07 julho 2005

Portugas que merecem as nossas palmas - XVII: @s geálic@s do Museu dos Dinossauros da Lourinhã


© Museu da Lourinhã (2005)

1. @s amig@s geálic@s deste blogador merecem o maior apreço, simpatia e apoio. Geálic@s é um termo carinhoso que nós usamos, no ciber-espaço, para nos identificarmos como membros do GEAL - Grupo de Etnologia e Arqueologia da Lourinhã, que criou, mantém e gere o Museu da Lourinhã (Dinossauros Jurássicos de Portugal).

As suas iniciativas merecem ser divulgadas. A primeira é já no sábado, dia 9 de Jukho, uma noite de fados, a realizar no lindo pátio do museu, mesmo no coração da histórica vila da Lourinhã. Insere-se aqui o fabuloso cartaz alusivo à iniciativa: é uma bem humorada e criativa montagem, feita a partir da obra-prima do mestre da Lourinhã, São João na Ilha de Patmos (Escola flamenga, Séc. XVI), que pode ser admirada, em visita guiada à Pinoteca da Misericórdia da Lourinhã, pelos visitantes do nosso Museu da Lourinhã (o tal dos dinossauros, que é privado e que já recebe mais visitas anuais do que alguns museus nacionais, cerca de 20 mil).


2. A segunda iniciativa é o 5º Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros . O prazo de entrega dos trabalhos, para esta edição de 2005, termina a 31 de Julho de 2005. Esta iniciativa tem já uma larga projecção internacional.Uma amostra dos trabalhos recebidos em 2001 e 2002 pode ser vista no sítio do Museu da Louirnhã.


3. A terceira iniciativa que eu quero aqui publicitar é a realização de um mini-simpósio sobre Répteis marinhos da era dos dinossauros. Aqui fica o press-release que o Museu da Lourinhã me mandou:

Segunda-feira, dia 11 de Julho de 2005, o Museu da Lourinhã organiza o 4º Mini-Simpósio de Paleontologia, dedicado aos Mosassauros, répteis marinhos do tempo dos dinossauros.

Este é o quarto Mini-Simpósio realizado no Museu da Lourinhã, com cientistas estrangeiros visitantes no Museu da Lourinhã, e desta feita conta com a participação dos paleontólogos Mike Polcyn da Universidade Metodista do Sul (Estados Unidos), Anne Schulp do Museu de Maastricht (Holanda) e Octávio Mateus do Museu da Lourinhã e Universidade Nova de Lisboa.

5º Concurso Internacional de Ilustração de Dionossauros (2005) © Museu da Lourinhã (2005)

Os dois primeiros oradores são paleontólogos reconhecidos e especialistas em mosassauros, répteis marinhos que colonizaram os mares durante o tempo dos dinossauros.

O mote para este simpósio é dado pela presença dos paleontólogos em Portugal e pela descoberta recente de novos vestígios de mosassauros em Angola pelo paleontólogo Octávio Mateus do Museu da Lourinhã.

Não é a primeira vez que estes paleontólogos se encontram em Portugal. Em Janeiro, tiveram a oportunidade de participar no 3º Mini-Simpósio de Paleontologia no Museu da Lourinhã, dessa feita sobre Vertebrados Fósseis Africanos, e que precedeu a viagem de Octávio Mateus e do norte-americano Louis Jacobs a Angola em Maio passado. Juntamente com os paleontólogos da Universidade Nova de Lisboa, os convidados vão agora participar no estudo dos fósseis de mosassauros que foram recolhidos recentemente em Angola.

Mike Polcyn irá abordar a origem, evolução e a distribuição dos mosassauros. Completamente adaptados à vida marinha, os mosassauros foram répteis carnívoros que dominaram os mares há, pelo menos, 65 milhões de anos, enquanto os dinossauros dominavam a terra firme. Embora sejam semelhantes aos lagartos e às cobras, os mosassauros fazem lembrar uma mistura entre um lagarto, um crocodilo e um golfinho, embora não estejam relacionados com estes dois últimos.

Anne Schulp falará sobre os mosassauros de Maastricht, onde foi descoberto o primeiro mosassauro, sendo um fóssil de especial interesse histórico porque é considerado o primeiro fóssil reconhecido como tal, isto é, como sendo um antigo animal extinto em tempos passados. A posse deste exemplar histórico é hoje uma fonte de discórdia entre dois países, pois o fóssil é reclamado pela Holanda depois de ter sido levado para França durante as invasões napoleónicas, onde se encontra desde aí.

O paleontólogo do Museu da Lourinhã, Octávio Mateus, irá contar a sua experiência em Angola, país que visitou recentemente e onde encontrou muitos vestígios de mosassauros e outros animais pré-históricos, tal como um braço de um dinossauros saurópode, o primeiro dinossauro alguma vez descoberto em Angola. Em Portugal não são conhecidos vestígios de mosassauros.

PROGRAMA:

4º Mini-Simpósio de Paleontologia no Museu da Lourinhã: Mosassauros
11 Julho 2005 (segunda-feira); 17h30 na Sala de Paleontologia do Museu da Lourinhã


Mike Polcyn > Early evolution and biogeography of mosasaurs

Anne Schulp > Mosasaurs from Maastricht, Monsters from the Late Cretaceous seas

Octávio Mateus > Mosassauros e outros fósseis de Angola


Entrada é gratuita.


4. Sumários das palestras e perfil dos oradores


EARLY EVOLUTION OF MOSASAURS, por MIKE POLCYN

Abstract:

Mosasaurs are marine lizards known from numerous specimens recovered from Coniacian through Maastrichtian sediments throughout the world; however, the early evolution of the group remains poorly understood. Most post-Coniacian mosasaurs can be referred to three well established lineages, and these later forms share many adaptations optimized for a marine existence, including fin-like appendages and a tail modified for aquatic locomotion. These adaptations have long been accepted as evidence of the common ancestory of these derived forms.

Conversely, pre-Coniacian forms are rare, and known from only a small number of specimens dating from the Cenomanian and Turonian. Specimens of these primitive mosasauroids are known from North America, Europe, Africa, and the Middle East. Many of these forms have been included in the family Aigialosauridae by their shared possession of primitive limb and girdle elements and only moderately modified tails.


Recent phylogenetic analysis now suggests the three major lineages of Coniacian through Maastrichtian mosasaurs have their origins in the Cenomanian and Turonian, and some basal forms previously thought to form a monophyletic group, are now regarded as basal members of the those later lineages. Furthermore, other primitive marine squamates included in the Dolichosauridae, are now known to possess certain characters previously diagnosing members of Mosasauroidea, and suggests an increasingly complex phylogenetic history for the group.


Members of both the Dolichosauridae and Mosasauroidea are restricted to the Upper Cretaceous. Earlier members of the larger group of lizards, to which they presumably belong, are known only from terrestrial settings. Thus basal mosasaurs and related forms apparently evolved in the early part of the Late Cretaceous against a backdrop of global high temperatures and rising sea-levels. This talk provides an overview of the distribution and early evolution of mosasaurs and closely related forms and explores the possible influences of ecological and environmental factors in their early evolution.


Mike Polcyn:

Mike Polcyn is Sr. Vice-President of Research and Development and Chief Technology Officer for Intervoice Inc., a Dallas based telecommunications company and Director of the Digital Visualization Lab and Research Associate at Southern Methodist University. His current research interests include the early evolution of Mosasauroidea and adaptations in secondarily aquatic tetrapods. Research also includes application of technology to problems in paleontology.



MOSASAURS FORM MAASTRICHT, MONSTERS FROM THE LATE CRETACEOUS SEAS, por ANNE SCHULP

Summary:

New discoveries of mosasaur fossils from the Maastricht area (in the south of the Netherlands) yielded fascinating insights in the behaviour, diet, and diseases of these giant extinct marine reptiles. Why did the giant Prognathodon saturator have such strange jaws? And what's its relationship with North American mosasaurs?Ongoing research provided some preliminary answers to this and other questions. What, for example, did the mysterious mosasaur Carinodens eat? Experiments above the kitchen sink yielded some explanation - and a tasty gumbo.

How about cannibalism in the Maastricht seas? Many mosasaurs seem to have practised a rather rough lifestyle. Broken bones as well as massive abscesses abound in the fossil record, and tell us painful stories about the life of a mosasaur. Research with the Amsterdam Free University may tell us a bit more about the diet of mosasaurs and the climate of the Maastricht seas. But in order to acquire the data, a mosasaur tooth has to be sacrificed first.

This and more will be discussed during Anne Schulp's lecture. If time permits, the joys and benefits of a forked tongue will be discussed, and maybe there is some disappointing news from the Milan fashion district to be revealed, too.


Anne Schulp:

Drs. Anne S. Schulp (1974) is curator of vertebrate palaeontology at the Maastricht Natural History Museum, in Maastricht, The Netherlands. Apart from care for the vertebrate palaeontological collections, he is also involved in exhibition development and educational work at the museum.

Next to the museum duties, he is affiliated with the Faculty of Earth and Life Sciences of the Vrije Universiteit Amsterdam, where he is a guest researcher in the PhD-programme.

He is a regular contributor on the field of paleontology, geology, and natural sciences in general for popular scientific magazines and a nationwide daily newspaper in The Netherlands.

Anne Schulp's main field of interest is in mosasaurs. His research interests in marine Maastrichtian paleontology took him in the past few years to New Zealand, Mozambique, the USA, Croatia, the Sultanate of Oman, Jordan and Israel.


MOSASSAUROS E OUTROS FÓSSEIS DE ANGOLA, por OCTÁVIO MATEUS

Sumário:

A orla costeira de Angola é rica do ponto de vista de fósseis de vertebrados mesozóicos e cenozóicos, embora muito trabalho esteja ainda por fazer. O paleontólogo Miguel Telles Antunes, da Universidade Nova de Lisboa, tem feito investigação sistemática e contínua sobre os vertebrados fósseis de Angola, com base nas recolhas realizadas durante os anos 60. Nos seus trabalhos reportou novos achados e descreveu novas espécies em que se destacam o mosassauro Angolasaurus bocagei, recolhido perto de Iembe, província de Bengo. Tubarões, plesiossauros, tartarugas e outros vertebrados foram identificados por Miguel Telles Antunes.

Desde a presença de Antunes nos anos 60, que não se procederam recolhas sistemáticas de vertebrados fósseis em Angola devido à guerra e instabilidade que assolou o país nas últimas décadas. Uma viagem realizada recentemente (Maio 2005), permitiu revisitar as localidades já apontadas por Miguel Telles Antunes e descobrir uma extraordinária elevada variedade e qualidade de fósseis de vertebrados, especialmente na província do Namibe e de Bengo. Foram recolhidos vestígios de mosassauros, plesiossauros, tubarões, peixes ósseos, tartarugas, amonites, e dinossauros. O vestígio de dinossauro é o primeiro que se encontra em Angola.

Octávio Mateus:

O paleontólogo do Museu da Lourinhã, Octávio Mateus, encontra-se a terminar o doutoramento em paleontologia dos dinossauros do Jurássico Superior de Portugal pela Universidade Nova de Lisboa (provas públicas marcadas para o dia 27 de Jukho de 2005, na Sala de Actos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa). Tem estudado os dinossauros da Lourinhã, e não só, com destaque para os ovos e embriões e para a descrição de novos géneros, tais como o Lourinhanosaurus, Draconyx, Dinheirosaurus, Tangvayosaurus e Lusotitan. Sob a orientação científica de Miguel Telles Antunes, Octávio tem coordenado as escavações de dinossauros na Lourinhã, de onde tem recolhido muitos novos exemplares. O seu interesse por dinossauros fizeram-no viajar pelos Estados Unidos, Brasil, Laos, Tunísia, Moçambique, Marrocos, África do Sul e Angola. Vd. a sua página pessoal > DinoData Lusodinos

Anteriores Mini-Simpósios de Paleontologia no Museu da Lourinhã

1º Mini-Simpósio (2004): Jesper Milan (pegadas de dinossauros), Cristiano dal Sasso (dinossauros de Itália),

2º Mini-Simpósio (2004): Remmert Schouten (Thecodontosaurus), Jesper Milan (pegadas de dinossauros), Ricardo Araújo (preparação de fósseis), Octávio Mateus (terópodes de Portugal).

3º Mini-Simpósio (Janeiro 2005): Vertebrados Fósseis Africanos: Louis Jacobs (Dinosaurs of Africa), Anne Schulp (Fossil Vertebrates in Oman), Mike Polcyn (Fossils of 'Ein Yabrud, Israel), Aart Walen (Expeditions in Tanzania, South Africa and Ziwbabwe)

Próximos Mini-Simpósios de Paleontologia no Museu da Lourinhã: 22 de Agosto e 5 de Setembro, com programa a anunciar brevemente.

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