Guiné > Empada > CCAÇ 2381 (1968/70) > Pela lei, pela grei
© José Teixeira (2005)
Texto do José Teixeira (ex-1º Cabo Enfermeiro da CCAÇ 2381).
A CCAÇ 2381 chegou à Guiné a 6 de Maio de 1968, proveniente de Abrantes.
Seguiu directamente para Ingoré (1), no norte, onde se instalou até meados de Julho, tendo efectuado aí o treino operacional.
Foi deslocada para Aldeia Formosa [ou Quebo] no sul da Guiné (2), onde teve como missão, fazer escoltas de segurança às colunas-auto com mantimentos entre Aldeia Formosa, Buba e Aldeia Formosa, Gandembel, ao mesmo tempo que garantia a auto defesa de Aldeia formosa, Mampatá e Chamarra (3).
Em Janeiro de 1969 seguiu para Buba (4). A sua missão desdobrou-se na protecção ao pelotão de engenharia que procedia aos trabalhos de abertura da nova estrada entre Buba e Aldeia Formosa e os trabalhos de combate à penetração do inimigo na área de defesa local.
Completou a sua missão na Guiné a partir de Maio de 1969 até ao regresso em Maio de 1970 no Sub-sector de Empada (4), por cujo comando foi responsabilizada, tendo mantido dois grupos de combate em Buba até Dezembro do mesmo ano.
Os principais objectivos globais da actividade desenvolvida em teatro de guerra foram:
- Evitar o alastramento da subversão e atrair as populações à defesa comum dos objectivos por que se lutava em nome da Pátria;
- Garantir a protecção necessária às populações; verificar e ajudar na sua auto defesa;
- Escorraçar o inimigo, criando-lhe um clima de insegurança e enfraquecê-lo nas suas capacidades, quer morais, quer operacionais e anímicas;
- Garantir o reabastecimento com segurança e eficiência a Aldeia Formosa, Gamdembel, Mampatá e Chamarra, através de colunas auto e/ou protecção às mesmas;
- Garantir a segurança aos homens e máquinas que dinamizavam o projecto de abertura da nova estrada de Buba para Aldeia Formosa, não permitindo nesta sua acção, que o IN contrariasse o espírito de incrementar melhoramentos no modo de vida das populações, que o governo da colónia (sic) estava a desenvolver.
A CCAÇ 2381 aplicou-se com garra e dinamismo para atingir as missões que lhe foram atribuídas, com o cuidado necessário para regressar completa, como era o seu sonho e compromisso de partida.
Recebeu várias referências honrosas dos comandos a cujas ordens serviu, das quais se salienta o seguinte louvor:
"Louvo a CCAÇ 2381 pela sua actuação no sub-sector de Empada, o qual mantém devidamente controlado pela persistente tenacidade do seu Comandante. E não é de estranhar o valioso contributo que deu à luta por uma GUINÉ MELHOR, no período em que esteve dependente do BCAÇ 2892, uma vez que antes disso, sempre demonstrou nas inúmeras acções em que esteve empenhada, desde o início da sua Comissão na Província, em 6 de Maio de 1968, possuir em alto grau espírito de missão. Tendo actuado no Norte da Guiné e depois na Zona Sul, na maioria dos sub-sectores do “S- 2” e em Gandembel, evidenciou através dos seus valiosos combatente, sacrifício, coragem e muita abnegação em todas as missões em que foi incumbida. Por tudo isto e na hora da sua partida para a Metróple, bem merecem Oficiais, Sargentos e Praças da CCAÇ 2381, serem lembrados como exemplo, aos camaradas que depois deles continuam a luta pela causa comum" (O.S nº 37, de 11 de Fevereiro de 1970, do BCAÇ 2892).
Infelizmente não foi possível cumprir o objectivo principal que se propunham atingir – o de voltarem todos à mãe Pátria. Lamenta-se a morte de dois combatentes em missão e um por acidente, para além de 35 feridos, alguns dos quais tiveram de ser evacuados para Lisboa.
Do seu historial de combate, regista-se:
- 405 emboscadas montadas;
- 93 escoltas a colunas auto com mantimentos ou de construção da estrada de Buba;
- Participação em 479 Patrulhas e em 15 Operações de Guerra;
- Captura de cerca de meia tonelada de diverso material de guerra.
O IN também não deu tréguas:
- A CCAÇ 2381 sofreu 50 ataques a aquartelamentos e 16 emboscadas, dos quais resultaram os mortos e feridos acima mencionados .
“OS MAIORAIS” - totem com que se identificavam os seus homens - durante a Missão na Guiné, tinham como lema “Pela Lei e pela Grei”, o qual reflectia o espírito que os animava – Fazer cumprir a Lei, sem esquecer nunca que os autóctones com quem se cruzavam e que procuravam viver em paz com Portugal, eram pessoas, independentemente da raça ou cor e como tal teriam de ser respeitadas.
Regressou a Lisboa em Maio de 1970 consciente de ter cumprido a missão que lhe tinha sido atribuída.
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Notas de L.G.
(1)Ingoré fica a oeste de Barro, na região do Cacheu, junto à fronteira com o Senegal
(2) Aldeia Formosa (ou Quebo) fica a sul do Xitole, na actual região de Tombali, a sudoeste de Buba, perto da fronteira da Guiné-Conacri. (Vd. mapa geral da Guiné, 1961)
(3) Mampatá e Chamarra ficam nas proximnidades de Aldeia Formosa.
(4) Buba fica na região de Quínara.
(5) Empada fica a oeste de Buba, na margem esquerda do Rio Grande de Buba, frente a Bolama.
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