Guiné > Fá Mandinga > Novembro de 1969 > Alguns dos elementos do Pel Caç Nat 63 >
Legenda: Soldado Django, Furriel Branquinho, Soldado Carvalho Atibeti, Soldado Duá, Alferes Cabral, Soldado Preto Turbado, 1º Cabo Rocha, Soldado Samba, 1º Cabo Injai, 1º Cabo Monteiro, 1º Cabo Marçal, Soldado Alfa (?), Soldado Maqueiro Adão, (?), 1º Cabo João, Soldado Alfa.
© Jorge Cabral (2005)
Texto de Jorge Cabral (ex-Alferes Miliciano de Artilharia, comandante do Pel Caç Nat 63, destacado em Fá Mandinga e depois em Missirá, Sector L1 - Bambadinca, Zona Leste, 1969/71) (1):
O básico apaixonado
O Pel Caç Nat 63 esteve quase sempre em Destacamentos. Comigo em Fá e Missirá. Antes no Saltinho, e depois no Mato Cão.
Para os Destacamentos eram mandados os "especialistas" que a CCS [do Batalhão sediado em Bambadinca] não queria. Assim, tive maqueiros que não podiam ver sangue, motoristas epilépticos e até um apontador de morteiros cego de um olho. Tudo boa rapaziada, aliás!
Como cozinheiros, eram enviados os básicos, dos quais me lembro especialmente de um, pastor em Trás-os-Montes, semi-analfabeto, de uma ingenuidade tocante. Foi este que me pediu para escrever uma "bonita" carta à namorada. E assim fiz.
Ainda recordo algumas frases: "Beijo-te nos rins desta espingarda, bebendo-te no ventre da bazuca. Contigo celebro o orgasmo do canhão. Serei seta no teu alvo aberto à volúpia do sempre. Nunca mais eu, nunca mais tu, apenas um corpo, o nosso, no êxtase da eternidade...".
Enviada a carta, também eu fiquei à espera da resposta. Quinze dias depois, procurou-me o básico, entristecido:
– O meu Alferes é pecador?
– Eu? Porquê? - Estendeu-me então um aerograma com três linhas:
– Não escrevas mais poucas vergonhas. O Senhor Padre disse-me que pecou não só quem as escreveu, mas também quem as leu… Confessa-te, que eu já me confessei… Arminda.
Ainda ganharei o céu?
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(1) Vd posts anteriores, de 5 de Janeiro de 2006 >
Guiné 63/74 - CDXXII: Rally turra ? (estórias cabralianas)
Guiné 63/74 - CDXXI: Cabral só havia um, o de Missirá e mais nenhum...
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