09 outubro 2003

Car@s ciberamig@s (I): O poeta é "muito mentiroso"


A Net também é "muito mentirosa", não é só o Pinóquio nem são só os políticos-portugueses-que-juram-pela-sua-honra nem muito menos o misterioso blog que deu tanto que falar no verão passado, pelo menos na blogosfera: enquanto o país ardia, o "muito mentiroso" foi dizendo "muitas mentiras"... A propósito: onde é que o misterioso GOVD (o auto-intitulado Grupo Operacional de Vigilância Democrática) terá aprendido estas técnicas de contra-informação ? Restos em saldo da revolução cultural chinesa ou herança da nossa ex-polícia internacional e de defesa do estado ?

Ainda a propósito da nossa cómico-burlesca vida política (o grande opinion-maker, José Manuel Fernandes, chamou-lhe patética, editorial de ontem do Público!) , não sei como está cotada a honra na Bolsa de Valores de Lisboa... A crer no JPP, o mais famoso blogger português, a honra de um homem não tem preço...Viu-se!

Mas voltando à Net, de vez em quando também passam pelo nosso ecrã montes de disparates. Como por exemplo o testamento de Gabriel Garcia Marquez ou este poemeto (para ler de cima para baixo e de baixo para cima), atribuído a Clarice Lispector (1920-1977)... Ora a grande escritora brasileira, ao que se saiba, nunca escreveu poesia... Mesmo assim, o poemeto (que raio de termo!) tem em gracinha o que lhe falta em qualidade literária. Gracinha, é um favor, que ele é tanto mauzinho, mas serve para mostrar que todo o poeta é um fingidor...

Já agora não o deitemos fora: Pode fazer jeito, pode ser recitado, de baixo para cima (!), à nossa cara metade nas bodas de prata; ou hélas, para os mais felizardos, nas bodas de ouro... E já agora, por que não, nas bodas de diamante ?! Neste caso, para os recordistas do Guiness Book, claro está... Que espero sejam vocês tod@s, que estão no grupo eleito d@s que, como Camões, pensam que "para um tão grande amor é sempre tão curta a vida" (cito de cor).

“Poemeto para ser lido de cima pra baixo e de baixo pra cima”, indevidamente atribuído à grande escritora brasileira Clarice Lispector (1920-1977)


Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

E já agora, o poemeto de baixo pra cima:


É tarde demais...
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
EU TE AMO!
E jamais usarei a frase
Já te esqueci!
Sinto cada vez mais que
Alimento um grande amor.
Não poderia dizer jamais que
Você não significa nada.
Sinto dentro de mim que
Nada foi em vão.
Tenho certeza que
Ainda te quero como sempre quis.
Estarei mentindo dizendo que
Não te amo mais.

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