31 dezembro 2005

Guiné 63/74 - CDVIII: A doce nostalgia de Bafatá (BCAÇ 2856, 1968/70)

Caro Luís Graça,

Tomei conhecimento do seu site sobre a Guiné, o que me deu uma certa nostalgia do tempo que por lá passei.

Sou o ex-Furriel Miliciano Tavares, Radiomontador, do Batalhão de Caçadores 2856 que esteve em Bafatá, de 1968 a 1970.

Junto em anexo algumas fotos dessa altura e que, caso tenham interesse para juntar ao site, está por mim autorizado a fazê-lo. Tenho mais exemplares caso esteja interessado, mas são fotos de grupo, em lazer.

A referência das fotos vai embebida nas propriedades das mesmas.

Com os melhores cumprimentos e os votos de Boas Festas,

Jorge Tavares


1. Comentário de L.G.:

Tenho um especial afecto pela doce Bafatá que eu conheci ao longo da minha comissão, na CCAÇ 12 (1969/71). Bafatá era a única escapadela que nós tínhamos, nos escassos intervalos da nossa intensa actividade operacional no Sector L1 (Bambadinca). Muitas vezes à civil e sem armas, lá arrancávamos nós, de Bambadinca, de manhã cedo, a caminho do "bife com batatas fritas" da Transmontana e das nossas amigas de Bafatá (Quem não se lembra da alegre e doce Helena, amante de inúmeros batalhões que passaram pela zona leste, que eu um dia destes vou pôr na galeria dos meus heróis da guerra colonial ?!... ).

Pois fico muito sensibilizado com a vinda de mais um tertuliano, ainda por cima da zona leste, da minha zona, do chão fula, da terra dos meus nharros... É muito provável que eu e o Jorge nos tenhamos cruzado em Bafatá. De qualquer modo, estou-te muito obrigado pelas fotos que nos enviaste e que vão, seguramente, enriquececer a memória desse lugar que ainda temos no coração e que era a Bafatá, de pitorescas casas colonais, de ruas direitas e limpinhas, de gente afável e tranquila, que nós ainda tivémos o privilégio de conhecer...

Jorge: está intimado a voltar a comparecer aqui, depois do Ano Novo!... E, como já, percebeste, nesta tertúlia todos os camaradas e amigos se tratam por tu... É um das poucas regras que temos e que respeitamos.


Guiné > Bafatá > 1968> A rua principal (alcatroada, como todas as demais) da doce e tranquila Bafatá, com as suas casas de arquitectura tipicamente colonial. Ao fundo era o mercado e cortava-se à direita, para a piscina. Na primeira à direita, ficava o Restaurante A Transmontana. Do lado esquerdo, no início da foto, ficava a casa do Administrador e os CTT. A meio, a rua era cortada pela estrada que ligava a Geba (Reconstituição do Humberto Reis).


A bordo do navio (Niassa ou Uíge), a caminho da Guiné > 1968 > Furriéis milicianos da CCS do BCAC 2856 (Bafatá, 1968/70). O Jorge Tavares é o segundo, a contar da direita. E o Manuel Cruz é o primeiro, do lado esquerdo.


Guiné > Bissau > Outubro de 1968 > Pessoal do BCAÇ 2856, à chegada ... O Jorge Tavares é o que está com a mão à cintura, expondo o relógio e o anel de casado, a seguir ao porta-estandarte... (Reconstituição do Humberto Reis).


Guiné >Bissau > 1968 > Desfile, à chegada, do BCAÇ 2856, colocado em Bafatá, Zona Leste

Guiné > Bafatá > Messe de sargentos >A Jantar de Natal de 1968 > Pessoal da CCS do BCaç 2856 em confraternização. "Da esqerda para a direita: fur mil Sousa e Silva, fur mil Abrantes, fur mil Cabrita, fur mil Abrantes, fur mil Cruz (Shemeiks), fur mil Ramalho, cabo corneteiro (?), fur mil Pinto, fur mil pelotão de morteiros (?), fur mil pelotão de morteiros Subtil, fur mil Pereira, fur mil Saúde, fur mil Cruz, fur mil Guilherme (Rodinhas), eu (fur mil Tavares) e fur mil Carneiro. Os nomes que faltam, pedi ajuda ao Cruz mas a memória já não nos ajuda" (Jorge Tavares).

Guiné > Bafatá > O furriel miliciano de transmissões Tavares, da CCS do BCAÇ 2856 (1968/70), à civil, no Jardim de Bafatá... Com o Rio Geba ao fundo.

2. Comentário de Humberto Reis:

Jorge Tavares

Sê BEM VINDO a esta Tertúlia. Tu se calhar tu não te lembras de mim mas eu recordo-me de ti. Moravas ali para a zona do Rego (em Lisboa, para os que não conhecem) e foste meu contemporâneo na Escola Industrial Afonso Domingues , no fim da década de 50 princípio da de 60. Apanhavas o comboio no Rego até Marvila para ires para a escola e eu já vinha no comboio desde Campolide.

É daí, de Campolide, do tempo da Escola Primária nº 13, na Rua das Amoreiras, que conheço o Manuel Evaristo Trindade Cruz, que casou com uma das libanesas, filha da D. Rosa, e era o furriel miliciano sapador da CCS do teu Batalhão.

Como vês isto é uma Aldeia Grande e ao fim de 45 anos voltamos a contactar. Nas fotos não consta nenhuma legenda identificativa dos elementos que lá aparecem, mas tu és o 2º a contar da direita.

Um Grande Abraço de Boas Vindas
Humberto Reis

3. Respoosta do Jorge Tavares:


Caro Humberto,

Fiquei surpreendido pela tua memória. De facto sou quem tu dizes, ou seja morava no Rêgo e andei na Afonso Domingues de 57 a 60. Peço desculpa por a minha memória não ser tão boa como a tua, mas não me recordo de ti dessa época. Eu era muito novo e acompanhava o meu irmão e os seus colegas. Ele era mais velho e andava um ano à minha frente. Penso que és capaz de te recordares dele porque era conhecido pelo “capicua”. Infelizmente faleceu em Agosto de morte súbita.

Volto a enviar a foto do jantar de Natal de 1968 na messe de sargentos com a respectiva leghenda (...)., a qual passo a legendar: nomes que faltam, pedi ajuda ao Cruz mas a memória já não nos ajuda. Nas outras fotos, caso estejas interessado, também é possível identificar alguns camaradas.

Créditos fotográficos: Jorge Tavares (2005)

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