Texto do Rui Felício (ex-Alf Mil Inf., CCAÇ 2405, Dulombi, 1968/70)
Meu Caro Luis Graça,
Sei que acabas por ser o pivot de desencontrados sentimentos que o teu blogue saudavelmente proporciona.
Tal como outros já o disseram, também eu preferia não alimentar polémicas sobre o passado da Guiné, que é afinal o espaço que nos une a todos, independentemente das naturais diferenças de pensamento que são próprias dos homens.
Assim consigamos respeitá-las mutuamente...que é isso que enobrece a alma humana.
Ficaria sossegado no meu canto, a observar as opiniões dos tertulianos a propósito da morte do CARLOS FABIÃO, sem nenhuma intenção de intervir, se não acabasse neste mesmo momento de ler um e-mail do Zé Teixeira em resposta a um outro do J.Vacas de Carvalho (meu contemporâneo na E.P.I. em Mafra).
O Zé Teixeira afirma que o Carlos Fabião que conheceu na Guiné não é o mesmo que o Vacas de Carvalho retrata no seu e-mail.
E eu acredito que o Zé Teixeira fale verdade. Mas não precisava que o Vacas de Carvalho escrevesse o que escreveu para saber que o que este diz também é verdade...
Ou seja, ambos retratam o mesmo homem, em tempos diferentes mas próximos, com dois comportamentos completamente antagónicos!
Como é isto possivel?
O problema é que os homens coerentes e verdadeiros não mudam de um ano para o outro!
Mas infelizmente outros que conheci na Guiné, do quadro permanente, também sofreram essa mudança pela simples varinha mágica do 25 de Abril, passando de oficiais louvados e até condecorados pelo regime então vigente, para de repente se transformarem em revolucionários que não eram, progressistas que antes eram conservadores, falsos emocratas que antes eram autoritários...
Em suma: Cavalgaram a onda que os trazia à praia, para se salvarem de morrer afogados!
Os verdadeiros homens mantêm seus ideais independentemente da onda que os carrega e são coerentes consigo mesmos.
Os outros, os que o não são, adulam o chefe seja ele qual for, para se manterem na crsita da onda.
Há uma enorme diferença entre os dois tipos de homem e eu, que quero continuar a pertencer aos primeiros, digo como o Vacas de Carvalho: Ainda admito, por respeito para com a morte de alguém, que a Família do Carlos Fabião sofra com o seu passamento.
Mas não me peçam para cantar loas aos que quase destruiram o nosso Portugal após o 25 de Abril!
Rui Felício
ex Alf Mil Inf
CCAÇ 2405
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