Post nº 290 (CCXC)
João Varanda, da CCAÇ 2636 (1969/71). Posto de vigia em Có.
© João Varanda (2005)
1. Mensagem do João Varanda
Estimado amigo Dr. Luís Graça
Apresenta-se ao serviço, batendo-lhe continência com a respectiva batidela forte e bastante ruidosa de tacão de bota da tropa, solicitando-lhe uma entrada na caserna de todos os que fizeram a guerra da Guiné – Bissau, de 1963 a 1974, independentemente da bandeira e da arma que empunhavam.
Curvo-me perante todos os tertulianos, num gesto sentido de agradecimento pelas mais belas páginas cheias de verdadeira história de todos quantos viveram e combateram na Guiné – Bissau. Ciente de que cada página reflete a existência do sacrifício sem expressão brutal e ajuda-nos a refletir, à distância de 30 anos, a maior tragédia do nosso tempo.
A caserna dos combatentes lembra os episódios, com extraordinários relatos cheios de serenidade de quem haver cumprido uma simples missão do delírio da guerra, com um sentimento que hoje nos emociona.
O Luís Graça & Camaradas > Blogue – Fora – Nada é sem dúvida alguma o melhor, o mais real e mais autêntico de tudo o que se escreveu e contou duma guerra em que nós combatentes não abdicámos do direito à vitória de um combate em que foi preciso pôr em causa a própria vida, e registe-se a elegância e a atitude com que os tertúlianos o fazem é digna de louvor.
Na guerra colonial, na Guiné – Bissau, cruzámo-nos e, mesmo sem nos cruzarmos, percorremos os trilhos da mesma aventura, navegámos os mesmos rios, pisámos a mesma terra, vivemos os mesmos perigos, suportámos os mesmos sacrifícios, socorremos os nossos feridos, chorámos os nossos mortos, colhemos experiências comuns, e chegámos até a frequentar os mesmos quartéis.
João, hoje. Ele trabalha na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Confidenciou-me que gostaria de voltar à Guiné, hoje Guiné-Bissau, mas já não sente forças para ir sozinho...
© João Varanda (2005)
Mas para além de tudo a Guiné – Bissau deixou marcas, de rigor e respeitabilidade, conforme todos os ex-combatentes reconhecem, facto este porque recomendo e aconselho a leitura da vossa obra, não apenas aos ex-combatentes, como a todas as pessoas particularmente sensíveis ao tema, mas todas em geral, porque para além das emoções que revelam em cada página, há também a beleza da linguagem que nos prende e nos seduz.
Com um grande e fraterno abraço, peço a Vª. Excª. licença para entrar na caserna da tertúlia dos ex-combatentes da Guiné (1963/74).
João Varanda
2. Comentário de L.G.
Licença concedida. Entra, e que sejas bem-vindo. O tratamento de Sua Excia era só para o Com-Chefe. Na caserna dos tertulianos, todos se tratam por tu, à boa maneira republlicana e romana...
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