05 novembro 2004

Blogantologia(s) - XXI: Reflexões de fim de tarde

No Alfa, Porto-Lisboa, ao pôr do sol





Todos os dias se põe o sol.

E todos os dias ele nasce (ou renasce).

Curioso, não dizes:

“Todos os dias morre o sol”.

Porque ele não morre, tal como não nasce.

Nem gira à volta da tua cabeça.

Pobre Galileu,

Paladino da nuova scienza,

Que baralhaste as mentes pouco iluminadas

E as velhas cabeças

Da Velha Europa,

Muito coroadas mas mal pensantes.



É uma força de expressão, essa,

Que usas.

Que o sol, que o sol se pões,

Que o sol gira à volta da terra.

É a tua, a nossa, maneira

De humanizar a natureza.

Ou talvez antes

Uma (vã) tentativa de a domar, de a vencer.



O sol é o relógio da vida.

Quiçá a própria vida.

Por isso o adoramos.

Há milhares de anos.

E continuamos a adorá-lo, a fotografá-lo,

A cantá-lo, a musicá-lo, a temê-lo.

Como qualquer outro deus,

Ele é poderoso, fascinante, temível.



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