16 novembro 2003

Portugas que merecem as nossas palmas - III: A jornalista Sofia Branco e a sua luta contra a Mutilação Genital Feminina

A não perder: Sofia Branco assina hoje, na Pública (Jornal Público, 16.11.2003) mais uma notável reportagem sobre a Mutilação Genital Feminina (abreviadamente, MGF) e a procura, na Guiné-Bissau, de alternativas antropossociológicas aos aspectos mais desumanos (leia-se: violadores dos direitos humanos) da festa do fanado. Em particular, é dado destaque à inteligente luta de organizações não-governamentais como a Réné-Renté ou a Sinin Mira Nassiquê pelo “fanado alternativo”, conquistando o apoio das temíveis fanatecas. Título da reportagem: “Fanados em excisão: ritual corta a dor das meninas da Guiné” (pp. 32-42).



Sofia Branco, jornalista do Publico.pt, recebeu em 24 de Outubro último, o Prémio Natali da Federação Internacional de Jornalistas e da Comissão Europeia, pela reportagem "Mutilação Genital Feminina - o holocausto silencioso das mulheres a quem continuam a extrair o clítoris", publicado no Público, de 4 de Agosto de 2002, e disponível no dossiê do Publico.pt sobre a MGF



Este prémio foi instituído em 1992 pela Comissão Europeia para "promover o jornalismo de qualidade", nomedamente na área dos direitos humanos e do desenvolvimento.



Segundo o Público de 24.10.2003, Sofia Branco considerou a atribuição do prémio "uma grande honra" e afirmou que o galardão "reflecte como o jornalismo pode contribuir para a promoção dos direitos humanos". Sobre o trabalho premiado, a jornalista explicou como tentou "compreender o acto odioso" da MGF para, através da sua compreensão, "mudar o mundo para melhor".



Sobre a MGF e a suspeita de que ela continua a praticar-se na comunidade guineense residente em Portugal, entre as famílias de origem étnica fula, mandinga e outras, islamizadas, da Guiné-Bissau, a repórter estimou que o fenómeno "é uma questão de integração dos imigrantes na Europa" e que o continente deve agir contra "aspectos culturais que são contra os direitos humanos mais elementares".



Sofia Branco dedicou o prémio "a todas e cada uma dos dois milhões de mulheres que são mutiladas todos os anos, em quase 30 países do meu mundo, do nosso mundo" (!).



Este trabalho já fora distinguido com (i) o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas 2002; e com (ii) o Grande Prémio Imigração e Minorias Étnicas: Jornalismo Pela tTolerância do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME); além de ter obtido (iii) uma menção honrosa no Prémio AMI - Jornalismo Contra a Indiferença.



Por tudo isto a Sofia é uma portuga credora das nossas palmas.



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