07 outubro 2005

Guiné 63/74 - CCXXXIII: BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): Monumento aos mortos em combate

Guiné > Região Leste > Bambadinca > s/d (1972, 1973 ou 1974): O Manuel Ferreira, soldado condutor auto, dos "Fantasmas do Xime" (CART 3494 do BART 3873, 1972/74), junto ao monumento aos mortos do Sector L1, erigido pelo BART 2917 (1970/72).

© Manuel Ferreira (2005)


1. Texto de Luís Graça:

Podem ver-se na fotografia em cima, quando ampliada, os nomes dos oito mortos do Batalhão de Artilharia, BART 2917, incluindo o Fur Mil Cunha e mais quatros combatentes da sua secção, mortos em 26 de Novembro de 1970, na região do Xime (Op Abencerragem Candente) (1).

Os restantes sãos mais 3 furriéis milicianos (ou 1 alferes e 2 furriéis: a imagem não é nítida).

Das unidades adidas ao BART 2917 (1970/72), vem em primeiro lugar a CCAÇ 12, com três mortos:

(i) o Sold Ieró Jaló, morto em 7 de Setembro de 1969, na Op Pato Rufia (2);

(ii) o Sold Cond Auto Soares, morto em Nhabijões, na sequência do rebentamento de uma mina anticarro, em 13 de Janeiro de 1970 (3);

e (iii) o Sold Sissé, este último já em data posterior ao fim da comissão dos quadros metropolitanos, originários da CCAÇ 2590, e que formaram a CCAÇ 12 (1969/71).

Outra unidade adida era o PEL CAÇ NAT 52, com 1 morto, seguido do PEL CAÇ NAT 54 (que esteve muito tempo em Missirá), com 6 mortos. Ainda se consegue ver o PEL NAT 63, com um morto. No caso da última unidade adida ao BART 2917, que teve 3 mortos, só se consegue ler, os dois últimos números: 01.

No total, contabilizo 22 mortos (não se incluem aqui as baixas mortais sofridas pelos vários pelotões de milícias que estavam integrados no Sector L1 da Zona Leste). Falta-nos ainda os feridos graves, evacuados para o Hospitalar Militar (Bissau e Lisboa) bem como os feridos ligeiros, e todos os outros que, sem marcas visíveis no corpo, vieram com a morte na alma... cacimbados !

2. O David Guimarães (ex- Fur Mil da CART 2716 do BART 2917, Xitole, 1970/72), depois de analisar a fotografia, não tem dúvidas:

"o Furriel abaixo do Cunha - até me arrepiei agora - é exactamente o Quaresma, o furriel Quaresma que está ao meu lado na inagem em que eu apareço a tocar viola... Em cima não distingo bem o nome mas é o Alferes Ranger, do Xime (CART 2715).

"Todas as Companhias tinham um Alferes Ranger. É ele mesmo, o do Xime. Quando ia para sair para a última operação, teve uma exclamação:
- É hoje, é a última vez! - E foi foi mesmo. Dois tiros mataram-no quando estava sentado.... Evacuado, acabou por morrer no Hospital Militar.

"O outro, sim, é o Cunha. Coloca isto no blogue, é importante, Luís. Eles estão vivos e são bloguistas como nós...

"Pensar em quem morreu também é importante. Os momentos de guerra foram todos e esses também, aliás, foram os que nos marcaram mais.

"O Luís Moreira não sei se ainda lá estava em Bambadinca quando isso aconteceu. Mas ele que se lembre do Alferes Ranger do Xime. É ele, não há dúvida, que está a encabeçar essa negra lista que, tudo indica, estava organizada por posto hierárquico... Estava, porque hoje esse monumento já não existe em Bambadinca. Já não existia quando lá voltei em 2001".



3. Texto de L.G. :

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1972:

Aquartelamento de Bambadinca, sede do BART 3873 (e anteriormente, entre 1970 e 1972, do BART 2917 e, antes deste, do BCAÇ 2852, entre 1968 e 1970).

Monumento aos camaradas mortos em combate e à presença das NT em Bambadinca entre 1970 e 1972, incluindo o BART 2917 + Adidos: CCAÇ12, PEL CAC NAT 52, 53 e 54 e outros (a parte de debaixo do monumento é ilegível).

Presume-se que este singelo monumento tenha sido destruído a seguir à independência. Em Novembro de 2000, Bambadinca era sede de um batalhão do exército da Guiné-Bissau, de acordo com uma reportagem em vídeo feita por ex-combatentes portugueses que voltaram à Guiné-Bissau nessa altura, vídeo esse que visionei, graças às cópias em DVD que o Sousa de Castro magnanimamente me fez chegar pelo correio...

O mesmo monumento mostrado na foto do Manuel Ferreira, mas mostrando, ao fundo, as instalações dos oficiais portugueses (Comando + CCS + Alferes milicianos). Em frente destas ficavam a dos sargentos.

Este aquartelamento, novinho em folha, foi alvo de uma forte ataque do PAIGC em 31 de Março de 1969, como resposta à Op Lança Afiada, que envolveu cerca de milhar e meio de homens das NT (4). As instalações dos sargentos foram, por exemplo, atingidas.

© Sousa de Castro (2005)


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(1) Vd. post de 25 de Abril 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970)

(2) Vd. post de 8 de Agosto 2005 > Guiné 63/74 - CXLVI: Setembro/69 (Parte I) - Op Pato Rufia ou o primeiro golpe de mão da CCAÇ 12

(3) Vd. post de 23 Setembro 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971)

(4) Vd. post de 31 de Julho 2005 > Guiné 63/74 - CXXXI: As grandes operações de limpeza (Op Lança Afiada, Março de 1969)

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