1. Mensagem de Fernando M. Fraquito:
Assunto - Da parte de um falecido combatente
Caro Sr. Luis Graça:
É com as lágrimas nos olhos que estou a escrever estas linhas na esperança de encontrar nem sei bem o quê.
O meu nome é Fernando Martinho, tenho 33 anos e o meu pai, já falecido, foi combatente na Guiné nos anos de 1968/1970. Faleceu em 1996, com 48 anos, vítima de cancro, vulgo doença prolongada.
Foi com enorme prazer e admiração que encontrei este espaço sobre a Guerra Colonial e desde já lhe dou os meus sinceros parabéns pela iniciativa e pelo tempo que parece disponibilizar para manter este espaço actualizado e vivo.
A passagem do meu falecido pai pela Guiné é um facto que me enche de orgulho, admiração e curiosidade, a maneira como ele falava da Guiné fez crescer em mim uma admiração pela terra e pelas gentes.
Infelizmente não tenho muitos dados concretos sobre a unidade do meu pai, tenho muitas fotografias, penso que em Bassorá e Bissau, não sei ao certo.
O meu pai chamava-se Horácio Martinho Ramos e era conhecido pelo Papel, anexim colocado na Guiné.
Tenho tambem uma pequena bandeira, que penso ser da companhia do meu pai, onde ainda se notam as seguintes inscrições:
Ao centro: "Somos como somos"; aos cantos inferiores: 2483 - 2484.
Será que estas inscrições podem levar á identificação da unidade do meu pai? Gostaria que me fornecesse informações sobre essa unidade e os lugares onde esteve.
Poderei, se estiver interessado, fornecer fotografias do espólio de meu pai.
Fico a aguardar contacto.
Com os meus melhores cumprimentos
Fernando M. Fraquito
Casa Fraquito Lda
2. Resposta de L.G.:
Fernando:
Vamos tentar ajudá-lo a descobrir onde esteve o seu querido pai, na época de 1968/70, com a ajuda de mais de uma meia centena de camaradas que estiveram por todos os sítios da Guiné…
O seu pai deve ter estado em Bissorã, e não em Bassorá (que fica no Iraque)… Ele devia pertencer a um batalhão de que faziam parte as companhias de cavalaria 2483 e 2484…
A Companhia de Cavalaria 2484 estava em Jabadá, em 1969, e publicava um jornal chamado Dragões de Jabadá, cujo director era o capitão de cavalaria José Guilherme P. F. Durão.
Mas Jabadá ficava na região de Quínara (Tite) já no sul... E Bissorã fica na região do Oio, no centro norte...
… Vamos continuar a pesquisar, vou pedir aos meus camaradas uma ajudinha… E você, Fernando, veja lá se consegue saber qual era a companhia ou o batalhão do seu pai… Os números que me mandou (2483, 2484) são apenas uma pista, mas podem ser enganadores…
Força! Os meus respeitos pelos seu pai, que era do meu tempo (estive ma Guiné, em Bmbadinca, entre 1969 e 1971).
3. Nova mensagem do Fernando:
Caro Sr. Graça:
Muito obrigado pela rápida resposta e peço desculpa pelo engano no nome Bassorá, o que eu queria mesmo dizer era Bissorã e também Bafatá.
O meu pai falava também muito em Tite.
Não disponho de mais dados concretos, apenas o que já disse, o lema da companhia: "SOMOS COMO SOMOS" e os números 2483 e 2484. O meu pai tinha isto tatuado no braço direito.
Sei também que ele desempenhou o serviço de mecânico de automóveis e viaturas militares, afinal era esta a sua profissão de sempre.
Em meados da comissão teve um acidente, caiu de um Unimog e a roda do Unimog passou-lhe por cima do torax, teve algum tempo hospitalizado em Bissau.
Ao visitar o seu espaço, é com muita saudade que recordo as palavras do meu pai sobre a Guiné e como ele acalentava o desejo de lá voltar um dia. Infelizmente não conseguiu concretizar aquele desejo.
Gostava muito de encontrar alguns dos ex-camaradas do meu pai na Guiné. Assim que possa vou enviar algumas fotografias.
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