Texto do Leopoldo Amado:
Caro Tunes e restantes amigos da Tertúlia:
Mais uma vez o João Tunes demonstrou a sua brilhante pena, mas mais do que isso, a sua brilhante concepção da vida e do mundo. Para além deste texto se nos apresentar como um hino ao amor, à sexualidade e a guerra, independentemente do lado barricada em que nos situarmos, é também demonstrativo de que não há fatalidades (se assim o podemos chamar), tamanha que seja, perante o qual o Homem (homens e mulheres) não se queda perante as suas fraquezas e virtualidades.
É (e foi) assim nos hiatos que antecedem as crises. É (e foi) assim nas épocas de crise, em todas as crises; foi assim na guerra colonial e/ou guerra de libertação; sê-lo-á certamente num terramoto ou tsuname qualquer, enquanto não chegarem os demorados socorros e enquanto os sobreviventes ainda tiverem animus e libido suficientes para darem vazão à sua qualidade de humanos, com as fraquezas e virtualidades inerentes.
A isto, chame-se-lhe o que se quiser: amor, sexo, colonização sexual, depravação, degenerescência ou cafrealização, contanto que a natureza ontológica dos homens, de todas as cores e latitudes, tal como na realidade da vida, se sobreponha a esses eufemismos demodées que, paradoxalmente, teimam a enfeudar-se a éticas dormentes, a falsos moralismos e hipocrisias encapotadas.
João Tunes está uma vez mais de parabéns, pois disso também se faz a História e a memória colectiva.
Leopoldo Amado
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