25 setembro 2005

Guiné 63/74 - CCXI: Coisas sobre Canchungo (antiga Teixeira Pinto)

Texto de Afonso M.F. Sousa:

1. Coisas sobre Teixeira Pinto...atrás do objectivo de descobrir algo que nos possa levar à data em que foi atribuido aquele nome à antiga vila do Canchungo, nome que foi reposto com a independência da Guiné-Bissau.

Para já parece estar difícil. Talvez seja melhor interrogar directamente o municipio !...

2. Leio no sítio do Departamento de Estado Norte-Americano > Departamento de Assuntos Africanos > Guiné-Bissau (Agotso de 2005, em inglês):

Antes da 1ª Guerra Mundial, as forças portuguesas sob o comando do major Teixeira Pinto, com algum auxílio da população muçulmana, dominou tribos animistas e estabeleceram eventualmente as fronteiras do território. O interior do Guiné Portuguesa ficou sob controlo após mais de 30 anos de luta; a subjugação final das ilhas de Bijagós não ocorreu senão até 1936. A capital administrativa foi transferida de Bolama para Bissau em 1941, e em 1952, pela emenda constitucional, a colónia da Guiné Portuguesa transformou-se numa província ultramarina de Portugal.

3. De acordo com a Enciclopédia Britância, fico a sabe que Canchungo é actualmente o maior centro guineense de produção de óleo de palma e grande produtor de arroz e de óleo de coconote. Canchungo : "formerly Teixeira Pinto, town, Cacheu region, northwestern Guinea-Bissau, West Africa. The town lies between the Rio Cacheu and the Rio Mansôa in an area of coastal lowlands and is a major producer of oil-palm vegetable oil for export. It is also a market centre for rice and coconuts grown nearby. The town is connected by road to Bissau, the national capital. Pop. (1979) mun., 36,766.)".

4. Leio, no sítio Bolanha - Associação Guineense de Quadros e Estudantes,a notícia de que a Fábrica Sicaju é "um exemplo sucesso de investimento português no país", indo abrir em breve, nos primeiros meses do próximo ano, "uma nova unidade na região de Canchungo, interior norte da Guiné-Bissau". Passo a transcrever, a seguir, a notícia na íntegra (que é da Lusa, 15 de Julho de 2005).

________

Bissau, 15 Jul (Lusa) - A Sicaju, fábrica de transformação da castanha de caju do grupo português MCI Caju, é uma das poucas unidades fabris da Guiné-Bissau, emprega 200 jovens guineenses e é considerada um exemplo de sucesso de investimento português no país.

Hoje de manhã, e já em plena actividade laboral, a Sicaju recebeu a visita do presidente guineense, Henrique Rosa, que após uma visita guiada às instalações da fábrica, construídas de raiz, disse à agência Lusa que estava "encantado" com aquilo que viu.

"Se nós conseguíssemos ter, pelo menos, mais uma dezena de iniciativas como esta poderíamos resolver muitos dos graves problemas sociais que afectam a Guiné-Bissau e, consequentemente, melhorar o preço do caju ao produtor", frisou Henrique Rosa.

O caju, exportado em bruto, essencialmente para a Índia, é, a par da pesca, um dos principais produtos que fazem entrar divisas no Tesouro Público guineense, chegando a gerar receitas na ordem dos 55 milhões de dólares (45,8 milhões de euros).

Laborando a partir de Julho de 2004, a Sicaju tem capacidade para transformar cerca de 16 toneladas de castanha bruta em amêndoa de "primeira qualidade", tendo o mercado holandês como destino principal.

António Mota, gerente e representante da MCI Caju, que detém 60 por cento da fábrica, explicou à agência Lusa que ainda não tem pronta a "encomenda", mas assegurou já ter garantido "comprador" para toda a produção até Maio de 2006.

Levantando um pouco a ponta do véu, António Mota adiantou à Lusa que a sua empresa está "satisfeita" pelo retorno do investimento que fez, uma vez que, com "pouco dinheiro", 1,2 milhões de dólares (cerca de um milhão de euros), tem garantida "uma boa margem de lucro".

Daí o apelo aos empresários portugueses que queiram iniciar ou estejam com dúvidas sobre desenvolver um negocio na Guiné-Bissau.

"Invistam no sector do caju. Há muitas potencialidades nesse sector. O investimento até nem é grande e permite um retorno rápido do capital. Permite ainda uma actividade sustentável e durante todo o ano e enquadrada no próprio país", explicou o gerente da Sicaju.

António Mota adiantou ainda que o sector do caju é a "primeira actividade de negócio" na Guiné-Bissau, pelo que a sua empresa conta alargar horizontes.

Brevemente, o grupo conta receber novos equipamentos de Portugal, o que vai permitir, explicou, que a empresa aumente para 300 o número de funcionários, tendo também garantido a castanha bruta para a produção até Fevereiro de 2006.

Se tudo correr como previsto, a Sicaju vai abrir uma nova unidade na região de Canchungo, interior norte da Guiné-Bissau, nos primeiros meses do próximo ano, afirmou António Mota.

Explicou ainda que a amêndoa produzida pela Sicaju não chega ao mercado português por "manifesta falta de capacidade de resposta" às encomendas que recebe, mas também porque, seguindo as leis da globalização, o mercado holandês "oferece melhores condições de preço".

Ainda a justificar as "vantagens" de um negócio no sector de transformação do caju na Guiné-Bissau, António Mota destacou a "facilidade" na obtenção da matéria-prima e a "disponibilidade" da mão- de-obra local.

"Aqui, nesta unidade de Bissau, temos, neste momento, 200 trabalhadores, todos guineenses. Sou o único estrangeiro aqui. Isso diz tudo das potencialidades deste sector", frisou.

António Mota contou ainda que o salário mínimo praticado na fábrica ronda os 45 mil francos CFA (68,70 euros), sem contar com o almoço e o transporte que a empresa oferece gratuitamente aos trabalhadores.

Questionado pela Lusa, em plena actividade de corte da castanha bruta, o jovem Uié Gomes disse que o trabalho na Sicaju é a "melhor coisa" que já lhe aconteceu.

A razão é, afinal, bem simples: "Tenho um salário mensal e deixei para trás o tédio de ficar em casa sem fazer nada".

O mesmo sucede com a maioria dos 200 trabalhadores, quase todos jovens como Uié Gomes.


5. Filhos ilustres de Canchungo / Teixeira Pinto:

Já referi aqui, noutro post, o nome de Carlos Lopes, um prestigiado sociólogo guineense e quadro superior da ONU, nascido no Canchungo em 1960.

Mas também é do Canchungo o poeta António Baticã Ferreira (Nascido em 1939,
é licenciado em Medicina pela Universidade de Lausana, Suíça. Colaborou em diversas publicações como poeta).

Um dos mais conhecidos e prestigiados jornalistas da Guiné-Bissau, Carlos Batic Ferreira, também era do Canchungo, onde de resto morreu, em 2002, aos 45 anos. jornalismo da Guiné-Bissau.

Aristides Gomes, 1º vice-presidente do PAIGC, também é do Canchungo. Professor primário, ingressou nas fileiras do PAIGC em 18 de Dezembro de 1973, em Cobiana, na Região de Cacheu.

Os nossos amigos e cmaradas de tertúlia ficam ainda a saber que a Câmara Municipal do Porto tem um protocolod e cooperação com o Canchungo, podendo originar uma futura geminação.

É tudo, por agora. Falamos das terras guineenses do passado mas também será giro constatar o que são no presente.

Sem comentários: