08 abril 2006

Guiné 63/4 - DCLXXXV: Aerograma de Ana Paula Ferreira: o meu pai, o 1º cabo Ferreira (CCAÇ 617, BCAÇ 616, 1964/66)

Mensagem de Ana Paula Ferreira (que nos mandou um aerograma de hoje):


Não poderia deixar de lhe agradecer pelo seu blogue: procurando algumas informações sobre a Guiné, onde o meu pai esteve de 64 a 66 (Fernando das Neves Ferreira, 1º Cabo, nº 2514, CCAÇ 616, do BCAÇ 619), deparei-me com as suas páginas repletas de testemunhos, fotografias, ou seja, algo que me é tão familiar, não porque lá estive, mas porque conheço as histórias através do meu pai.

Por coincidência iniciei também hoje um blogue sobre este assunto. Há muito tempo que pensava numa forma de dar a conhecer tudo aquilo que ouvi e senti através das palavras do meu pai. Tanta coisa aconteceu e muita gente não esqueceu. Eu não esqueci.

Eu sei que deve parecer estranho falar assim, não embarquei para a Guiné, não peguei em armas, não matei ou vi morrer, mas as palavras são poderosas, principalmente quando proferidas por quem viu a sua vida mudada para sempre.

A minha mãe guarda centenas de aerogramas, fotografias e memórias de um cais de onde viu partir um jovem, que voltou homem amargurado.

Os meus parabéns pela sua iniciativa!


Atentamente,

Ana Paula Ferreira

Coemntário de L.G.

Ana: Fico/amos muito sensibilizado(s) pelas suas palavras de carinho e de amor pelo seu pai, que foi nosso camarada, bem como de simpatia pelo nosso blogue. Este é também um ponto de encontro entre gerações, entre nós e os nossos filhos... Você não esqueceu, nós também não.

Gostaria de a convidar para integrar a nossa tertúlia, se assim o desejar. Dê-nos mais notícias suas, diga-nos qual o endereço do seu blogue... Temos ainda poucos testemunhos e documentos do tempo em que o seu pai esteve na Guiné (1964/66). Teremos muito gosto também em divulgar o seu blogue.

Fica aqui também a notícia do 12º almoço/convívio da Companhia de Caçadores 617 – BCAÇ 619 (Guiné 1964/66) em Guimarães, no próximo dia 28 de Maio de 2006. Contactos > Pereira: 25 353 53 87 e 25 298 28 18 ou Mourão: 21 467 00 55.

3. Também o nosso histórico Sousa de Castro quis transmitir à Ana Paula algumas palavras de boas-vindas ao nosso blogue (Como eu faço questão de lembrar, ele é o tertuliano nº 1, o mais antigo, o primeiro a trazer outros camaradas para a nossa tertúlia, e nessa medida um dos co-responsáveis pela abertura das comportas deste rio de memórias da Guiné, cujas águas continuam a correr e a engrossar):

Ana Paula, fiquei muito sensibilizado pelo testemunho e pelo interesse demonstrado sobre estórias da guerra colonial. Graças ao nosso comandante Luís Graça, porque sem ele não teria sido possível o trabalho extraordinário que é o blogue-fora-nada.

Não se encontram, todos os dias, filhos interessados nas estórias que os pais contam sobre aquele tempo desperdiçado. Foram os melhores anos da nossa juventude, embora no meu caso pessoal não estou minimamente arrependido de ter ido para a Guiné, creio que fiquei muito mais rico com aquela experiência. Um dia hei-de lá voltar.

Cumprimentos e, como o Luís diz, faça o favor de entrar para a nossa tertúlia e conte as estórias do seu pai. Se achar bem, pode publicar no seu blogue.

Sousa de Castro (ex- 1º Cabo TRMS, CART 3494, Xime e Mansambo, Jan 72 a Abr 74)

Guiné 63/4 - DCLXXXV: Aerograma de Ana Paula Ferreira: o meu pai, o 1º cabo Ferreira (CCAÇ 617, BCAÇ 616, 1964/66)

Mensagem de Ana Paula Ferreira (que nos mandou um aerograma de hoje):


Não poderia deixar de lhe agradecer pelo seu blogue: procurando algumas informações sobre a Guiné, onde o meu pai esteve de 64 a 66 (Fernando das Neves Ferreira, 1º Cabo, nº 2514, CCAÇ 616, do BCAÇ 619), deparei-me com as suas páginas repletas de testemunhos, fotografias, ou seja, algo que me é tão familiar, não porque lá estive, mas porque conheço as histórias através do meu pai.

Por coincidência iniciei também hoje um blogue sobre este assunto. Há muito tempo que pensava numa forma de dar a conhecer tudo aquilo que ouvi e senti através das palavras do meu pai. Tanta coisa aconteceu e muita gente não esqueceu. Eu não esqueci.

Eu sei que deve parecer estranho falar assim, não embarquei para a Guiné, não peguei em armas, não matei ou vi morrer, mas as palavras são poderosas, principalmente quando proferidas por quem viu a sua vida mudada para sempre.

A minha mãe guarda centenas de aerogramas, fotografias e memórias de um cais de onde viu partir um jovem, que voltou homem amargurado.

Os meus parabéns pela sua iniciativa!


Atentamente,

Ana Paula Ferreira

Coemntário de L.G.

Ana: Fico/amos muito sensibilizado(s) pelas suas palavras de carinho e de amor pelo seu pai, que foi nosso camarada, bem como de simpatia pelo nosso blogue. Este é também um ponto de encontro entre gerações, entre nós e os nossos filhos... Você não esqueceu, nós também não.

Gostaria de a convidar para integrar a nossa tertúlia, se assim o desejar. Dê-nos mais notícias suas, diga-nos qual o endereço do seu blogue... Temos ainda poucos testemunhos e documentos do tempo em que o seu pai esteve na Guiné (1964/66). Teremos muito gosto também em divulgar o seu blogue.

Fica aqui também a notícia do 12º almoço/convívio da Companhia de Caçadores 617 – BCAÇ 619 (Guiné 1964/66) em Guimarães, no próximo dia 28 de Maio de 2006. Contactos > Pereira: 25 353 53 87 e 25 298 28 18 ou Mourão: 21 467 00 55.

3. Também o nosso histórico Sousa de Castro quis transmitir à Ana Paula algumas palavras de boas-vindas ao nosso blogue (Como eu faço questão de lembrar, ele é o tertuliano nº 1, o mais antigo, o primeiro a trazer outros camaradas para a nossa tertúlia, e nessa medida um dos co-responsáveis pela abertura das comportas deste rio de memórias da Guiné, cujas águas continuam a correr e a engrossar):

Ana Paula, fiquei muito sensibilizado pelo testemunho e pelo interesse demonstrado sobre estórias da guerra colonial. Graças ao nosso comandante Luís Graça, porque sem ele não teria sido possível o trabalho extraordinário que é o blogue-fora-nada.

Não se encontram, todos os dias, filhos interessados nas estórias que os pais contam sobre aquele tempo desperdiçado. Foram os melhores anos da nossa juventude, embora no meu caso pessoal não estou minimamente arrependido de ter ido para a Guiné, creio que fiquei muito mais rico com aquela experiência. Um dia hei-de lá voltar.

Cumprimentos e, como o Luís diz, faça o favor de entrar para a nossa tertúlia e conte as estórias do seu pai. Se achar bem, pode publicar no seu blogue.

Sousa de Castro (ex- 1º Cabo TRMS, CART 3494, Xime e Mansambo, Jan 72 a Abr 74)

Guiné 63/74 - DCLXXXIV: Antologia (37): Carlos Fabião, o conciliador

Texto publicado no Diário de Notícias 'on line', de 3 de Abril de 2006

Carlos Fabião, um conciliador entre dois fogos


Podia ter sido primeiro-ministro. Podia ter ascendido à Presidência da República em 1976. Mas Carlos Fabião acabou por ficar a meio caminho entre dois golpes - a Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974, em que participou, e o 25 de Novembro de 1975, em que já não desempenhou nenhum papel de relevo. Tudo se jogou nesse período de efémera fama, em que o coronel que se distinguira por acções militares na Guiné ostentou as estrelas de general. Fabião, chefe do Estado Maior do Exército e membro do Conselho da Revolução no Verão quente de 1975, faleceu ontem, em Lisboa. Tinha 76 anos.

Carlos Alberto Idães Soares Fabião, lisboeta da freguesia da Graça, ingressou como voluntário na Escola do Exército aos 20 anos, em 1950. Desempenhou várias comissões de serviço em África, designadamente em Angola e na Guiné, onde se notabilizou como um dos colaboradores mais próximos do então governador António de Spínola. Foi louvado e medalhado. Após o 25 de Abril, viria a ser investido como governador do território até Setembro de 1974, quando a Guiné-Bissau ascendeu à independência.

Ao regressar a Lisboa, Fabião verificou como a unidade dos militares revolucionários fora drasticamente quebrada. Tentou então o impossível: conciliar as facções em conflito. E foi como conciliador que atravessou o período mais turbulento do processo revolucionário, já graduado em general. No comando do Exército, afasta-se da ala spinolista e aproxima-se da esquerda mais radical. "Não há revolução sem leis revolucionárias", proclamava a 18 de Janeiro de 1975, em entrevista ao Expresso. À época era presença assídua nos telejornais: distinguia-se pelo porte altivo e pela pera aristocrática que ostentava. Quem o conhecia garante que era um homem com mais dúvidas do que certezas. Nada que se ajustasse a esses tempos de verdades inflamadas e vociferantes.

Em Agosto de 1975, já a esquerda militar estava em perda acentuada, o então Presidente da República, general Costa Gomes, convidou-o a formar governo, em substituição de Vasco Gonçalves. Fabião pediu para reflectir, acabando por recusar. Em vez dele, avançou Pinheiro de Azevedo, que passou à História como chefe do VI Governo Provisório. Em Novembro, acabaria substituído na chefia do Exército por Vasco Lourenço, regressando ao posto de coronel, que manteve até ao fim. A hora era de outros, como Ramalho Eanes, que sete meses depois chegaria a Belém. Fabião jamais voltou à ribalta: em 1983 pediu a passagem à reserva, depois reformou-se.

"Naquela altura andava com a mania das conciliações", recordaria em 1994, numa entrevista ao Público, este militar reservado, que confessava não ser ambicioso. O almirante Rosa Coutinho, também protagonista do 25 de Abril, recordava-o ontem, em declarações ao DN, como "um homem muito digno, que teve o azar de ser cilindrado pela revolução, mas deixou saudades em todos quantos o conheceram". Outro militar de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, disse ao DN que Fabião foi "um grande oficial" com quem partilhou "alguns dos momentos mais difíceis" do processo revolucionário.

O funeral de Carlos Fabião parte hoje, pelas 12.30, do Grémio Lusitano para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

Guiné 63/74 - DCLXXXIV: Antologia (37): Carlos Fabião, o conciliador

Texto publicado no Diário de Notícias 'on line', de 3 de Abril de 2006

Carlos Fabião, um conciliador entre dois fogos


Podia ter sido primeiro-ministro. Podia ter ascendido à Presidência da República em 1976. Mas Carlos Fabião acabou por ficar a meio caminho entre dois golpes - a Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974, em que participou, e o 25 de Novembro de 1975, em que já não desempenhou nenhum papel de relevo. Tudo se jogou nesse período de efémera fama, em que o coronel que se distinguira por acções militares na Guiné ostentou as estrelas de general. Fabião, chefe do Estado Maior do Exército e membro do Conselho da Revolução no Verão quente de 1975, faleceu ontem, em Lisboa. Tinha 76 anos.

Carlos Alberto Idães Soares Fabião, lisboeta da freguesia da Graça, ingressou como voluntário na Escola do Exército aos 20 anos, em 1950. Desempenhou várias comissões de serviço em África, designadamente em Angola e na Guiné, onde se notabilizou como um dos colaboradores mais próximos do então governador António de Spínola. Foi louvado e medalhado. Após o 25 de Abril, viria a ser investido como governador do território até Setembro de 1974, quando a Guiné-Bissau ascendeu à independência.

Ao regressar a Lisboa, Fabião verificou como a unidade dos militares revolucionários fora drasticamente quebrada. Tentou então o impossível: conciliar as facções em conflito. E foi como conciliador que atravessou o período mais turbulento do processo revolucionário, já graduado em general. No comando do Exército, afasta-se da ala spinolista e aproxima-se da esquerda mais radical. "Não há revolução sem leis revolucionárias", proclamava a 18 de Janeiro de 1975, em entrevista ao Expresso. À época era presença assídua nos telejornais: distinguia-se pelo porte altivo e pela pera aristocrática que ostentava. Quem o conhecia garante que era um homem com mais dúvidas do que certezas. Nada que se ajustasse a esses tempos de verdades inflamadas e vociferantes.

Em Agosto de 1975, já a esquerda militar estava em perda acentuada, o então Presidente da República, general Costa Gomes, convidou-o a formar governo, em substituição de Vasco Gonçalves. Fabião pediu para reflectir, acabando por recusar. Em vez dele, avançou Pinheiro de Azevedo, que passou à História como chefe do VI Governo Provisório. Em Novembro, acabaria substituído na chefia do Exército por Vasco Lourenço, regressando ao posto de coronel, que manteve até ao fim. A hora era de outros, como Ramalho Eanes, que sete meses depois chegaria a Belém. Fabião jamais voltou à ribalta: em 1983 pediu a passagem à reserva, depois reformou-se.

"Naquela altura andava com a mania das conciliações", recordaria em 1994, numa entrevista ao Público, este militar reservado, que confessava não ser ambicioso. O almirante Rosa Coutinho, também protagonista do 25 de Abril, recordava-o ontem, em declarações ao DN, como "um homem muito digno, que teve o azar de ser cilindrado pela revolução, mas deixou saudades em todos quantos o conheceram". Outro militar de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, disse ao DN que Fabião foi "um grande oficial" com quem partilhou "alguns dos momentos mais difíceis" do processo revolucionário.

O funeral de Carlos Fabião parte hoje, pelas 12.30, do Grémio Lusitano para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

Guiné 63/74 - DCLXXXII: O outro Carlos Fabião (5) (Carlos Vinhal)

Texto do do Carlos Vinhal, ex-furriel miliciano da CART 2732 (Mansabá, 1970/72):

O homem é o resultado do seu tempo e das suas ideias. Não há democratas sem democracia nem ditadores sem ditadura. Ambos estão manietados se não estiverem integrados no seu tempo e meio.

O que acabei de escrever será discutível, muito, mas conheci alguns democratas e ditadores que pacientemente esperaram pela queda da ditadura. Muitos a milhares de quilómetros. Conheci outros que lutaram pelos seus ideais, mas as suas lutas eram pouco produtivas face ao que lhes custava, a eles pessoalmente e às suas famílias. A estes últimos as minhas homenagens. O nosso colega Rui Felício reforça a minha ideia da capacidade que o homem tem de adaptar as suas ideias e acções ao seu meio, conveniências e momento da sua vida.

Os militares do QP que fizeram múltiplas comissões em África, mais não fizeram que alimentar o regime que não queria, ou não sabia, dar a liberdade de escolha aos povos das Províncias Ultramarinas, mas muitos deles depois do 25 de Abril foram essenciais para a consolidação da democracia. Assim de momento, e sem pensar muito, lembro os nomes Salgueiro Maia, Melo Antunes e Ramalho Eanes a quem tanto devemos.

Os militares recrutados por imposição por sua vez, independentemente das suas convicções políticas ou posição face à guerra, tinham que alinhar ou destruiam o seu futuro. Eramos apanhados na idade em que iniciávamos os cursos superiores ou consolidávamos os nossos conhecimentos profissionais.

Ainda hoje me pergunto se o 25 de Abril, que foi feito pelos capitães (classe mais explorada pela guerra), teve como fim principal derrubar o regime ou se se aproveitou do estado de podridão do mesmo, para acabar com uma guerra sem solução.

Felizmente correu tudo bem; a guerra acabou, o regime caiu e a democracia foi imposta (no melhor dos sentidos) para nosso bem. Pode-se discutir os diversos modelos de democracia (se os há) que as diversas facções do MFA preconizavam e nos queriam impor.

Lá voltamos ao artigo do nosso camarada Felício (1) que em palavras directas retrata essas pessoas e esses tempos, imediatamente antes e depois do levantamento militar. Havia militares adaptados (ou inadaptados?) ao seu meio e ao seu tempo. A História falará deles com menos paixão do que nós o fazemos hoje. Há-de discutir-se no futuro o 28 de Setembro, o 11 de Março e o 25 de Novembro e, dependendo dos ideais de cada observador, os resultados serão considerados negativos ou positivos.

Saudações para todos os camaradas e amigos.

Carlos Vinhal

____________

Nota de L.G.

(1) Vd. post de 5 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 : DCLXXV: O outro Carlos Fabião (3) (Rui Felício)

"(...)Ficaria sossegado no meu canto, a observar as opiniões dos tertulianos a propósito da morte do CARLOS FABIÃO, sem nenhuma intenção de intervir, se não acabasse neste mesmo momento de ler um e-mail do Zé Teixeira em resposta a um outro do J.Vacas de Carvalho (meu contemporâneo na E.P.I. em Mafra).

"O Zé Teixeira afirma que o Carlos Fabião que conheceu na Guiné não é o mesmo que o Vacas de Carvalho retrata no seu e-mail. E eu acredito que o Zé Teixeira fale verdade. Mas não precisava que o Vacas de Carvalho escrevesse o que escreveu para saber que o que este diz também é verdade... Ou seja, ambos retratam o mesmo homem, em tempos diferentes mas próximos, com dois comportamentos completamente antagónicos!" (...)

Guiné 63/74 - DCLXXXII: O outro Carlos Fabião (5) (Carlos Vinhal)

Texto do do Carlos Vinhal, ex-furriel miliciano da CART 2732 (Mansabá, 1970/72):

O homem é o resultado do seu tempo e das suas ideias. Não há democratas sem democracia nem ditadores sem ditadura. Ambos estão manietados se não estiverem integrados no seu tempo e meio.

O que acabei de escrever será discutível, muito, mas conheci alguns democratas e ditadores que pacientemente esperaram pela queda da ditadura. Muitos a milhares de quilómetros. Conheci outros que lutaram pelos seus ideais, mas as suas lutas eram pouco produtivas face ao que lhes custava, a eles pessoalmente e às suas famílias. A estes últimos as minhas homenagens. O nosso colega Rui Felício reforça a minha ideia da capacidade que o homem tem de adaptar as suas ideias e acções ao seu meio, conveniências e momento da sua vida.

Os militares do QP que fizeram múltiplas comissões em África, mais não fizeram que alimentar o regime que não queria, ou não sabia, dar a liberdade de escolha aos povos das Províncias Ultramarinas, mas muitos deles depois do 25 de Abril foram essenciais para a consolidação da democracia. Assim de momento, e sem pensar muito, lembro os nomes Salgueiro Maia, Melo Antunes e Ramalho Eanes a quem tanto devemos.

Os militares recrutados por imposição por sua vez, independentemente das suas convicções políticas ou posição face à guerra, tinham que alinhar ou destruiam o seu futuro. Eramos apanhados na idade em que iniciávamos os cursos superiores ou consolidávamos os nossos conhecimentos profissionais.

Ainda hoje me pergunto se o 25 de Abril, que foi feito pelos capitães (classe mais explorada pela guerra), teve como fim principal derrubar o regime ou se se aproveitou do estado de podridão do mesmo, para acabar com uma guerra sem solução.

Felizmente correu tudo bem; a guerra acabou, o regime caiu e a democracia foi imposta (no melhor dos sentidos) para nosso bem. Pode-se discutir os diversos modelos de democracia (se os há) que as diversas facções do MFA preconizavam e nos queriam impor.

Lá voltamos ao artigo do nosso camarada Felício (1) que em palavras directas retrata essas pessoas e esses tempos, imediatamente antes e depois do levantamento militar. Havia militares adaptados (ou inadaptados?) ao seu meio e ao seu tempo. A História falará deles com menos paixão do que nós o fazemos hoje. Há-de discutir-se no futuro o 28 de Setembro, o 11 de Março e o 25 de Novembro e, dependendo dos ideais de cada observador, os resultados serão considerados negativos ou positivos.

Saudações para todos os camaradas e amigos.

Carlos Vinhal

____________

Nota de L.G.

(1) Vd. post de 5 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 : DCLXXV: O outro Carlos Fabião (3) (Rui Felício)

"(...)Ficaria sossegado no meu canto, a observar as opiniões dos tertulianos a propósito da morte do CARLOS FABIÃO, sem nenhuma intenção de intervir, se não acabasse neste mesmo momento de ler um e-mail do Zé Teixeira em resposta a um outro do J.Vacas de Carvalho (meu contemporâneo na E.P.I. em Mafra).

"O Zé Teixeira afirma que o Carlos Fabião que conheceu na Guiné não é o mesmo que o Vacas de Carvalho retrata no seu e-mail. E eu acredito que o Zé Teixeira fale verdade. Mas não precisava que o Vacas de Carvalho escrevesse o que escreveu para saber que o que este diz também é verdade... Ou seja, ambos retratam o mesmo homem, em tempos diferentes mas próximos, com dois comportamentos completamente antagónicos!" (...)

Guiné 63/74 - DCLXXXI: O outro Carlos Fabião (4) (Paulo Raposo)

Texto do Paulo Raposo:

Os mesmos militares que antes do 25 de Abril nos exigiam os maiores sacrifícios, que à conta disso muitos dos nossos não regressaram, depois do 25 [de Abril] andaram aos abraços com aqueles que eram nossos inimigos.

Ainda vinham dizer com todo despudor que a guerra que faziam era contra o governo e não contra o povo. Ao que eu saiba, o Governo estava no Terreiro do Paço, e nós povo é que estavamos no mato.

Em que ficamos, que raio de homens são estes? Não podem ser a mesma pessoa. Onde está a integridade? Spínola queixou-se amargamente de Fabião quando o tinha como homem de sua confiança.

E bem podem limpar bem as mãos á parede pelo trabalho que fizeram, só falta vender os Açores e a Madeira em talhões.

Mas respeitemos os que já partiram. A verdadeira história far-se-à um dia.

Paulo Lage Raposo
Alf. Mil. Inf.
BCAÇ 2852
CCAÇ 2405
Guiné 68/70

Tel 266898240
Herdade da Ameira
7050 Montemor O Novo

Guiné 63/74 - DCLXXXI: O outro Carlos Fabião (4) (Paulo Raposo)

Texto do Paulo Raposo:

Os mesmos militares que antes do 25 de Abril nos exigiam os maiores sacrifícios, que à conta disso muitos dos nossos não regressaram, depois do 25 [de Abril] andaram aos abraços com aqueles que eram nossos inimigos.

Ainda vinham dizer com todo despudor que a guerra que faziam era contra o governo e não contra o povo. Ao que eu saiba, o Governo estava no Terreiro do Paço, e nós povo é que estavamos no mato.

Em que ficamos, que raio de homens são estes? Não podem ser a mesma pessoa. Onde está a integridade? Spínola queixou-se amargamente de Fabião quando o tinha como homem de sua confiança.

E bem podem limpar bem as mãos á parede pelo trabalho que fizeram, só falta vender os Açores e a Madeira em talhões.

Mas respeitemos os que já partiram. A verdadeira história far-se-à um dia.

Paulo Lage Raposo
Alf. Mil. Inf.
BCAÇ 2852
CCAÇ 2405
Guiné 68/70

Tel 266898240
Herdade da Ameira
7050 Montemor O Novo

07 abril 2006

Guiné 63/74 - DCLXXX: CCAÇ 5 - Os Gatos Pretos de Canjadude (José Martins)

Post nº 680 (DCLXXX

Guiné > Região do Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 > Brazão da unidade

© José Martins (2006)


História da Companhia de Caçadores nº 5 - Os Gatos Pretos de Canjadude (por José Martins, ex-fur mil transmissões, CCAÇ 5, 1968/70)

Caros amigos

Alguns contributos para a história das unidades da Guiné. Ainda faltam muitos elementos, nomeadamente situados nas datas de 1 de Abril de 1967 a Janeiro de 1970 e após Julho de 1973.

Tenho nomes e factos, mas toda a colaboração é benvinda.

Um abraço

José Martins

_____________


A legislação publicada em 16 de Agosto de 1895 retirou a feição administrativa policial às tropas ultramarinas.

A Conferência de Berlim, realizada entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885, estabelece que nos territórios descobertos e colonizados em África, entre os quais se encontrava o antigo ultramar português, é abolido o direito de posse obtido pelo descobrimento, passando a vigorar o direito de posse por ocupação efectiva, dando voz ao interesse das potências que não tinham territórios no continente africano.

Há referências a diversas unidades existentes na Guiné, constituídas por tropas indígenas enquadradas por oficiais e sargentos pertencentes aos quadros coloniais, e designadas como:
· Exército de Terra
· Companhia de Guerra de Angola e Guiné
· Companhia de Infantaria da Guiné
· 1ª Companhia Indígena de Infantaria da Guiné
· 2ª Companhia Indígena de Infantaria da Guiné
· 2ª Companhia Indígena Mista de Artilharia e Infantaria da Guiné.

A partir de 14 de Novembro de 1901, data da remodelação da Organização Militar do Ultramar, que contemplava as experiências obtidas nas Campanhas de África de 1895, existe diversa legislação que, além de dispersa, se aplicava, normalmente, a uma só Província Ultramarina.

Em 10 de Junho de 1926, o Decreto-Lei nº 11746, na sua Base VI, visa extinguir os quadros privativos coloniais, avançando na unificação dos Exércitos Ultramarino e Metropolitano. No entanto, as forças militares das províncias ultramarinas continuam a ter a sua estrutura assente em quadros oriundos da metrópole que enquadravam militares do recrutamento provincial.
Os Decretos-Leis nºs 425654 e 43351 de 7 de Outubro de 1959 e 24 de Novembro de 1960, respectivamente, definem e desenvolvem o que deveria ser o Dispositivo Militar Metropolitano e Ultramarino.

Para a Província da Guiné, constituída como Comando Territorial Independente, além do Quartel-General, estava previsto a existência de quatro companhias de caçadores e uma bateria de artilharia de campanha. Além destas unidades, as províncias ultramarinas eram reforçadas com unidades expedicionárias, idas da metrópole, de acordo com as necessidades e/ou a situação de cada província.

No início das Campanhas de África (1961-1974) havia a 1ª Companhia de Caçadores e a 4ª Companhia de Caçadores. Para completar o dispositivo previsto faltava constituir, ainda, duas companhias de caçadores.

Em 1 de Fevereiro de 1961, constitui-se um pelotão, adstrito à 1ª Companhia de Caçadores, que viria a ser o embrião de uma nova unidade. Assim, com um dispositivo de 2 pelotões, foi criada a 3ª Companhia de Caçadores Indígenas que, em 1 de Agosto de 1961, foi colocada em Nova Lamego, ficando integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 238, estacionada em Bambadinca que tinha à sua responsabilidade o Sector Leste, que abrangia os concelhos de Bafatá e Gabú (Nova Lamego).

Esta nova companhia de recrutamento local, enquadrada por metropolitanos, deslocou efectivos para Piche e Pirada. Posteriormente, deslocou forças para guarnecer as povoações de Buruntuma, Bajucunda, Cabuca e Canquelifá. Efectuou diversas operações de patrulhamento nas regiões de Beli e Madina do Boé, onde instalou dois pelotões em 6 de Maio de 1963. Destacou ainda, em diversas ocasiões e de acordo com as necessidades operacionais, forças para reforço ou guarnição de diversas localidades, além das já referidas, nomeadamente Geba, Contubuel, Canjadude e Cheche.

Em 1 de Abril de 1967 e no âmbito da reestruturação das unidades de recrutamento local já definidas no final da década de 50, passa a designar-se como Companhia de Caçadores nº 5 e fixa a sua localização em Nova Lamego, mantendo forças destacadas em Canjadude, Cheche e Cabuca.

Com a criação do subsector de Canjadude e integrado no dispositivo de manobra do Batalhão estacionado em Nova Lamego e responsável pelo entretanto criado Sector L3, foi a Companhia de Caçadores nº 5 transferida em 14 de Julho de 1968 para este subsector, do qual assumiu a responsabilidade.

Como a Unidade ainda mantinha pelotões a guarnecer os aquartelamentos de Cabuca e Cheche, foi o subsector de Canjadude reforçado pela Companhia de Artilharia nº 2238, que fez deslocar um grupo de combate para reforço da guarnição do Che-che em 4 de Julho de 1968. O dispositivo era complementado com uma Esquadra do Pelotão de Morteiros nº 2105 e o Pelotão de Milícia nº 254 da Companhia de Milícias nº 18.

Com o fim da Operação Mabecos Bravios, realizada entre 2 e 7 de Fevereiro de 1969 e que procedeu à retirada da guarnição do aquartelamento de Madina do Boé e do destacamento do Cheche, junto ao Rio Corubal, a guarnição deste destacamento reuniu-se à sua unidade em Canjadude.

Quando em 20 de Abril de 1969, o grupo de combate destacado em Cabuca foi rendido por outra unidade, e a CART 2338 foi transferida para Nova Lamego, o aquartelamento de Canjadude passou a dispor da totalidade dos elementos da CCA5 5, passando a ser a unidade de fronteira com a zona do Boé, a partir de Nova Lamego.

Como todas as unidades em quadrícula, teve a seu cargo o reordenamento da povoação de Canjadude, com a construção de casas em adobe e, no início, cobertas de capim. Em 1969 iniciou, em local construído para o efeito, as aulas para as crianças e escola regimental, que eram leccionadas, respectivamente, pelo sargento enfermeiro e o sargento de transmissões. Posteriormente, e com melhor organização, foi constituído o Posto Escolar Militar nº 45, tendo nele leccionado além de vários oficiais e sargentos, soldados de Acção Psicossocial.

Esta unidade sempre dispôs de praças do recrutamento provincial, não só nas especialidades combatentes mas também em vários serviços, à excepção de transmissões. Só em Junho de 1973 foi aumentado ao efectivo um soldado do recrutamento local com a especialidade de Transmissões de Infantaria.

No que respeita a sargentos, desde o início da unidade até Outubro de 1970, teve ao seu serviço um 2º Sargento Enfermeiro, do recrutamento local, que prestou inúmeros serviços não só aos militares, mas também à população civil. Só em Maio de 1973 é que foram colocados cinco Furriéis Milicianos do rutamento local com a especialidade de Atiradores.

A Companhia de Caçadores nº 5 teve como comandantes:
- o Capitão Miliciano de Infantaria Barros e Silva (Abril de 1967 -Junho de 1968);
- o Capitão de Cavalaria Pacífico dos Reis (Junho de 1968- Setembro de 1969);
- o Capitão de Infantaria Ferreira de Oliveira (Setembro de 1969-Março de 1970);
- o Capitão de Infantaria Gaspar Guerra (Março de 1970- Maio de 1970);
- o Capitão de Infantaria Silveira Costeira (Maio de 1970-Abril de 1972);
- o Capitão de Cavalaria Figueiredo de Barros (Abrild e 1972-Maio de 1973);
- e o Capitão Miliciano de Infantaria Silva de Mendonça (Maio de 1973-Agosto de 1974).

Como comandantes interinos houve vários Alferes Milicianos que assumiam o comando na ausência e/ou impedimento dos titulares.

Apesar da vasta Zona de Acção que tinha de patrulhar, ainda em diversos períodos de 1970 e 1971, destacou pelotões para reforço de Nova Lamego, Buruntuma e Copá, cuja ausência se reflectiu no estado psicológico e de estado de saúde geral, devido ao esforço dispendido, apesar de os patrulhamentos não poderem ser efectuados por períodos longos nem muito para além das áreas adjacentes ao aquartelamento.

Nas diversas operações que efectuou ao longo do período da sua existência, destacam-se a intercepção de um grupo IN que atravessava o Rio Corubal, num barco pneumático, cujos ocupantes foram abatidos ou se afogaram na tentativa de fuga, e outra na região do Siai em que se destaca a captura de 70 granadas de armas pesadas, 10 minas e 650 quilos de munições de armas ligeiras.

De composição maioritariamente da etnia Fula instalada em chão Mandinga, registaram-se alguns atritos com a população civil, nomeadamente após o ataque ao aquartelamento de Canjadude efectuado em 3 de Agosto de 1970 e, quando na época seca, os civis fechavam os poços para que os militares não pudessem utilizar a água, mas que foram rapidamente sanados.

O número de militares que passaram por esta unidade deve rondar o milhar, correspondendo três quartos destes a efectivos do recrutamento local.

Quanto a baixas teve, no período da sua existência, 16 mortos em combate ou por doença, incluindo 5 metropolitanos, sofrendo ainda, no período de Janeiro de 1970 a Julho de 1973, pelos registos existentes, 23 feridos dos quais alguns tiverem de ser evacuados para o Hospital Militar de Bissau.

À Companhia de Caçadores nº 5 foi conferido um louvor pelo Comandante do Batalhão de Caçadores nº 2893, em Ordem de Serviço nº 231 de 7 de Setembro de 1971, tendo o mesmo sido considerado como concedido pelo Brigadeiro Comandante Militar, por despacho de 18 de Outubro de 1971.

Grande parte dos elementos da unidade foram louvados pelo seu comandante em exercício, sendo a maior parte destes considerado como concedidos pelo Comando do Batalhão e muitos destes foram considerados como concedidos pelo Brigadeiro Comandante Militar. Em 1967 um dos soldados africanos foi condecorado com a Cruz de Guerra de 4ª Classe.

Em 20 de Agosto de 1974 e já na fase de retracção do dispositivo, depois de todos os militares do recrutamento local terem passado à disponibilidade, foi o aquartelamento de Canjadude desactivado e entregue aos militares do PAIGC, sendo extinta a Companhia que usou como emblema as armas da Guiné Portuguesa, tendo sobreposto um GATO PRETO e usando a divisa JUSTOS E VALOROSOS.


_______________

Bibliografia:

Resenha Histórico-Militar das Campanhas de Africa (1961-1974) Edição do Estado Maior do Exército – 1º Volumes; 3º Volume, 7º Volume (Tomo II) e 8º Volume (Tomo II – Livros 1 e 2).

Meio Século de Lutas no Ultramar do Tenente-coronel BELLO DE ALMEIDA – edição da Sociedade de Geografia de Lisboa – 1937

C.Caç 5 – História da Unidade - Arquivo Histórico Militar.

Guiné 63/74 - DCLXXX: CCAÇ 5 - Os Gatos Pretos de Canjadude (José Martins)

Post nº 680 (DCLXXX

Guiné > Região do Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 > Brazão da unidade

© José Martins (2006)


História da Companhia de Caçadores nº 5 - Os Gatos Pretos de Canjadude (por José Martins, ex-fur mil transmissões, CCAÇ 5, 1968/70)

Caros amigos

Alguns contributos para a história das unidades da Guiné. Ainda faltam muitos elementos, nomeadamente situados nas datas de 1 de Abril de 1967 a Janeiro de 1970 e após Julho de 1973.

Tenho nomes e factos, mas toda a colaboração é benvinda.

Um abraço

José Martins

_____________


A legislação publicada em 16 de Agosto de 1895 retirou a feição administrativa policial às tropas ultramarinas.

A Conferência de Berlim, realizada entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885, estabelece que nos territórios descobertos e colonizados em África, entre os quais se encontrava o antigo ultramar português, é abolido o direito de posse obtido pelo descobrimento, passando a vigorar o direito de posse por ocupação efectiva, dando voz ao interesse das potências que não tinham territórios no continente africano.

Há referências a diversas unidades existentes na Guiné, constituídas por tropas indígenas enquadradas por oficiais e sargentos pertencentes aos quadros coloniais, e designadas como:
· Exército de Terra
· Companhia de Guerra de Angola e Guiné
· Companhia de Infantaria da Guiné
· 1ª Companhia Indígena de Infantaria da Guiné
· 2ª Companhia Indígena de Infantaria da Guiné
· 2ª Companhia Indígena Mista de Artilharia e Infantaria da Guiné.

A partir de 14 de Novembro de 1901, data da remodelação da Organização Militar do Ultramar, que contemplava as experiências obtidas nas Campanhas de África de 1895, existe diversa legislação que, além de dispersa, se aplicava, normalmente, a uma só Província Ultramarina.

Em 10 de Junho de 1926, o Decreto-Lei nº 11746, na sua Base VI, visa extinguir os quadros privativos coloniais, avançando na unificação dos Exércitos Ultramarino e Metropolitano. No entanto, as forças militares das províncias ultramarinas continuam a ter a sua estrutura assente em quadros oriundos da metrópole que enquadravam militares do recrutamento provincial.
Os Decretos-Leis nºs 425654 e 43351 de 7 de Outubro de 1959 e 24 de Novembro de 1960, respectivamente, definem e desenvolvem o que deveria ser o Dispositivo Militar Metropolitano e Ultramarino.

Para a Província da Guiné, constituída como Comando Territorial Independente, além do Quartel-General, estava previsto a existência de quatro companhias de caçadores e uma bateria de artilharia de campanha. Além destas unidades, as províncias ultramarinas eram reforçadas com unidades expedicionárias, idas da metrópole, de acordo com as necessidades e/ou a situação de cada província.

No início das Campanhas de África (1961-1974) havia a 1ª Companhia de Caçadores e a 4ª Companhia de Caçadores. Para completar o dispositivo previsto faltava constituir, ainda, duas companhias de caçadores.

Em 1 de Fevereiro de 1961, constitui-se um pelotão, adstrito à 1ª Companhia de Caçadores, que viria a ser o embrião de uma nova unidade. Assim, com um dispositivo de 2 pelotões, foi criada a 3ª Companhia de Caçadores Indígenas que, em 1 de Agosto de 1961, foi colocada em Nova Lamego, ficando integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 238, estacionada em Bambadinca que tinha à sua responsabilidade o Sector Leste, que abrangia os concelhos de Bafatá e Gabú (Nova Lamego).

Esta nova companhia de recrutamento local, enquadrada por metropolitanos, deslocou efectivos para Piche e Pirada. Posteriormente, deslocou forças para guarnecer as povoações de Buruntuma, Bajucunda, Cabuca e Canquelifá. Efectuou diversas operações de patrulhamento nas regiões de Beli e Madina do Boé, onde instalou dois pelotões em 6 de Maio de 1963. Destacou ainda, em diversas ocasiões e de acordo com as necessidades operacionais, forças para reforço ou guarnição de diversas localidades, além das já referidas, nomeadamente Geba, Contubuel, Canjadude e Cheche.

Em 1 de Abril de 1967 e no âmbito da reestruturação das unidades de recrutamento local já definidas no final da década de 50, passa a designar-se como Companhia de Caçadores nº 5 e fixa a sua localização em Nova Lamego, mantendo forças destacadas em Canjadude, Cheche e Cabuca.

Com a criação do subsector de Canjadude e integrado no dispositivo de manobra do Batalhão estacionado em Nova Lamego e responsável pelo entretanto criado Sector L3, foi a Companhia de Caçadores nº 5 transferida em 14 de Julho de 1968 para este subsector, do qual assumiu a responsabilidade.

Como a Unidade ainda mantinha pelotões a guarnecer os aquartelamentos de Cabuca e Cheche, foi o subsector de Canjadude reforçado pela Companhia de Artilharia nº 2238, que fez deslocar um grupo de combate para reforço da guarnição do Che-che em 4 de Julho de 1968. O dispositivo era complementado com uma Esquadra do Pelotão de Morteiros nº 2105 e o Pelotão de Milícia nº 254 da Companhia de Milícias nº 18.

Com o fim da Operação Mabecos Bravios, realizada entre 2 e 7 de Fevereiro de 1969 e que procedeu à retirada da guarnição do aquartelamento de Madina do Boé e do destacamento do Cheche, junto ao Rio Corubal, a guarnição deste destacamento reuniu-se à sua unidade em Canjadude.

Quando em 20 de Abril de 1969, o grupo de combate destacado em Cabuca foi rendido por outra unidade, e a CART 2338 foi transferida para Nova Lamego, o aquartelamento de Canjadude passou a dispor da totalidade dos elementos da CCA5 5, passando a ser a unidade de fronteira com a zona do Boé, a partir de Nova Lamego.

Como todas as unidades em quadrícula, teve a seu cargo o reordenamento da povoação de Canjadude, com a construção de casas em adobe e, no início, cobertas de capim. Em 1969 iniciou, em local construído para o efeito, as aulas para as crianças e escola regimental, que eram leccionadas, respectivamente, pelo sargento enfermeiro e o sargento de transmissões. Posteriormente, e com melhor organização, foi constituído o Posto Escolar Militar nº 45, tendo nele leccionado além de vários oficiais e sargentos, soldados de Acção Psicossocial.

Esta unidade sempre dispôs de praças do recrutamento provincial, não só nas especialidades combatentes mas também em vários serviços, à excepção de transmissões. Só em Junho de 1973 foi aumentado ao efectivo um soldado do recrutamento local com a especialidade de Transmissões de Infantaria.

No que respeita a sargentos, desde o início da unidade até Outubro de 1970, teve ao seu serviço um 2º Sargento Enfermeiro, do recrutamento local, que prestou inúmeros serviços não só aos militares, mas também à população civil. Só em Maio de 1973 é que foram colocados cinco Furriéis Milicianos do rutamento local com a especialidade de Atiradores.

A Companhia de Caçadores nº 5 teve como comandantes:
- o Capitão Miliciano de Infantaria Barros e Silva (Abril de 1967 -Junho de 1968);
- o Capitão de Cavalaria Pacífico dos Reis (Junho de 1968- Setembro de 1969);
- o Capitão de Infantaria Ferreira de Oliveira (Setembro de 1969-Março de 1970);
- o Capitão de Infantaria Gaspar Guerra (Março de 1970- Maio de 1970);
- o Capitão de Infantaria Silveira Costeira (Maio de 1970-Abril de 1972);
- o Capitão de Cavalaria Figueiredo de Barros (Abrild e 1972-Maio de 1973);
- e o Capitão Miliciano de Infantaria Silva de Mendonça (Maio de 1973-Agosto de 1974).

Como comandantes interinos houve vários Alferes Milicianos que assumiam o comando na ausência e/ou impedimento dos titulares.

Apesar da vasta Zona de Acção que tinha de patrulhar, ainda em diversos períodos de 1970 e 1971, destacou pelotões para reforço de Nova Lamego, Buruntuma e Copá, cuja ausência se reflectiu no estado psicológico e de estado de saúde geral, devido ao esforço dispendido, apesar de os patrulhamentos não poderem ser efectuados por períodos longos nem muito para além das áreas adjacentes ao aquartelamento.

Nas diversas operações que efectuou ao longo do período da sua existência, destacam-se a intercepção de um grupo IN que atravessava o Rio Corubal, num barco pneumático, cujos ocupantes foram abatidos ou se afogaram na tentativa de fuga, e outra na região do Siai em que se destaca a captura de 70 granadas de armas pesadas, 10 minas e 650 quilos de munições de armas ligeiras.

De composição maioritariamente da etnia Fula instalada em chão Mandinga, registaram-se alguns atritos com a população civil, nomeadamente após o ataque ao aquartelamento de Canjadude efectuado em 3 de Agosto de 1970 e, quando na época seca, os civis fechavam os poços para que os militares não pudessem utilizar a água, mas que foram rapidamente sanados.

O número de militares que passaram por esta unidade deve rondar o milhar, correspondendo três quartos destes a efectivos do recrutamento local.

Quanto a baixas teve, no período da sua existência, 16 mortos em combate ou por doença, incluindo 5 metropolitanos, sofrendo ainda, no período de Janeiro de 1970 a Julho de 1973, pelos registos existentes, 23 feridos dos quais alguns tiverem de ser evacuados para o Hospital Militar de Bissau.

À Companhia de Caçadores nº 5 foi conferido um louvor pelo Comandante do Batalhão de Caçadores nº 2893, em Ordem de Serviço nº 231 de 7 de Setembro de 1971, tendo o mesmo sido considerado como concedido pelo Brigadeiro Comandante Militar, por despacho de 18 de Outubro de 1971.

Grande parte dos elementos da unidade foram louvados pelo seu comandante em exercício, sendo a maior parte destes considerado como concedidos pelo Comando do Batalhão e muitos destes foram considerados como concedidos pelo Brigadeiro Comandante Militar. Em 1967 um dos soldados africanos foi condecorado com a Cruz de Guerra de 4ª Classe.

Em 20 de Agosto de 1974 e já na fase de retracção do dispositivo, depois de todos os militares do recrutamento local terem passado à disponibilidade, foi o aquartelamento de Canjadude desactivado e entregue aos militares do PAIGC, sendo extinta a Companhia que usou como emblema as armas da Guiné Portuguesa, tendo sobreposto um GATO PRETO e usando a divisa JUSTOS E VALOROSOS.


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Bibliografia:

Resenha Histórico-Militar das Campanhas de Africa (1961-1974) Edição do Estado Maior do Exército – 1º Volumes; 3º Volume, 7º Volume (Tomo II) e 8º Volume (Tomo II – Livros 1 e 2).

Meio Século de Lutas no Ultramar do Tenente-coronel BELLO DE ALMEIDA – edição da Sociedade de Geografia de Lisboa – 1937

C.Caç 5 – História da Unidade - Arquivo Histórico Militar.

Guiné 63/74 - DCLXXIX: Do Porto a Bissau (5): já se vê neve no Atlas (Albano Costa / Zélia)

1. Notícias enviadas pelo Albano (9h13):

Caro amigo LG:

Cá estou eu mais uma vez para ir dando notícias, sobre os mosqueteiros... Tudo vai correndo bem, perderam-se um pouco por Tanger, mas já tudo voltou à estrada, e já chegaram a Marraqueche, e por lá vão pernoitar e conhecer um pouco a cidade.

Depois é meter os pés ao caminho e andar até à próxima cidade. Eu bem gostaria de ilustrar com umas fotos, já pedi ao Hugo mas não tem sido possível ele poder enviar nem que seja só uma imagem deles no deserto... Temos de compreender... não pode ser como nós estamos habituados.

Um abraço, Albano

2. Notícias enviadas pela Zélia, mulher do Allen e mãe da Inês, às 16h32:

A malta vai bem disposta, dormiram em Marraqueche e já hoje viram neve no cume do Atlas. Neste mesmo minuto estou a receber mensagem da minha filha, pois antes de iniciar este email, pedi-lhe a posição onde iam, mas a resposta dá mais logo pois vai a conduzir. A minha intenção era poder transmitir-te algo mais".

Guiné 63/74 - DCLXXIX: Do Porto a Bissau (5): já se vê neve no Atlas (Albano Costa / Zélia)

1. Notícias enviadas pelo Albano (9h13):

Caro amigo LG:

Cá estou eu mais uma vez para ir dando notícias, sobre os mosqueteiros... Tudo vai correndo bem, perderam-se um pouco por Tanger, mas já tudo voltou à estrada, e já chegaram a Marraqueche, e por lá vão pernoitar e conhecer um pouco a cidade.

Depois é meter os pés ao caminho e andar até à próxima cidade. Eu bem gostaria de ilustrar com umas fotos, já pedi ao Hugo mas não tem sido possível ele poder enviar nem que seja só uma imagem deles no deserto... Temos de compreender... não pode ser como nós estamos habituados.

Um abraço, Albano

2. Notícias enviadas pela Zélia, mulher do Allen e mãe da Inês, às 16h32:

A malta vai bem disposta, dormiram em Marraqueche e já hoje viram neve no cume do Atlas. Neste mesmo minuto estou a receber mensagem da minha filha, pois antes de iniciar este email, pedi-lhe a posição onde iam, mas a resposta dá mais logo pois vai a conduzir. A minha intenção era poder transmitir-te algo mais".

Guiné 63/74 - DCLXXVIII: Do Porto a Bissau (4): a fortaleza de Schengen retém 20 caixas de material médico-cirúrgico (Zélia)

A Zélia mandou-me ontem notícas, às 15h48, que não pude inserir no blogue por falta de tempo (tive que ir e vir Funchal), e que a assim (excerto):

(...) O principal motivo era dar-te noticias da nossa gente,pois ontem e já hoje lançaste notécias deles... Pois é, lá está um dos meus dois tesouros, a minha Inês que faz 27 anos em Agosto e tirou férias, incentivada por mim «,para ir conhecer a Guiné, pois ela tem Formatura em Design de Equipamentos e a partir de 1 Maio efectiva na fábrica de mobiliário onde vem trabalhando em part-time quase há um ano porque há 5 que trabalha no Jornal O JOGO, das 18 às 2 da manhã ,de onde se vai agora desvincular... Era lá efectiva.. Tem também o bacharelato em Design Gráfico e faz lá a montagem das páginas do jornal que concerteza já tantas vezes leste (se por acaso te interesses por desporto).

A talho de foice, posso dizer-te que nesta área ela praticou Atletismo como velocista, tendo passado por alguns clubes além do FCP. Chegou a subir ao Pódio como Campeã Nacional.Além disto é bonita (parece mal a mãe dizer?), simpática, prestativa e alegre, o que julgo ajudar nesta viagem.

Hoje,falando mesmo ou através de mensagens,já contactámos umas 6 vezes, pois como ontem e já em Ceuta o jipe teve que ficar no posto fronteiriço pois implicaram com as caixas de material cirúrgico(soro e seringas) destinadas aos hospitais... Pernoitaram no hotel IBIS, convencidos que seriam liberados logo pela manhã, mas acabei de saber que tiveram que deixar lá as 20 caixas desse material pois não deixaram seguir.

Vale a pena alguém de boa vontade tentar ajudar quem mais precisa, caso de países como a Guiné, quando a burocracia criada por OUTROS não deixa ou não quer?

Além do desalento causado por este incidente - pois conheço bem o Xico e o empenho que teve para angariar estas coisa -, foi o tempo que ali perderam, pois julgando eu que por esta altura já iriam bem mais adiante, seriam 14h de cá quando estavam a passar Tânger.

Agora, permita Deus que nada mais os atrapalhe pois sempre tem havido problemas na fronteira do Senegal.

Sempre que possível vou-te dando notícias, pois com a minha filha lá o meu telemóvel não vai ter descanso (estava habituada em situações idênticas a fazer o mesmo com o Xico, só que ele resmungava sempre).

Um grande abraço e até logo,quem sabe!?

Zélia

Guiné 63/74 - DCLXXVIII: Do Porto a Bissau (4): a fortaleza de Schengen retém 20 caixas de material médico-cirúrgico (Zélia)

A Zélia mandou-me ontem notícas, às 15h48, que não pude inserir no blogue por falta de tempo (tive que ir e vir Funchal), e que a assim (excerto):

(...) O principal motivo era dar-te noticias da nossa gente,pois ontem e já hoje lançaste notécias deles... Pois é, lá está um dos meus dois tesouros, a minha Inês que faz 27 anos em Agosto e tirou férias, incentivada por mim «,para ir conhecer a Guiné, pois ela tem Formatura em Design de Equipamentos e a partir de 1 Maio efectiva na fábrica de mobiliário onde vem trabalhando em part-time quase há um ano porque há 5 que trabalha no Jornal O JOGO, das 18 às 2 da manhã ,de onde se vai agora desvincular... Era lá efectiva.. Tem também o bacharelato em Design Gráfico e faz lá a montagem das páginas do jornal que concerteza já tantas vezes leste (se por acaso te interesses por desporto).

A talho de foice, posso dizer-te que nesta área ela praticou Atletismo como velocista, tendo passado por alguns clubes além do FCP. Chegou a subir ao Pódio como Campeã Nacional.Além disto é bonita (parece mal a mãe dizer?), simpática, prestativa e alegre, o que julgo ajudar nesta viagem.

Hoje,falando mesmo ou através de mensagens,já contactámos umas 6 vezes, pois como ontem e já em Ceuta o jipe teve que ficar no posto fronteiriço pois implicaram com as caixas de material cirúrgico(soro e seringas) destinadas aos hospitais... Pernoitaram no hotel IBIS, convencidos que seriam liberados logo pela manhã, mas acabei de saber que tiveram que deixar lá as 20 caixas desse material pois não deixaram seguir.

Vale a pena alguém de boa vontade tentar ajudar quem mais precisa, caso de países como a Guiné, quando a burocracia criada por OUTROS não deixa ou não quer?

Além do desalento causado por este incidente - pois conheço bem o Xico e o empenho que teve para angariar estas coisa -, foi o tempo que ali perderam, pois julgando eu que por esta altura já iriam bem mais adiante, seriam 14h de cá quando estavam a passar Tânger.

Agora, permita Deus que nada mais os atrapalhe pois sempre tem havido problemas na fronteira do Senegal.

Sempre que possível vou-te dando notícias, pois com a minha filha lá o meu telemóvel não vai ter descanso (estava habituada em situações idênticas a fazer o mesmo com o Xico, só que ele resmungava sempre).

Um grande abraço e até logo,quem sabe!?

Zélia

06 abril 2006

Guiné 63/74 - DCLXXVII: Do Porto a Bissau (3): o pequeno almoço no Porto Alto (Moura Ferreira)



Porto Alto, Vila Franca de Xira > 5 de Abril de 2006 > O Hugo Moura Ferreira estava à espera dos seis mosqueteiros (como lhes chama o Albano) para tomar com eles o pequeno almoço... Um gesto bonito, solidário, próprio de um verdadeiro amigo, camarada e tertuliano... (LG)

© Hugo Moura Ferreira (2006)


Texto do Moura Ferreira:

Caro Luís:

Aqui seguem já algumas das fotos referentes às primeiras horas de viagem dos nossos camaradas, com destino à Guiné-Bissau.

Foram fotos tomadas no Porto Alto, próximo de Vila Franca de Xira, onde eu os estava esperando, para tomarem o pequeno-almoço e para lhes desejar o melhor para a viagem.
Chovia que Deus a dava. Interpretamos isso como de bom augúrio e como que um baptismo.

Como podes verificar iam que "nem sardinhas em lata". Então a filha do Francisco Allen, coitada, até seguia instalada conjuntamente com as bagagens, como podes verificar. Só desejo é que quem vai nos bancos de trás não venha a sentir cãibras, pois se assim for muitas hão-de ter até lá. Mas como quem corre por gosto... Se tivesse tido possibilidade, até eu tinha ido em cima dos meus 183 cm.

Das fotos escolhe as que entenderes e usa-as como quiseres. Quanto a legendas, se fazes favor… imagina-as.

Um abraço.

Hugo Moura Ferreira

Ex-Alf Mil Inf (1966/1968)
CCAÇ 1621 e CCAÇ 6

Guiné 63/74 - DCLXXVII: Do Porto a Bissau (3): o pequeno almoço no Porto Alto (Moura Ferreira)



Porto Alto, Vila Franca de Xira > 5 de Abril de 2006 > O Hugo Moura Ferreira estava à espera dos seis mosqueteiros (como lhes chama o Albano) para tomar com eles o pequeno almoço... Um gesto bonito, solidário, próprio de um verdadeiro amigo, camarada e tertuliano... (LG)

© Hugo Moura Ferreira (2006)


Texto do Moura Ferreira:

Caro Luís:

Aqui seguem já algumas das fotos referentes às primeiras horas de viagem dos nossos camaradas, com destino à Guiné-Bissau.

Foram fotos tomadas no Porto Alto, próximo de Vila Franca de Xira, onde eu os estava esperando, para tomarem o pequeno-almoço e para lhes desejar o melhor para a viagem.
Chovia que Deus a dava. Interpretamos isso como de bom augúrio e como que um baptismo.

Como podes verificar iam que "nem sardinhas em lata". Então a filha do Francisco Allen, coitada, até seguia instalada conjuntamente com as bagagens, como podes verificar. Só desejo é que quem vai nos bancos de trás não venha a sentir cãibras, pois se assim for muitas hão-de ter até lá. Mas como quem corre por gosto... Se tivesse tido possibilidade, até eu tinha ido em cima dos meus 183 cm.

Das fotos escolhe as que entenderes e usa-as como quiseres. Quanto a legendas, se fazes favor… imagina-as.

Um abraço.

Hugo Moura Ferreira

Ex-Alf Mil Inf (1966/1968)
CCAÇ 1621 e CCAÇ 6

Guiné 63/74 - DCLXXVI: Do Porto a Bissau (2): a partida (Albano Costa)


Do Porto a Bissau: O grupo de seis que partiu, de jipe, em viagem por terra, até à nossa querida Guiné-Bissau... De joelhos, o Hugo e o Allen (da esquerda para a direita); de pé, na segunda fila, reconheço a filha do Allen, a Inês, junto ao jipe e o A.Marques Lopes (o segundo, a contar da esquerda para a direita)...

Os outros dois elementos da comitiva são também antigos combatentes da Guiné. Segundo explicação do Albano, "o mais velho é o Armindo Pereira, esteve em Jumbembem [a norte de Farim, região do Oio], já é repetente nestas idas à Guiné e de de tal forma que quando o Allen lá vai ele vai sempre... O mais novo e calvo é o Manuel Costa (meu primo), esteve em Canjabari [ a oeste de Farim, na região do Oio]e Chugué [a norte de Bedanda, na região de Quínara] ".

Em cima, o Allen ao volante e junto à janela, do banco de trás, o nosso coronel Marques Lopes... Que a sorte os proteja, já que são audazes e solidários... Vê-se que o jipe vai cheio qe nem um ovo e que o Allen conseguiu alguns apoios e patrocínios de empresas do Norte. Em princípio, o jipe vai ficar em Bissau, como apoio logístico para futuras viagens, devendo o pessoal (os seis da comitiva) regressar de avião a Portugal (LG).



Duas notícias enviadas pelo Albano Costa, uma ontem, às 8h23 da manhâ; outra, já esta madrugada, às 00h23.

Texto e fotos do © Albano Costa (2006):

1. Caro LG

Às sete em ponto [do dia 5 de Abril de 2006] lá partiram os seis mosqueteiros , à aventura, com destino à Guiné-Bissau... Fez-me recordar um pouco aquelas partidas que se faziam para mais uma comissão, hà muitos anos atrás...

Sempre ia lá o Hugo e a Inês, dois jovens filhos de ex-combatentes (1)... Lembrei-me como as mães sofriam com a partida dos seus filhos...

Eles e os demais companheiros de vaigem mostravam todos um misto de euforia contida e de apreensão mas no fundo todos iam contentes por esta aventura. Sempre é o baptismo nestas coisas para todos menos o Allen, que já é repetente (2)...

Vamos torcer todos para que daqui por cinco/seis dias eles cheguem à Guiné-Bissau com toda a segurança.

Um abraço para todos os tertulianos, Albano


2. Caro Luís Graça:

Estou só a informar que a comitiva lá vai andando de vagar, de vagarinho, mas lá vai indo... Fizeram a travessia para Marrocos, às 11 horas (hora espanhola). Neste momento já se encontram do lado de lá, agora vão pernoitar e descansar até amanhã, que já é outro dia, e cada vez a Guiné fica mais próxima.

Um abraço, Albano

____________

Notas de L.G.:

(1) O Hugo e a Inês são filhos, respectivamente, do Albano Costa e do Xico Allen (e da Zélia).

(2) O A. Marques Lopes já tinha ido à Guiné em 1998; mas, em termos de viagem por terra, é um novato, como os restantes (com excepção do Xico)...

Guiné 63/74 - DCLXXVI: Do Porto a Bissau (2): a partida (Albano Costa)


Do Porto a Bissau: O grupo de seis que partiu, de jipe, em viagem por terra, até à nossa querida Guiné-Bissau... De joelhos, o Hugo e o Allen (da esquerda para a direita); de pé, na segunda fila, reconheço a filha do Allen, a Inês, junto ao jipe e o A.Marques Lopes (o segundo, a contar da esquerda para a direita)...

Os outros dois elementos da comitiva são também antigos combatentes da Guiné. Segundo explicação do Albano, "o mais velho é o Armindo Pereira, esteve em Jumbembem [a norte de Farim, região do Oio], já é repetente nestas idas à Guiné e de de tal forma que quando o Allen lá vai ele vai sempre... O mais novo e calvo é o Manuel Costa (meu primo), esteve em Canjabari [ a oeste de Farim, na região do Oio]e Chugué [a norte de Bedanda, na região de Quínara] ".

Em cima, o Allen ao volante e junto à janela, do banco de trás, o nosso coronel Marques Lopes... Que a sorte os proteja, já que são audazes e solidários... Vê-se que o jipe vai cheio qe nem um ovo e que o Allen conseguiu alguns apoios e patrocínios de empresas do Norte. Em princípio, o jipe vai ficar em Bissau, como apoio logístico para futuras viagens, devendo o pessoal (os seis da comitiva) regressar de avião a Portugal (LG).



Duas notícias enviadas pelo Albano Costa, uma ontem, às 8h23 da manhâ; outra, já esta madrugada, às 00h23.

Texto e fotos do © Albano Costa (2006):

1. Caro LG

Às sete em ponto [do dia 5 de Abril de 2006] lá partiram os seis mosqueteiros , à aventura, com destino à Guiné-Bissau... Fez-me recordar um pouco aquelas partidas que se faziam para mais uma comissão, hà muitos anos atrás...

Sempre ia lá o Hugo e a Inês, dois jovens filhos de ex-combatentes (1)... Lembrei-me como as mães sofriam com a partida dos seus filhos...

Eles e os demais companheiros de vaigem mostravam todos um misto de euforia contida e de apreensão mas no fundo todos iam contentes por esta aventura. Sempre é o baptismo nestas coisas para todos menos o Allen, que já é repetente (2)...

Vamos torcer todos para que daqui por cinco/seis dias eles cheguem à Guiné-Bissau com toda a segurança.

Um abraço para todos os tertulianos, Albano


2. Caro Luís Graça:

Estou só a informar que a comitiva lá vai andando de vagar, de vagarinho, mas lá vai indo... Fizeram a travessia para Marrocos, às 11 horas (hora espanhola). Neste momento já se encontram do lado de lá, agora vão pernoitar e descansar até amanhã, que já é outro dia, e cada vez a Guiné fica mais próxima.

Um abraço, Albano

____________

Notas de L.G.:

(1) O Hugo e a Inês são filhos, respectivamente, do Albano Costa e do Xico Allen (e da Zélia).

(2) O A. Marques Lopes já tinha ido à Guiné em 1998; mas, em termos de viagem por terra, é um novato, como os restantes (com excepção do Xico)...

05 abril 2006

Guiné 63/74 : DCLXXV: O outro Carlos Fabião (3) (Rui Felício)

Texto do Rui Felício (ex-Alf Mil Inf., CCAÇ 2405, Dulombi, 1968/70)

Meu Caro Luis Graça,

Sei que acabas por ser o pivot de desencontrados sentimentos que o teu blogue saudavelmente proporciona.

Tal como outros já o disseram, também eu preferia não alimentar polémicas sobre o passado da Guiné, que é afinal o espaço que nos une a todos, independentemente das naturais diferenças de pensamento que são próprias dos homens.

Assim consigamos respeitá-las mutuamente...que é isso que enobrece a alma humana.

Ficaria sossegado no meu canto, a observar as opiniões dos tertulianos a propósito da morte do CARLOS FABIÃO, sem nenhuma intenção de intervir, se não acabasse neste mesmo momento de ler um e-mail do Zé Teixeira em resposta a um outro do J.Vacas de Carvalho (meu contemporâneo na E.P.I. em Mafra).

O Zé Teixeira afirma que o Carlos Fabião que conheceu na Guiné não é o mesmo que o Vacas de Carvalho retrata no seu e-mail.

E eu acredito que o Zé Teixeira fale verdade. Mas não precisava que o Vacas de Carvalho escrevesse o que escreveu para saber que o que este diz também é verdade...

Ou seja, ambos retratam o mesmo homem, em tempos diferentes mas próximos, com dois comportamentos completamente antagónicos!

Como é isto possivel?

O problema é que os homens coerentes e verdadeiros não mudam de um ano para o outro!

Mas infelizmente outros que conheci na Guiné, do quadro permanente, também sofreram essa mudança pela simples varinha mágica do 25 de Abril, passando de oficiais louvados e até condecorados pelo regime então vigente, para de repente se transformarem em revolucionários que não eram, progressistas que antes eram conservadores, falsos emocratas que antes eram autoritários...

Em suma: Cavalgaram a onda que os trazia à praia, para se salvarem de morrer afogados!

Os verdadeiros homens mantêm seus ideais independentemente da onda que os carrega e são coerentes consigo mesmos.

Os outros, os que o não são, adulam o chefe seja ele qual for, para se manterem na crsita da onda.

Há uma enorme diferença entre os dois tipos de homem e eu, que quero continuar a pertencer aos primeiros, digo como o Vacas de Carvalho: Ainda admito, por respeito para com a morte de alguém, que a Família do Carlos Fabião sofra com o seu passamento.

Mas não me peçam para cantar loas aos que quase destruiram o nosso Portugal após o 25 de Abril!

Rui Felício
ex Alf Mil Inf
CCAÇ 2405

Guiné 63/74 : DCLXXV: O outro Carlos Fabião (3) (Rui Felício)

Texto do Rui Felício (ex-Alf Mil Inf., CCAÇ 2405, Dulombi, 1968/70)

Meu Caro Luis Graça,

Sei que acabas por ser o pivot de desencontrados sentimentos que o teu blogue saudavelmente proporciona.

Tal como outros já o disseram, também eu preferia não alimentar polémicas sobre o passado da Guiné, que é afinal o espaço que nos une a todos, independentemente das naturais diferenças de pensamento que são próprias dos homens.

Assim consigamos respeitá-las mutuamente...que é isso que enobrece a alma humana.

Ficaria sossegado no meu canto, a observar as opiniões dos tertulianos a propósito da morte do CARLOS FABIÃO, sem nenhuma intenção de intervir, se não acabasse neste mesmo momento de ler um e-mail do Zé Teixeira em resposta a um outro do J.Vacas de Carvalho (meu contemporâneo na E.P.I. em Mafra).

O Zé Teixeira afirma que o Carlos Fabião que conheceu na Guiné não é o mesmo que o Vacas de Carvalho retrata no seu e-mail.

E eu acredito que o Zé Teixeira fale verdade. Mas não precisava que o Vacas de Carvalho escrevesse o que escreveu para saber que o que este diz também é verdade...

Ou seja, ambos retratam o mesmo homem, em tempos diferentes mas próximos, com dois comportamentos completamente antagónicos!

Como é isto possivel?

O problema é que os homens coerentes e verdadeiros não mudam de um ano para o outro!

Mas infelizmente outros que conheci na Guiné, do quadro permanente, também sofreram essa mudança pela simples varinha mágica do 25 de Abril, passando de oficiais louvados e até condecorados pelo regime então vigente, para de repente se transformarem em revolucionários que não eram, progressistas que antes eram conservadores, falsos emocratas que antes eram autoritários...

Em suma: Cavalgaram a onda que os trazia à praia, para se salvarem de morrer afogados!

Os verdadeiros homens mantêm seus ideais independentemente da onda que os carrega e são coerentes consigo mesmos.

Os outros, os que o não são, adulam o chefe seja ele qual for, para se manterem na crsita da onda.

Há uma enorme diferença entre os dois tipos de homem e eu, que quero continuar a pertencer aos primeiros, digo como o Vacas de Carvalho: Ainda admito, por respeito para com a morte de alguém, que a Família do Carlos Fabião sofra com o seu passamento.

Mas não me peçam para cantar loas aos que quase destruiram o nosso Portugal após o 25 de Abril!

Rui Felício
ex Alf Mil Inf
CCAÇ 2405

Guiné 63/74 - DCLXXIV: O outro Carlos Fabião (2) (Zé Teixeira)

Texto do Zé Teixeira (ex- 1º cabo enfermeiro, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70).


O homem e militar que conheci na Guiné, não foi o que o J. Vacas de Carvalho descreve.

Na conjuntura da guerra que vivi, considero-o um dos poucos oficiais do quadro permanente que sabiam assumir a sua missão de forma integra, cordial e respeitadora do pessoal sobre o seu comando.

A conjuntura que se viveu pós 25 de Abril teve outros contornos que me parece muitas vezes ultrapassaram as barreiras dos próprios orgãos de comando, isto sem querer desculpar ninguém, naturalmente.

Zé Teixeira

Guiné 63/74 - DCLXXIV: O outro Carlos Fabião (2) (Zé Teixeira)

Texto do Zé Teixeira (ex- 1º cabo enfermeiro, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70).


O homem e militar que conheci na Guiné, não foi o que o J. Vacas de Carvalho descreve.

Na conjuntura da guerra que vivi, considero-o um dos poucos oficiais do quadro permanente que sabiam assumir a sua missão de forma integra, cordial e respeitadora do pessoal sobre o seu comando.

A conjuntura que se viveu pós 25 de Abril teve outros contornos que me parece muitas vezes ultrapassaram as barreiras dos próprios orgãos de comando, isto sem querer desculpar ninguém, naturalmente.

Zé Teixeira

Guiné 63/74 - DCLXXIII: O outro Carlos Fabião (1) (J. Vacas de Carvalho)

Guiné > Zona Leste > Xitole > 1970 > O Alf Mil Cav J. Vacas de Carvalho, comandante do Pelotão de Reconhecimento Daimler 2206 (Bambadinca, 1969/71), à chegada de uma coluna logística ao Xitole.

© Humberto Reis (2006)


Texto do J. Vacas de Carvalho:

Camaradas e Amigos:

Não é intenção minha criar, aqui, um espaço de debate politico ou ideológico. Todos somos livres de ter as nossa ideias e não é por isso, que se pode pôr em causa a nossa amizade ou tornear memórias.

O General Carlos Fabião foi, como nós, um militar que esteve, também, na Guiné.
Depois do 25 de Abril, fez uma opção ideológica, que não tem nada a ver comigo. Não me esqueço do juramento de Bandeira, de punho erguido, que mandou fazer no Ralis. Não me esqueço da bandalheira a que chegaram os nossos militares, quando ele foi o Chefe das Forças Armadas, que tive orgulho em servir.


Não me esqueço, que por causa disso, directa ou indirectamente, morreram em Angola, Moçambique, Timor e Guiné, milhares de pessoas. Entre eles alguns que combateram ao nosso lado (CCAÇ 12, Comandos, etc).

Que a família e os amigos tenham sentido a morte dele, ainda vá.EU NÃO CONSIGO.

Um abraço a todos

J. Vacas de Carvalho

Guiné 63/74 - DCLXXIII: O outro Carlos Fabião (1) (J. Vacas de Carvalho)

Guiné > Zona Leste > Xitole > 1970 > O Alf Mil Cav J. Vacas de Carvalho, comandante do Pelotão de Reconhecimento Daimler 2206 (Bambadinca, 1969/71), à chegada de uma coluna logística ao Xitole.

© Humberto Reis (2006)


Texto do J. Vacas de Carvalho:

Camaradas e Amigos:

Não é intenção minha criar, aqui, um espaço de debate politico ou ideológico. Todos somos livres de ter as nossa ideias e não é por isso, que se pode pôr em causa a nossa amizade ou tornear memórias.

O General Carlos Fabião foi, como nós, um militar que esteve, também, na Guiné.
Depois do 25 de Abril, fez uma opção ideológica, que não tem nada a ver comigo. Não me esqueço do juramento de Bandeira, de punho erguido, que mandou fazer no Ralis. Não me esqueço da bandalheira a que chegaram os nossos militares, quando ele foi o Chefe das Forças Armadas, que tive orgulho em servir.


Não me esqueço, que por causa disso, directa ou indirectamente, morreram em Angola, Moçambique, Timor e Guiné, milhares de pessoas. Entre eles alguns que combateram ao nosso lado (CCAÇ 12, Comandos, etc).

Que a família e os amigos tenham sentido a morte dele, ainda vá.EU NÃO CONSIGO.

Um abraço a todos

J. Vacas de Carvalho

Guiné 63/74 - DCLXXII: Carlos Fabião, sete momentos de intervenção (Afonso Sousa)

Guiné > Bissau > o Afonso Sousa (CART 2412, 1968/70) junto à estátua de mais um pacificador da Guiné, dos primeiros anos da República.

© Afonso M. F. Sousa (2006)

Texto do Afonso M. F. Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões, CART 2412, 1968/70).

Para um conhecimento mais preciso do homem e do militar.

Carlos Fabião: mais um dos militares de Abril que parte.

Do seu percurso de militar, sobretudo nos primeiros tempos da revolução de Abril, Fabião sobessai como uma figura que parece trepar a montanha da revolução por vertente diferente da dos seus camaradas.

...Os seus comportamentos, são questionáveis. Mostram, por vezes, um homem enigmático...uma figura que parece fazer suscitar algumas dúvidas ou objecções !

É necessário um melhor conhecimento do homem, do cidadão e do militar Carlos Fabião, para uma melhor análise e entendimento do seu verdadeiro ideal, no contexto da revolução e da descolonização.

Atentemos nos seguintes sete momentos (entre outros possíveis) da sua intervenção no processo e período revolucionários:

1) - Os seus instintos de democrata já se evidenciaram, e de forma corajosa, em finais de 1973, quando numa aula do Instituto de Altos Estudos Militares fez a denúncia de um golpe de estado de direita em preparação, que seria conduzido por Kaúlza de Arriaga e onde estariam também Silva Cunha e Silvino Silvério Marques.

2) - Aquando do convite do Presidente da República, General António de Spínola, para assumir o governo transitório da Guiné, escreveu-lhe uma carta em que, a dada altura, dizia: "O senhor tem o direito de me pedir isto, mas está a destruir-me".

3) - Em Maio de 74, no seu discurso de tomada de posse, terminou dizendo a frase inesperada: "por uma Guiné melhor num Portugal continuamente renovado".

4) - No Verão do mesmo ano, não quis presenciar o arriar da última bandeira portuguesa, no território da Guiné. Quis trazer para a metrópole os comandantes africanos, com quem fora sempre tão cúmplice e solidário (Fabião tinha sido o criador do Corpo Especial de Milícias, quando Spínola chegou à Guiné). Ficou triste e desiludido, por este seu testemunho de gratidão não ter sido concretizado e, por vicissitudes várias, até impedido.

5) - De regresso à metrópole haveria de ser convidado para formar governo, sucedendo a Vasco Gonçalves. Declinou o convite. Da sua escusa, mais tarde, haveria de justificar: "Eu, para formar Governo precisava de apoio total dos 'gonçalvistas' não mo iriam dar. Os 'otelistas' (...) também não. Quanto aos Nove (...), a força deles nessa altura era quase só conspiratória."

6) - No Verão quente de 75, acaba afastado da vida militar activa, na sequência do 25 de Novembro, mas nunca recriminou os que o ostracizaram. Dizem que foi uma atitude incompreensível, injusta e iníqua.

7) - O papel de Carlos Fabião no exemplar processo de descolonização da Guiné merece sempre ser destacado pelos altos serviços prestados a Portugal, mas só muito recentemente foi reconhecido pelo Presidente da República, ao atribuir-lhe a Ordem da Liberdade. Porquê só agora ?


Ao afigurar-se como um um militar diferente do da grande maioria dos seus camaradas, fazedores do 25 de Abril, todas as reflexões parecem importantes para dissipar dúvidas e fazer brotar alguma clarificação na indubitável definição do perfil e do carácter de Carlos Fabião.

Testemunhos pessoais dizem dele um homem de poucas palavras, muito observador e de uma rectidão extrema e sobretudo muito humano. Sempre muito preocupado com os seus homens, em todos os aspectos: segurança, saúde, alimentação. Um bom estratega e um grande militar.

Homem de carácter íntegro, de exemplaridade de comportamento moral e de honestidade e simplicidade incomensuráveis.


Que a história lhe faça a devida justiça.

Afonso Sousa

Guiné 63/74 - DCLXXII: Carlos Fabião, sete momentos de intervenção (Afonso Sousa)

Guiné > Bissau > o Afonso Sousa (CART 2412, 1968/70) junto à estátua de mais um pacificador da Guiné, dos primeiros anos da República.

© Afonso M. F. Sousa (2006)

Texto do Afonso M. F. Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões, CART 2412, 1968/70).

Para um conhecimento mais preciso do homem e do militar.

Carlos Fabião: mais um dos militares de Abril que parte.

Do seu percurso de militar, sobretudo nos primeiros tempos da revolução de Abril, Fabião sobessai como uma figura que parece trepar a montanha da revolução por vertente diferente da dos seus camaradas.

...Os seus comportamentos, são questionáveis. Mostram, por vezes, um homem enigmático...uma figura que parece fazer suscitar algumas dúvidas ou objecções !

É necessário um melhor conhecimento do homem, do cidadão e do militar Carlos Fabião, para uma melhor análise e entendimento do seu verdadeiro ideal, no contexto da revolução e da descolonização.

Atentemos nos seguintes sete momentos (entre outros possíveis) da sua intervenção no processo e período revolucionários:

1) - Os seus instintos de democrata já se evidenciaram, e de forma corajosa, em finais de 1973, quando numa aula do Instituto de Altos Estudos Militares fez a denúncia de um golpe de estado de direita em preparação, que seria conduzido por Kaúlza de Arriaga e onde estariam também Silva Cunha e Silvino Silvério Marques.

2) - Aquando do convite do Presidente da República, General António de Spínola, para assumir o governo transitório da Guiné, escreveu-lhe uma carta em que, a dada altura, dizia: "O senhor tem o direito de me pedir isto, mas está a destruir-me".

3) - Em Maio de 74, no seu discurso de tomada de posse, terminou dizendo a frase inesperada: "por uma Guiné melhor num Portugal continuamente renovado".

4) - No Verão do mesmo ano, não quis presenciar o arriar da última bandeira portuguesa, no território da Guiné. Quis trazer para a metrópole os comandantes africanos, com quem fora sempre tão cúmplice e solidário (Fabião tinha sido o criador do Corpo Especial de Milícias, quando Spínola chegou à Guiné). Ficou triste e desiludido, por este seu testemunho de gratidão não ter sido concretizado e, por vicissitudes várias, até impedido.

5) - De regresso à metrópole haveria de ser convidado para formar governo, sucedendo a Vasco Gonçalves. Declinou o convite. Da sua escusa, mais tarde, haveria de justificar: "Eu, para formar Governo precisava de apoio total dos 'gonçalvistas' não mo iriam dar. Os 'otelistas' (...) também não. Quanto aos Nove (...), a força deles nessa altura era quase só conspiratória."

6) - No Verão quente de 75, acaba afastado da vida militar activa, na sequência do 25 de Novembro, mas nunca recriminou os que o ostracizaram. Dizem que foi uma atitude incompreensível, injusta e iníqua.

7) - O papel de Carlos Fabião no exemplar processo de descolonização da Guiné merece sempre ser destacado pelos altos serviços prestados a Portugal, mas só muito recentemente foi reconhecido pelo Presidente da República, ao atribuir-lhe a Ordem da Liberdade. Porquê só agora ?


Ao afigurar-se como um um militar diferente do da grande maioria dos seus camaradas, fazedores do 25 de Abril, todas as reflexões parecem importantes para dissipar dúvidas e fazer brotar alguma clarificação na indubitável definição do perfil e do carácter de Carlos Fabião.

Testemunhos pessoais dizem dele um homem de poucas palavras, muito observador e de uma rectidão extrema e sobretudo muito humano. Sempre muito preocupado com os seus homens, em todos os aspectos: segurança, saúde, alimentação. Um bom estratega e um grande militar.

Homem de carácter íntegro, de exemplaridade de comportamento moral e de honestidade e simplicidade incomensuráveis.


Que a história lhe faça a devida justiça.

Afonso Sousa

Guiné 63/74 - DCLXXI: Do Porto a Bissau (1): o jipe está de saída (Albano Costa)

Post nº 671 (DCLXXI)

O A. Marques Lopes, de costas...

O A. Marques Lopes e o Xico Allen ...

O Xico Allen a verificar os últimos pormenores...

1. Texto e fotos de Albano Costa (que desta vez não vai, fica cá de castigo, mas manda o filho, o Hugo):

Caro Luís Graça:

Estas são as primeiras fotos e carregar o jipe... Isto é o que dá mais dores de cabeça, é o acomodar a mercadoria... Olha, era tanta que teve de ficar cá alguma mas um dia vai lá chegar... As fotos ilustram um pouco da azáfama dos elementos da equipa (entre eles, os nossos tertulianos A. Marques Lopes e Xico Allen) a preparar o jipe.

Depois mando a foto da partida... Um abraço, até logo, Albano

2. Em homenagem aos nossos valentes camaradas, que partem dentro de umas escassas horas para a Guiné-Bissau, aqui fica uma conhecida letra, belíssima, do Fausto, inspirada na Peregrinação do nosso tuga Fernão Mendes Pinto (c. 1510-1583), e que faz parte do seu álbum musical Por Este Rio Acima (1982), uma obra-prima da música popular portuguesa... L.G.

O barco vai de saída

O barco vai de saída
Adeus ao cais de Alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P'ra lá da loucura
P'ra lá do Equador

Ah mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
da Pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra-mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida

Sem contar essa história escondida
Por servir de criado essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa

Gingão de roda batida
corsário sem cruzado
ao som do baile mandado
em terra de pimenta e maravilha
com sonhos de prata e fantasia
com sonhos da cor do arco-íris
desvaira se os vires
desvairas magias

Já tenho a vela enfunada
marrano sem vergonha
judeu sem coisa nem fronha
vou de viagem ai que largada
só vejo cores ai que alegria
só vejo piratas e tesouros
são pratas, são ouros,
são noites, são dias

Vou no espantoso trono das águas
vou no tremendo assopro dos ventos
vou por cima dos meus pensamentos
arrepia
arrepia
e arrepia sim senhor
que vida boa era a de Lisboa

O mar das águas ardendo
o delírio do céu
a fúria do barlavento
arreia a vela e vai marujo ao leme
vira o barco e cai marujo ao mar
vira o barco na curva da morte
e olha a minha sorte
e olha o meu azar

e depois do barco virado
grandes urros e gritos
na salvação dos aflitos
estala, mata, agarra, ai quem me ajuda
reza, implora, escapa, ai que pagode
rezam tremem heróis e eunucos
são mouros são turcos
são mouros acode!

Aquilo é uma tempestade medonha
aquilo vai p'ra lá do que é eterno
aquilo era o retrato do inferno
vai ao fundo
vai ao fundo
e vai ao fundo sim senhor
que vida boa era a de Lisboa

Guiné 63/74 - DCLXXI: Do Porto a Bissau (1): o jipe está de saída (Albano Costa)

Post nº 671 (DCLXXI)

O A. Marques Lopes, de costas...

O A. Marques Lopes e o Xico Allen ...

O Xico Allen a verificar os últimos pormenores...

1. Texto e fotos de Albano Costa (que desta vez não vai, fica cá de castigo, mas manda o filho, o Hugo):

Caro Luís Graça:

Estas são as primeiras fotos e carregar o jipe... Isto é o que dá mais dores de cabeça, é o acomodar a mercadoria... Olha, era tanta que teve de ficar cá alguma mas um dia vai lá chegar... As fotos ilustram um pouco da azáfama dos elementos da equipa (entre eles, os nossos tertulianos A. Marques Lopes e Xico Allen) a preparar o jipe.

Depois mando a foto da partida... Um abraço, até logo, Albano

2. Em homenagem aos nossos valentes camaradas, que partem dentro de umas escassas horas para a Guiné-Bissau, aqui fica uma conhecida letra, belíssima, do Fausto, inspirada na Peregrinação do nosso tuga Fernão Mendes Pinto (c. 1510-1583), e que faz parte do seu álbum musical Por Este Rio Acima (1982), uma obra-prima da música popular portuguesa... L.G.

O barco vai de saída

O barco vai de saída
Adeus ao cais de Alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P'ra lá da loucura
P'ra lá do Equador

Ah mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
da Pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra-mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida

Sem contar essa história escondida
Por servir de criado essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa

Gingão de roda batida
corsário sem cruzado
ao som do baile mandado
em terra de pimenta e maravilha
com sonhos de prata e fantasia
com sonhos da cor do arco-íris
desvaira se os vires
desvairas magias

Já tenho a vela enfunada
marrano sem vergonha
judeu sem coisa nem fronha
vou de viagem ai que largada
só vejo cores ai que alegria
só vejo piratas e tesouros
são pratas, são ouros,
são noites, são dias

Vou no espantoso trono das águas
vou no tremendo assopro dos ventos
vou por cima dos meus pensamentos
arrepia
arrepia
e arrepia sim senhor
que vida boa era a de Lisboa

O mar das águas ardendo
o delírio do céu
a fúria do barlavento
arreia a vela e vai marujo ao leme
vira o barco e cai marujo ao mar
vira o barco na curva da morte
e olha a minha sorte
e olha o meu azar

e depois do barco virado
grandes urros e gritos
na salvação dos aflitos
estala, mata, agarra, ai quem me ajuda
reza, implora, escapa, ai que pagode
rezam tremem heróis e eunucos
são mouros são turcos
são mouros acode!

Aquilo é uma tempestade medonha
aquilo vai p'ra lá do que é eterno
aquilo era o retrato do inferno
vai ao fundo
vai ao fundo
e vai ao fundo sim senhor
que vida boa era a de Lisboa

04 abril 2006

Guiné 63/74 - DCLXX: O Fabião que conheci em meados dos anos 50 (Mário Dias)

Texto do Mário Dias (ex-sargento comando, Brá, 1963/66):

O INFELIZ DESAPARECIMENTO DO FABIÃO:

Embora não tivesse lidado muito de perto com ele, conheci-o perfeitamente na Guiné em 1955 e anos seguintes. Falei com ele algumas vezes em circunstâncias mais de índole social que profissional.

Tenho, no entanto, familiares que lidaram com ele e que sempre por ele nutriram admiração:
-O Fabião foi em 1955 para a Guiné e, nessa altura como alferes, foi instrutor da recruta do meu irmão mais velho, que decorreu em Bolama;
-Mais tarde foi professor de matemática da minha irmã mais nova no liceu de Bissau. Havia vários oficiais que, por falta de professores de carreira, eram autorizados a ministrar a docência na Guiné.

A minha opinião sobre a sua conduta como interveniente em toda a história recente de Portugal, é que foi de uma exemplar lisura. Nunca chamou a si os louros dos êxitos alcançados que soube resguardar no recato da sua simplicidade.

Um abraço
Mário Dias

Guiné 63/74 - DCLXX: O Fabião que conheci em meados dos anos 50 (Mário Dias)

Texto do Mário Dias (ex-sargento comando, Brá, 1963/66):

O INFELIZ DESAPARECIMENTO DO FABIÃO:

Embora não tivesse lidado muito de perto com ele, conheci-o perfeitamente na Guiné em 1955 e anos seguintes. Falei com ele algumas vezes em circunstâncias mais de índole social que profissional.

Tenho, no entanto, familiares que lidaram com ele e que sempre por ele nutriram admiração:
-O Fabião foi em 1955 para a Guiné e, nessa altura como alferes, foi instrutor da recruta do meu irmão mais velho, que decorreu em Bolama;
-Mais tarde foi professor de matemática da minha irmã mais nova no liceu de Bissau. Havia vários oficiais que, por falta de professores de carreira, eram autorizados a ministrar a docência na Guiné.

A minha opinião sobre a sua conduta como interveniente em toda a história recente de Portugal, é que foi de uma exemplar lisura. Nunca chamou a si os louros dos êxitos alcançados que soube resguardar no recato da sua simplicidade.

Um abraço
Mário Dias

Guine 63/74 - DCLXVIII: O major Fabião e o furriel Samouco, da CCAÇ 2381 (1968/70)

Abrnantes > 1968 > O furriel Milicano Samouco, da CCAÇ 2381 (1968/70)

Camarada Luís Graça...

Apresenta-se o ex-furriel miliciano José Manuel Samouco, pertencente à Companhia de Caçadores 2381, "Os Maiorais", que passou pela Guiné entre Maio de 1968 e Abril de 1970.

Sou camarada de guerra do Zé Teixeira e, por ele viciado no blogue.

Feita a necessária mas sumária apresentação, venho, carregado de emoção, solicitar a devida autorização para me juntar a vós. Leitor atento, diário, emocionado, por tudo o que se escreve e mostra no blogue, senti hoje uma vontade enorme de me tornar participante de viva voz.

Ao ter conhecimento do falecimento do Major Carlos Fabião (para mim será sempre o Major Fabião) não resisti, e nesta hora de luto, entendi que era chegada a minha hora.

Presto a minha mais sincera homenagem ao Homem, ao Militar, ao Líder, ao Amigo,
com quem tive a felicidade de conviver, sob o seu comando, em Mampatá, entre
Janeiro e Maio de 1969. É certamente um momento de grande tristeza para todos
aqueles que com ele privaram de perto.


O nosso novo tertuliano, o José Manuel Samouco. Foto recente.


Em próximos capítulos, não deixarei de contar algumas estórias em que me vi envolvido e das quais fazem parte o Homem que teimava em se fazer acompanhar sempre com um enorme cabo de vassoura!

Por hoje fico por aqui. O primeiro passo (normalmente o mais difícil) está dado. Anexo duas fotos. Uma com a Farda da música, obrigatória para o cartão militar, tirada em Abrantes em Janeiro de 1968 e outra recente.

Um grande abraço extensivo a todos os tertulianos e os meus parabéns pelo magnifico trabalho que tens levado a efeito.

José Manuel Samouco

Comentário de L.G.:

Camarada Samouco: Não precisas de licença para entrar nem cartas de apresentação. Basta teres pertencido aos Maiorais, a CCAÇ 2381, que a gente já tão bão bem conhece graças ao testemunho do Zé Teixeiram e que andou por Buba, Mampatá, Quebo e Empada. A caserna é tua, ou melhor, arranja um espaço para ti, acomoda-te e depois mostra o que vales... Isto é: abre lá o teu rio da memória... Bem vindo à nossa tertúlia, em meu nome e dos restantes amigos e camaradas. L.G.

Guine 63/74 - DCLXVIII: O major Fabião e o furriel Samouco, da CCAÇ 2381 (1968/70)

Abrnantes > 1968 > O furriel Milicano Samouco, da CCAÇ 2381 (1968/70)

Camarada Luís Graça...

Apresenta-se o ex-furriel miliciano José Manuel Samouco, pertencente à Companhia de Caçadores 2381, "Os Maiorais", que passou pela Guiné entre Maio de 1968 e Abril de 1970.

Sou camarada de guerra do Zé Teixeira e, por ele viciado no blogue.

Feita a necessária mas sumária apresentação, venho, carregado de emoção, solicitar a devida autorização para me juntar a vós. Leitor atento, diário, emocionado, por tudo o que se escreve e mostra no blogue, senti hoje uma vontade enorme de me tornar participante de viva voz.

Ao ter conhecimento do falecimento do Major Carlos Fabião (para mim será sempre o Major Fabião) não resisti, e nesta hora de luto, entendi que era chegada a minha hora.

Presto a minha mais sincera homenagem ao Homem, ao Militar, ao Líder, ao Amigo,
com quem tive a felicidade de conviver, sob o seu comando, em Mampatá, entre
Janeiro e Maio de 1969. É certamente um momento de grande tristeza para todos
aqueles que com ele privaram de perto.


O nosso novo tertuliano, o José Manuel Samouco. Foto recente.


Em próximos capítulos, não deixarei de contar algumas estórias em que me vi envolvido e das quais fazem parte o Homem que teimava em se fazer acompanhar sempre com um enorme cabo de vassoura!

Por hoje fico por aqui. O primeiro passo (normalmente o mais difícil) está dado. Anexo duas fotos. Uma com a Farda da música, obrigatória para o cartão militar, tirada em Abrantes em Janeiro de 1968 e outra recente.

Um grande abraço extensivo a todos os tertulianos e os meus parabéns pelo magnifico trabalho que tens levado a efeito.

José Manuel Samouco

Comentário de L.G.:

Camarada Samouco: Não precisas de licença para entrar nem cartas de apresentação. Basta teres pertencido aos Maiorais, a CCAÇ 2381, que a gente já tão bão bem conhece graças ao testemunho do Zé Teixeiram e que andou por Buba, Mampatá, Quebo e Empada. A caserna é tua, ou melhor, arranja um espaço para ti, acomoda-te e depois mostra o que vales... Isto é: abre lá o teu rio da memória... Bem vindo à nossa tertúlia, em meu nome e dos restantes amigos e camaradas. L.G.