Guiné > Região do Oio > Mansaba > CART 2732 (Mansabá, 1970/72)> 1970 > : 3º Pelotão, secção do Fur Mil Vinhal (primeira fila, à direita, ladeado pelo seu amigo Ornelas). © Carlos Vinhal (2006)
Guiné > Região do Oio > Mansaba > CART 2732 (Mansabá, 1970/72)> 1970 > 3º Pelotão a que pertencia o Fur Mil Vinhal (na primeira fla, à esquerda).© Carlos Vinhal (2006)
Amigos e camaradas de tertúlia: Abram aulas para receber mais um camarada da Guiné. Aqui vai o testemunho do Carlos Vinhal, ex-furriel miliciano da CART 2732 (Mansabá, 1970/72):
Caro Luis Graça
Entrei recentemente no seu site e, como antigo combatente da Guiné, queria deixar o meu modesto contributo para aumentar o número daqueles que não têm complexos em assumir-se como antigos combatentes de uma guerra que, a não querendo, dela não fugiram.
A propósito, lembro-me que após o 25 de Abril foi um tal de aparecerem heróis que fizeram a "guerra colonial" em França, na Suécia e outros países similares que albergavam aqueles que tinham mais coragem para fugir do que para enfrentarem a dura realidade de uma guerra sem fim. Questões ideológicas? Talvez.
Passo a apresentar-me:
(i) chamo-me Carlos Esteves Vinhal, fui Furriel Miliciano Atirador com a especialidade de Minas e Armadilhas;
(ii) fui incorporado como instruendo do CSM em Abril de 1969 nas Caldas da Rainha (RI5);
(iii) a especialidade de Atirador tirei-a em Vendas Novas (EPA);
(iv) em Novembro fui para Tancos (EPE) onde tirei o 33.º Curso de Minas e Armadilhas;
(v) em Dezembro rumei para o Funchal onde ajudei a dar a Especialidade de Atirador a um grupo de militares madeirenses com os quais se formaram as duas primeiras Companhias do Grupo de Artilharia de Guarnição n.º 2 (GAG2) a irem para o Ultramar: a CART2731 foi para Angola e a minha, a CART2732, embarcou no Cais do Funchal para a Guiné no dia 13 de Abril de 1970, chegando a 17;
(vi) uns quantos dias em Brá e no dia 21 do mesmo mês seguimos para Mansabá, situada entre Mansoa e Farim, onde permanecemos até finais de Fevereiro de 1972.
Como se tratava de uma Companhia independente ficámos dependentes administrativa e operacionalmente ao BCAÇ 2885, sediado em Mansoa. Os Oficiais, Sargentos, Cabos e Soldados especialistas eram todos continentais. Os madeirenses, homens de comprovada bravura, eram aquilo que poderíamos chamar a carne para canhão. A verdade é que muitos deles foram feridos em combate mais de uma vez e nunca viraram a cara à luta. Verdadeiros heróis anónimos, embora alguns reconhecidos e louvados até pelo General e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné.
Perdemos três militares madeirenses, dois em combate quase no fim da comissão (o Vieira e o Barbosa) e um por acidente (o Silvestre). O soldado Malcata, oriundo do continente, morreu de doença. Perdemos também o Alferes Couto que, tendo como eu o Curso de Minas e Armadilhas, viu-lhe rebentar nas mãos uma mina antipessoal.
Futuramente escreverei mais umas coisas, porque memórias não faltam.
É com muita honra e a título de homenagem aos meus valorosos camaradas madeirenses da CART2732 e em particular ao meu 3º Pelotão que anexo duas fotografias. Na de cima a minha Secção e na de baixo o meu Pelotão.
Refira-se que nesta altura - e só tínhamos 6 meses de comissão - já a Companhia se encontrava desfalcada. Já havia morrido o Alferes Couto e estava hospitalizado o Alferes Bento comandante do meu Pelotão, vítimas do mesmo incidente. Por que estou presente nas fotografias, na Secção estou em baixo à direita, ladeado pelo meu grande amigo Ornelas e, no Pelotão, em baixo à esquerda.
Cordiais saudações para todos os camaradas combatentes da Guiné. Espero e agradeço futuros contactos.
Leça da Palmeira
Carlos Esteves Vinhal
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