08 abril 2004

Estórias com mural ao fundo - XXV: No dia da minha morte

O que é que tu gostarias que te dissessem no dia da tua morte, no elogio fúnebre da tua pessoa, feito pelos teus familiares e amigos ? Esta questão foi levantada numa turma de jovens estudantes do ensino secundário de Lisboa. As respostas foram as mais diversas e as não menos surpreendentes:



- Foi um grande médico...

- Um óptimo pai de família...

- Mais famoso do que o Figo...

- Um tipo muito rico, que ajudou os pobrezinhos...

- Um gajo porreiro...

- Um cristão temente a Deus...

- A miss Universo de 2004...

- Um homem simples e bom que não ficou a dever nada a ninguém...

- Um tipo popular, amigo de toda a gente...

- Um primeiro-ministro muito melhor que o Guterres ou que o Durão...

- A cientista portuguesa mais citada do mundo...

- Chegou à terra, viu e venceu...

- A mulher mais linda que nasceu na nossa terra...

- Prémio Nobel da Literatura de 2050...

- Um ganda cromo...



No fim, ouviu-se uma voz, lá ao fundo da sala:

- Ó stôr, o que eu curtia mesmo era ouvir no caixão: 'Olha, olha, o gajo está-se a mexer!'...



Moral da história: Os homens (e as mulheres) são vaidosos, até na morte. Mas se puderem evitá-la, há pernas para que te quero!... Veja-se o Cristo que ressuscitou ao terceiro dia... Sinal de que a vida na terra está longe de ser o vale de lágrimas de que a gente se queixa, pelo menos alguns de nós, aqueles que somos mais infelizes ou que aparentamos sê-lo...

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