30 setembro 2005

Guiné 63/74 - CCXXVII: Guerra limpa, guerra suja (2)

Resposta do Marques Lopes ao João Tunes:

Estás enganado, camarada ex-combatente João Tunes.

É verdade que a PIDE tinha esse principal papel, e eu assisti, em Bafatá, ao início da tortura de um prisioneiro por essa polícia e por um capitão de informações. Revoltei-me e fui-me embora, quando vi meter o homem num bidão de água até ele gorgolejar.

Em Geba, os alferes que estávamos tivemos que nos afastar um dia (o Maçarico viu e que conte, o Luís Graça conhece-o) quando o capitão (que até morreu lá) e o primeiro-sargento deram tal enxerto de porrada a outro prisioneiro que este se borrou todo e se mijou.

Em Barro, sei de um alferes que, duma só vez, matou dez elementos da população civil controlada pelo PAIGC.

Esta é diferente, mas também sucedeu: em Samba Culo, um soldado do meu grupo de combate quiz saltar para cima de uma moça que tinha levado uma rajada na barriga (acabou por morrer, coitado, apesar de tudo, no cativeiro em Conakri). Não o fex porque lhe dei uns murros e uns pontapés.

É verdade que na Guiné não terá sido tanto como nos outros locais, mas terá havido alguns casos, certamente.

Mantenhas.
Cantacunda

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