09 setembro 2005

Guiné 63/74 - CLXXXII: Onde fica(va) Ganjolá ?

1. A propósito do post anterior - Guiné 63/74 - CLXXXI: Antologia (18): Um domingo no mato, em Ganjolá -, em que lancei um pedido de ajuda para uma correcta localização do sítio, o Afonso M. F. Sousa veio de imediato em meu socorro, dando-me as coordenadas de Ganjolá (onde estava destacado o Nogueira, meu conterrâneo e parente, morto em combate em combate nos finais de Janeiro de 1965).

Já observei e conclui, por outras vezes, que o Afonso é o melhor pisteiro do grupo, um verdadeiro guia, um apaixonado pelas coisas e gentes da Guiné e um conhecedor ou um estudioso da sua geografia, o que para um homem de transmissões é de se lhe tirar o chapéu.... Eu, confesso, sempre tive um péssimo sentido de orientação. Devia ter andado nos escoteiros, quando djubi, mas não andei, e agora é tarde...


Pois, meus amigos, Gandojá - diz o nosso camarada Afonso Sousa, socorrendo-se da página sobre a Guiné-Bissau de um portal geográfico alemão que me parece muito bom, fica a 5,6 km de Catió e a 7,5 de Cufar, no sul da Guiné,, perto de Ganjolá Porto e de Ganjolá Nalu.

Localização de Ganjola (ou Dabenche), a 1,6 Km de Gansona
Fonte: Multimap (2005) & Afonso M.F. Sousa (2005)


As coordenadas correctas são 015°15' W 11°19' N. Pelas minhas contas, o sítio fica por cima de Catió. Outras localidades próximas, que constam da carta da Guiné, dos serviços cartográficos do Exército Português (1961), disponível on line, numa das nossas páginas: Priame (5,7 km)e Cantone (7,4 km), além de Catió e de Cufar, já acima referidas...

Não conheço a região de Catió, mas pelo nosso mapa parece-me um emaranhado de rios, ilhas e ilhéus... E é lá que fica a famosa Ilha do Como, a sul. O que a gente aprende uns com os outros!


2. O Afonso mandou-me, logo a seguir, um segundo e-mail dando mais pormenores: "Ganjola (ou Dabenche) fica a 1,6 Km de Gansona, não longe, como se pode ver no mapa, de Cabolol Balanta, antigo refúgio de Nino Vieira, antes de integrar o PAIGC".

Sítios mais próximos de Gansonà ou Chungue: Rio Camerreu (1.9 km); Rio Cantolom (1.9 km); Ganjola ou Dabenche (1.6 km); Rio Catiebam (2.5 km); Dimbissile (2.5 km); Rio de Ganjola (2.5 km); Cadonga (2.5 km); Rio Cangula (2.5 km); Ganjola Porto (2.5 km); Cachanga (2.5 km); Cabaco (3.7 km)...


3. O que diz o Centro de Documentação 25 de Abri sobre Nino Vieira. Nesta breve nota biográfica não há referência ao episódio de Cabobol Balanta aonde Nino se terá refugiado, antes de passar à clandestinidade como militante do PAIGC (enfim, esta história está mal contada, e eu não conheço nenhum biografia, nem oficial nem crítica, do senhor).

"João Bernardo Vieira, conhecido por Nino ou Nino Vieira, é o exemplo mais marcante do guerrilheiro que se transformou em lenda viva.

"Nasceu em Bissau, em 1939, e pertenceu ao primeiro grupo de militantes do PAIGC que frequentou a Academia Militar de Pequim, na China, logo em 1960. No regresso à Guiné dedicou-se à organização militar da guerrilha no Sul do território. Em 1964, durante a grande Operação Tridente, em que as forças portuguesas reocuparam a ilha de Como, numa acção que durou 60 dias, Nino era já, com apenas 25 anos, o comandante militar da zona sul, que abrangia a região de Catió até à fronteira com a Guiné-Conacri.

"Será quase sempre no Sul que Nino actuará, transformando esta zona, que abrangia o Cantanhez e o Quitafine, num dos mais duros, senão o mais duro, de todos os teatros de operações em que as forças portuguesas estiveram empenhadas e do qual ainda restam nomes míticos de Guileje, que ele veio a ocupar em 1973, Gadamael, Gandembel, Cacine, Catió, Cufar, Cadique, Bedanda e tantos outros.

"Além da indesmentível coragem, Nino teve também pelo seu lado a sorte que faz os heróis sobreviverem, e foi essa sorte que lhe permitiu escapar por várias vezes a emboscadas montadas pelas forças portuguesas, sendo o caso mais conhecido o da Operação Jove, em que foi feito prisioneiro o capitão cubano Pedro Peralta.

"Embora se tenha dedicado principalmente à actividade militar, como comandante de unidades de guerrilheiros, Nino Vieira ocupou os mais altos cargos na estrutura do PAIGC, sendo membro eleito do bureau político do seu Comité Central desde 1964, vice-presidente do Conselho de Guerra presidido por Amílcar Cabral em 1965, acumulando com o comando da Frente Sul, e ainda comandante militar de operações, a nível nacional, a partir de 1970. Em 1973, foi eleito deputado e, posteriormente, presidente da Assembleia Nacional Popular, que proclamou a República da Guiné-Bissau, em 24 de Setembro de 1973".

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