28 maio 2006

Guiné 63/74 - DCCCIX: Barro e Guidage, no tempo da CART 2412 (Afonso M.F. Sousa)

Guiné > Região do Cacheu > Barro > 1969 > CCAÇ 2412 (1968/70) > Edifício do comando e casernas
Guiné > Região do Cacheu > Guidage > 1969 > CART 2412 (1968/70) > Edifício do comando e casernas


Texto e Fotos: © Afonso M.F. Sousa (2006)

Caro Albano

Estiveste lá em 1973 [, em Gudiage, ] e nessa altura creio que a própria Guidage (depois de quase desmantelada) estava já recontruida com implantação algo diferente. Confirmas ?

Foi precisamente em zona desta picada Bigene-Genicó que um nosso Grupo de Combate foi atacado e tivemos o nosso único morto, o cabo enfermeiro João Silva (ao qual prestámos a nossa homenagem com o monumento que erigimos em Barro, como sabes).

A zona fatídica foi junto a Talicó, não longe do então corredor de Samoje.

Creio que já na nossa altura essa picada não era utilizada ou era-o raramente. Mas como envio cópia deste mail para o ex-alferes Pires, talvez ele possa dar a sua informação avalizada sobre isto.

Quanto à picada Binta-Guidage, o alferes Pires confirmou-me, ontem, que na altura era a única que existia. Não havia outra alternativa.

Poderás pormenorizar qual era a outra picada que a substituiu, no teu tempo ?

Também em anexo te envio uma foto de Guidage para tentar clarificar o seguinte: Ao lado do mastro com a bandeira nacional localizava-se o edificio onde tínhamos o comando, centro cripto, messe e instalações de oficiais e sargentos. Ao lado havia um abrigo onde, precariamente, faziamos funcionar o posto rádio. Eu não consigo visualizar esse edifício nas fotografias que tiraste em 2000.

Será que também foi derrubado, na grande operação de 8 de Maio a 8 de Junho de 1973 ?

Um abraço para ti.

Afonso Sousa

1 comentário:

Anónimo disse...

Como estive 22 dias cercado em Guidage (Maio/Junho de 1973) gostaria de deixar também um testemunho. Tal como o posto de transmissões, nas fotos referidas também não aparece o abrigo do obus, destruído a 25 de Maio, onde me encontrava no momento do rebentamento da morteirada, com mais 15 camaradas, metade dos quais que ali se refugiaram durante um ataque do IN. Desses, morreram logo 6 (que dias mais tarde fui incumbido de enterrar nas imediações) e apenas eu não fui ferido (todos os outros se feriram com diferentes gravidades). A maioria pertencia à minha companhia (CCAÇIND 3518, Marados de Gadamael), que ali viu retidos 2 pelotões durante um abastecimento de cibe vindo de Bissau, fazendo segurança à coluna que inicialmente se destinava apenas a Farim. Não percebo por que razão esta Companhia nunca aparece referenciada nos acontecimentos de Guidage e nos efectivos que lá permaneceram nesses dias fatídicos. Aliás, o número de mortos em combate que muitas vezes é mencionado, parece-me incorrecto. Lembro-me de enterrar camaradas envoltos em lençõis, por já se terem esgotado os caixões... Cordiais saudações
Daniel de Matos (ex-Furriel Miliciano) danielmatos@mail.pt