Post nº 299 (CCXCIX)
"Sei que, infelizmente, também mataram [depois da independência] alguns dos meus jagudis e até o meu guia Braima..." (A. Marques Loes, e-mail de 11 de Novembro de 2005).
O Alf Mil Lopes, da CCAÇ 3, em Barro, em 1968, com o seu guarda-costa, balanta. O seu grupo de combate era constituído pelos Jagudis...
"O meu guarda-costas chamava-se Bletche-Intete. Grande amigo. Um dia deu-me um grande empurrão durante um tiroteio... é que eu tinha-me virado de costas para o local de onde o IN estava a disparar (fiquei mal dos ouvidos desde que fui ferido em Geba)".
© A. Marques Lopes (2005)
Excerto de um aerograma, datado de Geba, 7 de Maio de 1967.
Remetente: Alf Mil António Marques Lopes, SPM 04228.
© A. Marques Lopes (2005)
Execerto de aerograma com data de Barro, 4 de Junho de 1968.
© A. Marques Lopes (2005)
Caros camaradas:
Só quero, desta maneira, manifestar a minha muito grande satisfação pelo advento a esta tertúlia de mais (ex-)camaradas combatentes na guerra da Guiné [os mais recentes, três comandos Virgínio Briote, A. Mesdes e Mário Dias].
Valorizo, sobretudo, a forma calma e serena como nos contam as suas experiências. Desta forma é que contribuem também para a calma e a serenidade de cada um de nós. Ajudam-nos a assumir a nossa história e as nossas vivências no sentido de que foi uma parte (marcante, claro) da nossa vida, que continua no nosso íntimo (não podia ser de outra maneira), mas que a estamos a ver com os olhos calmos da distância e ... da idade.
Não há fantasmas, foi simplesmente a vida que tivemos de ter, muito contra vontade, com certeza, mas que tivemos de enfrentar. Apesar das mortes e dos padecimentos creio que todos estamos a ver (e eu vejo isso por mim e pelos vários depoimentos) que não foi o IN que nos fez mal, a tal entidade que eu já vos disse que foi um tapa-olhos para não tentarmos ver, mas sim as contingências que nos obrigaram a lutar contra ele.
A não existência de rancores fundos para com aqueles que tivemos de enfrentar, apenas só o relato de situações que cada um viveu, a empatia solidária e sentimental por aquele povo da Guiné que deixamos transparecer no que dizemos, é sinal de que estamos bem connosco próprios, apesar daquilo que vimos e daquilo que passámos. É bom.
Os meus agradecimentos, por isso, a esta iniciativa do Luís e a todos aqueles que lhe têm dado corpo.
Um abraço amigo para todos do
A. Marques Lopes
(Ex-Alf Mil, da CART 1690, em Geba; e da CCAÇ 3, em Barro, Guiné, 1967/68; hoje, Coronel, DFA, na reforma).
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