1. Texto do David J. Guimarães, dirigido ao Carlos Fortunato e restantes camaradas da tertúlia:
Nesta operação não foi libertado ninguém, falharam os objectivos. Aliás isso consta escrito aí, na Net, nas grandes Batalhas da Marinha Portuguesa. Isso foi em fins de 70 ou já em 1971, segundo tenho em memória e quem comandou foi sim o CMDT Alpoim Calvão... Mas essa data consta no documento a que aludi...
Pelo que leio até alguém mais ficou por lá - foi o grupo de assalto ao aeroporto de Conakri.
Também essa operação não era de conquista mas sim para provar a nossa força e confundir os Guineenses: o armamento usado não foi o nosso e inclusive houve grande confusão no momento (...).
2. Resposta do Carlos Fortunato (8 de Julho de 2005):
Guimarães: O documento que referes, pode ser encontrado em Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa. É muito interessante
Confirma-se nele a libertação dos prisioneiros e a intenção da tomada do poder na Giuiné Conacri.
A informação que possuo e a deste documento são, na generalidade, semelhantes.
Apesar do detalhe em alguns promenores, existem pontos por esclarecer sobre o que aconteceu no terreno, nomeadamente em relação ao pelotão que ficou lá.
A história que me foi contada na altura, tem algumas diferenças do texto, mas não posso garantir que a minha seja verdade porque não estive em Conacri. Na minha versão o grupo que desapareceu e depois foi morto, foi o grupo que devia tomar a rádio, que aliás é referido neste documento como não tendo atingido esse objectivo porque se perdeu, e não parte do grupo de assalto ao aeroporto.
Também a afirmação que os Migs não eram uma ameaça, por falta de preparação dos pilotos, não é bem assim, porque dois dias depois da invasão um MIG sobrevoou Bissau e picou sobre o Palácio do Governador, e foi-se embora.
A segunda questão é como é que um tenente deserta e leva consigo 20 homens... As versões eram várias na altura, uns diziam que se tinha perdido, outros que tinha desertado... Depois de capturado ele disse na rádio que pertencia ao exército português e que tinha desertado, mas o que poderia ele dizer, se o Governo Português os tinha abandonado... A sorte dele e dos restantes soldados foi serem enforcados... A outra versão que diz que foi apenas o oficial a desertar e o resto do pelotão não, também não é, pois, correcta...
Eu tive que assinar um documento, sobre a minha saída do exercito português, e se fosse apanhado com o fardamento do exército cubano e de Kalachnikov, provavelemente diria o mesmo, porque era um mercenário...
Existem demasiadas coincidências, nesta operação, como os dirigentes do PAIGC não estarem lá, o Presidente Sekou Touré não estar lá, os Migs não estarem lá ... Será que os serviços de segurança russos ou cubanos sabiam e deixaram-nos ir, porque isso lhe interessava ?
Penso que a totalidade da história ainda está por contar.
Carlos Fortunato (Ex-furriel miliciano da CCAÇ 13 - Os Leões Negros)
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