27 novembro 2003

(Ex)citações de cada dia - XI: Nunca desistas de um sonho

"Nunca desistas de um sonho. Se não houver na pastelaria da tua rua, dá uma volta ao quarteirão e procura-o na mais próxima. Como diz o poeta António Gedeão, é o Sonho que comanda a Vida".

_______



PS - 50% dos créditos são devidos à Paula C. Isentos de IVA.

(Ex)citações de cada dia - XI: Nunca desistas de um sonho

"Nunca desistas de um sonho. Se não houver na pastelaria da tua rua, dá uma volta ao quarteirão e procura-o na mais próxima. Como diz o poeta António Gedeão, é o Sonho que comanda a Vida".
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PS - 50% dos créditos são devidos à Paula C. Isentos de IVA.

Saúde & Segurança do Trabalho - XII: Dinheiro e deontologia

F. Gaspar: “Cerca de 45 anos a visitar empresas em Portugal (...) permitem-me dizer-lhe que esse conflito de interesses [ empregador / profissionais de SH&ST], é muito real. Tudo tem início no acto da contratação do médico do trabalho ou, agora mais recentemente, com a escolha da empresa que possa prestar serviços nessa área, tal como prevê a lei. Quem não assiste ao quotidiano das empresas não pode imaginar o que se passa. Como os contos são largos e, nalguns casos, muito ‘cabeludos’, talvez haja um dia a oportunidade de trocarmos impressões sobre esta matéria e eu contar-lhe algumas histórias reais. Fica aqui, nas entrelinhas, aquilo que me apetecia dizer dos jogos de força entre a deontologia e o dinheiro... Pelo menos, para que os menos avisados e os debutantes nesta profissão consigam navegar neste rio caudaloso de interesses” (Ergolist. 26.11.2003).


C. Gamelas: “Se o Técnico Superior [ de Segurança e Higiene do Trabalho ] pretende executar a sua actividade de acordo com a sua deontologia profissional, o mais certo é ficar sempre no desemprego (Ergolist. 26.11.2003)

_________


O país precisa (e as nossas empresas merecem) que os nossos profissionais na área da SH&ST (médicos e enfermeiros do trabalho, especialistas e técnicos de segurança e higiene do trabalho, ergonomistas, psicólogos, sociólogos, assistentes sociais ocupacionais, educadores e promotores de saúde...) sejam os melhores do mundo. Isto é: que sejam cientifica e tecnicamente bem preparados, mas também dotados das competências humanas, relacionais e sociais que são inerentes ao seu campo de competência profissional e que fazem parte do conceito de autonomia técnica.

Não posso, por isso, concordar com a afirmação de que um técnico superior de segurança e higiene do trabalho eticamente responsável (logo, competente) fique automaticamente excluído do mercado de trabalho... Admito que pelo seu grau de exigência e de rigor poderá não querer trabalhar a qualquer preço e em qualquer sítio...

Todas as profissões têm (ou devem ter) um código de ética e deontologia. É esperado, no mínimo, que a sua conduta seja pautada por valores. No caso dos profissionais de SH&ST esses valores são exigentes e até têm moldura jurídica.


O técnico superior de segurança e higiene do trabalho não pode, obviamente, substituir-se ao empregador e aos seus representantes. E muito menos decidir por ele. Deve, em todo o caso, pôr à sua disposição todas as possíveis soluções para um dado problema com implicações na saúde e segurança dos seus trabalhadores. Deve avaliar as consequências de cada uma dessas soluções, incluindo os custos e os benefícios em temos económicos e sociais.

Decidir é escolher uma de entre várias alternativas. O papel dos gestores é tomar decisões e resolver problemas. O técnico superior de segurança e higiene do trabalhador não faz parte do line (hierarquia), faz parte do staff (serviços funcionais). Não é um decisor, a menos que lhe deleguem funções executivas...

Os gestores também devem pautar o seu comportamento por valores éticos. E hoje há uma coisa que se chama "responsabilidade social" das empresas e que começa a ser valorizada pelos accionistas, pelos clientes, pela opinião pública... E pelos próprios gestores e empregadores, porque também pode e deve "dar dividendos".

Estamos todos de acordo quanto à urgência de as associações profissionais dos profissionais de SH&ST tomarem posição clara e inequívoca sobre as questões de ética e deontologia no exercício da sua actividade. Refiro-me em especial ao médico do trabalho, ao enfermeiro do trabalho, ao técnico de segurança e higiene do trabalho e ao técnico superior de segurança e higiene do trabalho.

De qualquer modo, considero que podemos e devemos continuar a discutir, neste e noutros espaços, as questão de ética e deontologia das profissões na área da SH&ST. Infelizmente, estas questões são sempre as menos prioritárias e as mais incómodas.

Espero bem que estas questões estejam a ser extensa e profundamente abordadas, por quem de direito, nos cursos de pós-graduação para técnicos superiores de segurança e higiene do trabalho... Mas devo dizer que tenho sérias dúvidas quanto a isso...

Não basta, de resto, o que diz a lei, é preciso que os novos profissionais sejam capazes, no terreno, de adoptar comportamentos ética e deontologicamente correctos, o que está longe de ser sinónimo de demagogia, irrealismo ou fundamentalismo...

Saúde & Segurança do Trabalho - XII: Dinheiro e deontologia

F. Gaspar: “Cerca de 45 anos a visitar empresas em Portugal (...) permitem-me dizer-lhe que esse conflito de interesses [ empregador / profissionais de SH&ST], é muito real. Tudo tem início no acto da contratação do médico do trabalho ou, agora mais recentemente, com a escolha da empresa que possa prestar serviços nessa área, tal como prevê a lei. Quem não assiste ao quotidiano das empresas não pode imaginar o que se passa. Como os contos são largos e, nalguns casos, muito ‘cabeludos’, talvez haja um dia a oportunidade de trocarmos impressões sobre esta matéria e eu contar-lhe algumas histórias reais. Fica aqui, nas entrelinhas, aquilo que me apetecia dizer dos jogos de força entre a deontologia e o dinheiro... Pelo menos, para que os menos avisados e os debutantes nesta profissão consigam navegar neste rio caudaloso de interesses” (Ergolist. 26.11.2003).


C. Gamelas: “Se o Técnico Superior [ de Segurança e Higiene do Trabalho ] pretende executar a sua actividade de acordo com a sua deontologia profissional, o mais certo é ficar sempre no desemprego (Ergolist. 26.11.2003)

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O país precisa (e as nossas empresas merecem) que os nossos profissionais na área da SH&ST (médicos e enfermeiros do trabalho, especialistas e técnicos de segurança e higiene do trabalho, ergonomistas, psicólogos, sociólogos, assistentes sociais ocupacionais, educadores e promotores de saúde...) sejam os melhores do mundo. Isto é: que sejam cientifica e tecnicamente bem preparados, mas também dotados das competências humanas, relacionais e sociais que são inerentes ao seu campo de competência profissional e que fazem parte do conceito de autonomia técnica.

Não posso, por isso, concordar com a afirmação de que um técnico superior de segurança e higiene do trabalho eticamente responsável (logo, competente) fique automaticamente excluído do mercado de trabalho... Admito que pelo seu grau de exigência e de rigor poderá não querer trabalhar a qualquer preço e em qualquer sítio...

Todas as profissões têm (ou devem ter) um código de ética e deontologia. É esperado, no mínimo, que a sua conduta seja pautada por valores. No caso dos profissionais de SH&ST esses valores são exigentes e até têm moldura jurídica.


O técnico superior de segurança e higiene do trabalho não pode, obviamente, substituir-se ao empregador e aos seus representantes. E muito menos decidir por ele. Deve, em todo o caso, pôr à sua disposição todas as possíveis soluções para um dado problema com implicações na saúde e segurança dos seus trabalhadores. Deve avaliar as consequências de cada uma dessas soluções, incluindo os custos e os benefícios em temos económicos e sociais.

Decidir é escolher uma de entre várias alternativas. O papel dos gestores é tomar decisões e resolver problemas. O técnico superior de segurança e higiene do trabalhador não faz parte do line (hierarquia), faz parte do staff (serviços funcionais). Não é um decisor, a menos que lhe deleguem funções executivas...

Os gestores também devem pautar o seu comportamento por valores éticos. E hoje há uma coisa que se chama "responsabilidade social" das empresas e que começa a ser valorizada pelos accionistas, pelos clientes, pela opinião pública... E pelos próprios gestores e empregadores, porque também pode e deve "dar dividendos".

Estamos todos de acordo quanto à urgência de as associações profissionais dos profissionais de SH&ST tomarem posição clara e inequívoca sobre as questões de ética e deontologia no exercício da sua actividade. Refiro-me em especial ao médico do trabalho, ao enfermeiro do trabalho, ao técnico de segurança e higiene do trabalho e ao técnico superior de segurança e higiene do trabalho.

De qualquer modo, considero que podemos e devemos continuar a discutir, neste e noutros espaços, as questão de ética e deontologia das profissões na área da SH&ST. Infelizmente, estas questões são sempre as menos prioritárias e as mais incómodas.

Espero bem que estas questões estejam a ser extensa e profundamente abordadas, por quem de direito, nos cursos de pós-graduação para técnicos superiores de segurança e higiene do trabalho... Mas devo dizer que tenho sérias dúvidas quanto a isso...

Não basta, de resto, o que diz a lei, é preciso que os novos profissionais sejam capazes, no terreno, de adoptar comportamentos ética e deontologicamente correctos, o que está longe de ser sinónimo de demagogia, irrealismo ou fundamentalismo...

26 novembro 2003

Humor com humor se paga - XV: O segredo está na...pontuação!

An English professor wrote the words: "A woman without her man is nothing" on the chalkboard and asked his students to punctuate it correctly.



All of the males in the class wrote: " A woman, without her man, is nothing".



All the females in the class wrote: "A woman: without her, man is nothing".

_________



PS - 100% dos créditos vão para o meu amigo Anacleto M., o andarilho global. Foi ele que mandou esta gender-related joke. Talvez de Jacarta ou de algum lugar ainda mais oriental do oriente. Bons ventos te tragam, meu!

Humor com humor se paga - XV: O segredo está na...pontuação!

An English professor wrote the words: "A woman without her man is nothing" on the chalkboard and asked his students to punctuate it correctly.

All of the males in the class wrote: " A woman, without her man, is nothing".

All the females in the class wrote: "A woman: without her, man is nothing".
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PS - 100% dos créditos vão para o meu amigo Anacleto M., o andarilho global. Foi ele que mandou esta gender-related joke. Talvez de Jacarta ou de algum lugar ainda mais oriental do oriente. Bons ventos te tragam, meu!

Portugas que merecem as nossas palmas – IV: Patrick Monteiro Barros e Jorge Sampaio

O primeiro, por ter ousado trazer para Lisboa-Cascais a organização da 32ª edição da Taça América (America Cup). O segundo, porque na hora de se saber que o vencedor fora a cidade de Valência, transmitiu ao resto dos portugas uma mensagem serena de reforço positivo da sua auto-estima e deu uma lição de pedagogia cívica: (i) não se pode ganhar sempre, mesmo lutando com valentia e inteligência; (ii) os portugas foram altamente profissionais (Patrick Monteiro Barros & Companhia Lda) na preparação desta candidatura; (iii) Lisboa-Cascais foi promovida e está na alta roda da aristocracia da vela; e, last but not the least, (iv) não há vencidos nem muito menos bodes expiatórios...



É lamentável que se insinue que a culpa é dos desgraçados dos pescadores que perderam um porto de abrigo e uma lota de pesca. Alguém soube negociar com eles numa perspectiva win-win, senhor ministro Arnault ? Foi feito um pacto de regime com o Sindicato dos Pescadores com vista a "ninguém meter a pata na poça" antes da decisão final sobre a cidade escolhida para organizar em 2007 a Taça América ?



Apesar de tudo, garante o Governo, a reconversão da zona ribeirinha de Lisboa-Oeiras vai prosseguir. Oxalá, dizem os mouros.

Portugas que merecem as nossas palmas – IV: Patrick Monteiro Barros e Jorge Sampaio

O primeiro, por ter ousado trazer para Lisboa-Cascais a organização da 32ª edição da Taça América (America Cup). O segundo, porque na hora de se saber que o vencedor fora a cidade de Valência, transmitiu ao resto dos portugas uma mensagem serena de reforço positivo da sua auto-estima e deu uma lição de pedagogia cívica: (i) não se pode ganhar sempre, mesmo lutando com valentia e inteligência; (ii) os portugas foram altamente profissionais (Patrick Monteiro Barros & Companhia Lda) na preparação desta candidatura; (iii) Lisboa-Cascais foi promovida e está na alta roda da aristocracia da vela; e, last but not the least, (iv) não há vencidos nem muito menos bodes expiatórios...

É lamentável que se insinue que a culpa é dos desgraçados dos pescadores que perderam um porto de abrigo e uma lota de pesca. Alguém soube negociar com eles numa perspectiva win-win, senhor ministro Arnault ? Foi feito um pacto de regime com o Sindicato dos Pescadores com vista a "ninguém meter a pata na poça" antes da decisão final sobre a cidade escolhida para organizar em 2007 a Taça América ?

Apesar de tudo, garante o Governo, a reconversão da zona ribeirinha de Lisboa-Oeiras vai prosseguir. Oxalá, dizem os mouros.

25 novembro 2003

Saúde & Segurança do Trabalho - XI: Inspectores, precisam-se?!

O Ministro da Segurança Social e do Trabalho deu hoje posse a mais de meia centena de novos inspectores do trabalho. Ao que parece, a Inspecção Geral do Trabalho (IGT) vai ter trabalho acrescido (e possivelmente vai ter que fazer horas extraordinárias...) a partir da entrada em vigor do Código do Trabalho, em 1 de Dezembro próximo.

E a área da SH&ST, acrescento eu, vai ser beneficiada, vai ser prejudicada, vai ficar em “águas de bacalhau”, como diz o povo ? O que eu ouvi ao sr. ministro dizer, na televisão, é que se tratava de rejuvenescer o pessoal da IGT. Entra sangue novo para a IGT, o que é bom, dado o envelhecimento do pessoal. Por outro lado, fica claro que esta não é uma função que o Estado queira privatizar, pelo menos nos tempos mais próximos.

Entre nós a inspecção do trabalho tem mais de cem anos: foi criada em 1893, em pleno Estado Liberal, numa época (a da primeira integração económica europeia e da primeira globalização com a expansão colonial...) em que se discutia a necessidade e a urgência de se criar um direito do trabalho internacional (Portugal foi um dos 14 países pioneiros que apoiou esse movimento, tendo participado na Conferência Internacional do Trabalho de 1890, em Berlim).

O sr. ministro prometeu, além disso, libertar a IGT de "tarefas administrativas", como a concessão de isenção de horário de trabalho, um assunto em que o Estado não tem que meter o bedelho, a não ser para fiscalizar o cumprimento do que for acordado pelas partes (cito de cor). Não dei conta que tivesse dado particular ênfase ou relevância à SH&ST. Mas pode ter sido distracção minha ou do jornalista.

De acordo com um estudo piloto sobre o estado da saúde e segurança no trabalho na União Europeia, publicado em 2000 pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, com sede em Bilbau, Portugal dispunha em 1998 de cerca de 300 inspectores do trabalho para uma população trabalhadora empregada de 4250 mil pessoas (1996), ou seja, um rácio de 1 inspector por cada 14167 trabalhadores (o equivalente a 1 inspector para todo o universo do Grupo EDP).

Esse rácio era mais favorável noutros países como, por exemplo, a Finlândia (1/1837), o Reino Unido (1/3406), a Alemanha (1/3632), a Itália (1/5551), a Dinamarca (1/ 8437), a Áustria (1/9831), a Suécia (1/10000), o Luxemburgo (1/11045), a França ( 1/13796).

Em contrapartida Portugal tinha um rácio mais favorável do que a Grécia (1/24287), a Irlanda (1/22071), a Espanha (1/18973), a Bélgica (1/18857) ou a Holanda (1/18732).

Mas, atenção, o nosso tecido empresarial é dominado esmagadoramente pelas MPE (micro e pequenas empresas). Em números grosseiros, haverá mil empresas, com pessoal ao serviço, por cada inspector do trabalho (ficam de fora mais de 700 mil empresários em nome individual e sem trabalhadores ao seu serviço).

Por outro lado, é bom não esquecer que, tal como nos outros Estados membros (com excepção da Bélgica, Dinamarca, Grécia, Irlanda e Suécia), os inspectores do trabalho portugueses têm outras competências para além da fiscalização da legislação e regulamentação da SH&ST.

Não se sabe quanto tempo (médio) é que é dedicada à área da SH&ST pela Inspecção-Geral do Trabalho. A proporção de tempo é variável de país para país: por exemplo, 95% na Finlândia, 90% na Holanda 70% na Itália, 64% no Luxemburgo, 47% em França, 40% em Espanha e 23% no Reino Unido (Também não havia dados disponíveis em relação à Áustria e à Alemanha).

No nosso caso poder-se-á fazer uma estimativa a partir dos dados que constam do relatório anual da actividade da IGT. O de 2001 está disponível na página do IDICT/IGT. Mas é pesadíssimo: é um ficheiro pouco ou nada amigável de 32 MB !...

A minha impressão é que os inspectores do trabalho dedicam hoje muito menos tempo (e, se calhar, menos entusiasmo) à SH&ST do que há uns anos atrás. No que serão correspondidos pelos empregadores, trabalhadores e seus representantes. Digo-o sem ironia ou cinismo, digo-o com mágoa. Mas este é um sinal dos tempos...

Saúde & Segurança do Trabalho - XI: Inspectores, precisam-se?!

O Ministro da Segurança Social e do Trabalho deu hoje posse a mais de meia centena de novos inspectores do trabalho. Ao que parece, a Inspecção Geral do Trabalho (IGT) vai ter trabalho acrescido (e possivelmente vai ter que fazer horas extraordinárias...) a partir da entrada em vigor do Código do Trabalho, em 1 de Dezembro próximo.

E a área da SH&ST, acrescento eu, vai ser beneficiada, vai ser prejudicada, vai ficar em “águas de bacalhau”, como diz o povo ? O que eu ouvi ao sr. ministro dizer, na televisão, é que se tratava de rejuvenescer o pessoal da IGT. Entra sangue novo para a IGT, o que é bom, dado o envelhecimento do pessoal. Por outro lado, fica claro que esta não é uma função que o Estado queira privatizar, pelo menos nos tempos mais próximos.

Entre nós a inspecção do trabalho tem mais de cem anos: foi criada em 1893, em pleno Estado Liberal, numa época (a da primeira integração económica europeia e da primeira globalização com a expansão colonial...) em que se discutia a necessidade e a urgência de se criar um direito do trabalho internacional (Portugal foi um dos 14 países pioneiros que apoiou esse movimento, tendo participado na Conferência Internacional do Trabalho de 1890, em Berlim).

O sr. ministro prometeu, além disso, libertar a IGT de "tarefas administrativas", como a concessão de isenção de horário de trabalho, um assunto em que o Estado não tem que meter o bedelho, a não ser para fiscalizar o cumprimento do que for acordado pelas partes (cito de cor). Não dei conta que tivesse dado particular ênfase ou relevância à SH&ST. Mas pode ter sido distracção minha ou do jornalista.

De acordo com um estudo piloto sobre o estado da saúde e segurança no trabalho na União Europeia, publicado em 2000 pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, com sede em Bilbau, Portugal dispunha em 1998 de cerca de 300 inspectores do trabalho para uma população trabalhadora empregada de 4250 mil pessoas (1996), ou seja, um rácio de 1 inspector por cada 14167 trabalhadores (o equivalente a 1 inspector para todo o universo do Grupo EDP).

Esse rácio era mais favorável noutros países como, por exemplo, a Finlândia (1/1837), o Reino Unido (1/3406), a Alemanha (1/3632), a Itália (1/5551), a Dinamarca (1/ 8437), a Áustria (1/9831), a Suécia (1/10000), o Luxemburgo (1/11045), a França ( 1/13796).

Em contrapartida Portugal tinha um rácio mais favorável do que a Grécia (1/24287), a Irlanda (1/22071), a Espanha (1/18973), a Bélgica (1/18857) ou a Holanda (1/18732).

Mas, atenção, o nosso tecido empresarial é dominado esmagadoramente pelas MPE (micro e pequenas empresas). Em números grosseiros, haverá mil empresas, com pessoal ao serviço, por cada inspector do trabalho (ficam de fora mais de 700 mil empresários em nome individual e sem trabalhadores ao seu serviço).

Por outro lado, é bom não esquecer que, tal como nos outros Estados membros (com excepção da Bélgica, Dinamarca, Grécia, Irlanda e Suécia), os inspectores do trabalho portugueses têm outras competências para além da fiscalização da legislação e regulamentação da SH&ST.

Não se sabe quanto tempo (médio) é que é dedicada à área da SH&ST pela Inspecção-Geral do Trabalho. A proporção de tempo é variável de país para país: por exemplo, 95% na Finlândia, 90% na Holanda 70% na Itália, 64% no Luxemburgo, 47% em França, 40% em Espanha e 23% no Reino Unido (Também não havia dados disponíveis em relação à Áustria e à Alemanha).

No nosso caso poder-se-á fazer uma estimativa a partir dos dados que constam do relatório anual da actividade da IGT. O de 2001 está disponível na página do IDICT/IGT. Mas é pesadíssimo: é um ficheiro pouco ou nada amigável de 32 MB !...

A minha impressão é que os inspectores do trabalho dedicam hoje muito menos tempo (e, se calhar, menos entusiasmo) à SH&ST do que há uns anos atrás. No que serão correspondidos pelos empregadores, trabalhadores e seus representantes. Digo-o sem ironia ou cinismo, digo-o com mágoa. Mas este é um sinal dos tempos...

Saúde & Segurança do Trabalho - X: (In)dependência(s)

1. A nossa legislação reconhece o princípio da independência dos profissionais de SH&ST. No caso do médico do trabalho, e qualquer que seja a modalidade de serviço de SH&ST (interno, externo ou interempresas), o legislador diz explicitamente ele que deverá exercer as suas funções com independência técnica e em estrita obediência aos princípios de deontologia profissional (nº 5 do art. 25º do D.L. nº 26/94).

Tal não impede a existência de um conflito (latente) entre o exercício da medicina do trabalho e os imperativos da gestão ou os interesses dos empregadores. E, contrariamente ao que se passa, por exemplo, na Bélgica (Loi du 27 Décembre 1977), em Portugal não há, em minha opinião, suficiente protecção legal do médico do trabalho em caso de tentativa de rescisão, por parte do empregador, do contrato individual de trabalho ou do contrato de prestação de serviço, nomeadamente quando os motivos invocados são susceptíveis de ferir a sua “independência técnica e moral”.

2. O mesmo se passa, de resto, com o técnico superior de segurança e higiene do trabalho (abreviadamente, S&HT), que tem um perfil ainda mais exigente ou, pelo menos, mais detalhado. Assim, no exercício da sua actividade, o técnico superior de S&HT (i) deve sempre pautar-se pelo respeito dos seus princípios de deontologia profissional; e, nomeadamente, (ii) deve “considerar a segurança e a saúde dos trabalhadores como factores prioritários da sua intervenção”, conforme disposto na alínea a) do nº 1 do art. 4º do D.L. nº 110/2000, de 30 de Junho de 2000.

No entanto, pôr a segurança e a saúde dos trabalhadores acima dos interesses imediatos do empregador pode, em deteminadas circunstâncias, levar a um conflito entre ambas as partes, o empregador e o técnico superior de S&HT.

Qual é a opinião d@s car@s ciberamig@s sobre esta questão ?

Saúde & Segurança do Trabalho - X: (In)dependência(s)

1. A nossa legislação reconhece o princípio da independência dos profissionais de SH&ST. No caso do médico do trabalho, e qualquer que seja a modalidade de serviço de SH&ST (interno, externo ou interempresas), o legislador diz explicitamente ele que deverá exercer as suas funções com independência técnica e em estrita obediência aos princípios de deontologia profissional (nº 5 do art. 25º do D.L. nº 26/94).

Tal não impede a existência de um conflito (latente) entre o exercício da medicina do trabalho e os imperativos da gestão ou os interesses dos empregadores. E, contrariamente ao que se passa, por exemplo, na Bélgica (Loi du 27 Décembre 1977), em Portugal não há, em minha opinião, suficiente protecção legal do médico do trabalho em caso de tentativa de rescisão, por parte do empregador, do contrato individual de trabalho ou do contrato de prestação de serviço, nomeadamente quando os motivos invocados são susceptíveis de ferir a sua “independência técnica e moral”.

2. O mesmo se passa, de resto, com o técnico superior de segurança e higiene do trabalho (abreviadamente, S&HT), que tem um perfil ainda mais exigente ou, pelo menos, mais detalhado. Assim, no exercício da sua actividade, o técnico superior de S&HT (i) deve sempre pautar-se pelo respeito dos seus princípios de deontologia profissional; e, nomeadamente, (ii) deve “considerar a segurança e a saúde dos trabalhadores como factores prioritários da sua intervenção”, conforme disposto na alínea a) do nº 1 do art. 4º do D.L. nº 110/2000, de 30 de Junho de 2000.

No entanto, pôr a segurança e a saúde dos trabalhadores acima dos interesses imediatos do empregador pode, em deteminadas circunstâncias, levar a um conflito entre ambas as partes, o empregador e o técnico superior de S&HT.

Qual é a opinião d@s car@s ciberamig@s sobre esta questão ?

24 novembro 2003

Portugas que merecem os nossos assobios – I: Os lusopessimistas

Os gajos até podem estar com carradas de razão. Independentemente dos humores matinais ou das idiossincrasias de cada um, eles são capazes até de ter razão. Aliás, eles têm razão.



Além disso, eles são figuras públicas, são uns crânios, são opinion-makers, têm provas dadas no seu campo profissional, falam de cátedra. Eles podem usar e abusar do argumento de autoridade. Ao longo da história, os intelectuais têm-no feito. Hoje andam trasvestidos de mediáticos. Têm um acesso privilegiado aos media. Por isso mesmo são intelectuais mediáticos. Dantes falavam em nome do povo, agora falam do povo. Falam, continuam a falar, de cátedra. O povo deixou de ser sujeito (activo), passou a ser objecto (passivo). De crónica, de sebenta, de análise, de reportagem, de artigo de opinião, de cantoria.



É talvez por isso que a gente, quando pode, não poupa os intelectuais mediáticos. Não os poupa ao assobio e à pateada (da populaça). Se a gente não poupa o rei, também não poupa a rainha, o príncipe e por aí abaixo, até ao cão. Eles, os intelectuais mediáticos, estão lá no Olimpo. A apontar para a gente cá em baixo, no inferno. Com dedos inquisitoriais. Ora os portugas não gostam de ser apontados a dedo. Além disso, têm dor de corno. Os portugas são ingartos para com os seus intelectuais mediáticos. Mesmo quando estão na merda e quando são citados como os mais infelizes da Europa (diz o New Scientist que eu não li e ele, o cientista, lá sabe porquê: deve ser por causa do fado, especula o blogador), os portugas não mostram gratidão por quem lhes passa a mão pelo cachaço.



Estre paleio acaba por resumir o estranho e confuso requerimento apresentado pelo Zé Povinho ao blogue-fora-nada. Devo dizer que dá jeito ter à mão de semear uma figura como a do Zé Povinho. Por exemplo, para sentir po pulsar do coração de A Nação. O que é que o Zé Povimnho, a nós, intelectuais, mais blogadores ou mais mediáticos ?



A mensagem é simples como a personagem: Meus senhores, por favor, não batam mais no ceguinho! Um pouco menos de sadomasoquismo não vos fica mal. Pelo menos até 4ª feira, dia 26 de Novembro. Até ao anúncio (oficial) da candidatura vencedora da organização da Taça da América.



Se a gente valer mais, aos olhos-com-cifrões dos suíços, do que o real lóbi espanhol, o milionário lóbi francês ou o mafioso lóbi italiano, então estamos safos. Pelo menos até 2007. Com a primeira década no papo, não há século que nos meta medo. E com o século ganho, o resto do milénio é canja, é um ver-se-te-avias... O Zé Povinho só espera que fiquem algumas sobras para ele. Por isso, please, meus senhores, não comam tudo... Ou não comam tudo de uma só vez. Como fizeram das outras vezes.



António Barreto (figura pública):



”É o momento que os portugueses preferem viver, o sítio onde mais gostam de se encontrar. Em cima da hora, no último minuto, na véspera, à beira do abismo (...). É por isso que fazem tantas coisas mal feitas (...). Ainda por cima, têm o desplante de transformar esses imperdoáveis defeitos em virtude. A que chamam o génio português. É por essas e outras que nunca viverei em paz com o meu passaporte” (Retrato da Semana: À beira do abismo. Público, 23 de Novembro de 2003).



António Pedro Vasconcelos (figura pública):



(...) Portugal entrou em depressão a partir daí [do último Mundial Coreia-Japão] porque há uma grande relação entre o futebol e o ‘estado da nação’: o futebol é uma das poucas coisas em que os portugueses acreditam que são um bocadinho melhores do que no resto (...). O país não acredita na selecção. As pessoas estão já a fazer o luto de não ganhar o Europeu porque têm medo de acreditar (...). O clima do país é de depressão (...). Alastra o sentimento de que não somos bons em nada (Entrevista. Texto de Luís Miguel Viana. Pública, revista do Público, 23.11.2003).



PS - Não vale a pena fazer uma hiperligação ao texto do Público, porque este material é efémero e um dia destes a crónica do AB, mais a nossa, vai ingloriamente parar à ciberpubela (caixote do lixo do ciberesapço, em franglês do Minho).

Portugas que merecem os nossos assobios – I: Os lusopessimistas

Os gajos até podem estar com carradas de razão. Independentemente dos humores matinais ou das idiossincrasias de cada um, eles são capazes até de ter razão. Aliás, eles têm razão.

Além disso, eles são figuras públicas, são uns crânios, são opinion-makers, têm provas dadas no seu campo profissional, falam de cátedra. Eles podem usar e abusar do argumento de autoridade. Ao longo da história, os intelectuais têm-no feito. Hoje andam trasvestidos de mediáticos. Têm um acesso privilegiado aos media. Por isso mesmo são intelectuais mediáticos. Dantes falavam em nome do povo, agora falam do povo. Falam, continuam a falar, de cátedra. O povo deixou de ser sujeito (activo), passou a ser objecto (passivo). De crónica, de sebenta, de análise, de reportagem, de artigo de opinião, de cantoria.

É talvez por isso que a gente, quando pode, não poupa os intelectuais mediáticos. Não os poupa ao assobio e à pateada (da populaça). Se a gente não poupa o rei, também não poupa a rainha, o príncipe e por aí abaixo, até ao cão. Eles, os intelectuais mediáticos, estão lá no Olimpo. A apontar para a gente cá em baixo, no inferno. Com dedos inquisitoriais. Ora os portugas não gostam de ser apontados a dedo. Além disso, têm dor de corno. Os portugas são ingartos para com os seus intelectuais mediáticos. Mesmo quando estão na merda e quando são citados como os mais infelizes da Europa (diz o New Scientist que eu não li e ele, o cientista, lá sabe porquê: deve ser por causa do fado, especula o blogador), os portugas não mostram gratidão por quem lhes passa a mão pelo cachaço.

Estre paleio acaba por resumir o estranho e confuso requerimento apresentado pelo Zé Povinho ao blogue-fora-nada. Devo dizer que dá jeito ter à mão de semear uma figura como a do Zé Povinho. Por exemplo, para sentir po pulsar do coração de A Nação. O que é que o Zé Povimnho, a nós, intelectuais, mais blogadores ou mais mediáticos ?

A mensagem é simples como a personagem: Meus senhores, por favor, não batam mais no ceguinho! Um pouco menos de sadomasoquismo não vos fica mal. Pelo menos até 4ª feira, dia 26 de Novembro. Até ao anúncio (oficial) da candidatura vencedora da organização da Taça da América.

Se a gente valer mais, aos olhos-com-cifrões dos suíços, do que o real lóbi espanhol, o milionário lóbi francês ou o mafioso lóbi italiano, então estamos safos. Pelo menos até 2007. Com a primeira década no papo, não há século que nos meta medo. E com o século ganho, o resto do milénio é canja, é um ver-se-te-avias... O Zé Povinho só espera que fiquem algumas sobras para ele. Por isso, please, meus senhores, não comam tudo... Ou não comam tudo de uma só vez. Como fizeram das outras vezes.

António Barreto (figura pública):

”É o momento que os portugueses preferem viver, o sítio onde mais gostam de se encontrar. Em cima da hora, no último minuto, na véspera, à beira do abismo (...). É por isso que fazem tantas coisas mal feitas (...). Ainda por cima, têm o desplante de transformar esses imperdoáveis defeitos em virtude. A que chamam o génio português. É por essas e outras que nunca viverei em paz com o meu passaporte” (Retrato da Semana: À beira do abismo. Público, 23 de Novembro de 2003).

António Pedro Vasconcelos (figura pública):

(...) Portugal entrou em depressão a partir daí [do último Mundial Coreia-Japão] porque há uma grande relação entre o futebol e o ‘estado da nação’: o futebol é uma das poucas coisas em que os portugueses acreditam que são um bocadinho melhores do que no resto (...). O país não acredita na selecção. As pessoas estão já a fazer o luto de não ganhar o Europeu porque têm medo de acreditar (...). O clima do país é de depressão (...). Alastra o sentimento de que não somos bons em nada (Entrevista. Texto de Luís Miguel Viana. Pública, revista do Público, 23.11.2003).

PS - Não vale a pena fazer uma hiperligação ao texto do Público, porque este material é efémero e um dia destes a crónica do AB, mais a nossa, vai ingloriamente parar à ciberpubela (caixote do lixo do ciberesapço, em franglês do Minho).

23 novembro 2003

Humor com humor se paga - XIV: O homem e a mulher biónicos

Um homem e uma mulher tinham acabado de se conhecer na noite anterior. Num congresso. Daqueles em que se fala de prospectiva, do futuro radioso da humanidade e sobretudo de negócios. Estão agora num quarto de hotel. Na cama. Fumam um cigarro, depois de terem feito amor (aquia a Margarida Pinbto Rebelo, seria muito mais erótico-satírica do que eu, escrevendo: "depois de terem dado uma queca"). Conversa banal sobre o corpo de cada um.

Ele – Belas mamas... E ainda bem firmes, para quem já passou dos 40...

Ela – Obrigado, mas ainda não cheguei aos entas. O segredo do peito ? 200 ml de silicone em cada uma.

Ele - Viva a ciência, viva a biomedicina!

Ela – Mas também gosto desse teu sorriso... És charmoso.

Ele – Uma boca novinha em folha. Dentes implantados. Uma fortuna.

Ela – Então viva a odontologia!

Ele – E os teus cabelos ? São naturais ?

Ela – Tudo implantes. Mas do melhor material.

Ele - Mas olha que eu não fico atrás de ti...

Ela – Sim, sim.. Impressionante a tua ferramenta, não verga... Qual é o segredo ? Viagra ? Ou coisa ainda melhor ?

Ele – Prótese. Está sempre direita...

Ela - (Ligeiramente perturbada, com o que acaba de ouvir...) E eu a pensar que continuavas excitado por minha causa...

Ele – E estou... Mas olha-me só esse traseiro!...

Ela - Silicone... Apalpa aqui na barriga da perna.

Ele – Mas isso foi uma cirurgia plástica completa!...

Ela - Foi muito mais do que isso. Até mudei de sexo. O meu nome era António...



______



Obrigado à Sandra D. por esta história que me enviou e que circula na Net noutra versão... Dei-lhe o toque de fino recorte literário que elas, a Sandra e a história, mereciam. L.G.

Humor com humor se paga - XIV: O homem e a mulher biónicos

Um homem e uma mulher tinham acabado de se conhecer na noite anterior. Num congresso. Daqueles em que se fala de prospectiva, do futuro radioso da humanidade e sobretudo de negócios. Estão agora num quarto de hotel. Na cama. Fumam um cigarro, depois de terem feito amor (aquia a Margarida Pinbto Rebelo, seria muito mais erótico-satírica do que eu, escrevendo: "depois de terem dado uma queca"). Conversa banal sobre o corpo de cada um.
Ele – Belas mamas... E ainda bem firmes, para quem já passou dos 40...
Ela – Obrigado, mas ainda não cheguei aos entas. O segredo do peito ? 200 ml de silicone em cada uma.
Ele - Viva a ciência, viva a biomedicina!
Ela – Mas também gosto desse teu sorriso... És charmoso.
Ele – Uma boca novinha em folha. Dentes implantados. Uma fortuna.
Ela – Então viva a odontologia!
Ele – E os teus cabelos ? São naturais ?
Ela – Tudo implantes. Mas do melhor material.
Ele - Mas olha que eu não fico atrás de ti...
Ela – Sim, sim.. Impressionante a tua ferramenta, não verga... Qual é o segredo ? Viagra ? Ou coisa ainda melhor ?
Ele – Prótese. Está sempre direita...
Ela - (Ligeiramente perturbada, com o que acaba de ouvir...) E eu a pensar que continuavas excitado por minha causa...
Ele – E estou... Mas olha-me só esse traseiro!...
Ela - Silicone... Apalpa aqui na barriga da perna.
Ele – Mas isso foi uma cirurgia plástica completa!...
Ela - Foi muito mais do que isso. Até mudei de sexo. O meu nome era António...

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Obrigado à Sandra D. por esta história que me enviou e que circula na Net noutra versão... Dei-lhe o toque de fino recorte literário que elas, a Sandra e a história, mereciam. L.G.

Socio(b)logia I - A empresa como pai-patrão

Os trabalhadores portugueses deixam a cidadania à porta das fábricas e dos escritórios. Deixam, pelo menos, a cabeça ou uma parte do corpo ou um pedaço da alma... Empregadores e gestores não acham que seja importante a cidadania, a cabeça e outras partes do corpo e da alma dos seus colaboradores. O que interessa é que não faltem, estejam a horas e fiquem quietinhos, a um canto, a trabalhar.



Na década de 1990, os trabalhadores portugueses estavam pior colocados que a generalidade da população trabalhadora da União Europeia em matéria de oportunidades de consulta e participação. De acordo com o Segundo Inquérito Europeu sobre Condições de Trabalho, levado a cabo pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, Portugal era, em 1995, o país dos Quinze onde, por exemplo, (i) era menos provável um trabalhador ser consultado em relação às mudanças ocorridas a nível da organização do trabalho e/ou das condições de trabalho; (ii) ou ter uma conversa franca com o seu chefe directo relativamente à avaliação do seu desempenho. O contraste com a Finlândia, por exemplo, não deixava de ser deveras elucidativo: havia itens em que a diferença entre Portugal e a Finlândia era de 45 ou mais pontos percentuais.



O peso esmagador das microempresas e das empresas de pequena dimensão na estrutura do nosso tecido empresarial, a sua natureza familiar e a sua cultura autoritário-paternalista, bem como a baixa escolaridade do pessoal dirigente e dos quadros superiores (menos de oito anos de escolaridade, em média, segundo o Inquérito Nacional de Saúde 1998/99) não chegam para explicar o nosso défice de participação organizacional e de cidadania empresarial. As empresas infantilizam os seus colaboradores. O empregador ainda é, em Portugal, um pai-patrão. Às vezes até um pai-patrão tirânico que devora os seus filhos.



Mesmo nas maiores e melhores empresas, há uma cultura de gestão que está longe de ser favorável à participação do pessoal. O retrato-robô do nosso gestor de topo não deixa de ser curioso, quando traçado pelos seus congéneres estrangeiros (n=130), a trabalhar e a residir em Portugal, os quais representariam cerca de 17.5% da população de referência estimada.



De facto, na opinião dos gestores de topo, estrangeiros, a residir em Portugal, os nossos executivos (i) são individualistas na sua maneira de pensar (54%); (ii) tendem a não acatar as decisões tomadas nas reuniões com os colaboradores (54%); (iii) fomentam a cultura do presentismo (56%); (iv) não sabem trabalhar de maneira metódica (58%); (v) usam e abusam dos títulos académicos (60%); (vi) são muito formais (70%); (vii) não fazem uma gestão eficiente do tempo (73%); (viii) adoptam um estilo de gestão autocrático (78%); e, por fim, (ix) deixam tudo para o último minuto (82%) (Ad Capital International Search, Portugal; Cranfield University School of Management, UK, 2002). Reparem que estamos a falar dos gestores das nossas maiores e melhores empresas, um clube de executivos selecto, restrito, bem pago.



Quanto a mim há várias explicações, as quais seria fastidioso desenvolver aqui e agora. Em sociobloguês, diria apenas que Portugal (i) não tem uma tradição de ensino (nem muito menos escolas de excelência) na área da gestão; (ii) além disso não conheceu, em devido tempo, o movimento de racionalização do trabalho que teve, historicamente, como referência os nomes de Taylor, Fayol e Ford; e, por fim, (iii) é frágil e imaturo o nosso sistema de relações colectivas de trabalho.

Socio(b)logia I - A empresa como pai-patrão

Os trabalhadores portugueses deixam a cidadania à porta das fábricas e dos escritórios. Deixam, pelo menos, a cabeça ou uma parte do corpo ou um pedaço da alma... Empregadores e gestores não acham que seja importante a cidadania, a cabeça e outras partes do corpo e da alma dos seus colaboradores. O que interessa é que não faltem, estejam a horas e fiquem quietinhos, a um canto, a trabalhar.

Na década de 1990, os trabalhadores portugueses estavam pior colocados que a generalidade da população trabalhadora da União Europeia em matéria de oportunidades de consulta e participação. De acordo com o Segundo Inquérito Europeu sobre Condições de Trabalho, levado a cabo pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, Portugal era, em 1995, o país dos Quinze onde, por exemplo, (i) era menos provável um trabalhador ser consultado em relação às mudanças ocorridas a nível da organização do trabalho e/ou das condições de trabalho; (ii) ou ter uma conversa franca com o seu chefe directo relativamente à avaliação do seu desempenho. O contraste com a Finlândia, por exemplo, não deixava de ser deveras elucidativo: havia itens em que a diferença entre Portugal e a Finlândia era de 45 ou mais pontos percentuais.

O peso esmagador das microempresas e das empresas de pequena dimensão na estrutura do nosso tecido empresarial, a sua natureza familiar e a sua cultura autoritário-paternalista, bem como a baixa escolaridade do pessoal dirigente e dos quadros superiores (menos de oito anos de escolaridade, em média, segundo o Inquérito Nacional de Saúde 1998/99) não chegam para explicar o nosso défice de participação organizacional e de cidadania empresarial. As empresas infantilizam os seus colaboradores. O empregador ainda é, em Portugal, um pai-patrão. Às vezes até um pai-patrão tirânico que devora os seus filhos.

Mesmo nas maiores e melhores empresas, há uma cultura de gestão que está longe de ser favorável à participação do pessoal. O retrato-robô do nosso gestor de topo não deixa de ser curioso, quando traçado pelos seus congéneres estrangeiros (n=130), a trabalhar e a residir em Portugal, os quais representariam cerca de 17.5% da população de referência estimada.

De facto, na opinião dos gestores de topo, estrangeiros, a residir em Portugal, os nossos executivos (i) são individualistas na sua maneira de pensar (54%); (ii) tendem a não acatar as decisões tomadas nas reuniões com os colaboradores (54%); (iii) fomentam a cultura do presentismo (56%); (iv) não sabem trabalhar de maneira metódica (58%); (v) usam e abusam dos títulos académicos (60%); (vi) são muito formais (70%); (vii) não fazem uma gestão eficiente do tempo (73%); (viii) adoptam um estilo de gestão autocrático (78%); e, por fim, (ix) deixam tudo para o último minuto (82%) (Ad Capital International Search, Portugal; Cranfield University School of Management, UK, 2002). Reparem que estamos a falar dos gestores das nossas maiores e melhores empresas, um clube de executivos selecto, restrito, bem pago.

Quanto a mim há várias explicações, as quais seria fastidioso desenvolver aqui e agora. Em sociobloguês, diria apenas que Portugal (i) não tem uma tradição de ensino (nem muito menos escolas de excelência) na área da gestão; (ii) além disso não conheceu, em devido tempo, o movimento de racionalização do trabalho que teve, historicamente, como referência os nomes de Taylor, Fayol e Ford; e, por fim, (iii) é frágil e imaturo o nosso sistema de relações colectivas de trabalho.