Texto do Hugo Moura Ferreira:
Caro Lema Santos:
Começo por reforçar os votos de Boas Vindas, mencionados no assunto desta mensagem, com desejos que muitas estórias da tua passagem pela nossa sempre amada Guiné.
Verifiquei por aquilo que apresentas no que o Luís inseriu já no Blogue Fora Nada (1), que nos trarás ao conhecimento certamente muitas das tuas experiências.
Pela minha parte serão lidas com toda a atenção e empenho.
Verifiquei com alguma satisfação que tu és do meu tempo (2) e tentei recordar-me do pessoal de Marinha que, com o sacrifício que quem ia metido numa lata a servir de alvo, para os lados do Cumbidjã, nos ia abastecer a Cufar (CCAÇ 1621), acostando, no cais de Cantone, e também a Bedanda (CCAÇ 6), quando, com o coração ao pé da boca, tinham que progredir rio acima tendo na outra margem o celebérrimo Cantanhez, que naquela altura era impenetrável.
Depois de tantos anos apenas me lembro de dois amigos da Marinha [cujos nomes não vou aqui mencionar, sendo um deles uma figura pública].
Penso, e tu o confirmarás ou não, que realmente nunca as LDM [Lanchas de Desembarque Médias] (3), que nos levavam abastecimentos a Bedanda, foram atacadas naquela zona. Aliás, como se acontecia com a LDP que diariamente levava a água de Catió para a nossa base no Cachil. Enquanto por lá andei não me recordo de ter ouvido alguma vez notícias de ataques a abastecimentos naquela zona.
Em Cacine, eu sei que eram habituais as saudações dos turras , mas depois de passarem essa zona havia algum respeito e pode dizer-se condescendência do IN, para com a nossa paparoca.
Ao afirmares que tens material gravado aquando das escoltas que efectuávamos nos abastecimentos ao aquartelamento de Bedanda, parece-me que a minha tese anterior está errada, mas tendo eu estado em Cufar e em Bedanda, entre Novembro de 1966 e Junho de 1968, não me lembro de ocorrências de maior, com as colunas de abastecimento, via naval, pelo que penso que as referidas gravações tenham sido obtidas no caminho para lá. E será possivel ouvi-las? Talvez até o Luís Graça esteja interessado em as inserir no Blogue.
Fala-nos dessas experiência pois acho que todos estamos ansiosos por as conhecer através de um marinheiro, e não, como tem acontecido, apenas de elementos da tropa fandanga.
Eu, pela minha parte, por estar incondicionalmente de acordo, estou a tentar que alguns elementos da FA, que conheço, colaborem, indo assim ao encontro do que afirmas quando dizes: como é possível escrever a estória da Guiné sem estar a ela associada a própria história da Marinha de Guerra, conjuntamente com a história dos outros dois ramos das Forças Armadas?
Tenho pena é que, mas acalento grande esperança, não haja nesta Tertúlia, a colaborar para o mesmo fim, elementos que na altura eram considerados inimigos mas que hoje se verifica serem grandes amigos e que apenas estavam a seguir as suas convicções, como afinal alguns dos tugas também o estariam.
Verificamos mesmo agora pelos escritos que são inseridos no Blogue que mesmo nos Portugueses havia as duas convicções, tal como no pessoal da Guiné. Mas isso é outra questão que um dia, sem mágoas, virá certamente a ser tratada por alguém com capacidade inequívoca para tal e que possa vir a estudar, de forma profunda, a História dessa época a que nós estamos agora a dar a nossa contribuição.
Um abraço e mais uma vez, benvindo ao grupo dos apanhadinhos pelo clima.
Hugo Moura Ferreira
Ex-Alf Mil Inf (1966/1968)
CCAÇ 1621 e CCAÇ 6
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Notas de L.G.
(1) Vd post de 21 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXIII: Apresenta-se o Imediato da NRP Orion (1966/68) e 1º tenente da reserva naval Lema Santos
(2) Vd post de 22 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXCV: CCAÇ 16121 (Cufar); CCAÇ 6 (Bedanda) (1966/68)
(3) Vd post de 7 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXVII: Antologia (23): Homenagem aos nossos marinheiros e às suas Lanchas de Desembarque
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