09 janeiro 2006

Guine 63/74 - CDXXXV: O que os outros (blogues) dizem de nós (1): Caminhos por onde andei


Guiné > "Frente Sul" > Fevereiro de 1968 > Carmen Pereira, comissária política do PAIGC

(Foto: John Sheppard, Granada TV. Fonte: DAVIDSON, Basil. The liberation of Guiné: aspects of an African revolution. (With a foreword by Amilcar Cabral). Harmondsworth, G.B.: Penguin Books, (Penguin African Library; 27), 1969 (Imagem gentilmente cedida à tertúlia por Jorge Santos, 2005)


1. Manuela Gonçalves (Nela) mandou-nos a seguinte mensagem, que nos honra e que eu agradeço vivamente em nome dos amigos e camaradas de tertúlia. Reproduzo, com a devida vénia e para conhecimento de todos, o que ela escreveu sobre nós e a sobre a sua Guiné revisitada, no seu próprio blogue.

Devo sublinhar quão importante é o seu ponto de vista, já que nos faltam testemunhos (escritos) das nossas companheiras, que viveram a guerra de África através das fotos e dos aerogramas que mandávamos pelo SPM, tendo elas aprendido a ler nas entrelinhas. Aliás, faltam-nos também os testemunhos das corajosas mulheres que, do outro lado, nos combateram... como foi o caso, por exemplo, de Carmen Pereira (n. 1937), cuja foto publicamos, como um pequeno gesto de homenagem à única mulher que, na sua qualidade de comissária política da Frente Sul, pertencia ao Comité Executivo da Luta.



Cópia da mensagem:

Não posso deixar de enviar os meus parabéns pela excelente ideia deste blog! Também nós temos muitas recordações de Bissau! Vou recordar alguns desses momentos no meu blog. Continuem o vosso blog!

Blog: Caminhos por onde andeiPost: Guiné- Bissau (1)

Manuel Gonçalves (Nela)

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Sábado, Janeiro 7, 2006

Guiné- Bissau (1)

Esta noite, ao navegar pelos blogs que visito habitualmente, fui parar , através de hiperligações de posts, ao Blogue Fora-Nada, que reúne documentos e memórias de ex-combatentes da Guiné-Bissau!

Não fui combatente na Guiné, mas esses caminhos foram percorridos por mim de modo e tempo diferentes... Tornaram-se mesmo decisivos na minha vida de jovem estudante universitária rebelde , namorada de um alferes miliciano que para ali fora enviado para a guerra , mais tarde meu companheiro de vida (já lá vão 35 anos) e de mulher e mãe, que considerou importante ir para Bissau, como cooperante!

A Guiné dos aerogramas despertara um desejo imenso de conhecer a Guiné das bolanhas, das tabancas, dos mosquitos, dos rios e pântanos e das gentes que ali viviam, dos felupes, dos mandingas, dos papéis, de Amílcar Cabral, dos guerrilheiros do PAIGC...

Nunca tinha aceite a Guerra Colonial, mas uma vez que ela tinha entrado nas nossas vidas abruptamente e deixado incapacidades físicas ao maridão, senti uma vontade imensa de viajar para aquele pequeno país e conhecê-lo bem!

Era como que uma necessidade intrínseca de compreender bem uma etapa importante da vida vivida pelo companheiro de route!

Bissau, Bafatá, Mansoa, São Domingos, Ingoré eram locais que precisávamos (re)visitar.

E fomos lá! Também os nossos filhos nos acompanharam , crianças ainda, viram e pisaram as picadas que, anos antes, o pai cruzara, sempre alerta! Agora podíamos circular livremente, apesar do mau estado das estradas, mas em paz e liberdade!
Gostei da Guiné-Bissau! Voltar lá foi um modo de "exorcizar" fantasmas de guerra que habitavam a nossa casa!

Hei-de voltar ao tema!

Manuela Gonçalves
Blog > Caminhos por onde andei

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