.

Até aqui nada de novo. O que pode constituir novidade, para os empregadores e outros leigos, é o aparente enriquecimento do conceito: a promoção da saúde não se resume só a “acções de formação” (sic), abrange também “actividades desenvolvidas na empresa, que permitem aos trabalhadores modificar comportamentos nocivos à saúde, tais como o uso do tabaco, do álcool, da falta de actividade física (sedentarismo) e hábitos alimentares errados, entre outros”.

Segundo o sítio da Direcção Geral de Saúde, no campo 4.1 do relatório deve listar-se “o tipo de actividades desenvolvidas, como por exemplo, formação em sala, grupos de trabalho, criação de grupos de não fumadores, sessões ao ar livre, actividades desportivas, etc.”. Por seu turno, no campo 4.4 deverão ser listados os temas abordados “tais como educação alimentar, formas de abandono do uso do tabaco, prática regular de actividade física, etc.”.

Registe-se, em todo o caso, que na abordagem da saúde pública a promoção da saúde no trabalho centra-se fundamentalmente na (i) prevenção de comportamentos de risco para a saúde” (por ex., tabagismo, sedentarismo) e (ii) promoção de estilos de vida saudável (por ex., não fumar, fazer exercíco físico). Pessoalmente, acho que esta abordagem peca por ser redutora, mas isso é outra história que fica para outra vez.

Sem deixar de dar os parabéns aos responsáveis por estes conteúdos informativos, tenho que lamentar, aqui e agora, o facto de a administração do trabalho e da saúde não terem conseguido concertar esforços de modo a produzir e a apresentar em conjunto instruções específicas para o preenchimento do modelo nº 1714 da Imprensa Nacional Casa da Moeda. Na página do IDICT encontrei apenas a seguinte lacónica informação: “Aguarda-se a publicação de um Despacho do MSST e Ministério da Saúde que prorroga o prazo de entrega do modelo do Relatório Anual até 30 de Outubro”.

O visitante (não avisado, incauto, menos informado...) dos respectivos sítios na Net (agora renovados), poderia ficar, lamentavelmente, com a ideia de que a saúde e a segurança no trabalho (i) não são a face da mesma moeda e que (ii) têm tutelas distintas, respectivamente a Direcção-Geral de Saúde e IDICT. A ser verdade, estaríamos então perante uma verdadeira balcanização da saúde e da segurança da população trabalhadora. E tal como noutras situações (históricas e mais trágicas) de balcanização, ninguém ganha com isso. As empresas, os trabalhadores e o país não têm nada a ganhar com estas demarcações de território na gestão da coisa pública...

Para ridículo e desprestígio destas duas administrações, já basta este modelo de relatório ter levado meia dúzia de anos (!) a ser pensado, desenhado, elaborado e finalmente aprovado por um simples portaria conjunta dos ministérios da tutela. O país não pode esperar meia dúzia de anos por decisões administrativas deste tipo nem muito menos dar-se ao luxo de balcanizar a saúde e a segurança da sua população activa...

Saúde & Segurança do Trabalho - VI: O relatório anual dos serviços (3)

Não à balcanização!

Desta vez a Direcção Geral da Saúde, através da sua Divisão de Saúde Ocupacional, bateu o IDICT. Um a zero. Refiro-me à disponibilização, em Junho de 2003, de informação on line sobre o preenchimento do Relatório Anual da Actividade do(s) Serviço(s) de SH&ST.

Trata-se de informação prestada às empresas, embora dizendo apenas respeito à área da saúde e incluindo itens como: (i) Pessoal dos serviços de SH&ST – Médicos do trabalho e enfermeiros; (ii) Actividades dos serviços de SH&ST – Formação do pessoal; (iii) Actividades desenvolvidas no âmbito da saúde no trabalho – exames de admissão, periódicos e ocasionais; (iv) Actividades desenvolvidas no âmbito da saúde no trabalho – exames complementares; (v) Promoção da saúde e educação para a saúde no trabalho; (vi) Doenças profissionais de declaração obrigatória.

Sobre a promoção e a educação para saúde o escriva de serviço exarou a seguinte doutrina: “A educação para a saúde refere-se à transmissão de conhecimentos e ao processo de aprendizagem em saúde que permita a cada pessoa melhorar o seu estado de saúde e o dos outros”. Quanto à promoção da saúde, ela é entendida como “um processo que permite aos trabalhadores, e às pessoas em geral, melhorar o controlo sobre sua saúde”.

Até aqui nada de novo. O que pode constituir novidade, para os empregadores e outros leigos, é o aparente enriquecimento do conceito: a promoção da saúde não se resume só a “acções de formação” (sic), abrange também “actividades desenvolvidas na empresa, que permitem aos trabalhadores modificar comportamentos nocivos à saúde, tais como o uso do tabaco, do álcool, da falta de actividade física (sedentarismo) e hábitos alimentares errados, entre outros”.

Segundo o sítio da Direcção Geral de Saúde, no campo 4.1 do relatório deve listar-se “o tipo de actividades desenvolvidas, como por exemplo, formação em sala, grupos de trabalho, criação de grupos de não fumadores, sessões ao ar livre, actividades desportivas, etc.”. Por seu turno, no campo 4.4 deverão ser listados os temas abordados “tais como educação alimentar, formas de abandono do uso do tabaco, prática regular de actividade física, etc.”.

Registe-se, em todo o caso, que na abordagem da saúde pública a promoção da saúde no trabalho centra-se fundamentalmente na (i) prevenção de comportamentos de risco para a saúde” (por ex., tabagismo, sedentarismo) e (ii) promoção de estilos de vida saudável (por ex., não fumar, fazer exercíco físico). Pessoalmente, acho que esta abordagem peca por ser redutora, mas isso é outra história que fica para outra vez.

Sem deixar de dar os parabéns aos responsáveis por estes conteúdos informativos, tenho que lamentar, aqui e agora, o facto de a administração do trabalho e da saúde não terem conseguido concertar esforços de modo a produzir e a apresentar em conjunto instruções específicas para o preenchimento do modelo nº 1714 da Imprensa Nacional Casa da Moeda. Na página do IDICT encontrei apenas a seguinte lacónica informação: “Aguarda-se a publicação de um Despacho do MSST e Ministério da Saúde que prorroga o prazo de entrega do modelo do Relatório Anual até 30 de Outubro”.

O visitante (não avisado, incauto, menos informado...) dos respectivos sítios na Net (agora renovados), poderia ficar, lamentavelmente, com a ideia de que a saúde e a segurança no trabalho (i) não são a face da mesma moeda e que (ii) têm tutelas distintas, respectivamente a Direcção-Geral de Saúde e IDICT. A ser verdade, estaríamos então perante uma verdadeira balcanização da saúde e da segurança da população trabalhadora. E tal como noutras situações (históricas e mais trágicas) de balcanização, ninguém ganha com isso. As empresas, os trabalhadores e o país não têm nada a ganhar com estas demarcações de território na gestão da coisa pública...

Para ridículo e desprestígio destas duas administrações, já basta este modelo de relatório ter levado meia dúzia de anos (!) a ser pensado, desenhado, elaborado e finalmente aprovado por um simples portaria conjunta dos ministérios da tutela. O país não pode esperar meia dúzia de anos por decisões administrativas deste tipo nem muito menos dar-se ao luxo de balcanizar a saúde e a segurança da sua população activa...

03 novembro 2003

Saúde & Segurança do Trabalho - V: O relatório anual dos serviços (2)

De J.M.R., recebi este comentário:

1. Globalmente considero que é positivo obrigar as empresas a prestar contas. O interesse é ou deveria ser de todos, a começar pelos empregadores e gestores que têm subestimado esta função. Na minha empresa, quando eles querem tramar alguém mandam-no para a segurança. Já discuti isto com colegas, se não será mesmo uma forma de assédio ou discriminação... Quanto ao relatório, só tenho uma crítica a fazer: vê-se mesmo que não consultaram as pessoas que estão no terreno.

2. Quanto ao resto, ninguém sabe o que vão fazer dos relatórios... Do relatório em suporte de papel, não vão fazer absolutamente nada, segundo ouvi dizer há dias... Do relatório em suporte informático, talvez façam uma pequena exploração estatística. Para quem perdeu muitas horas de sono, como você diz, a preencher relatórios nestas últimas semanas, é capaz de ser uma notícia um bocado frustrante... No meu caso dei uma cópia à comissão de higiene, segurança e ambiente. Pode ser que eles achem alguma piada à coisa.
J.M.R.

Saúde & Segurança do Trabalho - V: O relatório anual dos serviços (2)

De J.M.R., recebi este comentário:

1. Globalmente considero que é positivo obrigar as empresas a prestar contas. O interesse é ou deveria ser de todos, a começar pelos empregadores e gestores que têm subestimado esta função. Na minha empresa, quando eles querem tramar alguém mandam-no para a segurança. Já discuti isto com colegas, se não será mesmo uma forma de assédio ou discriminação... Quanto ao relatório, só tenho uma crítica a fazer: vê-se mesmo que não consultaram as pessoas que estão no terreno.

2. Quanto ao resto, ninguém sabe o que vão fazer dos relatórios... Do relatório em suporte de papel, não vão fazer absolutamente nada, segundo ouvi dizer há dias... Do relatório em suporte informático, talvez façam uma pequena exploração estatística. Para quem perdeu muitas horas de sono, como você diz, a preencher relatórios nestas últimas semanas, é capaz de ser uma notícia um bocado frustrante... No meu caso dei uma cópia à comissão de higiene, segurança e ambiente. Pode ser que eles achem alguma piada à coisa.
J.M.R.

Saúde & Segurança do Trabalho - IV: O relatório anual dos serviços (1)

Acabou em 31 de Outubro de 2003 o prazo para entrega do relatório anual da actividade do(s) serviço(s) de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (abreviadamente, SH&ST).

Durante as últimas semanas, muitos dos médicos do trabalho e demais profissionais que trabalham nesta área não terão feito outra coisa senão coligir, muito provavelmente à pressa, os dados que são exigidos aos empregadores de modo a poderem prestar contas do seu desempenho, durante o ano de 2002, em matéria de prevenção dos riscos profissionais e de promoção da saúde dos seus trabalhadores.

Pessoalmente, considero que se deu um passo em frente no desenvolvimento sistema de gestão da SH&ST. Não sei se é grande, se é pequeno. Sei apenas que é um passo, e que é sempre por um passo que começam todos os projectos.

Os mais críticos e pessimistas dir-me-ão que o modelo de relatório, aprovado pela Portaria nº 1184/2002, de 29 de Agosto de 2002, surge com um atraso de meia dúzia de anos... Deixá-lo, sempre vale mais tarde do que nunca... O que importa agora é saber o que vamos fazer com ele. Ora isso é uma decisão que nos escapa, estando nas mãos da administração do trabalho (e, em muito menor grau, da saúde).

Recorde-se que o relatório podia ser entregue em suporte informático; aliás, devia sê-lo, no caso das empresas com 50 ou mais trabalhadores; e em suporte de papel nos restantes casos. Até aqui tudo bem. O problema é que terão que ser elaborados tantos relatórios quanto o número de estabelecimentos.

Um médico disse-me que o seu serviço de saúde/medicina do trabalho tinha mandado, por e-mail, tantos relatórios quantas as agências do respectivo banco: qualquer coisa como quatro centenas... Esta exigência é que me parece excessiva, desmesurada, burocrática... A recolha e o tratamento da informação custam muito dinheiro às empresas e demais entidades patronais. Há um risco, que não foi calculado por parte da administração do trabalho e da saúde, de se fazer relatórios em série, através da técnica do “copy & paste”...

Por outro lado, o preenchimento do relatório é complexo e moroso. Dada a estrutura do tecido empresarial português (constituído em mais de 99.5% dos casos por MPE, ou sejam, empresas de pequeníssima e pequena dimensão), justificar-se-ia a existência de dois modelos de relatório da actividade anual dos serviços de SH&ST, sendo um deles simplificado. Vamos até mais longe, sugerindo que o relatório simplificado possa ser entregue por todas as empresas com menos de 100 trabalhadores, ou sejam, todas as empresas não sujeitas à obrigação da enrtrega do Balanço Social.

Todos os leitores do meu blogue estão convidados a participar na discussão sobre este tema, que já foi de resto objecto de uma mesa-redonda, no VII Fórum Nacional da Medicina do Trabalho, no passado dia 31 de Outubro de 2003, em Lisboa, na Culturgest. A discussão tanto pode ser centrada no conteúdo do relatório como nos possíveis outputs, resultantes do seu tratamento... Escrevam para a minha caixa de correio.

Para já sabe-se que, em relação ao exercício de 2002, só irão ser tratados, pelo Departamento de Estatísticas, Estudos e Planeamento do Ministério da Segurança Social e do Trabalho (DEEP/MSST), os relatórios enviados em suporte digital. Mas mesmo que seja uma amostra de 10% do total (cerca de 30 mil num universo superior a 300 mil), já é um bom começo...

Resta saber qual é a qualidade da informação dos primeiros relatórios...

Saúde & Segurança do Trabalho - IV: O relatório anual dos serviços (1)

Acabou em 31 de Outubro de 2003 o prazo para entrega do relatório anual da actividade do(s) serviço(s) de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (abreviadamente, SH&ST).

Durante as últimas semanas, muitos dos médicos do trabalho e demais profissionais que trabalham nesta área não terão feito outra coisa senão coligir, muito provavelmente à pressa, os dados que são exigidos aos empregadores de modo a poderem prestar contas do seu desempenho, durante o ano de 2002, em matéria de prevenção dos riscos profissionais e de promoção da saúde dos seus trabalhadores.

Pessoalmente, considero que se deu um passo em frente no desenvolvimento sistema de gestão da SH&ST. Não sei se é grande, se é pequeno. Sei apenas que é um passo, e que é sempre por um passo que começam todos os projectos.

Os mais críticos e pessimistas dir-me-ão que o modelo de relatório, aprovado pela Portaria nº 1184/2002, de 29 de Agosto de 2002, surge com um atraso de meia dúzia de anos... Deixá-lo, sempre vale mais tarde do que nunca... O que importa agora é saber o que vamos fazer com ele. Ora isso é uma decisão que nos escapa, estando nas mãos da administração do trabalho (e, em muito menor grau, da saúde).

Recorde-se que o relatório podia ser entregue em suporte informático; aliás, devia sê-lo, no caso das empresas com 50 ou mais trabalhadores; e em suporte de papel nos restantes casos. Até aqui tudo bem. O problema é que terão que ser elaborados tantos relatórios quanto o número de estabelecimentos.

Um médico disse-me que o seu serviço de saúde/medicina do trabalho tinha mandado, por e-mail, tantos relatórios quantas as agências do respectivo banco: qualquer coisa como quatro centenas... Esta exigência é que me parece excessiva, desmesurada, burocrática... A recolha e o tratamento da informação custam muito dinheiro às empresas e demais entidades patronais. Há um risco, que não foi calculado por parte da administração do trabalho e da saúde, de se fazer relatórios em série, através da técnica do “copy & paste”...

Por outro lado, o preenchimento do relatório é complexo e moroso. Dada a estrutura do tecido empresarial português (constituído em mais de 99.5% dos casos por MPE, ou sejam, empresas de pequeníssima e pequena dimensão), justificar-se-ia a existência de dois modelos de relatório da actividade anual dos serviços de SH&ST, sendo um deles simplificado. Vamos até mais longe, sugerindo que o relatório simplificado possa ser entregue por todas as empresas com menos de 100 trabalhadores, ou sejam, todas as empresas não sujeitas à obrigação da enrtrega do Balanço Social.

Todos os leitores do meu blogue estão convidados a participar na discussão sobre este tema, que já foi de resto objecto de uma mesa-redonda, no VII Fórum Nacional da Medicina do Trabalho, no passado dia 31 de Outubro de 2003, em Lisboa, na Culturgest. A discussão tanto pode ser centrada no conteúdo do relatório como nos possíveis outputs, resultantes do seu tratamento... Escrevam para a minha caixa de correio.

Para já sabe-se que, em relação ao exercício de 2002, só irão ser tratados, pelo Departamento de Estatísticas, Estudos e Planeamento do Ministério da Segurança Social e do Trabalho (DEEP/MSST), os relatórios enviados em suporte digital. Mas mesmo que seja uma amostra de 10% do total (cerca de 30 mil num universo superior a 300 mil), já é um bom começo...

Resta saber qual é a qualidade da informação dos primeiros relatórios...