19 março 2006

Guiné 63/74 - DCXLI: Ponta do Inglês, Janeiro de 1970 (CCAÇ 12 e CART 2520): capturados 15 elementos da população e um guerrilheiro armado

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > CCAÇ 12 > Sinchã Mamajai > Janeiro de 1970 > A secção do Humberto Reis (2º Gr Comb) na tabanca em autodefesa da Sinchã Mamajai. Em primeiro plano, o 1º cabo Alves (mais conhecido pela sua alcunha, Alfredo).


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > CCAÇ 12 > Janeiro de 1970 > Mais uma coluna logística ao Xitole. Estava-se no tempo seco...

Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

© Humberto Reis (2006).



Extractos de:

História da CCAÇ. 12: Guiné 1969/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores 12. 1971. Capítulo II. 24-26.


(7.3) Op Safira Única: recuperados 15 elementos da população sob controlo IN e capturado um guerrilheiro armado na Ponta do Inglês


Na última operação (1), o IN mostrara-se particularmente agressivo, reagindo a acção das NT durante mais de meia-hora. E o prisioneiro [Jomel Nanquitande] tentara despistá-las com manobras de diversão. A frustração era profunda, sobretudo entre os [soldados] africanos [da CCAÇ 12]. Mas foi imediatamente compensada pelo êxito espectacular da operação seguinte.

Sabia-se que na Ponta do Inglês o IN controlava um aglomerado [populacional]. Segundo as informaçõees do prisioneiro Jomel Nanquitande, a população não estava armada, sendo a segurança aos trabalhos agrícolas feita por um grupo que todos os dias se deslocava do Baio (onde há um acampamento com 50 homens armados), fazendo a cambança do Rio Buruntoni em canoa.

Em face destes elementos, foi decidido fazer uma batida cuidadosa à área da Ponta do Inglês, a fim de aniquilar os grupos IN eventualmente detectados, aprisionar a população que nela vivesse e destruir todos os meios de vida existentes.

0 conceito da operação era executar a progressão e batida com o Dest A (CCAÇ 12, a 3 Gr Comb) e o Dest B (forças da CART 2520) apoiando-se mutuamente, sobretudo a partir de Gundagué Beafada.


Desenrolar da acção:

Em 20 de Janeiro de 1970, pelas 23.30h, a Artilharia do Xime executa uma concentração de 4 tiros sobre a Ponta do Inglês [na margen direita do Rio Corubal, vd. mapa de Fulacunda].

Em 21, ao amanhecer, saem os 2 Destacamentos do Xime, apoiando-se mutuamente e progredindo com o auxílio de bússola através dum itinerário previamente estudado, de maneira a evitar os trilhos que o IN utiliza.

Por volta das 15. 30h, já nas proximidades do objectivo, foram notados indícios de presença humana: trilhos batidos, moringas nas palmeiras para recolha de vinho e um cesto de arroz.

Seguindo um dos trilhos, avistou-se um homem desarmado que seguia em direcção contrárias às NT. Capturado, informou que ia recolher vinho de palma, que a tabanca ficava próxima, que não havia elementos armados e que a maior parte da população estava àquela hora a trabalhar na bolanha.

Feita a aproximação com envolvimento, capturaram-se mais 2 homens, 5 mulheres e 6 crianças. Um dos homens capturados disse chamar-se Festa Na Lona, de etnia Balanta, estar alí a passar férias e pertencer a uma unidade combatente do Gabu. Foi-lhe apreendido uma pistola Tokarev (7,62, m/ 1933) e vários documentos.

Uma pistola de origem soviética, Tokarev, de 7,62, igual ou parecida à que que foi apreendida ao guerrilheiro Festa Na Lona, na Ponta do Inglês, no decurso da Op Safira Única ... Pelo que me recordo, esta pistola ficou à guarda do Alf Mil Abel Maria Rodrigues, comandante do 3º Grupo de Combate, que a tomou como ronco... Não sei se a conseguiu trazer para o Continente e legalizá-la... Ao que parece, esta arma teve a sua estreia na Guerra Civil de Espanha, em 1936, nas fileiras do exército republicano, estando distribuída a pilotos e tripulações de tanques, entre outros... (LG). Fonte: Kentaur, República Checa (2006)

Havia 2 tabancas, cada uma com 4-5 casas, afastadas umas das outras cerca de 200 metros. Cada casa era revestida de chapa de bidon e coberta de capim. Para o efeito foram aproveitados os bidons existentes no antigo aquartelamento da Ponta do Inglês que as NT retiraram em Novembro de 1968.

Foram destruídos todos os meios de vida encontrados e incendiadas casas, a excepção das que ficaram armadilhadas.

Os 2 Dest executaram toda a acção sem disparar um único tiro.

A retirada fez-se igualmente a corta-mato em direcção de Gundagué Beafada, tendo-se chegado ao Xime pelas 18.30h.

Durante a noite, a Artilharia fez fogo de concentração sobre os acampamentos IN do Baio/Buruntoni e Ponta Varela/Poindon.

Guiné > Zona Leste > Contuboel > Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 > O alferes miliciano de operações especiais Moreira, no meio do Humberto Reis (à sua direita) e do Tony Levezinho (à sua esquerda). O nosso Moreira era o homem de confiança do comandante da companhia, o Cap Brito.


Guiné > Zona Leste > Contuboel > 15 de Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 > O alferes miliciano Moreira, à esquerda, acompanhado pelo Tony Levezinho (furriel), o Humberto Reis (furriel), o Rodrigues (alferes, já falecido) e o Fernandes (furriel), preparando-se para sair até Sonaco (a nordeste de Contuboel).



Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

© Humberto Reis (2006).



A 27 do mesmo mês, um grupo IN não estimado flagelaria durante 2 horas o destacamento de Taibatá utilizando 2 canhões s/r, mort 60 e lança-rockets.

E ainda de destacar durante o mês a Op Rubi Tosco que foi o primeiro patrulhamento ofensivo que a CCAÇ 12 efectuou na área do Enxalé, depois desta ter passado a pertencer ao Sector L1, a partir de Outubro último, sendo até então da responsabilidade de Mansoa.

A 27, a CCAÇ 12, a 3 Grupos de Combate, saiu de Bambadinca pelas 7. 30h e cambou o Rio Geba em Samba Silate. Seguiu depois de S. Belchior para o aquartelamento do Enxalé onde foi reforçada com 1 seção de um pelotão da CART 2520.

Dirigindo-se na direcção NW as NT atravessaram a ponte do Rio Malafo e descerram até ao ponto de confluência com o Rio Geba. A foz do Rio Malafo está referenciada como um local de cambança das canoas IN que vêm das regiões de Xime e Quínara com reabastecimentos. Foram detectados, de resto, muitos vestígios do IN.

Após o reconhecimento da zona, os Gr Comb ficaram ali emboscados até de manhã mas sem resultados. Depois do Oficial de Operações Especiais da CCAÇ 12 [Alferes Miliciano Moreira] ter armadilhado o local, regressou-se ao Enxalé, seguindo-se ao longo da margem direita do Rio Geba.

Durante o mês a CCAÇ 12 realizaria quatro acções, tendo nomeadamente montado linhas descontínuas de emboscadas entre Bambadinca e Nhabijões, e uma coluna de reabastecimento para o Xitole.

Entretanto a secção [da CCAÇ 12] destacada em Sinchã Mamadjai foi transferida (em 24) para Sansancuta a fim de controlar os trabalhos de auto-defesa da tabanca, regressando definitivamente a Bambadinca a 12 do mês seguinte (1).

__________

Notas de L.G.:

(1) Vd posts anteriores, relativos à actividade operacional da CAÇ 12 durante o mês de Janeiro de 1970:


7 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXII: Assalto ao destacamento IN de Seco Braima, na margem direita do Rio Corubal (Janeiro de 1970, CCAÇ 12, CAÇ 2404, CART 2413)

13 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXIII: Op Borboleta Destemida: uma emboscada de meia-hora (Poindon/Ponta Varela, CCAÇ 12, Janeiro de 1970)

(2) Sinchã Mamajã (e não Mamadjai, segundo a carta de Bambadinca) e Sansancuta ficavam a leste da estrada Bambadinca-Mansambo, na parte norte do Regulado do Corubal.

Sem comentários: