1. O meu amigo Octávio Mateus, paleontólogo de dinossauros, do Museu da Lourinhã, acaba de chegar do sul de Angola, e de enviar-nos o seguinte relatório da sua curta mas frutuosa expedição científica, sob a forma de um "press release", que tomo a liberdade de divulgar:
"Instituições científicas europeias, norte-americanas e angolana estão a associar-se para estudarem o património paleontológico de Angola. Fósseis de mosassauros, dinossauros, e outros répteis do tempo dos dinossauros, assim como peixes e outros vertebrados foram o objectivo de uma expedição de reconhecimento realizada em Maio passado.
"Desde o início da guerra em Angola que nenhum paleontólogo tinha feito trabalho de campo à procura de vertebrados fósseis. Os trabalhos mais importantes neste domínio foram conduzidos durante os anos 60 por Miguel Telles Antunes, da Universidade Nova de Lisboa, que estudou a área em detalhe e desde aí tem publicado estudos sobre os fósseis de vertebrados de Angola. Antunes é o professor e orientador de Octávio Mateus, que em breve estará a apresentar o Doutoramento nesta Universidade.
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Figura - Escavação de crânio de mosassauro no sul de Angola. © Octávio Mateus e Museu da Lourinhã (2005)
"No fim de Maio, Octávio Mateus, do Museu da Lourinhã e da Universidade Nova de Lisboa participou numa expedição de reconhecimento acompanhado com o norte-americano Louis Jacobs da Universidade Metodista do Sul, do Texas.
"Com esta viagem, estreitou-se a cooperação científica entre as instituições portuguesas e angolanas, com destaque para a Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto, Museu de História Natural de Angola, Instituto Superior Privado de Angola e Instituto Geológico de Angola.
"O reconhecimento e recolha de fósseis no terreno superou largamente todas as expectativas mais ousadas. O paleontólogo português Octávio Mateus descobriu inúmeros fósseis entre os quais o primeiro dinossauro de Angola. Trata-se da parte do braço de um dinossauro saurópode, do Cretácico Superior, cujo alguns ossos estão agora no museu em Luanda, mas a maioria do esqueleto está ainda no terreno à espera de uma escavação a ser conduzida pelo Museu da Lourinhã em 2006.
"Além do primeiro dinossauro angolano, o Museu da Lourinhã descobriu ainda crânios de mosassauros, plesiossauros (répteis marinhos do tempo dos dinossauros), tartarugas e peixes fósseis com cerca de 65 milhões de anos. Todo o espólio recolhido foi entregue no Museu de Geologia da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, embora alguns fósseis estejam agora no Museu da Lourinhã, onde serão preparados e estudados. Os fósseis regressarão a Angola em 2006 após o estudo e uma exposição temporária no museu lourinhanense.
Figura - Crânio quase completo de mosassauro, actualmente em estudo no Museu da Lourinhã. © Octávio Mateus e Museu da Lourinhã (2005)
"As recolhas no terreno foram realizadas no deserto da província do Namibe, no sul de Angola, e nas arribas costeiras da província de Bengo. A experiência obtida em Portugal, nomeadamente na Lourinhã, foram essenciais para o sucesso da expedição em Angola.
"Será preparada uma expedição em 2006 com mais recursos e uma equipa maior. O país é vasto e rico em fósseis e daí provêem alguns fósseis emblemáticos como o Angolasaurus, um réptil marinho mosassauro que viveu há cerca de 65 milhões de anos. A equipa espera encontrar mais vestígios deste e outros animais de forma a aumentar o conhecimento sobre o passado de Angola e de África".
2. Os meus parabéns ao Octávio Mateus e ao Prof. Doutor Teles Antunes, assessor científico do Museu da Lourinhã. Mas parabéns também aos angolanos, pessoas e instituições, que apoiaram esta iniciativa que, espero, venha a ser uma grande janela de oportunidade para a cooperação científica entre os dois países no domínio da geologia, paleontologia e museologia.
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