22 maio 2006

Guiné 63/74 - DCCLXXIX: Ascensão e queda do Batalhão de Comandos Africanos (Paulo Reis)

Post nº 769 (DCCLXXIX). Texto do jornalista, freelancer, Paulo Reis

Caro Luís Graça:

Obrigado pela publicitação do meu pedido de ajuda no Blogue-fora-nada (1). Gostaria sobretudo de apelar aos leitores e participantes neste blogue que tenham informações sobre a evolução dos acontecimentos, na Guiné-Bissau, entre Abril de 1974 e a retirada das últimas tropas portuguesas.

Estou sobretudo interessado no processo de desmantelamento do Batalhão de Comandos Africanos, mas também gostaria de saber algo sobre outras unidades maioritariamente compostas por soldados locais. Todos os pormenores, por mais insignificantes que pareçam ser, são importantes para construir o 'retrato geral'

Gostaria de saber quais as unidades que se encontravam na Guiné, nessa época, e quais foram as últimas a retirar, bem como a forma como se processou essa retirada (datas, ordens do Comando-Geral, etc, etc). Também me seria útil saber nomes dos oficiais que integraram o gabinete de Carlos Fabião e a estrutura de Governo militar.

Um pedido mais específico: tenho a indicação de que Carlos Fabião tinha um ajudante de campo da Marinha, que participou, com ele, numa reunião no quartel dos Comandos Africanos, em Brá, onde esteve também um elemento ligado ao PAIGC, o cineasta guineense Flora Gomes. Gostaria de saber o nome deste ajudante de campo.

Todos os ex-combatentes da guerra da Guiné que se tenham cruzado com os comandos africanos têm, naturalmente, histórias e episódios que serão essenciais para descrever, com realismo, factualidade e precisão o que foi a guerra da Guiné. Apelo também a esses ex-combatentes para que me ajudem, com as suas informações, relatos e fotografias.

O objectivo da minha investigação é apurar responsabilidades pela decisão de desarmar e abandonar os comandos africanos (e outras unidades, como os fuzileirose as companhias de caçadores, etc.) a dois níveis: ao nível político (o que foi feito em Portugal) e ao nível militar/operacional (o que foi feito na Guiné-Bissau). Toda a ajuda que me possam dar será bem-vinda.

Embora eu pretenda concentrar a investigação nos acontecimentos verificados entre Abril de 1974 e Janeiro de 1975, também tenciono abordar a história dos Comandos, desde a sua constituição, primeiras unidades e operações, especialmente na Guiné-Bissau. Mais uma área em que muitos testemunhos vossos me serão essenciais.

Agradecendo antecipadamente a vossa ajuda,

Com os meus cumprimentos,

Paulo ReisJornalista (Carteira Profissional nº 734)

Telefone móvel > 918 62 79 29

Comentário de L.G.:

1. Fico sem saber se o Paulo Reis quer fazer parte da nossa tertúlia: pode fazê-lo na qualidade de amigo, e não propriamente como camarada, já que não foi combatente na Guiné.

2. O interesse em aprofundar o conhecimento da história dos comandos africanos (bem como de outras unidades de ex-combantentes guineenses) é partilhado por todos nós. Mas, em princípio, os membros desta tertúlia têm a obrigação de partilhar, entre si, entre os amigos e camaradas da Guiné, toda e qualquer informação relevante que conheçam ou disponham, divulgando-a portanto em primeira mão neste blogue...

3. Também seria desejável que o Paulo, que conhece a Guiné e anda a fazer uma investigação sobre so comandos africanos, pudesse partilhar connosco informação relevante que eventualmente tenha em seu poder... No seu caso, julgo que é mais difícil essa troca recíproca já que ele está a escrever um livro e o segredo é a alma do negócio... Escusado será preciso lembrar-lhe que, se por acaso usar algumas das nossas fontes, pode fazê-lo, sendo no entanto do mais elementar dever de deontologia profissional do jornalista citar o(s) autor(es) e o nosso blogue, dando-nos posteriormente conhecimento disso. Boa sorte para as suas pesquisas.

___________

Nota de L.G.

(1)Vd. post de 15 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLII: O abandono dos comandos africanos (Paulo Reis)

(...) "Tenho um contrato com uma editora para fazer um livro sobre o abandono dos comandos africanos da Guiné-Bissau. É uma história com que me cruzei, ainda estagiário, em 1982, quando encontrei o alferes Bailo Jau, já falecido, e o soldado Demba Embaló com quem ainda mantenho contacto.

"Estive na Guiné em 1998, por duas vezes, quando da guerra do Ansume Mané. Andei por Pirada, Bafatá, Bambadinca, Mansoa, Gabú, Bissau, etc, etc. Tendo, para além disso, nascido e vivido em Angola até 1976, calcula que sinto algo mais que mera curiosidade profissional, em relação a África" (...).

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