15 janeiro 2006

Guiné 63/74 - CDL: Não sopram bons ventos do Cantanhez


Guiné > Guileje > 1973 > Brazão do Pelotão de Artilharia. Imagem gentilmente cedida pelo José Casimiro Carvalho (ex-furriel miliciano Carvalho, de operações especiais, CCAV 8350, 1972/73)



Guiné > Guileje > 1973 > Brazão da CCAÇ 3477 (Gringos de Guileje), 1971/73.

© José Casimiro Carvalho (2006)



O nosso amigo Carlos Schwarz (Pepito) fez-nos chegar notícias que nos entristecem (e preocupam), a nós, a ex-camaradas e amigos da Guiné. Não queremos (nem devemos) interferir nos "assuntos internos" do país-irmão que é a Guiné-Bissau, mas há coisas que ultrapassam as fronteiras (físicas e políticas) de qualquer país: por exemplo, a violação dos direitos humanos ou a delapidação dos recursos naturais dos povos . O que se passa, na Guiné-Bissau, com a supressão da liberdade de expressão e os atentados à integridade da mata do Cantanhez, por exemplo, não nos podem deixar indiferentes. Daí já termos feito circular pela tertúlia a mensagem do Carlos Schwarz (Pepito) que nos chegou há dias (9 de Janeiro de 2006):

1. "Como se previa, a liberdade de expressão na Guiné-Bissau está novamente ameaçada. Depois da invasão da Rádio Comunitária de Djalicunda por militares, agora é a vez da Rádio Comunitária Kasumai de S. Domingos ter sido invadida pela polícia local, descontente com as denuncias feitas pelos seus ouvintes, dos abusos das autoridades policiais locais e nacionais.
A posição dos radialistas foi firme e de recusa deste processo de intimidação que voltou ao dia a dia do país.

"A comunidade local solidarizou-se com a equipa que dirige a sua rádio e a RENARC (Rede Nacional das Rádios Comunitárias da Guiné-Bissau) já denunciou a situação.

"Apelamos a todos que se manifestem directamente ou através dos governos dos seus países para que o Governo guineense inverta esta sua decisão de afrontar a liberdade de expressão, abrindo portas para o retorno à ditadura.

"Saudações. Carlos Schwarz. Director Executivo da AD".

2. Por outro lado, o A. Marques Lopes fez-nois chegar a denúncia, feita na página do Didinho (Fernado Casimiro), pelo recém demitido Director-Geral das Florestas, o Eng. Constantino Correia, sobre o abate ilegal de árvores de grande porte em áreas protegidas do Sul da Guiné-Bissau, concretamente na zona de Cantanhez, em que estariam implicados os militares ao mais alto nível.

Há dias mandei mais umas imagens para o futuro museu de Guileje e aproveitei para perguntar ao Pepito: "É verdade que andam, os militares, a dar cabo da tua floresta do Cantanhez ? Se for preciso a gente mobiliza a nossa artilharia pesada... Embora eu não queira (nem deva) interferir nos assuntos internos dos nossos amigos da Guiné"...

A respoosta do Pepito:

"Obrigado por mais este documento da CCAV 8350.

Como te referi, penso ir a Lisboa em meados de Fevereiro, pelo que se ainda se mantiver o interesse que alguns tertulianos manifestaram em discutir mais de "perto" a Iniciativa Guiledje, eu estaria disponivel para um encontro mesmo que rápido pois sei que para o pessoal aí a unidade de tempo é o milésimo de segundo e para nós são as estações do ano. Este encontro poderia servir para esclarecer dúvidas e reservas em relação a esta iniciativa, dar informações sobre os avanços do projecto e identificar eventuais pontos de cooperação das pessoas interessadas.

Desde já manifesto a minha disponibilidade no que puder ser útil para a missão do Coronel Marques Lopes a Bissau, no início de Abril.

Em referência aos nossos militares é tal e qual o que foi descrito pelo ex-Director Geral das Florestas. Por eles não ficava uma árvore em pé. Razão e visão tinha Amílcar Cabral, quando propunha que em vez de termos militares, tivessemos militantes armados. Uma vez terminada a guerra voltassem a ser cívis.

Agora temos este fardo que vamos carregar às costas muito tempo, em função dos seus humores e dos novos amores na moda (tráfico de armas, droga e madeira).

abraços
pepito

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