Post nº 799 (DCCXCIX).
Caro Paulo:
Uma muito breve resposta:
1. Dificilmente compreenderei que não se queira matar uma pessoa, bombardeando a sua casa. O Mar Verde fez isso e só a posteriori é que souberam que Cabral não estava lá.
2. Aceito sem nenhuma dificuldade que, mais tarde, o Spinola tenha alterado a estratégia e preferido ter Cabral vivo como troféu de guerra, do que morto e sem serventia para ele. Daí que aceite sem reservas a sua afirmação quando tomou conhecimento do assassinato de Cabral: "Lá me mataram o homem".
3. Acredito que o plano era o de prenderem Cabral, aliás como fizeram ao Aristides Pereira, e trazê-los para Bissau. Para um chefe militar seria uma vitória rotunda. Só que os executantes ou porque apavorados (explicação para a qual mais me inclino) ou porque mandatados, não aguentaram a pressão do momento e mataram-no.
4. O tiro saiu pela culatra. Os aliados de dentro do PAIGC ficaram, uns sem margem de manobra, outros foram passados pelas armas. Nessa ocasião foram feitos muitos ajustes de contas dos quais ainda hoje estamos a pagar a factura e que leva grande parte dos combatentes a não ousar tirar cá para fora os segredos de então. Mas isto é outra conversa, para outra altura. O resultado do assassinato fez a luta endurecer e acelerar o 25 de Abril.
5. Com sinceridade, no caso vertente, não procuro saber de que lado está a razão (o acesso à independência é hoje um direito reconhecido por todos, independentemente do que se fez, ou não, com ela). Gostaria de continuar a conhecer toda a história e tenho uma pena enorme de ver partir compatriotas meus com tantas estórias para contar que nos ajudariam a perceber melhor o que hoje se passa.
abraços
pepito
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