06 fevereiro 2005

(Ex)citações de cada dia - XVI: O português, estúpido!

1. Contra a depressão nacional que alguns senhores nos querem obrigar a comprar… E contra a nossa (e dos nossos políticos) distracção em relação às mudanças que se estão a operar no tabuleiro do xadrez mundial… É estranho não ter ouvido até agora, na pré-campanha eleitoral, uma única palavra sobre a importância estratégica da nossa língua na era da globalização… Importância para nós, portugueses e europeus, mas também para os angolanos, os brasileiros e oos demais lusófonos…

Há dias, na passado dia 3 de Fevereiro, o grande intelectual francês Alain Minc diz ao "Público" em entrevista que merece ser lida, relida e discutida:

"A derradeira forma de identidade num mundo globalizado é a língua - o último território, que já não é geográfico". A língua é uam vantagem comparativa. E dá o exemplod a Espanha:

" (...) A Espanha beneficia de uma dádiva da Providência que se chama Hispanidade. Os espanhóis sabem que, para além do seu papel na Europa, são o centro de uma comunidade de mais de 400 milhões de pessoas que vivem nas Américas e que falam castelhano, entre as quais 50 milhões de cidadãos dos EUA. E que isto é uma oportunidade, uma responsabilidade e um horizonte".

Isso nós não temos, muito menos os italianos ou os franceses. " (...) A Espanha sabe que é uma grande potência mundial. Penso que eles sabem serão a única potência europeia com a qual, em dez ou vinte anos, os EUA terão uma ligação específica. Deixará de ser o Reino Unido. Isso dá-lhes um sentimento de poder e de confiança muito particular".

Não estamos suficientemente atentos ao (nem queremos entender o) que se passa nos EUA do neoconservador Bush: "Hoje, assistimos à emergência das elites asiáticas - os chineses americanos que substituem os WASP ("white anglo-saxon people") e os indianos que substituirão os judeus... Mas, além disso, há a questão hispânica. Haverá 70 a 80 milhões de cidadãos norte-americanos que falarão espanhol e inglês. (...) E isso dá aos espanhóis uma oportunidade extraordinária".

Visto de Paris, Portugal é já ou pode dir a ser a ser "a embaixada do Brasil na Europa"... Nada mau!... Com o Basil temos de certa medida "a mesma oportunidade" que os espanhóis... "O problema é que Portugal parece pequeno no interior do mundo lusófono enquanto a Espanha é rica e grande no interior do mundo hispânico". Mas Alain Minc insiste: assumam esse papel de embaixada do Brasil na Europa, é um papel importante, não p subestimem!

2. Sobre o Portugal de hoje, Alain Minc disse duas coisas deliciosas e elegantes:

A primeira, sobre Santana Lopes e o populismo de direita: "O vosso primeiro-ministro gostaria de ser Berlusconi mas não tem nem os instrumentos, nem o talento, nem o "savoir-faire". Se um Berlusconi bem sucedido é, já de si, perturbador para um velho democrata, um Berlusconi que falha é ainda mais perturbador. Embora tenha a vantagem de ser passageiro".

A segunda, sobre a cíclica crise de confiança ou a depressão nacional que atinge os portugueses: "É comum a um outro país, a Itália, e por razões bastante parecidas. Portugal vive numa espécie de "depressão pós-parto". O esforço que fizeram para estar no "coração" da Europa, para entrar no euro, foi formidável. Semelhante ao que os italianos fizeram. Agora, que "deram à luz", entraram em depressão. Mas quem haveria de pensar há quinze anos que Portugal estaria hoje no primeiro círculo europeu? Vocês nem sequer se dão conta do que conseguiram".

(Ex)citações de cada dia - XVI: O português, estúpido!

1. Contra a depressão nacional que alguns senhores nos querem obrigar a comprar… E contra a nossa (e dos nossos políticos) distracção em relação às mudanças que se estão a operar no tabuleiro do xadrez mundial… É estranho não ter ouvido até agora, na pré-campanha eleitoral, uma única palavra sobre a importância estratégica da nossa língua na era da globalização… Importância para nós, portugueses e europeus, mas também para os angolanos, os brasileiros e oos demais lusófonos…

Há dias, na passado dia 3 de Fevereiro, o grande intelectual francês Alain Minc diz ao "Público" em entrevista que merece ser lida, relida e discutida:

"A derradeira forma de identidade num mundo globalizado é a língua - o último território, que já não é geográfico". A língua é uam vantagem comparativa. E dá o exemplod a Espanha:

" (...) A Espanha beneficia de uma dádiva da Providência que se chama Hispanidade. Os espanhóis sabem que, para além do seu papel na Europa, são o centro de uma comunidade de mais de 400 milhões de pessoas que vivem nas Américas e que falam castelhano, entre as quais 50 milhões de cidadãos dos EUA. E que isto é uma oportunidade, uma responsabilidade e um horizonte".

Isso nós não temos, muito menos os italianos ou os franceses. " (...) A Espanha sabe que é uma grande potência mundial. Penso que eles sabem serão a única potência europeia com a qual, em dez ou vinte anos, os EUA terão uma ligação específica. Deixará de ser o Reino Unido. Isso dá-lhes um sentimento de poder e de confiança muito particular".

Não estamos suficientemente atentos ao (nem queremos entender o) que se passa nos EUA do neoconservador Bush: "Hoje, assistimos à emergência das elites asiáticas - os chineses americanos que substituem os WASP ("white anglo-saxon people") e os indianos que substituirão os judeus... Mas, além disso, há a questão hispânica. Haverá 70 a 80 milhões de cidadãos norte-americanos que falarão espanhol e inglês. (...) E isso dá aos espanhóis uma oportunidade extraordinária".

Visto de Paris, Portugal é já ou pode dir a ser a ser "a embaixada do Brasil na Europa"... Nada mau!... Com o Basil temos de certa medida "a mesma oportunidade" que os espanhóis... "O problema é que Portugal parece pequeno no interior do mundo lusófono enquanto a Espanha é rica e grande no interior do mundo hispânico". Mas Alain Minc insiste: assumam esse papel de embaixada do Brasil na Europa, é um papel importante, não p subestimem!

2. Sobre o Portugal de hoje, Alain Minc disse duas coisas deliciosas e elegantes:

A primeira, sobre Santana Lopes e o populismo de direita: "O vosso primeiro-ministro gostaria de ser Berlusconi mas não tem nem os instrumentos, nem o talento, nem o "savoir-faire". Se um Berlusconi bem sucedido é, já de si, perturbador para um velho democrata, um Berlusconi que falha é ainda mais perturbador. Embora tenha a vantagem de ser passageiro".

A segunda, sobre a cíclica crise de confiança ou a depressão nacional que atinge os portugueses: "É comum a um outro país, a Itália, e por razões bastante parecidas. Portugal vive numa espécie de "depressão pós-parto". O esforço que fizeram para estar no "coração" da Europa, para entrar no euro, foi formidável. Semelhante ao que os italianos fizeram. Agora, que "deram à luz", entraram em depressão. Mas quem haveria de pensar há quinze anos que Portugal estaria hoje no primeiro círculo europeu? Vocês nem sequer se dão conta do que conseguiram".