03 maio 2006

Guiné 63/74 - DCCXXVII: Comboios no Rio Cumbijã (Humberto Reis)

Texto do Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71):


Amigo Lema Santos, boa noite:

Desde esta tarde [de 28 de Abril de 2006], em que estivemos em amena cavaqueira cerca de 1 hora, relembrando a nossa passagem por aquelas míticas terras da Guiné-Bissau, nos passados anos 60, fiquei com curiosidade de ir rever uma estória dos célebres comboios fluviais a subir o Rio Cumbijã até Bedanda.

Achei (1).

Em 25 de Fevereiro de 1968, ainda lá estavas, desenrolou-se uma operação denominada Ciclone II, levada a efeito pelas companhias de pára-quedistas 121 e 122, exactamente para tentar anular as acções ofensivas que os combóios fluviais sofriam mensalmente, quando passavam em frente à mata de Cafine e Cafal Balanta (entre a curva à direita depois da foz do rio Cubade e a seguinte à esquerda).

Passo a citar o CMG José António Cervaens Rodrigues (em 68 exercia as funções de Chefe da Divisão de Logística Operacional do Comando da Defesa Marítima em acumulação com as de Comandante da Companhia de Fuzileiros nº 9 e também terminou a comissão em Maio de 68, um mês depois de ti) que efectuou 4 desses comboios, tendo sido atacado em 2 deles:Ç

"O comboio era normalmente constituído por 2 ou 3 lanchas de desembarque e outras tantas barcaças mercantes e comandado por um oficial da Armada, por rotação entre o Comandante da Esquadrilha de Lanchas e Comandantes e Imediatos das Companhias de Fuzileiros. Formava-se o comboio na confluência dos rios Cumbijã e Como, principiando a subida do rio Cumbijã no início da enchente da maré. Antes de prosseguir para Bedanda paravam brevemente em Cufar, ao fim de cerca de uma hora de percurso...".

O comandante do comboio nesse dia 25 de Fevereiro de 1968 era o 1º tenente Eugénio Cavalheiro.

Recordar é viver

Aquele abraço

Humberto Reis
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Nota de L.G. / H.R.:

(1) Fonte: O Portal da História > Batalhas de Portugal


Nuno Mira Vaz (2003) - Guiné, 1968 e 1973:
Soldados uma vez, sempre soldados!
Lisboa: Tribuna. 2003. (Batalhas de Portugal).
95 pags. € 22,00.

Resumo:

"A luta travada na Guiné entre Forças Armadas Portuguesas e os guerrilheiros do PAIGC, apesar de não registar muitas acções militares com expressão significativa, é geralmente recordada com a mais dura de quantas se travaram no antigo ultramar português.

"Neste contexto, o heliassalto em Cafal-Cafine e a demorada e complexa acção naval, terrestre e aérea montada para libertar Guidaje, fornecem, na diversidade da sua concepção, duas imagens expressivas da intensidade dos combates e dos sacrifícios exigidos aos soldados portugueses.

"Na Operação Ciclone II, em Fevereiro de 1968, um comboio fluvial de rotina serviu de isco ao lançamento de duas companhias de pára-quedistas sobre uma unidade do PAIGC instalada em abrigos preparados, tendo as tropas portuguesas iniciado um combate de aniquilamento do bigrupo inimigo.

"Em Maio e Junho de 1973, a Operação Ametista Real e todos os outros combates travados para romper o cerco montado a Guidaje ocorreram numa época em que se registavam severas limitações aos meios aéreos, sendo o desfecho da guerra cada vez mais incerto. Ao fim de um mês e meio de combates, as baixas das duas partes foram bastante severas e, sabe-se hoje, equiparadas".

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