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03 dezembro 2005
Guiné 63/74 - CCCXXXIV: Antologia (30): A Província Portuguesa da Guiné (1961)
Por mão do nosso incansável Jorge Santos, autor da página sobre A Guerra Colonial, chega-nos um este texto sobre a geogrfia e a demografia da Guiné Portuguesa (Dados informativos, 1961).
Estes dados são mais do que um simples curiosidade, para os nossos amigos e camaradas de tertúlia. Têm também interesse histórico: basta compararmos a população de hoje da Guiné-Bissau (que mais do que duplicou) e termos em conta as dramáticas mudanças climáticas que estão afectar a África subsaariana. Por exemplo, quem conhece a Guiné-Bissau de hoje diz que já não chove como há quarenta anos atrás... Enfim, não sei se há dados históricos da metereologia da Guiné-Bissau para confirmar esta tendência.
Situação geográfica e superfície
A província da Guiné acha-se situada na costa ocidental do continente africano, entre o território do Senegal, que lhe serve de fronteira ao norte, e a República da Guiné, que a delimita a leste e a sul.
O seu litoral fica compreendido entre as latitudes 12º 20’ N (Cabo Roxo) e 10º 59’ N (Ponta Cagete).
Além da parte continental e das ilhas de Jeta, Caro, Pecixe, Bissau, Areias, Bolama, Carar, Como e Melo, que lhe ficam contíguas, compreende ainda a província o fronteiro arquipélago de Bijagós, formado por dezenas de ilhas e ilhéus, entre as quais sobressaem as de Caravela, Canhabaque, Formosa, Une, Cavalos e Poilão.
No seu conjunto ocupa a Guiné Portuguesa uma superfície total de 36.125 Km2.
Relevo e hidrografia
Se exceptuarmos algumas pequenas zonas do Leste da província, na região de Boé, onde os últimos contrafortes do maciço do Futa Djalon elevam o terreno até alturas que só raramente atingem os 300 metros, não se encontram na Guiné elevações dignas de menção.
A falta de relevo é especialmente assinalável numa larga faixa litoral, cuja planura, permitindo a invasão profunda, pelo mar, dos antigos cursos dos rios, dá origem às conhecidas «rias» que sulcam grande parte dessa zona da província.
Podem considerar-se na Guiné, no que respeita a cursos de água, duas zonas que a linha limite das marés divide: a zona litoral e a zona interior.Na primeira, os antigos cursos dos rios, ao serem invadidos pelo mar, dão origem às chamadas «rias», das quais as mais importantes, de norte para sul, são as de Sucujaque, Cacheu, Bissau, Grande ou de Buba e Cacine.
Na zona interior, que abrange as regiões situadas para além do limite das marés, assinala-se já a existência de cursos de água doce, com um regime de cheias relacionadas com as variações climatéricas, os quais, devido aos rápidos que cortam os seus percursos, são apenas navegáveis em pequenas extensões.
As principais bacias hidrográficas que se encontram nesta zona são as do rio Cacheu ou Farim, navegável em cerca de 100 Km do seu percurso por navios até 2000 toneladas, do Geba, que constitui a principal via de comunicação fluvial da Guiné, e a do Corubal, que tem a sua origem no Futa Djalon e vai desaguar no estuário do rio Geba, sendo navegável em cerca de 150 km.
Clima
Situada sensivelmente a meia distância entre o Equador e o trópico de Câncer, a Guiné tem o clima quente e húmido característico das regiões tropicais, em que apenas se assinalam duas estações: a quente ou das chuvas, que começa em meados de Maio e se estende até meados de Novembro, e a estação seca e fresca, que cobre o restante período do ano.
Na época das chuvas a humidade atmosférica é bastante elevada e a temperatura média, à sombra, oscila entre 26º e 28º C.
A pluviosidade é superior em média a 2000 mm, sendo os meses de Julho e Agosto os que registam maior número de dias de chuva.
As temperaturas médias da época seca não vão além de 24º C, sendo os meses mais frescos os de Dezembro e Janeiro.
No que respeita às temperaturas, consideram alguns autores a possibilidades de dividir o ano nos seguintes quatro períodos:
a) período fresco - no qual se verificam as maiores amplitudes térmicas, e que abrange os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro.
b) 1º período quente – durante os meses de Março, Abril e Maio, em que as variações térmicas são ainda de certo vulto, especialmente nos meses de Março e Abril.
c) Período das chuvas – que se estende pelos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro.
d) 2º período quente – abrangendo os meses de Outubro e Novembro.
Com as suas características acentuadamente tropicais, o clima da Guiné tem sido considerado como insalubre, devido às suas altas temperaturas, densa humidade, baixa pressão atmosférica e emanações das regiões alagadiças das zonas planas.
É exagerado, no entanto, generalizar a toda a província as más condições climatéricas, visto que em certas regiões, como no Boé, Bafatá e outras, se encontram grandes áreas em que a adaptação do europeu se faz com bastante facilidade e em que o clima não é mais pernicioso do que o de muitos outros lugares do território português.
População
A população total da província da Guiné, segundo o censo de 1950, era de 510.777 habitantes, distribuídos da seguinte maneira:
- 2.263 brancos
- 11 indianos
- 4568 mestiços
- 503.935 negros.
Por estimativa realizada em 31 de Dezembro de 1958 a população total da província era de 568.300 habitantes.
FONTE: Províncias Ultramarinas Portuguesas: dados informativos. Volume 1. Lisboa: Agência Geral do Ultramar, 1961.
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