10 janeiro 2004

Humor com humor se paga - XVIII: Humor negro num país de cegos e amblíopes

Na sequência da nova política do Governo que veio impor às empresas uma quota de emprego para deficientes, a TAP Air Portugal admitiu vários cegos, dando provas, mais uma vez, de ser uma empresa com grande sentido de responsabilidade social.



Agora é frequente ver-se nos nossos aeroportos os pilotos a dirigirem-se para o avião, com óculos escuros, bengala branca, trela e cão.



Esta cena repetiu-se há dias no Funchal. Os passageiros, que não estavam informados da situação, dividiram-se: (i) uns apreciaram e até aplaudiram o sentido de humor do comandante e do seu co-piloto; (ii) outros tiveram um ataque de pânico, quando o aparelho começou a descolar...



O pânico generalizou-se quando os passageiros se aperceberam que o avião estava prestes a chegar ao fim da pista. Um grito de horror foi solto, em uníssono. Nesse preciso momento, e como por milagre, o avião acabou por ganhar altura e voar. Foi então que o co-piloto disse para o comandante:



- ... da-se, já pensaste que, se um dia destes os gajos não gritam, vamos mesmo parar ao charco ?!



Moral da história: É sempre bom a gente gritar...

Humor com humor se paga - XVIII: Humor negro num país de cegos e amblíopes

Na sequência da nova política do Governo que veio impor às empresas uma quota de emprego para deficientes, a TAP Air Portugal admitiu vários cegos, dando provas, mais uma vez, de ser uma empresa com grande sentido de responsabilidade social.

Agora é frequente ver-se nos nossos aeroportos os pilotos a dirigirem-se para o avião, com óculos escuros, bengala branca, trela e cão.

Esta cena repetiu-se há dias no Funchal. Os passageiros, que não estavam informados da situação, dividiram-se: (i) uns apreciaram e até aplaudiram o sentido de humor do comandante e do seu co-piloto; (ii) outros tiveram um ataque de pânico, quando o aparelho começou a descolar...

O pânico generalizou-se quando os passageiros se aperceberam que o avião estava prestes a chegar ao fim da pista. Um grito de horror foi solto, em uníssono. Nesse preciso momento, e como por milagre, o avião acabou por ganhar altura e voar. Foi então que o co-piloto disse para o comandante:

- ... da-se, já pensaste que, se um dia destes os gajos não gritam, vamos mesmo parar ao charco ?!

Moral da história: É sempre bom a gente gritar...

08 janeiro 2004

Socio(b)logia - IV: A tecnicodependência

Eu, blogador, me confesso: sei agora até que ponto sou um tecnicodependente. Em boa verdade, sou um pobre tecnicodependente. Estive dois dias sem computador e, imaginem!, foi como se eu tivesse partido as pernas, o mundo desabado, a vida perdido o seu sentido.



A placa gráfica do meu PC, de topo de gama (talvez a peça mais cara do meu brinquedo!), bifou, e o resto da máquina recusou-se a trabalhar. O material é assim. Neste mundo é o material que tem razão. Aliás, o material tem sempre razão, dizem os engenheiros. Mas, eu, tecnicodependente, é que não estou nada pelos ajustes. Tive um ataque de nervos, digno de um verdadeiro primata.



Triste episódio este, ridícula situação a minha... Um homem já não é mais mais o que era, sobretudo depois de regressar vivo, mas não incólume, da guerra (colonial). É duro, mas tenho de confessá-lo.



À parte este registo intimista, deixem-me dizer-vos que felizmente valeu-me, nesta triste ocasião, a pronta assistência do meu fornecedor e sobretudo a amizade do João. O meu PC estava dentro da garantia e eu tive um tratamento VIP. Por sorte, havia duas placas gráficas do mesmo modelo e marca em armazém. Mas por azar nenhuma delas funcionava. Dizem-me que é um erro de produção num lote inteiro, um erro de série. Eu digo que é falha grave ou ausência total de garantia de qualidade por parte do fabricante... Enfim, à terceira tentativa lá se optou por um novo modelo de placa gráfica, de outra marca, mas igualmente made in China.



Podiam ter-me dito: o seu PC vai para arranjar e, quando estiver pronto, a gente telefona-lhe. Mas não, deram-me um tratamento VIP... Tenho pena de não poder publicitar aqui os seus nomes, o da empresa e a dos seus colaboradores que me atenderam e resolveram o meu problema. Mas a minha vontade era mesmo elegê-los os portugas da semana.



Devo dizer-vos que é gente do melhor. E bem precisava o país de multiplicar o seu número por cem. Juntando mais 10 AutoEuropas tínhamos muitos dos nossos problemas colectivos resolvidos. Para já tudo somado, eram mais uns 150 mil postos de trabalho com um significativo peso no nosso PIBezito, graças ao seu considerável valor acrescentado bruto (VAB).



Já que estou aqui hoje, e para mais em maré de confidências, direi que o que é bom no tratamento VIP é tu sentires mais do que cliente, é sentires-te gente. Eu gostei de sentir-me gente esta manhã, mesmo tendo perdido uma manhã da minha vida à espera que resolvessem o meu pequeno grande problema. Sentir-se gente é uma coisa que começa a faltar neste país. Uma pessoa sentir-se gente faz bem à  nossa auto-estima, diz o meu psicólogo que passou a substituir o meu confessor do tempo de menino e moço.



Quanto ao problema técnico que causou a minha infelicidade durante dois dias, ele é apenas um dos muitos efeitos perversos da globalização. Graças à mão de obra quase escrava da China, a globalização operou este espantoso milagre do embaratecimento do material electrónico, incluindo os PC e os respectivos periféricos. Lembro-me do primeiro PC que comprei há mais de um dúzia de anos... Era um oito seis e troca o passo! Custou-me os olhos da cara. Hoje nem para peça de museu o queriam em lado nenhum. Já foi para o lixo, depois de anos passados no limbo do sótão das velharias.



Deixem dizer-vos que me separei dele, sem uma ponta de emoção: estava velho, obsoleto, ultrapassado. Foi para o sótão, foi para o lixo. Foi tratado afinal como se tratam hoje os velhos neste país. Já o mesmo não aconteceu à minha velha máquina de escrever: esqueci o nome da marca e do modelo, mas ainda hoje a recordo com a ternura dos meus 17 verdes anos... E que saudades do martelar seco das pequenas teclas!



De qualquer modo, protesto contra todas as formas de tecnicodependência, seja a do carro, a do telemóvel, do micro-ondas, do multibanco ou do PC. Um dia o mundo desaba mesmo e a gente não sabe sequer escrever a giz no quadro de ardósia da nossa velha escolinha, plantar umas pencas, enterrar um morto, cuidar de um vivo ou fugir a sete pés dos nossos predadores.



É um cenário aterrador mas perfeitamente verosímil. A regressão (económica, social, tecnológica, polí­tica, cultural, humana...) tem-se passado em muitos países à  nossa volta, nas nossas barbas, da antiga Jugoslávia ao Iraque. Perdi o contacto com as minhas amigas croatas e sérvias, todas elas médicas. Uma amizade que fiz em Valência em 1991. Estava eu para partir para Zagrebe, para frequentar um curso de verão, quando eclodiu a guerra civil nos Balcãs. Acabei por ficar o tórrido mês de Agosto em Valência, traduzindo para inglês as más notícias que nos chegavam da Jugoslávia. Ironicamente, em Valência ainda se faziam sentir, na memória dos mais velhos, as marcas cruéis da guerra civil espanhola de 1936-1939.



Passados estes anos todos, perdi-lhes o rasto, às minhas amigas jugoslavas, uma delas sérvia casada com um bósnio... E sobretudo tenho pudor em perguntar por aí se elas ainda estão vivas, se estão bem, se não foram violadas, fuziladas, enterradas numa vala comum... E se as encontrassse não saberia como perguntar-lhes, olhos nos olhos, se elas tinham conseguido voltar à  vida depois do pesadelo que foi o desmembramento do seu paí­s e, em muitos casos, das suas famílias...



Rezo, ao menos, para que elas tenham voltado a sorrir e a ter esperança. Mesmo sem computador, e-mail, webpage ou blog. Pensar nas desgraças piores que as nossas sempre alivia um pouco. É safado, mas alivia.

Socio(b)logia - IV: A tecnicodependência

Eu, blogador, me confesso: sei agora até que ponto sou um tecnicodependente. Em boa verdade, sou um pobre tecnicodependente. Estive dois dias sem computador e, imaginem!, foi como se eu tivesse partido as pernas, o mundo desabado, a vida perdido o seu sentido.

A placa gráfica do meu PC, de topo de gama (talvez a peça mais cara do meu brinquedo!), bifou, e o resto da máquina recusou-se a trabalhar. O material é assim. Neste mundo é o material que tem razão. Aliás, o material tem sempre razão, dizem os engenheiros. Mas, eu, tecnicodependente, é que não estou nada pelos ajustes. Tive um ataque de nervos, digno de um verdadeiro primata.

Triste episódio este, ridícula situação a minha... Um homem já não é mais mais o que era, sobretudo depois de regressar vivo, mas não incólume, da guerra (colonial). É duro, mas tenho de confessá-lo.

À parte este registo intimista, deixem-me dizer-vos que felizmente valeu-me, nesta triste ocasião, a pronta assistência do meu fornecedor e sobretudo a amizade do João. O meu PC estava dentro da garantia e eu tive um tratamento VIP. Por sorte, havia duas placas gráficas do mesmo modelo e marca em armazém. Mas por azar nenhuma delas funcionava. Dizem-me que é um erro de produção num lote inteiro, um erro de série. Eu digo que é falha grave ou ausência total de garantia de qualidade por parte do fabricante... Enfim, à terceira tentativa lá se optou por um novo modelo de placa gráfica, de outra marca, mas igualmente made in China.

Podiam ter-me dito: o seu PC vai para arranjar e, quando estiver pronto, a gente telefona-lhe. Mas não, deram-me um tratamento VIP... Tenho pena de não poder publicitar aqui os seus nomes, o da empresa e a dos seus colaboradores que me atenderam e resolveram o meu problema. Mas a minha vontade era mesmo elegê-los os portugas da semana.

Devo dizer-vos que é gente do melhor. E bem precisava o país de multiplicar o seu número por cem. Juntando mais 10 AutoEuropas tínhamos muitos dos nossos problemas colectivos resolvidos. Para já tudo somado, eram mais uns 150 mil postos de trabalho com um significativo peso no nosso PIBezito, graças ao seu considerável valor acrescentado bruto (VAB).

Já que estou aqui hoje, e para mais em maré de confidências, direi que o que é bom no tratamento VIP é tu sentires mais do que cliente, é sentires-te gente. Eu gostei de sentir-me gente esta manhã, mesmo tendo perdido uma manhã da minha vida à espera que resolvessem o meu pequeno grande problema. Sentir-se gente é uma coisa que começa a faltar neste país. Uma pessoa sentir-se gente faz bem à  nossa auto-estima, diz o meu psicólogo que passou a substituir o meu confessor do tempo de menino e moço.

Quanto ao problema técnico que causou a minha infelicidade durante dois dias, ele é apenas um dos muitos efeitos perversos da globalização. Graças à mão de obra quase escrava da China, a globalização operou este espantoso milagre do embaratecimento do material electrónico, incluindo os PC e os respectivos periféricos. Lembro-me do primeiro PC que comprei há mais de um dúzia de anos... Era um oito seis e troca o passo! Custou-me os olhos da cara. Hoje nem para peça de museu o queriam em lado nenhum. Já foi para o lixo, depois de anos passados no limbo do sótão das velharias.

Deixem dizer-vos que me separei dele, sem uma ponta de emoção: estava velho, obsoleto, ultrapassado. Foi para o sótão, foi para o lixo. Foi tratado afinal como se tratam hoje os velhos neste país. Já o mesmo não aconteceu à minha velha máquina de escrever: esqueci o nome da marca e do modelo, mas ainda hoje a recordo com a ternura dos meus 17 verdes anos... E que saudades do martelar seco das pequenas teclas!

De qualquer modo, protesto contra todas as formas de tecnicodependência, seja a do carro, a do telemóvel, do micro-ondas, do multibanco ou do PC. Um dia o mundo desaba mesmo e a gente não sabe sequer escrever a giz no quadro de ardósia da nossa velha escolinha, plantar umas pencas, enterrar um morto, cuidar de um vivo ou fugir a sete pés dos nossos predadores.

É um cenário aterrador mas perfeitamente verosímil. A regressão (económica, social, tecnológica, polí­tica, cultural, humana...) tem-se passado em muitos países à  nossa volta, nas nossas barbas, da antiga Jugoslávia ao Iraque. Perdi o contacto com as minhas amigas croatas e sérvias, todas elas médicas. Uma amizade que fiz em Valência em 1991. Estava eu para partir para Zagrebe, para frequentar um curso de verão, quando eclodiu a guerra civil nos Balcãs. Acabei por ficar o tórrido mês de Agosto em Valência, traduzindo para inglês as más notícias que nos chegavam da Jugoslávia. Ironicamente, em Valência ainda se faziam sentir, na memória dos mais velhos, as marcas cruéis da guerra civil espanhola de 1936-1939.

Passados estes anos todos, perdi-lhes o rasto, às minhas amigas jugoslavas, uma delas sérvia casada com um bósnio... E sobretudo tenho pudor em perguntar por aí se elas ainda estão vivas, se estão bem, se não foram violadas, fuziladas, enterradas numa vala comum... E se as encontrassse não saberia como perguntar-lhes, olhos nos olhos, se elas tinham conseguido voltar à  vida depois do pesadelo que foi o desmembramento do seu paí­s e, em muitos casos, das suas famílias...

Rezo, ao menos, para que elas tenham voltado a sorrir e a ter esperança. Mesmo sem computador, e-mail, webpage ou blog. Pensar nas desgraças piores que as nossas sempre alivia um pouco. É safado, mas alivia.

05 janeiro 2004

Humor com humor se paga - XVII: A reposição da verdade a propósito dos Reis Magos

Comentário de Hélio Pereira a propósito do meu primeiro post do Novo Ano:



Como estamos nos Reis, há que repor a verdade histórica... Direito por linhas tortas escreve por vezes o blogador: de facto, os visitadores eram mulheres, a saber, (i) Crucha de Mael, bela, inteligente, superioridade no porte, mas que não sabia resistir às paixões; (ii) Semiramis de Babilónia e (iii) Pentesileia, rainha das Amazonas.



A primeira tinha dois chifres na testa, que dissimulava com abundantes caracóis da sua cabeleira dourada; a segunda tem um olho azul e outro preto, o pescoço ligeiramente inclinado para a esquerda como o de Alexandre da Macedónia (ou Youssef J. da equipa nacional de andebol da Tunísia); a ultima tem seis dedos na mão esquerda e uma cabecinha de macaco por baixo do umbigo.



As três têm em comum o porte majestoso e o trato afável. São magníficas nos dispêndios, mas nem sempre sabem submeter a razão ao desejo. Foram elas convidadas pela filha rebelde de Herodes, Salomé, a estar presentes na gruta, não devido aos atributos citados, mas sim devido à sua voluntariedade de carácter transitório, tão bem descrita por nuestro hermano.



Com efeito, naquele tempo já a mulher era uma armadilha habilmente montada, sendo o seu delicioso atractivo exercido mais poderosamente à distância: representava assim a primeira tentação.



Não esqueçamos porém que a filosofia predominante na altura era a Aristotélica (ou Aristoteliana, segundo alguns exegetas), pelo que não se podia contar a história no feminino... De facto o feminino era considerado um erro ou mesmo um equívoco da Natureza... Daí a versão barbuda dos visitadores [os Reis Magos] que chegou até aos nossos dias.



Espero ter contribuído para a reposição da verdade,seja ela qual for.



Boa saúde, bom trabalho, bom Dia de Reis!



Hélio Pereira

Humor com humor se paga - XVII: A reposição da verdade a propósito dos Reis Magos

Comentário de Hélio Pereira a propósito do meu primeiro post do Novo Ano:

Como estamos nos Reis, há que repor a verdade histórica... Direito por linhas tortas escreve por vezes o blogador: de facto, os visitadores eram mulheres, a saber, (i) Crucha de Mael, bela, inteligente, superioridade no porte, mas que não sabia resistir às paixões; (ii) Semiramis de Babilónia e (iii) Pentesileia, rainha das Amazonas.

A primeira tinha dois chifres na testa, que dissimulava com abundantes caracóis da sua cabeleira dourada; a segunda tem um olho azul e outro preto, o pescoço ligeiramente inclinado para a esquerda como o de Alexandre da Macedónia (ou Youssef J. da equipa nacional de andebol da Tunísia); a ultima tem seis dedos na mão esquerda e uma cabecinha de macaco por baixo do umbigo.

As três têm em comum o porte majestoso e o trato afável. São magníficas nos dispêndios, mas nem sempre sabem submeter a razão ao desejo. Foram elas convidadas pela filha rebelde de Herodes, Salomé, a estar presentes na gruta, não devido aos atributos citados, mas sim devido à sua voluntariedade de carácter transitório, tão bem descrita por nuestro hermano.

Com efeito, naquele tempo já a mulher era uma armadilha habilmente montada, sendo o seu delicioso atractivo exercido mais poderosamente à distância: representava assim a primeira tentação.

Não esqueçamos porém que a filosofia predominante na altura era a Aristotélica (ou Aristoteliana, segundo alguns exegetas), pelo que não se podia contar a história no feminino... De facto o feminino era considerado um erro ou mesmo um equívoco da Natureza... Daí a versão barbuda dos visitadores [os Reis Magos] que chegou até aos nossos dias.

Espero ter contribuído para a reposição da verdade,seja ela qual for.

Boa saúde, bom trabalho, bom Dia de Reis!

Hélio Pereira

04 janeiro 2004

Humor com humor se paga - XVI: E se os Reis Magos fossem.. Elas ?

Se os Reis Magos fossem elas (Rainhas Magas...), é possível que o curso da história tivesse sido outro... Este é um chiste machista que me mandou um amigo do país vizinho. Circula na Net e está a fazer algum sucesso nesta Navidad (que, como sabem, para os espanhóis corresponde à festa dos Reis Magos e não propriamente ao dia de Natal).



Transcrevo-a aqui, sem retoques, e ofereço-a como um regalo às minhas ciberamigas do peito, ainda no rescaldo desta maravilhosa (ou hipócrita, conforme o ponto de vista) quadra festiva que é constituída pelas miniférias de Natal e Ano Novo. Uma quadra em que o nosso PIB, se não aumentou de valor, pelo menos terá aumentado... de peso. Façam as contas: os portugas engordaram, no mínimo, 5 mil toneladas ou 5 milhões de quilos (meio quilo por portuga só na Consoada!).



Contradizendo a teoria da depressão colectiva, os portugas afinal não se suicidaram em massa: uns (talvez os mais privilegiados) foram para a neve ou para as praias do nordeste brasileiro (neve e Brasil estão agora na moda); outros (a grande maioria, como eu) matou saudades da santa terrinha e enfartou-se de batatas, pencas, bacalhau, aletria, rabanadas, filhós, sonhos e mil e um outros docinhos tradicionais. A factura paga-se mais tarde: como diz o Zé Portuga, "vale o mal que faz pelo bem que sabe"...



Não sou economista para saber o que é que isto pode eventualmente representar em termos de produto interno bruto.... Seguramente que representa muito, em termos valor acrescentado bruto (VAB) à massa corporal nacional (MCN)...



Foi talvez por isso que eu estranhei, hoje, de manhã, num domingo de sol radioso, tanta gente, em grupo, bem equipada, motivada e optimista, a fazer o seu jogging ou o seu cicloturismo no Parque Florestal de Monsanto... Os portugas são uma das minorias étnicas em vias de extinção que não me param de surpreender há mais de meio século!



Fazendo jus ao provérbio Ano novo, vida nova, muitos portugas terão feito a si próprios as habituais promessas de mudança de vida, ao comerem as doze passas correspondentes às doze badaladas da última meia noite do ano de 2003. Promessas do género: "Vou deixar de fumar", "vou passar a cuidar mais da minha saúde", "vou fazer exercício", "vou declarar o meu amor por ela", "vou ser feliz", "vou ser assertivo", "vou ser optimista", "vou ser mais amigo do meu chefe", "vou deixar de dar porrada na minha mulher", "vou deixar de ser pedófilo", "vou deixar de ouvir música pimba", "vou ser um caso de sucesso", etc. A mim só me apetece comentar: Grandes portugas que bem mereciam outros Reis Magos!



Correspondendo aos meus votos de Feliz e Próspero Ano Novo (ver post de 31 de Dezembro de 2003), houve um aluno meu, Hélio P., que me mandou este bocado de lucidíssima prosa (existencialista):



"Que o blogador não desespere!... Afinal o Sísifo anda a rolar a pedra há pelo menos 4500 milhões de anos, e ainda não foi despenalizado pelo(s) criador(es)...É o velho estigma dos lusitanos: vêem a vida constantemente perturbada por uma transcendência impossível em que nem sequer acreditam... Mas enfim... que Criador poderá perdoar a um país que começa com o filho a bater na mãe?! ... Bom 2004... e seguintes... e que ninguém se magoe a sério ao cair de 1 cm mais alto"...



Grande Hélio, portuga dos quatro costados! Eu tinha sugerido, timidamente, em subir 1 cm a fasquia das nossas expectativas, individuais e colectivas... Se calhar fui muito pouco ambicioso!



_____________



¿Qué hubiera sucedido si en lugar de 3 Reyes Magos, hubieran sido 3 Reinas Magas?



- Ellas habrían pedido ayuda para llegar.

- Habrían llegado a tiempo.

- Habrían ayudado en el parto.

- Habrían hecho una limpieza en el establo.

- Habrían llevado regalos útiles.

- Habrían llevado una comidita.



Pero... ¿qué hubieran dicho al salir de allí? Tan pronto hubieran salido dirían...



- ¿Vieron las sandalias que María estaba usando con aquella túnica?

- El niño no se parece a José.

- ¿Cómo es que ella puede dejar todos aquellos animales dentro de la casa?

- Y el burro que ellos tienen está bastante acabado...

- Yo sólo quiero ver, cuándo ella te va a devolver la cazuela, que le llevaste con el macarrón.

- Me dijeron que José está desempleado...

- Virgen que caramba! Yo me acuerdo muy bien de ella, en la época del colegio!

Humor com humor se paga - XVI: E se os Reis Magos fossem.. Elas ?

Se os Reis Magos fossem elas (Rainhas Magas...), é possível que o curso da história tivesse sido outro... Este é um chiste machista que me mandou um amigo do país vizinho. Circula na Net e está a fazer algum sucesso nesta Navidad (que, como sabem, para os espanhóis corresponde à festa dos Reis Magos e não propriamente ao dia de Natal).

Transcrevo-a aqui, sem retoques, e ofereço-a como um regalo às minhas ciberamigas do peito, ainda no rescaldo desta maravilhosa (ou hipócrita, conforme o ponto de vista) quadra festiva que é constituída pelas miniférias de Natal e Ano Novo. Uma quadra em que o nosso PIB, se não aumentou de valor, pelo menos terá aumentado... de peso. Façam as contas: os portugas engordaram, no mínimo, 5 mil toneladas ou 5 milhões de quilos (meio quilo por portuga só na Consoada!).

Contradizendo a teoria da depressão colectiva, os portugas afinal não se suicidaram em massa: uns (talvez os mais privilegiados) foram para a neve ou para as praias do nordeste brasileiro (neve e Brasil estão agora na moda); outros (a grande maioria, como eu) matou saudades da santa terrinha e enfartou-se de batatas, pencas, bacalhau, aletria, rabanadas, filhós, sonhos e mil e um outros docinhos tradicionais. A factura paga-se mais tarde: como diz o Zé Portuga, "vale o mal que faz pelo bem que sabe"...

Não sou economista para saber o que é que isto pode eventualmente representar em termos de produto interno bruto.... Seguramente que representa muito, em termos valor acrescentado bruto (VAB) à massa corporal nacional (MCN)...

Foi talvez por isso que eu estranhei, hoje, de manhã, num domingo de sol radioso, tanta gente, em grupo, bem equipada, motivada e optimista, a fazer o seu jogging ou o seu cicloturismo no Parque Florestal de Monsanto... Os portugas são uma das minorias étnicas em vias de extinção que não me param de surpreender há mais de meio século!

Fazendo jus ao provérbio Ano novo, vida nova, muitos portugas terão feito a si próprios as habituais promessas de mudança de vida, ao comerem as doze passas correspondentes às doze badaladas da última meia noite do ano de 2003. Promessas do género: "Vou deixar de fumar", "vou passar a cuidar mais da minha saúde", "vou fazer exercício", "vou declarar o meu amor por ela", "vou ser feliz", "vou ser assertivo", "vou ser optimista", "vou ser mais amigo do meu chefe", "vou deixar de dar porrada na minha mulher", "vou deixar de ser pedófilo", "vou deixar de ouvir música pimba", "vou ser um caso de sucesso", etc. A mim só me apetece comentar: Grandes portugas que bem mereciam outros Reis Magos!

Correspondendo aos meus votos de Feliz e Próspero Ano Novo (ver post de 31 de Dezembro de 2003), houve um aluno meu, Hélio P., que me mandou este bocado de lucidíssima prosa (existencialista):

"Que o blogador não desespere!... Afinal o Sísifo anda a rolar a pedra há pelo menos 4500 milhões de anos, e ainda não foi despenalizado pelo(s) criador(es)...É o velho estigma dos lusitanos: vêem a vida constantemente perturbada por uma transcendência impossível em que nem sequer acreditam... Mas enfim... que Criador poderá perdoar a um país que começa com o filho a bater na mãe?! ... Bom 2004... e seguintes... e que ninguém se magoe a sério ao cair de 1 cm mais alto"...

Grande Hélio, portuga dos quatro costados! Eu tinha sugerido, timidamente, em subir 1 cm a fasquia das nossas expectativas, individuais e colectivas... Se calhar fui muito pouco ambicioso!

_____________

¿Qué hubiera sucedido si en lugar de 3 Reyes Magos, hubieran sido 3 Reinas Magas?

- Ellas habrían pedido ayuda para llegar.
- Habrían llegado a tiempo.
- Habrían ayudado en el parto.
- Habrían hecho una limpieza en el establo.
- Habrían llevado regalos útiles.
- Habrían llevado una comidita.

Pero... ¿qué hubieran dicho al salir de allí? Tan pronto hubieran salido dirían...

- ¿Vieron las sandalias que María estaba usando con aquella túnica?
- El niño no se parece a José.
- ¿Cómo es que ella puede dejar todos aquellos animales dentro de la casa?
- Y el burro que ellos tienen está bastante acabado...
- Yo sólo quiero ver, cuándo ella te va a devolver la cazuela, que le llevaste con el macarrón.
- Me dijeron que José está desempleado...
- Virgen que caramba! Yo me acuerdo muy bien de ella, en la época del colegio!