15 maio 2006

Guiné 63/74 - DCCLIV: Que maravilha de trabalho (Joaquim Pinheiro, CCAÇ 3566, Empada/Catió, 1972/74)

Texto do Joaquim Pinheiro (CCAÇ 3566, Os Metralhas, (Empada/Catió, 1972/74) (1):


Olá, amigo Luís!

O Xico Allen já me havia falado do seu blogueforanada, mas como foi por telefone, penso que tenha deixado de anotar algo, pois não consegui acesso.

Ontem [7 de Maio de 2006], fazendo uma pesquisa sobre Empada [na região de Tombali, Catió], eis que me deparo com este seu maravilhoso trabalho! Me emocionei, pois logo á entrada reví a foto e a história da morte de um soldado na cagadeira que eu tão bem conheço (2)... e cuja história, logo que eu cheguei a Empada, uns amigos que arranjei da Companhia, Os Catedráticos, me contaram.

Juro que, como periquito, fiquei muito impressionado. Ao ponto de sempre me conscientizar que, em caso de ataque, jamais correria pra lá...

Bem.... o importante, é que agora eu conheço melhor (estou conhecendo) o seu trabalho. Muito obrigado. Pois coisas como estas, nos fazem retornar a tão longínquos tempos.... É como se, por magia, o tempo voltasse e a memória se rejuvenesce, fazendo-nos lembrar de tantos amigos, de tantos momentos (bons e ruins) e acima de tudo, fazer aflorar o sentimento que penso todos nós, independentemente da patente carregamos nos nossos corações...A SAUDADE!!!!

Vou tomar a liberdade de enviar algumas fotos que possuo, da malta da CCAÇ 3566, Os Metralhas (Empada/Catió, 1972/74).

Um abraço deste seu fã,

Joaquim Pinheiro da Silva (o brasileiro)

(Cidade de Itanhaém - S.Paulo/Brasil)

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Notas de L.G.

(1) Sobre outros camaradas da CCAÇ 3566 - Os Metralhas, vd os posts de:

16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXVI: O Xico de Empada, grande amigo dos guinéus (Albano Costa)

18 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCX: O Cherno Rachid da Aldeia Formosa (Antero Santos, CCAÇ 3566 e CCAÇ 18)

(2) Vd. post de 11 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXIV: Estórias do Zé Teixeira (2): o Conceição ou o morrer de morte macaca

(...) "O Conceição era uma camarada de Lisboa, que tanto quanto eu sabia, não tinha pais e vivia com a avó. Era um moço muito alegre e passava o dia a cantar.

Já perto do fim da comissão, em Empada (...), estava na retrete ... e a cantar. Não ouviu as saídas de morteiro que nos foram enviadas do cimo da pista e controladas via rádio por alguém lá dentro ou junto ao arame farpado. Uma das primeiras rebentou no telhado da retrete e projetou-o para trás, esmagando parte da nuca contra a parede.

"Eu, logo após o ataque, dei uma volta pelo quartel. Fiquei assustado, pois cairam várias lá dentro e gritava de contente. Não havia aparentemente feridos e muito menos mortos. Nesse momento, o Furriel Pedro (actualmente muito doente, com um derrame celebral) grita-me:
- Teixeira vem aqui ! - Fiquei horrorizado com o que vi. Mais uma vez chorei de raiva" (...).


Vd. também post de 2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DC: Poema em memória do Conceição (Zé Teixeira)

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