12 julho 2005

Guiné 69/71 - CVI: Bibliografia de uma guerra (2)

Notas enviadas por Jorge Santos:


TÍTULO: Memórias de um Prisioneiro de Guerra
AUTOR: António Júlio Rosa
EDITORA: Campo das Letras, Porto.
ANO: 2003


RESUMO: O autor pertenceu à Companhia Independente de Artilharia 1743, aquartelada em Tite, desde Dezembro de 1967 (agregada ao Batalhão de Artilharia 1914). Foi prisioneiro do PAIGC, desde Fevereiro de 1968 até Dezembro de 1970.

O autor refere-se à atitude de um regime que um dia o obrigou a lutar numa guerra que lhe tirou a liberdade. No livro conta a história de três anos de cativeiro vividos na Guiné-Conacri, transmitindo as experiências, o sofrimento e os factos vividos.

São relatos contados na primeira pessoa de momentos que, pela sua intensidade, ficaram para sempre guardados na sua memória. É a história de um jovem que, como tantos outros, um dia se viu numa terra distante e desconhecida com um simples objectivo: lutar.


TÍTULO: Os Dias da Guerra
ORGANIZADORES: José Manuel Lages e José Silva Ferreira
EDITORA: Externato Infante D. Henrique
ANO: 1995


RESUMO: Relatos de elementos da Companhia de Caçadores 2645 que desenvolveu a sua actividade na Guiné entre Fevereiro de 1969 e Dezembro de 1970.

Ultrapassando o frio e simples relato das operações militares, colige factos que marcaram mais ou menos profundamente os elementos que os sentiram, tanto mais que, em conjunto, passaram momentos de sacrifício, de angústia, de desânimo que, declaradamente, terão levado muitas vezes os seus autores ao próprio desprezo pela vida.

Registo de vivências, medos, mas também de momentos de cooperação com as populações locais, na melhoria do seu nível de vida. Inclui, ainda, exemplos de literatura de guerra retirados de correspondência entre os militares e as famílias ou as namoradas e termina com um texto sobre o Anexo Militar de Lisboa.


TÍTULO: Até Hoje (Memória de Cão)
AUTOR: Álamo de Oliveira
EDITORA: Ulmeiro
ANO: 1986

RESUMO: Excertos do livro: "Hoje, comi salsichas com arroz. Recebi um aerograma dos velhotes. Gritei que estava farto desta porcaria e o capitão mandou-me pró caralho. A tropa é mesmo uma merda! (…)

"Nome no placard, com as maiúsculas possíveis na lista pequena de mobilizados: SOLD. 127 – MACHADO, JOÃO DE S; o número primeiro, que na tropa é assim e depois Machado – machado de não cortar -, João. Iria para a Guiné em rendição individual. Estava ali, preto no branco, a ordem do poder absoluto.

"Apenas sentiu o sangue esquentar-lhe a cabeça, as pernas a quebrar pelos joelhos. Aguentou-se.

"Os mais entendidos diziam que a rendição individual era bom. Não se é operacional tanto tempo. Substitui-se o ferido, o desaparecido, o morto – um destino mórbido. É entrar vivo para o caixão que vagou. Mudar o número por outro".

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