19 janeiro 2006

Guiné 63/74 - CDLX: A verdade foi a guerra (A. Marques Lopes)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > 1970 >

A CCAÇ 12 (2º Grupo de Combate) atravessando uma bolanha, perto do Rio Corubal, na região de Mina/Fiofioli (segundo o Humberto Reis) ou na de Baio/Burontoni (segundo a minha interpretação). O ex-furriel mil Humberto Reis, sem quico na cabeça (!), é o primeiro tuga dos três que se vêem na fotografia (os outros dois são cabos).

Esta é uma das espectaculares fotos recuperadas (através de digitalização) de um conjunto inicial de 100 diapositivos (de um lote de mil...), e onde se incluem fotos áreas de diversos aquartelamentos e destacamentos da zona leste. O Humberto Reis, o nosso operações especiais - diga-se, por amor da verdade, que ele tinha o seu feitio mas não os tiques de ranger -, era na época um fã da fotografia, tinha uma excelente máquina e, além disso, sabia criar e manter óptimas relações com a Força Aérea, o que lhe permitia apanhar de vez uma quando umas boleias de heli ou de DO... Os diapostivos eram revelados na Suécia (!), o que explica a qualidade das imagens agora recuperadas, ao fim de 35 anos...

HUmberto: Mais uma vez, o meu/nosso muito obrigado por este teu gesto, sem preço, de amigo e camarada de guerra e de tertúlia... Prometo continuar a publicar, com regularidade, uma selecção do teu album de fotografias que me deixou deliciado... L.G.

© Humberto Reis (2006)


Caros camaradas:

O meu grande apreço pelas palavras do Paulo Salgado ontem divulgadas no blogue (1).

As nossas, destes tertulianos, vivências de guerra são a soma das vivências de cada um e a particularidade de cada uma delas, cheias de sentimentos e visões individuais. É isso que tem dado riqueza a todas estas narrativas, é verdade, mas penso que não há que esquecer o que atrás referi.

Em Barro, entrei numa cena idêntica àquela que ele refere, com desencontros de narração e justificações diferentes, de tal modo que, já no aquartelamento, cheguei a estar com a minha G3 apontada para outro alferes, que acusei de me abandonar. Mas deu para reflectir e contive-me.

Aquela noite em que fiquei em Sinchã Jobel (1), teve como consequência, além daquela minha noitada, uma prisão disciplinar, e consequente transferência de companhia, para outro camarada. Mas a este não o acusei de nada nem contribuí pessoal e directamente para a sua prisão.

Porque estou completamente de acordo com o que diz o Paulo Salgado é que não me espalhei em narrativas muito pormenorizadas das minhas situações, daquilo que eu vivi.
Os meus parabéns ao Paulo Salgado. Faço minhas as palavras dele.

Um abraço do

A. Marques Lopes

Coronel (DFA) na situação de reforma, ex-alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967) e da CCAÇ 3 (Barro, 1968)
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Notas de L.G.

(1) vd post do Paulo Salgado, de 18 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLVII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (9): História e estórias

(2) Vd. pots de A. Marques Lopes sobre Sinchã Jobel (vd. localização desta antiga tabanca, mais tarde base do PAIGC, no mapa de Bambadinca, junto ao curso do Geba Estreito, entre Bambadinca e Bafatá:

30 de Maio de 2006 > Guiné 69/71 - XXXVI: Na bolanha dá para pensar...

30 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXXV: Uma estória de Sinchã Jobel ou a noite em que o Alferes Lopes dormiu na bolanha (1967)

3 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XXXIX: Sinchã Jobel II e III

3 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XL: Sinchã Jobel IV, V e VI

5 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XLV: Sinchã Jobel VII

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