22 novembro 2003

(Ex)citações de cada dia - X: O modelo de gestão português

"Os gestores portugueses já afirmam que não basta a modernização tecnológica, mas que é indispensável a actuação no campo dos factores 'imateriais', revela este estudo [da consultora Active Management Group] (Catarina Nunes: Velho modelo impera. Expresso, 22.11.2003).



Ora bolas! E eu a pensar que tinha sido a tribo dos sociólogos do trabalho a pôr em evidência, há muitas luas atrás, isso mesmo, que um dos pontos fracos da nossa estrutura produtiva era a sobrevalorização do determinismo tecnológico no processo de modernização das empresas, o fetichismo tecnológico, a crença positivista no abre-te-sésamo da tecnologia pronta a servir, a redução do processo de inovação à introdução de novas tecnologias e a persistência de filosofias e práticas organizacionais fortemente enraizadas no modelo tradicional de empresa, práticas essas que ignoravam pura e simplesmente os factores sócio-organizacionais, leia-se "imateriais", como factores de produtividade, qualidade e competitividade!...



Os componentes materiais de trabalho, esses, a gente sabe facilmente identificar, inventariar, listar: (i) os locais ou instalações de trabalho; (ii) o ambiente físico de trabalho; (iii) a chave de parafusos, o martelo, o torno mecânico, o computador e todas as demais ferramentas, máquinas e materiais necesssários ao processo de produção, incluindo as matérias-primas; sem esquecer (iv) as substâncias e os agentes químicos, físicos e biológicos, (v) o layout de produção, a par da (vi) organização do trabalho e do tempo de trabalho.



Mais dificilmente objectiváveis são os elementos imateriais do trabalho, tais como: (i) cultura da empresa; (ii) clima organizacional;L (iii) liderança estratégica; (iv) estilos de gestão e chefia; (v) comunicação assertiva; (vi) dinâmica(s) de grupo; (vii) valores, representações simbólicas, identidades profissionais, etc. São afinal as pessoas, os individuos e os grupos de cuja interacção resultam as organizações. É o humanware, meu estúpido!



Daí a importância da formação em Gestão de Recursos Humanos e Comportamento Organizacional na perspectiva da inovação e mudança: não se trata apenas de desenvolver competências técnicas mas também... humanas, relacionais e sociais!



Enfim, é preciso virem os estrangeiros de fora atirar-nos à cara coisas mais feias ou menos bonitas. Há tempos foram os tipos da Ad Capita International Search, depois os gajos do Relatório McKinsey (Portugal 2010: Acelerar o Crescimento da Produtividade)... agora são estes, da Active Management Group...



Não nos queixemos: felizmente nunca nos faltaram amigos da estranja para nos dar uma palavrinha de conforto, um conselho, uma pancadinha nas costas... Mas também a canelada ou outros golpes mais baixos... Que os amigos são mesmo para as ocasiões!

(Ex)citações de cada dia - X: O modelo de gestão português

"Os gestores portugueses já afirmam que não basta a modernização tecnológica, mas que é indispensável a actuação no campo dos factores 'imateriais', revela este estudo [da consultora Active Management Group] (Catarina Nunes: Velho modelo impera. Expresso, 22.11.2003).

Ora bolas! E eu a pensar que tinha sido a tribo dos sociólogos do trabalho a pôr em evidência, há muitas luas atrás, isso mesmo, que um dos pontos fracos da nossa estrutura produtiva era a sobrevalorização do determinismo tecnológico no processo de modernização das empresas, o fetichismo tecnológico, a crença positivista no abre-te-sésamo da tecnologia pronta a servir, a redução do processo de inovação à introdução de novas tecnologias e a persistência de filosofias e práticas organizacionais fortemente enraizadas no modelo tradicional de empresa, práticas essas que ignoravam pura e simplesmente os factores sócio-organizacionais, leia-se "imateriais", como factores de produtividade, qualidade e competitividade!...

Os componentes materiais de trabalho, esses, a gente sabe facilmente identificar, inventariar, listar: (i) os locais ou instalações de trabalho; (ii) o ambiente físico de trabalho; (iii) a chave de parafusos, o martelo, o torno mecânico, o computador e todas as demais ferramentas, máquinas e materiais necesssários ao processo de produção, incluindo as matérias-primas; sem esquecer (iv) as substâncias e os agentes químicos, físicos e biológicos, (v) o layout de produção, a par da (vi) organização do trabalho e do tempo de trabalho.

Mais dificilmente objectiváveis são os elementos imateriais do trabalho, tais como: (i) cultura da empresa; (ii) clima organizacional;L (iii) liderança estratégica; (iv) estilos de gestão e chefia; (v) comunicação assertiva; (vi) dinâmica(s) de grupo; (vii) valores, representações simbólicas, identidades profissionais, etc. São afinal as pessoas, os individuos e os grupos de cuja interacção resultam as organizações. É o humanware, meu estúpido!

Daí a importância da formação em Gestão de Recursos Humanos e Comportamento Organizacional na perspectiva da inovação e mudança: não se trata apenas de desenvolver competências técnicas mas também... humanas, relacionais e sociais!

Enfim, é preciso virem os estrangeiros de fora atirar-nos à cara coisas mais feias ou menos bonitas. Há tempos foram os tipos da Ad Capita International Search, depois os gajos do Relatório McKinsey (Portugal 2010: Acelerar o Crescimento da Produtividade)... agora são estes, da Active Management Group...

Não nos queixemos: felizmente nunca nos faltaram amigos da estranja para nos dar uma palavrinha de conforto, um conselho, uma pancadinha nas costas... Mas também a canelada ou outros golpes mais baixos... Que os amigos são mesmo para as ocasiões!

Saúde & Segurança no Trabalho - IX: Medicina do Trabalho e Controlo do Absentismo

É conhecida a oposição frontal dos médicos do trabalho em relação a um eventual “controlo do absentismo” (sic) por parte dos serviços de SH&ST. Esta posição foi recentemente reiterada pela Sociedade Portuguesa de Medcina do Trabalho, a propósito da figura do "médico da empresa" referida no anteprojecto governamental do Código do Trabalho.



Esta posição tem uma lógica que remonta, no mínimo, à Recomendação nº 112 da OIT (ILO, 1959), na qual se diz taxativamente que “the role of occupational health services should be essentially preventive” (ponto 6) e que, nessa medida, não se lhes pode exigir “to verify the justification of absence on grounds of sickness; they should not be precluded from ascertaining the conditions which may have led to a worker's absence on sick leave and obtaining information about the progress of the worker's illness”; pelo contrário, eles devem ocupar-se apenas do seu core business que é “to evaluate their preventive programme, discover occupational hazards, and recommend the suitable placement of workers for rehabilitation purposes” (ponto 7).



Mais do que as alegadas razões deontológicas e de independência técnica, trata-se de um típico conflito de papéis. Mas esta posição dos médicos do trabalho é mal compreendida por empregadores, gestores e até pelos trabalhadores e seus representantes.

Saúde & Segurança no Trabalho - IX: Medicina do Trabalho e Controlo do Absentismo

É conhecida a oposição frontal dos médicos do trabalho em relação a um eventual “controlo do absentismo” (sic) por parte dos serviços de SH&ST. Esta posição foi recentemente reiterada pela Sociedade Portuguesa de Medcina do Trabalho, a propósito da figura do "médico da empresa" referida no anteprojecto governamental do Código do Trabalho.

Esta posição tem uma lógica que remonta, no mínimo, à Recomendação nº 112 da OIT (ILO, 1959), na qual se diz taxativamente que “the role of occupational health services should be essentially preventive” (ponto 6) e que, nessa medida, não se lhes pode exigir “to verify the justification of absence on grounds of sickness; they should not be precluded from ascertaining the conditions which may have led to a worker's absence on sick leave and obtaining information about the progress of the worker's illness”; pelo contrário, eles devem ocupar-se apenas do seu core business que é “to evaluate their preventive programme, discover occupational hazards, and recommend the suitable placement of workers for rehabilitation purposes” (ponto 7).

Mais do que as alegadas razões deontológicas e de independência técnica, trata-se de um típico conflito de papéis. Mas esta posição dos médicos do trabalho é mal compreendida por empregadores, gestores e até pelos trabalhadores e seus representantes.

20 novembro 2003

Humor com humor se paga - XIII: Técnicas de sobrevivência (1)

Como te defenderes do assédio das operadoras de telemarketing (... em 10 lições)



Pergunta:



É cada vez mais frequente receberes em casa chamadas de operadoras de telemarketing tentando impingir-te tudo e mais alguma coisa: planos de saúde, fundos de pensões, cartões de crédito, abertura de conta em novos bancos, edições especiais de livros raros, as sagradas escrituras em papel bíblico, férias de sonho, pinturas do Miguel Ângelo (!), peças únicas da arte dos sumérios (!), time sharing, conjuntos de porcelana da Vista Alegre, música clássica ao quilo como o bacalhau da Noruega, mobílias em pinho sueco, telemóveis, electrodomésticos, aparelhos de fitness, cursos de inglês à distância, etc.



Eu fico sempre à beira de um ataque de nervos quando do outro lado do fio ouço uma voz assexuada e autoritária a perguntar por que razão é que ainda não fui levantar o prémio... Diz-me lá, ó blogador, como é que tu podes defender-te destas técnicas invasivas, desta intolerável intromissão na tua vida privada, deste descarado abuso do teu número de telefone ?... Como, diz-me lá tu?



Há quem veja nisto um sinal de maturidade do capitalismo selvagem que se instalou, com armas e bagagens, nas nossas ruas e praças, substituindo as feiras e mercados da nossa infância. Outros dizem-me que este é o preço a pagar por viveres, rico, feliz e livre, numa economia de mercado e num mundo globalizado.



Eu sei que do outro lado está uma rapariguinha desesperada por te vender qualquer merda e, com isso, ganhar os primeiros euros da semana ou até do mês. Mas este não é o paraíso, é o mundo cão onde tu vives. Hoje a condição feminina passa também pela desumana experiência de trabalhar em empresas (?) de telemarketing, em call centres e outros locais de tripaliu(m).



Resposta:



Bem, não sou propriamente especialista em técnicas de sobrevivência. Limito-me, por isso, a deixar aqui algumas dicas que me mandou o mais maluco dos meus amigos, o Tó Vinhas, que é apesar de tudo um rapaz amável por detrás de um coração de pedra (pomes):



1) Quando a fulana te perguntar "Como está?", responde-lhe: “Enchanté!... Estou muito feliz por alguém como você se preocupar comigo”...



2) A seguir acrescentas: “Como você é uma garota simpática, vou apontar tudo direitinho... Dê-me só cinco minutos, vou comprar uma esferográfica e uma folha de papel na tabacaria em frente”.



3) Quando a operador te disser: "Bom dia, fala da empresa Alegria do Lar – Arte & Design Lda”, obriga-a a soletrar todas as palavras... É a tua vez de massacrá-la. Pede-lhe o número de contribuinte, a morada, o fax, o telefone, o montante do capital social, o código da actividade económica (CAE-Rev 2, a quatro digitos), o nome do sócio-gerente, o endereço de e-mail, o endereço da página da firma na Internet, e por aí fora. Pergunta-lhe se a empresa tem os impostos e os salários em dia, se é socialmente responsável, se protege o ambiente, se pratica a cidadania empresarial, se tem médico do trabalho...



4) Quando a pessoa se apresentar (por exemplo, "fala a Diamantina"), dá um gritinho, histérico: "Diamantina? Olá, querida ! Não pode ser ! Mas és tu mesma ? Há quanto tempo não tinha notícias tuas!... Mas será que ainda te lembras de mim ? ... Não ?!... Sim, da última vez que fomos à Feira Popular comer sardinhas assadas!"...



5) Se a voz assexuada e autoritária te ligar para te dizer que tens um prémio, a levantar no sítio tal, das tantas às tantas, responde com a voz dos que precisam e que pedem esmola à porta das igrejas : "Sou tetraplégico, vivo numa cadeira de rodas, não posso deslocar-me aí a não ser através da ambulância dos bombeiros ou do mini-autocarro da Carris... A menina faz isso por mim, por amor de Deus, por piedade cristã ? Trata da minha deslocação?”.



6) Se alguém te quiser impingir cartões de crédito, planos de pensões ou seguros de vida ou outros produtos financeiros, responde-lhe que essa oferta caiu do céu... De facto, (i) acabaste de ser despedido do emprego, (ii) soubeste há um mês que estavas com sida, (iii) que vais morrer em menos de um ano e (iv) que a família te vai pôr num sidatório em Cuba...



7) Ou então mostra o teu lado sinistro de mau cidadão, conta a tua verdadeira história de delinquente: de momento, estás em liberdade condicional, depois de dois anos a cumprir uma pena de prisão por tráfico de droga.... Estando integrado num programa de reinserção social para reclusos, não podes tomar nenhum decisão financeira sem a competente autorização da senhora doutora assistente social...



8) Se te pedirem pelo cartão de crédito, pede a pessoa em casamento... O argumento é respeitável e de peso: “O número de cartão de crédito, entre outras coisas, só o dou à minha legítima esposa”.



9) Brinca com a família da pessoa que te telefona: “Então como vai a nossa tia Zulmira? E os primos Pipi & Bibi ?”...



10) E, por fim, diz à pessoa que estás muito ocupado de momento mas que, se ela te der o número de telefone de casa ou de telemóvel, terás muito gosto em falar com ela mais tarde, com todo o tempo e vagar. Quem sabe, poderão um dia destes encontrar-se, conhecer-se pessoalmente, ir ao cinema, jantar fora, passar pela discoteca ou até mesmo dar umas quecas...



É claro que a menina do telemarketing recusará a tua proposta indecorosa e é capaz de começar a insultar-te: “Seu malcriado, seu indecente, sua besta!!!”.... É altura então de lhe dares a estocada final: "Eu imagino que você não queira ser importunada e, muito meno, ver a sua vida privada devassada. Eu também não. Não me volte a chatear!" (...e desligas o telefone).



O meu amigo Tó Vinhas diz que a técnica resulta, põem logo o teu número de telefone na lista negra. Nunca experimentei, falo de cátedra. Nunca passei do 1º passo, o qual desarma qualquer operadora de telemarketing, por mais batida que seja: “Ó querida, deixei de ir levantar os prémios, tenho uma assoalhada cheia deles até ao tecto, não tenho mais espaço para os guardar”... Ou noutra variante: "Ah!, o Prémio... Pensei que fosse o Prémio Nobel da Literatura... Sabe, sou o maior escritor do meu bairro...".

Humor com humor se paga - XIII: Técnicas de sobrevivência (1)

Como te defenderes do assédio das operadoras de telemarketing (... em 10 lições)

Pergunta:

É cada vez mais frequente receberes em casa chamadas de operadoras de telemarketing tentando impingir-te tudo e mais alguma coisa: planos de saúde, fundos de pensões, cartões de crédito, abertura de conta em novos bancos, edições especiais de livros raros, as sagradas escrituras em papel bíblico, férias de sonho, pinturas do Miguel Ângelo (!), peças únicas da arte dos sumérios (!), time sharing, conjuntos de porcelana da Vista Alegre, música clássica ao quilo como o bacalhau da Noruega, mobílias em pinho sueco, telemóveis, electrodomésticos, aparelhos de fitness, cursos de inglês à distância, etc.

Eu fico sempre à beira de um ataque de nervos quando do outro lado do fio ouço uma voz assexuada e autoritária a perguntar por que razão é que ainda não fui levantar o prémio... Diz-me lá, ó blogador, como é que tu podes defender-te destas técnicas invasivas, desta intolerável intromissão na tua vida privada, deste descarado abuso do teu número de telefone ?... Como, diz-me lá tu?

Há quem veja nisto um sinal de maturidade do capitalismo selvagem que se instalou, com armas e bagagens, nas nossas ruas e praças, substituindo as feiras e mercados da nossa infância. Outros dizem-me que este é o preço a pagar por viveres, rico, feliz e livre, numa economia de mercado e num mundo globalizado.

Eu sei que do outro lado está uma rapariguinha desesperada por te vender qualquer merda e, com isso, ganhar os primeiros euros da semana ou até do mês. Mas este não é o paraíso, é o mundo cão onde tu vives. Hoje a condição feminina passa também pela desumana experiência de trabalhar em empresas (?) de telemarketing, em call centres e outros locais de tripaliu(m).

Resposta:

Bem, não sou propriamente especialista em técnicas de sobrevivência. Limito-me, por isso, a deixar aqui algumas dicas que me mandou o mais maluco dos meus amigos, o Tó Vinhas, que é apesar de tudo um rapaz amável por detrás de um coração de pedra (pomes):

1) Quando a fulana te perguntar "Como está?", responde-lhe: “Enchanté!... Estou muito feliz por alguém como você se preocupar comigo”...

2) A seguir acrescentas: “Como você é uma garota simpática, vou apontar tudo direitinho... Dê-me só cinco minutos, vou comprar uma esferográfica e uma folha de papel na tabacaria em frente”.

3) Quando a operador te disser: "Bom dia, fala da empresa Alegria do Lar – Arte & Design Lda”, obriga-a a soletrar todas as palavras... É a tua vez de massacrá-la. Pede-lhe o número de contribuinte, a morada, o fax, o telefone, o montante do capital social, o código da actividade económica (CAE-Rev 2, a quatro digitos), o nome do sócio-gerente, o endereço de e-mail, o endereço da página da firma na Internet, e por aí fora. Pergunta-lhe se a empresa tem os impostos e os salários em dia, se é socialmente responsável, se protege o ambiente, se pratica a cidadania empresarial, se tem médico do trabalho...

4) Quando a pessoa se apresentar (por exemplo, "fala a Diamantina"), dá um gritinho, histérico: "Diamantina? Olá, querida ! Não pode ser ! Mas és tu mesma ? Há quanto tempo não tinha notícias tuas!... Mas será que ainda te lembras de mim ? ... Não ?!... Sim, da última vez que fomos à Feira Popular comer sardinhas assadas!"...

5) Se a voz assexuada e autoritária te ligar para te dizer que tens um prémio, a levantar no sítio tal, das tantas às tantas, responde com a voz dos que precisam e que pedem esmola à porta das igrejas : "Sou tetraplégico, vivo numa cadeira de rodas, não posso deslocar-me aí a não ser através da ambulância dos bombeiros ou do mini-autocarro da Carris... A menina faz isso por mim, por amor de Deus, por piedade cristã ? Trata da minha deslocação?”.

6) Se alguém te quiser impingir cartões de crédito, planos de pensões ou seguros de vida ou outros produtos financeiros, responde-lhe que essa oferta caiu do céu... De facto, (i) acabaste de ser despedido do emprego, (ii) soubeste há um mês que estavas com sida, (iii) que vais morrer em menos de um ano e (iv) que a família te vai pôr num sidatório em Cuba...

7) Ou então mostra o teu lado sinistro de mau cidadão, conta a tua verdadeira história de delinquente: de momento, estás em liberdade condicional, depois de dois anos a cumprir uma pena de prisão por tráfico de droga.... Estando integrado num programa de reinserção social para reclusos, não podes tomar nenhum decisão financeira sem a competente autorização da senhora doutora assistente social...

8) Se te pedirem pelo cartão de crédito, pede a pessoa em casamento... O argumento é respeitável e de peso: “O número de cartão de crédito, entre outras coisas, só o dou à minha legítima esposa”.

9) Brinca com a família da pessoa que te telefona: “Então como vai a nossa tia Zulmira? E os primos Pipi & Bibi ?”...

10) E, por fim, diz à pessoa que estás muito ocupado de momento mas que, se ela te der o número de telefone de casa ou de telemóvel, terás muito gosto em falar com ela mais tarde, com todo o tempo e vagar. Quem sabe, poderão um dia destes encontrar-se, conhecer-se pessoalmente, ir ao cinema, jantar fora, passar pela discoteca ou até mesmo dar umas quecas...

É claro que a menina do telemarketing recusará a tua proposta indecorosa e é capaz de começar a insultar-te: “Seu malcriado, seu indecente, sua besta!!!”.... É altura então de lhe dares a estocada final: "Eu imagino que você não queira ser importunada e, muito meno, ver a sua vida privada devassada. Eu também não. Não me volte a chatear!" (...e desligas o telefone).

O meu amigo Tó Vinhas diz que a técnica resulta, põem logo o teu número de telefone na lista negra. Nunca experimentei, falo de cátedra. Nunca passei do 1º passo, o qual desarma qualquer operadora de telemarketing, por mais batida que seja: “Ó querida, deixei de ir levantar os prémios, tenho uma assoalhada cheia deles até ao tecto, não tenho mais espaço para os guardar”... Ou noutra variante: "Ah!, o Prémio... Pensei que fosse o Prémio Nobel da Literatura... Sabe, sou o maior escritor do meu bairro...".

19 novembro 2003

Humor com humor se paga - XII: Marketing (social) para profissionais de saúde (2)

Noções elementares de Marketing em dez exemplos (... e no feminino)





O Marketing ainda hoje tende a ser visto (inclusive pelos profissionais de saúde) como uma técnica agressiva, de manipulação, eticamente suspeita, lesiva dos direitos do consumidor, podendo levar uma pessoa a comprar e a consumir o que não quer ou o que não precisa ou até o que lhe faz mal!... E depois "a saúde não é uma mercadoria" e "nós não temos uma Claudia Schiffer"...



Ora o Marketing não é mais do que o processo de tornar atractivo um produto, um serviçou ou uma ideia aos olhos de uma dada população-alvo: neste caso, falamos de "cuidados de saúde", de "promoção da saúde", de "saúde ocupacional"...



No Marketing (comercial) pomos a ênfase sobretudo nos quatro Pês. Trata-se de desenvolver, como dizem os anglossaxónicos, “the right Product backed by the right Promotion and put in the right Place at the right Price”.



Há muita confusão semântica e conceptual à volta do Marketing e das suas várias técnicas... Isso pode ser ilustrado através de alguns exemplos bem humorados... Pode servir-nos também com técnica de defesa contra as meninas que todos os dias nos telefonam dos "call centres" para a gente "ir levantar o prémio"... Com a proximação do Natal, o assédio tornou-se pornográfico!...





1º Exemplo: Estás numa festa e vês um rapaz muito atraente. Aproximas- te dele e sussurras:

- Sou boa como o milho !



Isto é... Marketing directo.



2º Exemplo: Estás numa festa com um grupo de amigas e vês o rapaz do seus sonhos. Uma das tuas amigas aproxima-se dele e diz-lhe ao ouvido:

- Esta gaja, aqui, é muito boa na cama !



Isto é...Publicidade.



3º Exemplo: Estás numa festa e vês uma tara de homem. Aproximas- te dele e pedes-lhe o seu número de telemóvel. No dia seguinte telefonas-lhe e dizes:

- Sabes, sou muito boa na cama !



Isto é... Telemarketing.



4º Exemplo: Estás numa festa e vês um monumento de homem. Reconhece-lo logo à primeira. Estiveste com ele há dias. Aproximas-te dele, avivas-lhe a memória dizendo:

- Lembras-te de mim, ó Ambróisio ? Sou muito melhor que o Ferro Rocher, não sou ? !...



Isto é... CRM (Customer Relationship Management) (Gestão das Relações com o Cliente).



5º Exemplo: Estás numa festa e vês um tipo supergiro. Levantas-te, ajeitas a saia, aproximas-te dele, serves-lhe uma bebida, ofereces-lhe um cigarro e dizes:

- Meu anjo, sou a máxima na cama ou fora dela!



Isto são... Relações Públicas.



6º Exemplo: Estás numa festa e vês um jovem muito atraente. Ele aproxima-se de ti e diz-te:

- Ah!, és tu, ouvi dizer que és muito boa na cama!



Isto é... Branding, o poder da marca.





7º Exemplo: Estás numa festa como empregada e há um outro empregado que tu achas digno de um filme de Hollywood. Aproximas-te dele e dizes-lhe:

- Tenho um encontro marcado contigo na minha cama !



Isto é... B2B (Business to Business) (Não tenho a certeza, se calhar é capaz de ser assédio sexual, punível nos termos do novo Código do Trabalho!).



8º Exemplo: Estás numa festa como empregada e vês um cota muito sedutor que te pede uma bebida. Aproximas-te dele e dizes-lhe:

- Sou muito boa na cama !



Isto é... B2C (Business to Consumer).





9º Exemplo: Estás numa festa e procuras a posição perfeita para estar perto do balcão, para topar os melhores gatões... Procuras que a luz realce a tua pele bronzeada e evidencie o teu lado sedutor de forma que consigas atrair o maior número de rapazes e convencê-los de que és uma rapariguinha muito sexy.



Ora isto na gíria dos criativos, pá, é ... GIS (Geographic Information System) ou Geomarketing. Toma e embrulha!



10º Exemplo: Estás numa festa, vês um gajo bué de giro, aproximas-te dele e dizes-lhe “Sou muito boa na cama !”, quando na realidade o teu portfólio, o teu currículo e a tua embalagem... não valem um chavo!



Para todos os efeitos e em toda parte, isto é PE, minha linda, !

ou seja, ... Publicidade enganosa. E corres o risco do gajo ir apresentar queixa contra ti no Institituto de Defesa do Consumidor (IDC): como o nome indica, o IDC é mesmo para defender as incautas vítimas da publicidade enganosa.

Humor com humor se paga - XII: Marketing (social) para profissionais de saúde (2)

Noções elementares de Marketing em dez exemplos (... e no feminino)


O Marketing ainda hoje tende a ser visto (inclusive pelos profissionais de saúde) como uma técnica agressiva, de manipulação, eticamente suspeita, lesiva dos direitos do consumidor, podendo levar uma pessoa a comprar e a consumir o que não quer ou o que não precisa ou até o que lhe faz mal!... E depois "a saúde não é uma mercadoria" e "nós não temos uma Claudia Schiffer"...

Ora o Marketing não é mais do que o processo de tornar atractivo um produto, um serviçou ou uma ideia aos olhos de uma dada população-alvo: neste caso, falamos de "cuidados de saúde", de "promoção da saúde", de "saúde ocupacional"...

No Marketing (comercial) pomos a ênfase sobretudo nos quatro Pês. Trata-se de desenvolver, como dizem os anglossaxónicos, “the right Product backed by the right Promotion and put in the right Place at the right Price”.

Há muita confusão semântica e conceptual à volta do Marketing e das suas várias técnicas... Isso pode ser ilustrado através de alguns exemplos bem humorados... Pode servir-nos também com técnica de defesa contra as meninas que todos os dias nos telefonam dos "call centres" para a gente "ir levantar o prémio"... Com a proximação do Natal, o assédio tornou-se pornográfico!...


1º Exemplo: Estás numa festa e vês um rapaz muito atraente. Aproximas- te dele e sussurras:
- Sou boa como o milho !

Isto é... Marketing directo.

2º Exemplo: Estás numa festa com um grupo de amigas e vês o rapaz do seus sonhos. Uma das tuas amigas aproxima-se dele e diz-lhe ao ouvido:
- Esta gaja, aqui, é muito boa na cama !

Isto é...Publicidade.

3º Exemplo: Estás numa festa e vês uma tara de homem. Aproximas- te dele e pedes-lhe o seu número de telemóvel. No dia seguinte telefonas-lhe e dizes:
- Sabes, sou muito boa na cama !

Isto é... Telemarketing.

4º Exemplo: Estás numa festa e vês um monumento de homem. Reconhece-lo logo à primeira. Estiveste com ele há dias. Aproximas-te dele, avivas-lhe a memória dizendo:
- Lembras-te de mim, ó Ambróisio ? Sou muito melhor que o Ferro Rocher, não sou ? !...

Isto é... CRM (Customer Relationship Management) (Gestão das Relações com o Cliente).

5º Exemplo: Estás numa festa e vês um tipo supergiro. Levantas-te, ajeitas a saia, aproximas-te dele, serves-lhe uma bebida, ofereces-lhe um cigarro e dizes:
- Meu anjo, sou a máxima na cama ou fora dela!

Isto são... Relações Públicas.

6º Exemplo: Estás numa festa e vês um jovem muito atraente. Ele aproxima-se de ti e diz-te:
- Ah!, és tu, ouvi dizer que és muito boa na cama!

Isto é... Branding, o poder da marca.


7º Exemplo: Estás numa festa como empregada e há um outro empregado que tu achas digno de um filme de Hollywood. Aproximas-te dele e dizes-lhe:
- Tenho um encontro marcado contigo na minha cama !

Isto é... B2B (Business to Business) (Não tenho a certeza, se calhar é capaz de ser assédio sexual, punível nos termos do novo Código do Trabalho!).

8º Exemplo: Estás numa festa como empregada e vês um cota muito sedutor que te pede uma bebida. Aproximas-te dele e dizes-lhe:
- Sou muito boa na cama !

Isto é... B2C (Business to Consumer).


9º Exemplo: Estás numa festa e procuras a posição perfeita para estar perto do balcão, para topar os melhores gatões... Procuras que a luz realce a tua pele bronzeada e evidencie o teu lado sedutor de forma que consigas atrair o maior número de rapazes e convencê-los de que és uma rapariguinha muito sexy.

Ora isto na gíria dos criativos, pá, é ... GIS (Geographic Information System) ou Geomarketing. Toma e embrulha!

10º Exemplo: Estás numa festa, vês um gajo bué de giro, aproximas-te dele e dizes-lhe “Sou muito boa na cama !”, quando na realidade o teu portfólio, o teu currículo e a tua embalagem... não valem um chavo!

Para todos os efeitos e em toda parte, isto é PE, minha linda, !
ou seja, ... Publicidade enganosa. E corres o risco do gajo ir apresentar queixa contra ti no Institituto de Defesa do Consumidor (IDC): como o nome indica, o IDC é mesmo para defender as incautas vítimas da publicidade enganosa.

18 novembro 2003

Humor com humor se paga - XI: Os malefícios do tabaco e a auto-estima dos machos

Um fulano entra num quiosque para comprar cigarros:

- Um Marlboro Light, se faz favor!

A rapariga que o atende dá-lhe um maço com o aviso "O tabaco causa impotência".

- Desses, não, bolas!, reagiu com maus modos o cliente. Não tem dos outros ?

- Pode ser este ?, perguntou a rapariga, mostrando-lhe a medo um maço com o aviso "O tabaco provoca cancro do pulmão".

- Levo esse, do mal o menos!, respondeu o fulano, guardando o troco e os cigarros.

Humor com humor se paga - XI: Os malefícios do tabaco e a auto-estima dos machos

Um fulano entra num quiosque para comprar cigarros:
- Um Marlboro Light, se faz favor!
A rapariga que o atende dá-lhe um maço com o aviso "O tabaco causa impotência".
- Desses, não, bolas!, reagiu com maus modos o cliente. Não tem dos outros ?
- Pode ser este ?, perguntou a rapariga, mostrando-lhe a medo um maço com o aviso "O tabaco provoca cancro do pulmão".
- Levo esse, do mal o menos!, respondeu o fulano, guardando o troco e os cigarros.

(Ex)citações de cada dia - IX: O Salvador

"Ao chegar o fim do ano, saudemos aquele que veio ao mundo só para nos salvar: o décimo-terceiro mês" (Pensamento do Dia, em circulação pela circuito integrado dos neurónios dos Médicos do Hospital S.A. de X).



Comentário do Blogador:



Obrigado, Tiago D., por nos teres mandado esta pérola do humor céltico-nortenho! Tu és um jovem médico, ainda não chegaste aos trinta e nem és louco, o mesmo é dizer, um tipo de condição proletária, abreviadamente um proleta; mas mesmo assim não perdeste o sentido de humor nem muito menos a capacidade de crítica do sistema que te tenta lixar, padronizar, polir, embalar, seduzir, usar e abusar, cantar a cantiga do bandido, comprar, vender, em suma, foder-te... Seguramente serás um bom médico, até por que, e como diz o povo, "aos trinta anos quem não é louco é médico"...



Já agora tenho de perguntar-te, meu caro Tiago D., se não me levares a mal: há um sentido de humor marcadamente morcão, céltico-nortenho ? Quando tiveres um bocadinho de tempo livre, entre uma urgência hospitalar e a consulta on line da tua ainda magra conta bancária , responde a esta pergunta asséptica, inodora e incolor que te acabo de fazer...



Não respondas por esta blogovia nas seguintes circunstâncias: (i) tratar-se de segredo de estado (ou de polichinelo, tanto faz); (ii) estares sujeito à férrea disciplina partidária; e, last but not the least, (iii) caires sob a alçada do Código de Hipócrates sempre semprfe que abrires a boca... Nesses e só nestes casos, não me respondes, para tua e nossa segurança: agora com a vigilância electrónica pós-pidesca, e a paranóia pós-moderna do terrorismo global, nunca se sabe.

(Ex)citações de cada dia - IX: O Salvador

"Ao chegar o fim do ano, saudemos aquele que veio ao mundo só para nos salvar: o décimo-terceiro mês" (Pensamento do Dia, em circulação pela circuito integrado dos neurónios dos Médicos do Hospital S.A. de X).

Comentário do Blogador:

Obrigado, Tiago D., por nos teres mandado esta pérola do humor céltico-nortenho! Tu és um jovem médico, ainda não chegaste aos trinta e nem és louco, o mesmo é dizer, um tipo de condição proletária, abreviadamente um proleta; mas mesmo assim não perdeste o sentido de humor nem muito menos a capacidade de crítica do sistema que te tenta lixar, padronizar, polir, embalar, seduzir, usar e abusar, cantar a cantiga do bandido, comprar, vender, em suma, foder-te... Seguramente serás um bom médico, até por que, e como diz o povo, "aos trinta anos quem não é louco é médico"...

Já agora tenho de perguntar-te, meu caro Tiago D., se não me levares a mal: há um sentido de humor marcadamente morcão, céltico-nortenho ? Quando tiveres um bocadinho de tempo livre, entre uma urgência hospitalar e a consulta on line da tua ainda magra conta bancária , responde a esta pergunta asséptica, inodora e incolor que te acabo de fazer...

Não respondas por esta blogovia nas seguintes circunstâncias: (i) tratar-se de segredo de estado (ou de polichinelo, tanto faz); (ii) estares sujeito à férrea disciplina partidária; e, last but not the least, (iii) caires sob a alçada do Código de Hipócrates sempre semprfe que abrires a boca... Nesses e só nestes casos, não me respondes, para tua e nossa segurança: agora com a vigilância electrónica pós-pidesca, e a paranóia pós-moderna do terrorismo global, nunca se sabe.

(Ex)citações de cada dia - VIII: A principal motivação para um homem ou uma mulher deixar de fumar

"(...) Pais Clemente [otorrinolaringologista do Hospital de São João, no Porto, e presidente do Conselho de Prevenção do Tabagismo ] defende que a luta contra o tabaco se deve basear numa 'cultura de informação', mais do que em campanhas 'radicais e fundamentalistas' contra os fumadores, que poderiam surtir 'um efeito contrário'.



"O otorrrinolaringologista sabe do que fala: está comprovado que as mulheres se assustam mais com a mensagem de que fumar provoca rugas e que os homens só se alarmam a sério com o alerta de que o tabaco causa impotência. 'Ninguém está preocupado com o cancro ou com as doenças cardiovasculares', lamenta" (Bold do blogador).



In: Campos, Alexandra (2003) - Consultas nos Hospitais para Parar de Fumar Têm Listas de Espera. Público. 17 de Novembro de 2003.

(Ex)citações de cada dia - VIII: A principal motivação para um homem ou uma mulher deixar de fumar

"(...) Pais Clemente [otorrinolaringologista do Hospital de São João, no Porto, e presidente do Conselho de Prevenção do Tabagismo ] defende que a luta contra o tabaco se deve basear numa 'cultura de informação', mais do que em campanhas 'radicais e fundamentalistas' contra os fumadores, que poderiam surtir 'um efeito contrário'.

"O otorrrinolaringologista sabe do que fala: está comprovado que as mulheres se assustam mais com a mensagem de que fumar provoca rugas e que os homens só se alarmam a sério com o alerta de que o tabaco causa impotência. 'Ninguém está preocupado com o cancro ou com as doenças cardiovasculares', lamenta" (Bold do blogador).

In: Campos, Alexandra (2003) - Consultas nos Hospitais para Parar de Fumar Têm Listas de Espera. Público. 17 de Novembro de 2003.

17 novembro 2003

Blognecos - IV: (Não) fumo, logo existo

mais um dia, anual, global, mundial, nacional, regional, local, do não fumador. só não o foi na minha freguesia. nem no tasco que eu frequento. nem na fábrica onde trabalho. nem no meu bairro (social) onde não há trabalho decente para a gente. nem na minha casa em que o tabaco é o xanax dda muçlher e das filhas.



dizem-me que se aperta o cerco aos fumadores. que pelas estatísticas são os que ainda não trabalham mais os que já trabalham e que estão na casa dos trinta e mais os que já deixaram de trabalhar. (os que ficaram pelo caminho ou na ponta final da linha de montagem).



ouvi o telejornalista de serviço (fez-me lembrar o porta-voz do tribunal do santo ofício que condenou à fogueira o tetravô do meu tetravô, cristão-novo). o inquisidor-mor malha nas mulheres portugas que estão a estragar as estatísticas sanitárias. diz o papagaio: os portugas ainda podem orgulhar-se, ao menos, valha-nos deus!, de serem os menos fumadores da eurolândia. repete o papagaio: não fumar está na moda. é fixe. os portugas que não fumam ou deixaram de fumar estão na moda. são fixes. eu, fumador, de maço e meio, pecador me confesso: não quero estar na moda. não quero ser fixe.



cerco, é isso. os tempos são bons para apertar o cerco. aos fumantes. aos novos párias sociais. aos novos inimigos da ordem pública. o pretexto pode ser a nova peste branca. os direitos dos não fumadores. o fumo passivo. a nova ética do trabalho. a produtividade do trabalho e a competitividade das empresas. a identidade da nação. os superiores desígnios do estado. a poluição tabágica que, além dos pulmões dos colarinhos azuis e do resto do corpinho da gente, dá cabo da pintura dos tectos e das paredes, do sistema de ar condicionado, dos equipamentos, dos circuitos dos computadores, das mother boards, dos chips, das placas gráficas, dos neurónios dos colarinhos brancos e dourados, dos estofos do carro do patrão. o tabaco que mata meio milhão de eurolandeses por ano. morrem que nem tordos, diz o sanitário de serviço. doze mil, falando só de portugas. e o mulherio a dar cabo da estatística, diz o telepapagaio.



não vi, todavia, as empresas portuguesas seguirem o exemplo das suas congéneres multinacionais que operam cá no burgo como a ibm ou a siemens. não vi os senhores gestores engravatados lá da minha tasca virem à televisão dizer com orgulho: somos mais uma smoke free company. eles não têm lata para o fazer. porque antes disso teriam que dar o exemplo. e mostrar que também dão exemplos de boas práticas noutras matérias como a proteção ambiental, a proteção da saúde e segurança dos trabalhadores, a consulta e a participação do zé portuga, a garantia do trabalho decente, o sentido de responsabilidade social da empresa.



a propósito: alguém sabe explicar-me o que é isso de trabalho decente, vida decente, salário decente, condições de trabalho decentes, cuidados de saúde de decentes, ambiente decente, educação decente, habitação decente ?



hoje é dia mundial do não fumador. uma vez por ano todos os anos. só não o foi na minha freguesia. nem no tasco que eu frequento. nem na fábrica onde trabalho. nem no meu bairro (social) onde não há trabalho decente para a gente nem dinheiro para o tabaco que engana a fome, e a apagada e vil tristeza do nosso quotidiano, a falta de dinheiro para oferecer uma rosa à patroa que agora vai fazer 45 anos.



hoje foi um dia trivial. como os outros. hoje o estado arrecadou mais de 600 mil euros de imposto sobre o vício de fumar. 33 portugas morreram de doenças relacionadas com o tabagismo. não vi nem ouvi o ministro da saúde preocupar-se com os que trabucam e fumam. com os pobres que fumam e que vão morrer. tal como os outros que não fumam, nunca fumaram ou deixaram de fumar. "um dia todos vamos morrer". conheço essa teoria, a da dissonância cognitiva, diz-me o médico do trabalho lá da fábrica e que até é um gajo porreiro porque fuma e sabe que faz à saúde. a gente precisa sempre de um bom alibi para adiar a morte, meu caro zé portuga. a doença. a dor. a subida ao céu. a descida aos infernos. o trânsito no purgatório. amen. padre nosso. avé-maria.



minto: o senhor da ministro da saúde também o é da saúde pública. da saúde da gente. acaba de anunciar a sua (dele e do governo) intenção de aumentar o número de consultas hospitalares de desabituação tabágica (publico, 17.11.2003). eu aplaudo. mas quantas (consultas) não disse. nem onde nem com que meios. há montes de portugas a pedir ajuda. não há técnicos para as encomendas. e os que há são voluntários. psicólogos à procura de espaço de trabalho no mundo das batas brancas. há listas de espera de dois anos (!) para este tipo de consulta (por exemplo, no hospital egas moniz). a propósito: diz-se desabituação ou cessação tabágica ? cessação, dizem os puristas. que fumar é uma doença.



o que é que um gajo como eu, fumador compulsivo, de maço e meio que a guita não dá para mais, faz em dois anos ? dá em doido ? morre de cancro ? em dois anos um portuga fumante como eu acendeu pelo menos 21900 vezes o isqueiro. fumou pelo menos 21900 cigarros (fora o cravanço). ficou exposto a 4 mil produtos químicos x 22 mil cigarros. ou serão 5 mil ? mais mil menos mil , tanto faz. por conseguinte, um gajo está arrumado ao fim de dois anos na lista de espera e a continuar a fumar. eu queria deixar de fumar. talvez alguém me possa ajudar. lá em casa todos fumam. e as mulheres (a patroa e as duas filhas) mais do que os homens (só eu, que o puto ainda é pequenitates).



eu fico, por isso, sensibilizado com a sensibilidade do senhor ministro que se preocupa com a gente. os que fumam e trabalham como eu, classe operária, malandra, tunante e fumante como eu, embora em vias de extinção enquanto classe mal comportada. e se calhar também com os que não fumam mas apanham com o fumo dos que fumam.



no dia mundial do não fumador, eu escrevo neste blogue-fora-nada: fumo, logo existo. imaginem se não fumasse: estava tramado. ninguém se preocupava comigo. neste dia tenho a certeza que alguém se preocupou comigo. médicos, enfermeiros, psicólogos, padres, polícias, jornalistas, amigos, cangalheirpos, coveiros. hohe houve gente que se preocupou comigo. e isso tocou-me, deixou-me sensibilizado. talvez eu ainda vá a tempo de me inscrever numa consulta de desabituação (perdão, cessação) antitabágica em 2005. mesmo com meio pulmão a sorrir à vida.







Fonte: No Tobacco (Animated) © Steve Curry (17.11.2003)





Care2.com. The # 1 Environmental Network for a Healthy Living and a Healthy Planet



Blognecos - IV: (Não) fumo, logo existo

mais um dia, anual, global, mundial, nacional, regional, local, do não fumador. só não o foi na minha freguesia. nem no tasco que eu frequento. nem na fábrica onde trabalho. nem no meu bairro (social) onde não há trabalho decente para a gente. nem na minha casa em que o tabaco é o xanax dda muçlher e das filhas.

dizem-me que se aperta o cerco aos fumadores. que pelas estatísticas são os que ainda não trabalham mais os que já trabalham e que estão na casa dos trinta e mais os que já deixaram de trabalhar. (os que ficaram pelo caminho ou na ponta final da linha de montagem).

ouvi o telejornalista de serviço (fez-me lembrar o porta-voz do tribunal do santo ofício que condenou à fogueira o tetravô do meu tetravô, cristão-novo). o inquisidor-mor malha nas mulheres portugas que estão a estragar as estatísticas sanitárias. diz o papagaio: os portugas ainda podem orgulhar-se, ao menos, valha-nos deus!, de serem os menos fumadores da eurolândia. repete o papagaio: não fumar está na moda. é fixe. os portugas que não fumam ou deixaram de fumar estão na moda. são fixes. eu, fumador, de maço e meio, pecador me confesso: não quero estar na moda. não quero ser fixe.

cerco, é isso. os tempos são bons para apertar o cerco. aos fumantes. aos novos párias sociais. aos novos inimigos da ordem pública. o pretexto pode ser a nova peste branca. os direitos dos não fumadores. o fumo passivo. a nova ética do trabalho. a produtividade do trabalho e a competitividade das empresas. a identidade da nação. os superiores desígnios do estado. a poluição tabágica que, além dos pulmões dos colarinhos azuis e do resto do corpinho da gente, dá cabo da pintura dos tectos e das paredes, do sistema de ar condicionado, dos equipamentos, dos circuitos dos computadores, das mother boards, dos chips, das placas gráficas, dos neurónios dos colarinhos brancos e dourados, dos estofos do carro do patrão. o tabaco que mata meio milhão de eurolandeses por ano. morrem que nem tordos, diz o sanitário de serviço. doze mil, falando só de portugas. e o mulherio a dar cabo da estatística, diz o telepapagaio.

não vi, todavia, as empresas portuguesas seguirem o exemplo das suas congéneres multinacionais que operam cá no burgo como a ibm ou a siemens. não vi os senhores gestores engravatados lá da minha tasca virem à televisão dizer com orgulho: somos mais uma smoke free company. eles não têm lata para o fazer. porque antes disso teriam que dar o exemplo. e mostrar que também dão exemplos de boas práticas noutras matérias como a proteção ambiental, a proteção da saúde e segurança dos trabalhadores, a consulta e a participação do zé portuga, a garantia do trabalho decente, o sentido de responsabilidade social da empresa.

a propósito: alguém sabe explicar-me o que é isso de trabalho decente, vida decente, salário decente, condições de trabalho decentes, cuidados de saúde de decentes, ambiente decente, educação decente, habitação decente ?

hoje é dia mundial do não fumador. uma vez por ano todos os anos. só não o foi na minha freguesia. nem no tasco que eu frequento. nem na fábrica onde trabalho. nem no meu bairro (social) onde não há trabalho decente para a gente nem dinheiro para o tabaco que engana a fome, e a apagada e vil tristeza do nosso quotidiano, a falta de dinheiro para oferecer uma rosa à patroa que agora vai fazer 45 anos.

hoje foi um dia trivial. como os outros. hoje o estado arrecadou mais de 600 mil euros de imposto sobre o vício de fumar. 33 portugas morreram de doenças relacionadas com o tabagismo. não vi nem ouvi o ministro da saúde preocupar-se com os que trabucam e fumam. com os pobres que fumam e que vão morrer. tal como os outros que não fumam, nunca fumaram ou deixaram de fumar. "um dia todos vamos morrer". conheço essa teoria, a da dissonância cognitiva, diz-me o médico do trabalho lá da fábrica e que até é um gajo porreiro porque fuma e sabe que faz à saúde. a gente precisa sempre de um bom alibi para adiar a morte, meu caro zé portuga. a doença. a dor. a subida ao céu. a descida aos infernos. o trânsito no purgatório. amen. padre nosso. avé-maria.

minto: o senhor da ministro da saúde também o é da saúde pública. da saúde da gente. acaba de anunciar a sua (dele e do governo) intenção de aumentar o número de consultas hospitalares de desabituação tabágica (publico, 17.11.2003). eu aplaudo. mas quantas (consultas) não disse. nem onde nem com que meios. há montes de portugas a pedir ajuda. não há técnicos para as encomendas. e os que há são voluntários. psicólogos à procura de espaço de trabalho no mundo das batas brancas. há listas de espera de dois anos (!) para este tipo de consulta (por exemplo, no hospital egas moniz). a propósito: diz-se desabituação ou cessação tabágica ? cessação, dizem os puristas. que fumar é uma doença.

o que é que um gajo como eu, fumador compulsivo, de maço e meio que a guita não dá para mais, faz em dois anos ? dá em doido ? morre de cancro ? em dois anos um portuga fumante como eu acendeu pelo menos 21900 vezes o isqueiro. fumou pelo menos 21900 cigarros (fora o cravanço). ficou exposto a 4 mil produtos químicos x 22 mil cigarros. ou serão 5 mil ? mais mil menos mil , tanto faz. por conseguinte, um gajo está arrumado ao fim de dois anos na lista de espera e a continuar a fumar. eu queria deixar de fumar. talvez alguém me possa ajudar. lá em casa todos fumam. e as mulheres (a patroa e as duas filhas) mais do que os homens (só eu, que o puto ainda é pequenitates).

eu fico, por isso, sensibilizado com a sensibilidade do senhor ministro que se preocupa com a gente. os que fumam e trabalham como eu, classe operária, malandra, tunante e fumante como eu, embora em vias de extinção enquanto classe mal comportada. e se calhar também com os que não fumam mas apanham com o fumo dos que fumam.

no dia mundial do não fumador, eu escrevo neste blogue-fora-nada: fumo, logo existo. imaginem se não fumasse: estava tramado. ninguém se preocupava comigo. neste dia tenho a certeza que alguém se preocupou comigo. médicos, enfermeiros, psicólogos, padres, polícias, jornalistas, amigos, cangalheirpos, coveiros. hohe houve gente que se preocupou comigo. e isso tocou-me, deixou-me sensibilizado. talvez eu ainda vá a tempo de me inscrever numa consulta de desabituação (perdão, cessação) antitabágica em 2005. mesmo com meio pulmão a sorrir à vida.



Fonte: No Tobacco (Animated) © Steve Curry (17.11.2003)



Care2.com. The # 1 Environmental Network for a Healthy Living and a Healthy Planet


Blognecos - III: Mutilação Genital Feminina (MGF)



Fonte: GTZ Kenya (2003)





Fonte: GTZ Kenya (17.11.2003)



Um dos melhores sítios sobre este tópico (inclui lista dos principais links):

The Female Genital Cutting Education and Networking Project (USA)



A MGF e a saúde (Página da OMS):

WHO > Health topics > Female genital mutilation





A MGF no Directório do Google:

Health > Women's Health > Genital Mutilation





Um dossiê em português:

Publico.pt > Dossiers > Mutilação Genital

Blognecos - III: Mutilação Genital Feminina (MGF)


Fonte: GTZ Kenya (2003)



Fonte: GTZ Kenya (17.11.2003)

Um dos melhores sítios sobre este tópico (inclui lista dos principais links):
The Female Genital Cutting Education and Networking Project (USA)

A MGF e a saúde (Página da OMS):
WHO > Health topics > Female genital mutilation


A MGF no Directório do Google:
Health > Women's Health > Genital Mutilation


Um dossiê em português:
Publico.pt > Dossiers > Mutilação Genital

16 novembro 2003

Portugas que merecem as nossas palmas - III: A jornalista Sofia Branco e a sua luta contra a Mutilação Genital Feminina

A não perder: Sofia Branco assina hoje, na Pública (Jornal Público, 16.11.2003) mais uma notável reportagem sobre a Mutilação Genital Feminina (abreviadamente, MGF) e a procura, na Guiné-Bissau, de alternativas antropossociológicas aos aspectos mais desumanos (leia-se: violadores dos direitos humanos) da festa do fanado. Em particular, é dado destaque à inteligente luta de organizações não-governamentais como a Réné-Renté ou a Sinin Mira Nassiquê pelo “fanado alternativo”, conquistando o apoio das temíveis fanatecas. Título da reportagem: “Fanados em excisão: ritual corta a dor das meninas da Guiné” (pp. 32-42).



Sofia Branco, jornalista do Publico.pt, recebeu em 24 de Outubro último, o Prémio Natali da Federação Internacional de Jornalistas e da Comissão Europeia, pela reportagem "Mutilação Genital Feminina - o holocausto silencioso das mulheres a quem continuam a extrair o clítoris", publicado no Público, de 4 de Agosto de 2002, e disponível no dossiê do Publico.pt sobre a MGF



Este prémio foi instituído em 1992 pela Comissão Europeia para "promover o jornalismo de qualidade", nomedamente na área dos direitos humanos e do desenvolvimento.



Segundo o Público de 24.10.2003, Sofia Branco considerou a atribuição do prémio "uma grande honra" e afirmou que o galardão "reflecte como o jornalismo pode contribuir para a promoção dos direitos humanos". Sobre o trabalho premiado, a jornalista explicou como tentou "compreender o acto odioso" da MGF para, através da sua compreensão, "mudar o mundo para melhor".



Sobre a MGF e a suspeita de que ela continua a praticar-se na comunidade guineense residente em Portugal, entre as famílias de origem étnica fula, mandinga e outras, islamizadas, da Guiné-Bissau, a repórter estimou que o fenómeno "é uma questão de integração dos imigrantes na Europa" e que o continente deve agir contra "aspectos culturais que são contra os direitos humanos mais elementares".



Sofia Branco dedicou o prémio "a todas e cada uma dos dois milhões de mulheres que são mutiladas todos os anos, em quase 30 países do meu mundo, do nosso mundo" (!).



Este trabalho já fora distinguido com (i) o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas 2002; e com (ii) o Grande Prémio Imigração e Minorias Étnicas: Jornalismo Pela tTolerância do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME); além de ter obtido (iii) uma menção honrosa no Prémio AMI - Jornalismo Contra a Indiferença.



Por tudo isto a Sofia é uma portuga credora das nossas palmas.



Portugas que merecem as nossas palmas - III: A jornalista Sofia Branco e a sua luta contra a Mutilação Genital Feminina

A não perder: Sofia Branco assina hoje, na Pública (Jornal Público, 16.11.2003) mais uma notável reportagem sobre a Mutilação Genital Feminina (abreviadamente, MGF) e a procura, na Guiné-Bissau, de alternativas antropossociológicas aos aspectos mais desumanos (leia-se: violadores dos direitos humanos) da festa do fanado. Em particular, é dado destaque à inteligente luta de organizações não-governamentais como a Réné-Renté ou a Sinin Mira Nassiquê pelo “fanado alternativo”, conquistando o apoio das temíveis fanatecas. Título da reportagem: “Fanados em excisão: ritual corta a dor das meninas da Guiné” (pp. 32-42).

Sofia Branco, jornalista do Publico.pt, recebeu em 24 de Outubro último, o Prémio Natali da Federação Internacional de Jornalistas e da Comissão Europeia, pela reportagem "Mutilação Genital Feminina - o holocausto silencioso das mulheres a quem continuam a extrair o clítoris", publicado no Público, de 4 de Agosto de 2002, e disponível no dossiê do Publico.pt sobre a MGF

Este prémio foi instituído em 1992 pela Comissão Europeia para "promover o jornalismo de qualidade", nomedamente na área dos direitos humanos e do desenvolvimento.

Segundo o Público de 24.10.2003, Sofia Branco considerou a atribuição do prémio "uma grande honra" e afirmou que o galardão "reflecte como o jornalismo pode contribuir para a promoção dos direitos humanos". Sobre o trabalho premiado, a jornalista explicou como tentou "compreender o acto odioso" da MGF para, através da sua compreensão, "mudar o mundo para melhor".

Sobre a MGF e a suspeita de que ela continua a praticar-se na comunidade guineense residente em Portugal, entre as famílias de origem étnica fula, mandinga e outras, islamizadas, da Guiné-Bissau, a repórter estimou que o fenómeno "é uma questão de integração dos imigrantes na Europa" e que o continente deve agir contra "aspectos culturais que são contra os direitos humanos mais elementares".

Sofia Branco dedicou o prémio "a todas e cada uma dos dois milhões de mulheres que são mutiladas todos os anos, em quase 30 países do meu mundo, do nosso mundo" (!).

Este trabalho já fora distinguido com (i) o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas 2002; e com (ii) o Grande Prémio Imigração e Minorias Étnicas: Jornalismo Pela tTolerância do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME); além de ter obtido (iii) uma menção honrosa no Prémio AMI - Jornalismo Contra a Indiferença.

Por tudo isto a Sofia é uma portuga credora das nossas palmas.