© José Teixeira (2005)
Guiné > Material (muito pobre e tosco...) de propaganda das NT recolhido pelo ex- 1º cabo enfermeiro Teixeira (CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70).
Fica-se na dúvida sobre o público-alvo: os pobres soldados e quadros milicianos a quem era preciso incutir e reforçar permanentemente a ideia de que, na Guiné, era a Pátria que estava em perigo; ou os guineenses, que nem sequer sabiam onde ficava Lisboa e quem era o homem grande de Lisboa... (LG)
© José Teixeira (2005)
1. Texto do Zé Teixeira:
Olá, Luís: Estive sem computador uns dias, pelo que só agora voltei ao blogue e. . . não me queria sentir a estrela da companhia, mas da maneira como me pintas, até pareço ser. Olha que não era bem assim, apesar de já nessa altura sentir que todo o homem é meu irmão , mesmo os que estavam da outra banda da barricada.
Pedes-me para continuar a escrever coisas da minha memória... Ainda tenho uma pequena parte do Diário que não te enviei. A parte que falta é muito voltada para mim mesmo na sua maior parte, pois caminhava para o fim da comissão e tinha de me readaptar ao Zé Teixeira do antes da guerra. Claro que esta parte não vou pôr em comum. Mesmo assim parece-me que ainda tenho alguma coisa para reflectir com os tertulianos e a dar a conhecer mais algumas aventuras.
Brevemente enviarei a última parte.
Há naturalmente outras estórias para contar, mas face ao desenvolvimento do Blogue e sobretudo os últimos artigos que colocaste, parece-me que por muitas coisas que tenha para contar, ficarei sempre muito longe das estórias que os camaradas têm para pôr em comum. São estórias verdadeiras que se ouvia contar em surdina, mas que agora contadas pelos próprios até me arrepiam.
Curvo-me respeitosamente perante tantos mártires da Pátria, que morreram porque os senhores da nossa terra não eram dignos de ser portugueses, quanto mais líderes deste País de brandos costumes.
Foram cerca de 10.000 os jovens, em Angola, Moçambique e Guiné, que foram enviados para a morte, os quais já foram esquecidos. Mas também os que se entregaram a esse projecto, as milícias locais e a população ultramarina, aliciados pela máquina da propaganda segundo a qual eram portugueses... Quantos desses não faleceram durante a guerra ?!.... Mas também os outros, filhos valorosos da Guiné, que se bateram contra nós, com bravura, e que morreram. Estes, sim, por uma causa naturalmente justa.
Um fraternal abraço
do Zé Teixeira
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