Estátua do Teixeira Pinto, em Bissau e não na antiga Teixeira Pinto (hoje Canchungo), como por lapso apareceu indicado no blogue. Postal da época.
Digitalizição do João Varanda (CCAÇ 2636, 1969/71).
1. Texto de Mário Dias:
Caro Luis,
Antes de mais, os meus cumprimentos e admiração pelo blogueforanada de que sou habitual frequentador e poderei mesmo dizer colaborador por intermédio do Briote que tem enviado alguns dos esclarecimentos que lhe tenho prestado.
Eu sou o Mário Dias, fui para a Guiné com 15 anos (em 1952). De lá saí em 1966. Conheço, como seria de esperar - dada a minha longa permanência naquelas terras - a quase totalidade da Guiné. Lá cumpri o serviço militar obrigatório (recruta e CSM- Curso de Sargentos Milicianos) e, estando já na disponibilidade, regressei à efectividade de serviço (em 1963) como furriel miliciano apenas com a intenção de colaborar e ajudar na guerra que tinha já começado.
Fiz parte de um grupo de oficiais e sargentos que se deslocaram a Angola para tirar o curso de comandos e, uma vez regressados, formámos um grupo que actuou na célebre Operação Tridente, na ilha do Como (Janeiro a Março de 1964). Posteriormente, demos instrução e fizemos parte dos 3 primeiros grupos de comandos da Guiné.
Mas estou a desviar-me do motivo principal desta mensagem.
Deparo, por vezes, com algumas naturais incorrecções nas descrição de assuntos relativos à Guiné como palavras do criôlo mal traduzidas e engano na identificação de alguns lugares como é o caso presente.
Ao visitar o blogue hoje, deparei com a fotografia de uma estátua de Teixeira Pinto como sendo na localidade com o mesmo nome, actual Canchungo. Ora, na verdade o postal reproduzido é em Bissau. A referida estátua ficava ao cimo da Avenida que, saindo da Praça do Império, (cujo obelisco dedicado "Ao Esforço da Raça" se pode ver ao fundo na linha do horizonte), ia até ao Alto do Crim e depois seguia como estrada para o aeroporto etc. Essa estátua estava bem próxima do depósito de água aí existente e, dada sua "pose", de mão direita estendida, nós dizíamos por brincadeira que estava a "falar mantenha" (cumprimentar) a quem passava.
Desculpe esta intromissão. Se a fiz é apenas com o desejo que quanto aqui for dito corresponda à realidade.
Um abraço do Mário Dias .
2. Resposta do L.G.:
Mário: Muito obrigado pelos teus comentários, pertinentíssimos. Posso tratar-te por tu, já que fomos camaradas ? ! Aliás, esta é uma das regras de ouro da nossa tertúlia. Fico encantado com esta nova aquisição para a nossa tertúlia… É claro que, para além da tua vivência pessoal e do teu profundo conhecimento da Guiné e dos guinéus (eles não levam a mal, se eu usar este termo arcaico ?), tens também a tua quota-parte de operacional, de combatente…
Portanto, meu amigo, não precisas de pedir licença a ninguém para entrares: tu é que estás em casa… Em boa verdade, a maior parte de nós, mal conhece a Guiné… Quem esteve no Cacheu, passou por Bissau, atravessou o Rio Mansoa em João Landim e ficou metido num buraco o tempo todo… Quem foi para Bambadinca, não foi ao Gabu, fez a LDG Bissau-Xime e, com sorte, apanhou o barco, de regresso, ao fim de 21 meses... Por outro lado, quem esteve no sul, não conheceu o leste…
Por isso, desculpa lá as nossas ingenuidades e ignorância em muitas matérias (geografia, história, cultura, etnologia, linguística…). Estás à vontade para nos ensinar e até puxar as orelhas, tens a autoridade suficiente para isso.
Agradeço-te vivamente todas as correcções que queiras e possas fazer. Tu vais passar a ser o nosso professor da disciplina Guiné! Já agoira, onde vives ? Aqui perto de nós ? Posso inscrever-te na nossa tertúlia ? Mandas-me duas fotos, uma do antigamente e outra actual, para a nossa fotogaleria ? (Claro que isto é voluntário)…
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